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TRABALHO DE POLÍTICA I

O Príncipe
Vitória Lopes Coutinho

FICHAMENTO
No capítulo VI, chamado “Dos principados novos que são conquistados por virtude e
armas próprias”, Maquiavel afirma que, no geral, os homens caminham por estradas que já
foram trilhadas anteriormente e aqueles que são prudentes devem escolher os caminhos feitos
por grandes homens, tomá-los como modelo e copiá-los. Desta maneira, Maquiavel apresenta
a concepção de que lições podem ser retiradas da história, já que esta é feita por movimentos
cíclicos, que permitem prever e tomar atitudes semelhantes para a resolução de problemas. O
autor nega, portanto, a concepção de uma ordem natural e eterna e defende que todo o
processo histórico é um desenrolar de fatos humanos e não de desígnios divinos.
Além disso, a história é fortemente afetada pela Virtú e pela Fortuna. A Virtú
corresponde à virilidade, à coragem, à firmeza na tomada de decisões, à sensibilidade quanto
ao momento, isto é, refere-se à maneira como o governante age frente a situações adversas.
Por sua vez, segundo Maquiavel, Fortuna é responsável por governar metade da vida humana,
sob a qual o homem não tem controle. A deusa proporciona ocasiões - que podem ser boas ou
más - aos homens e cabe a eles saber utilizar da melhor maneira o que foi oferecido por
Fortuna. Nesse contexto, ainda de acordo com o autor, a deusa prefere àqueles que possuem
Virtú, ou seja, que possuem domínio sobre suas decisões.
Também é abordado no capítulo a questão dos novos domínios: manter um principado
pode ser fácil ou difícil, dependendo das capacidades do governante. Geralmente, torna-se
príncipe por mérito ou por boa fortuna, entretanto, aqueles que o fazem por merecer
conseguem manter e governar melhor o seu território. Nesse sentido, as ocasiões dão aos
grandes homens a oportunidade de demonstrarem seus atributos e, caso não possuíssem tais
qualidades, estas ocasiões lhes seriam vãs.
Pode-se afirmar, portanto, que homens de virtude podem ter dificuldade para
conquistar um principado, mas terão facilidade para mantê-lo. Entretanto, os principais
obstáculos surgem, em parte, com a introdução de novas ordens legais e costumeiras, que são
necessárias para a manutenção do Estado e da própria segurança do governante. Nesse
contexto, para se impor novas ordens é necessário que o príncipe possua autonomia militar
para impor as mudanças necessárias.
No capítulo VII, denominado “Dos principados novos que são conquistados por armas
alheias e pela fortuna”, Maquiavel distingue as características entre a aquisição de principados
pela fortuna e pela virtú. Nesse contexto, aqueles que se tornam príncipes somente por obra da
fortuna não encontram obstáculos para chegar ao poder, mas para mantê-lo, pois não sabem
como fazê-lo (porque não possuem virtude e não sabem comandar, já que sempre viveram em
âmbito privado) e não possuem alternativas para fazê-lo (porque não dispõem de forças que
lhes sejam fieis e amigas). Dessa maneira, a permanência destes príncipes no governo é
incerta, pois depende apenas da sorte e da vontade daqueles que o elegeram e estes são fatores
muito volúveis e instáveis.
Os Estados que são criados subitamente não criam raízes profundas e ramificadas e,
assim como ocorre na natureza, podem ser derrubados por qualquer tempestade. Para que isso
não ocorra, o governante deve possuir virtude, para conseguir preservar e guiar o seu
território. Maquiavel ainda cita atitudes que podem ser tomadas, caso necessário, para que
seja possível a preservação do principado:

Quem, pois, julgar necessário em seu principado novo assegurar-se contra


os inimigos e fazer novas amizades, vencer pela força ou pela fraude, fazer-se amar
ou temer pelo povo, ser seguido e reverenciado pelos soldados, aniquilar os que
possam ou devam prejudicá-lo, inovar com novos modos as regras antigas, ser
severo e benevolente, magnânimo e liberal, extirpar milícias infiéis e constituir
novas, manter a amizade dos reis e dos príncipes de modo que o favoreçam com sua
graça ou o ataquem com respeito não encontrará exemplo mais válido que o
procedimento desse homem. (MAQUIAVEL, 2010)

Já no capítulo VIII – “Daqueles que, por atos criminosos, chegaram ao principado” –


Maquiavel introduz duas novas maneiras de se tornar um príncipe, além das já citadas (através
da fortuna e da virtude): são os casos em que se chega ao poder por meios criminosos ou pelo
favor de outros concidadãos. Para ratificar estas novas maneiras apresentadas, o autor nos dá
os exemplos de Agátocles da Sicília e Oliverotto de Fermo.
Em ambos os exemplos, desataca-se o uso da crueldade. Quanto à isso, Maquiavel
aborda a questão do mau e do bom uso da maldade. Os atos cruéis bem empregados são
aqueles que são cometidos apenas uma vez e por necessidade de segurança própria, sem
insistência posterior do governante em tais ações. As mal empregadas são aquelas que são
raras no início, mas que se tornam mais frequente com o passar do tempo.
Nesse contexto, quando um Estado é conquistado, as crueldades devem ser executadas
de uma só vez para que não ocorram todos os dias e possa, evitando renová-las, proporcionar
maior segurança aos súditos, além de conquistá-los com alguns benefícios. O governante que
agir de modo diferente, utilizando de atos perversos para manter seu poder, deverá governar
sempre com a espada na mão e jamais poderá contar com seus súditos. Ademais, as
perseguições devem ser executadas também de uma só vez e os benefícios, por outro lado,
devem ser dados gradativamente para que sejam mais bem apreciados.
REFERÊNCIAS
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 1. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1999. 287 p.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 1. ed. São Paulo: Penguin Companhia, 2010. 130 p.
Disponível em: https://dynamicon.com.br/wp-content/uploads/2017/02/O-Pr%C3%ADncipe-
de-Nicolau-Maquiavel.pdf. Acesso em: 1 out. 2019.

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