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O Príncipe
Nicolau Maquiavel foi uma das principais figuras de destaque do período
moderno. Nascido em Florença, em 1469, o autor foi responsável pela produção de
diversas obras muito significativas tanto para o contexto em que escreveu como para os
dias atuais, propagando, dessa maneira, os traços de sua educação humanista. Atuou como
funcionário da Signoria de Florença na Segunda Chancelaria, que tratava de questões
militares e de política externa, e efetuou viagens políticas para lugares como França e
Roma, ampliando ainda mais seus conhecimentos. Dessa maneira, a obra em evidência O
Príncipe, publicada postumamente em 1532, foi o resultado de muito tempo de
acumulação de saberes teóricos e práticos que possibilitaram a formulação de um manual
dirigido a todo e qualquer príncipe que possua a ambição de manter seu principado.
A estrutura da obra é dividida em vinte e seis capítulos: os primeiros treze dizem
respeito à conquista do poder e os 14 seguintes discorrem sobre as qualidades necessárias
para que o príncipe consiga mantê-lo. Apesar de dedicar o livro para Lourenço de Médici
II, Maquiavel não escreve sua reflexão sobre o poder político para ninguém específico,
pelo contrário, constrói sua argumentação citando os mais diversos exemplos e
abrangendo diferentes tipos de situações. O contexto do período em que o manual foi
produzido estava pautado em uma discussão de longa data, conduzida ao longo do tardo-
medievo, marcada pela oposição entre os defensores da libertas e os defensores do
imperium, ou seja, as cidades medievais ainda livres que iam de encontro com as
pretensões de anexação por parte do Sacro Império Romano-Germânico. Os guelfos
lutavam contra os guibelinos, contribuindo para a conjuntura caótica que se encontrava a
Itália naquele momento.
Nesse sentido, o lugar que Maquiavel conquista no cenário é singular. Perante o
humanismo cívico, restrito à produção florentina, em que estudiosos também exerciam
poder como chanceleres, o autor cria sua posição própria dentro dessa tradição uma vez
que continua tratando de virtudes principescas, mas de uma maneira diferente. A virtude
deixa de ser um conceito idealizado e passa a ser retratada a partir de qualidades
pragmáticas, inaugurando o racionalismo político. A ação se torna o ponto central e
fundamental para o erudito, que configura sua tese direcionada a políticas e estados novos
que estão sendo reorganizados, além de explicitar seu anseio por uma organização política
italiana em que vigorassem a paz e a ordem.
Comentário: Eu nunca havia ficado tão encantada em ler uma obra como fiquei lendo O
Príncipe. Acredito que por vários motivos, mas um dos principais, a ingênua crença do
Ensino Médio de que Nicolau Maquiavel defendeu um regime monárquico despótico e
que pregou a violência e a perseguição sem medida. Fui muito surpreendida durante a
leitura pela elegância e pela sabedoria com que Maquiavel trata das orientações. Ele
justifica impecavelmente a necessidade de cada atitude e ainda desenrola exemplos e
cenários que expõe sua consciência sobre a variância de cenários. Um comentário pessoal
é que meu pai havia comentado comigo que ler esse livro mudou a vida dele e posso dizer
que também mudou a minha. Obrigada pela oportunidade e pela admirável aula,
Professora. Foram 3 horas muitos proveitosas.