O texto resume o artigo "O movimento feminista no Brasil: dinâmicas de uma intervenção política", descrevendo a trajetória do movimento feminista brasileiro desde o século XIX até os dias atuais em três fases principais: origens e primeiras manifestações, ressurgimento na década de 1970, e institucionalização posterior e desafios atuais.
O texto resume o artigo "O movimento feminista no Brasil: dinâmicas de uma intervenção política", descrevendo a trajetória do movimento feminista brasileiro desde o século XIX até os dias atuais em três fases principais: origens e primeiras manifestações, ressurgimento na década de 1970, e institucionalização posterior e desafios atuais.
O texto resume o artigo "O movimento feminista no Brasil: dinâmicas de uma intervenção política", descrevendo a trajetória do movimento feminista brasileiro desde o século XIX até os dias atuais em três fases principais: origens e primeiras manifestações, ressurgimento na década de 1970, e institucionalização posterior e desafios atuais.
Departamento de História Disciplina: História do Brasil IV Docente: Luiz Carlos Ribeiro Discente: Fernanda Yumi Raddi Okamoto GRR: 20190913 Data: 26/04/2022
O presente estudo tem como objetivo a análise do texto O movimento
feminista no Brasil: dinâmicas de uma intervenção política, de Ana Alice Alcântara Costa, sob o prisma do movimento feminista trabalhado em discussões realizadas em sala de aula e estudado através de outras leituras. A autora possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (1975), mestrado em Sociologia pela Universidad Nacional Autónoma de Mexico (1981) e doutorado em Sociologia Política na mesma instituição (1996). Seu pós-doutorado é em Estudos Feministas no Instituto de Estudios de la Mujer na Universidad Autonoma de Madrir e atualmente é professora do Departamento de Ciência Política na Universidade Federal da Bahia, integrando o Programa de Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo. É experiente na área de Ciência Política com ênfase em Aplicação do Enfoque de Gênero, atuando principalmente em temas como gênero, cidadania, comportamento político e feminismo. O artigo compõe a revista acadêmica Gênero, um periódico organizado pela Universidade Federal Fluminense e, segundo informações da própria autora, foi escrito durante o seu estágio pós-doutoral no Instituto Universitario de Estudios de la Mujer da Universidad Autonoma de Madrid, em 2004. É composto por quatorze páginas e 5 subcapítulos que possuem como objetivo discorrer sobre a trajetória do feminismo como movimento social de maneira sucinta e capaz de contemplar suas principais conquistas e consequentes mudanças. Nesse sentido, como supracitado, Costa desenvolve o assunto central do texto construindo uma linha cronológica que engloba desde o nascimento do movimento até os avanços observados na atualidade, buscando apresentar uma estrutura conjuntural capaz de comprovar que o feminismo continua vivo e presente, contrapondo a problemática do possível desaparecimento das lutas. Inicia retrocedendo para o início do século XIX em busca das origens e das experiências do então emergente movimento, e explica que, em seu alvorecer, ele se espalha em torno da demanda por direitos sociais e políticos. Em seguida, ocorre a exposição de um marco essencial para a compreensão do movimento como um fenômeno que vai muito além do que é entendido como igualdade de gênero: o início da concepção de que o “pessoal é político”. Essa ideia rompe com a dicotomia do público-privado, a base do pensamento liberal, que buscava respaldo na ideia de que o Estado se limitaria somente às questões políticas que estivessem relacionadas às suas instituições e à economia, enquanto o privado se voltaria para o ambiente doméstico, familiar e sexual, sendo alheio à política. Logo, ao afirmar que o pessoal é político, o feminismo levanta uma bandeira que destaca justamente o caráter político de sua opressão mascarado pela construção de uma imagem feminina doméstica e matriarcal, iniciando então a reivindicação por mudanças e ampliação de espaços no coletivo social. A partir disso, inicia-se uma redefinição do poder político e da forma de entendê-lo. Surge a necessidade de criação de novas condutas, novas práticas, e novos conceitos específicos que incorporem a característica particular do movimento - a defesa dos interesses de gênero de mulheres, que passam a questionar os sistemas culturais e políticos construídos. O primeiro subcapítulo, então, trata das primeiras manifestações no Brasil, Chile, Argentina, México, Peru e Costa Rica que aparecem na primeira metade do século XIX e tem como principal veículo a imprensa feminina, introduzida como forte aliada do movimento uma vez que representava o principal veículo de divulgação. Costa desenvolve esse primeiro momento com a articulação da emergência e do fortalecimento do pensamento feminista, sustentado por mulheres inseridas no ambiente da força de trabalho, por congressos realizados visando a demanda pela igualdade jurídica e o direito ao voto e, no Brasil, pela criação do Partido Republicano Feminista, pela baiana Leolinda Daltro. A conquista do voto feminino, de fato, foi diretamente relacionada à posterior desarticulação do movimento na maioria dos países latino-americanos. O segundo subcapítulo traz à tona a segunda onda nascente nos anos de 1970, em um contexto autoritário e de práticas de repressão por parte dos regimes militares dominantes. Ainda existia uma maior incorporação da mulher no mercado de trabalho assim como a inauguração de uma nova fase composta por uma maior abrangência da luta, uma organização mais eficiente, a criação de mais jornais e a articulação de um inimigo em comum: o Estado. No entanto, como é discutido no terceiro subcapítulo, essa última questão será alvo de discordâncias. O avanço do movimento atraiu interesses partidários durante a década de 80 e ocorreu uma reorganização que ameaçou descaracterizar suas práticas autônomas. Portanto, a institucionalização do feminismo a partir da criação de mecanismos voltados para a implementação de políticas para mulheres (criado pelo PMDB no governo de São Paulo) passou a ser um processo difícil de ser assimilado no interior do movimento. É nesse momento também que se fortalece a consciência de diferentes tipos de feminismo. É importante ressaltar que a criação de conselhos como o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, ONGs, entre outras organizações e identidades feministas tiveram papel essencial para a consolidação e o alcance das conquistas. A autora afirma que a Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em Beijing, na China, em 1995 foi um exemplo da tamanha expansão vivenciada pelo movimento naquele período, dado que as reuniões preparatórias impulsionaram melhor assimilação das demandas e suas decorrentes exigências (como exemplo, a institucionalização). Além disso, expõe as tendências estudadas na política feminista latino-americana fundamentais para a manutenção e ampliação do movimento no Brasil e salienta que a partir dos anos 2000 alguns setores do feminismo brasileiro começam a tomar consciência da necessidade de uma atuação conjunta e articulada no sentido de garantir um compromisso por parte dos candidatos com as demandas das mulheres. São citadas diversas contribuições e melhorias dentro da política através de comitês, conferências e debates que permitem que a autora chegue à sua conclusão: o movimento feminista brasileiro, em específico, “foi além da demanda e da pressão política na defesa de seus interesses específicos” (p. 13). Foi capaz de adentrar o Estado e ao mesmo tempo continuar como movimento autônomo, enquanto conquistou espaços e elaborou políticas que buscaram diminuir a gritante opressão experienciada pelo gênero feminino. Entretanto, afirmar tais fatores não significa que os desafios acabaram, pelo contrário, ainda existem campos da resistência antifeminista no Brasil que precisam ser enfrentados, por mais que o consenso na sociedade esteja longe de ser alcançado. Por fim, é evidente que Ana Alice Alcantara Costa trabalha de maneira resumida e eficaz do tema. Não é possível dissertar especificamente de cada período em questão por se tratar de um artigo publicado em um periódico, no entanto foi realizada uma abordagem do necessário para compreender a trajetória do movimento. É possível inferir uma relação com a obra Do Cabaré ao lar: a utopia da sociedade disciplinar e a resistência anarquista, de Margareth Rago, considerando que a esta autora também trata da questão do pessoal ser, na verdade, também político. A opressão da figura da mulher se dá através da busca por legitimação da função social de genitora e mãe, nada mais. Não obstante, Céli Regina Jardim Pinto também aprofunda questões relacionadas aos impasses do movimento a partir de seus obstáculos enfrentados na política posterior vivenciada pelo Brasil. A leitura dos três estudos em questão em diálogo possibilitou uma melhor reflexão e um melhor entendimento dos pontos apontados por cada autora em sua individualidade.
COSTA, Ana Alice Alcântara. O movimento feminista no Brasil: dinâmicas de
uma intervenção política. Revista Gênero, v. 5, n. 2, 2005.
RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da sociedade disciplinar e a
resistência anarquista (1890 – 1930). 4ª Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
PINTO, Céli Regina Jardim. Mulher e política no Brasil. Os impasses do
feminismo, enquanto movimento social, face às regras do jogo da democracia representativa. Estudos Feministas, p. 256-270, 1994
FEMINISMO, HISTÓRIA E PODER Recebido em 13 de Julho de 2009. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, v. 18, N. 36, P. 15-23, Jun. 2010 Aprovado em 10 de Dezembro de 2009. Céli Regina Jardim Pinto