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Universidade Veiga de Almeida

Aluna: Luana Viviane Alves dos Santos Matricula:20182102836

Muito se discute a importância das obras de Maquiavel dentro do cenário das ciências políticas,
econômicas e socias, de fato, sua principal obra “O Príncipe” foi considerado o primeiro tratado
político que buscou analisar arte de governar com um olhar cientifico, e sem recorrer a ética ou
jurisprudência, separando a ciência política da moral, características não utilizadas pelos
antigos filósofos gregos que constituíam os pensamentos acerca do assunto. Portanto, o autor
de “O Príncipe”, redigido entre 1512 e 1513, não teria a noção da dimensão que sua obra traria
para o mundo político e social, e em como, seus pensamentos perpetuarão até os dias atuais.
Dessa forma, tentarei aqui elucidar como se deu origem dos seus pensamentos, características,
sua definição de poder e em como a obra influenciou o conceito de natureza humana e o lugar
da história.

Pode-se dizer, que Maquiavel é um filho direto do Humanismo, acreditava que o homem se
faça a si mesmo e que cada um seja o autor do seu próprio destino, ainda que seja com ajuda da
sorte. Logo, em sua infância, teve uma educação clássica e sempre recebeu estímulos para a
carreira pública já que seu pai era formado em direito, deste modo, o florentino tomado por um
sentido de predestinação, em sua vida adulta, dentro de sua carreira profissional ingressa então
para a vida pública. Vale ressaltar, que o mesmo se encontrava inserido em uma época de
transição e diante da ascensão de um importante movimento, o Renascimento, que
proporcionou o surgimento de uma nova visão de mundo. Portanto, Nicolau Maquiavel
influenciado por pensamentos renascentista profere um discurso de luta pela liberdade, e que
as pessoas poderiam exercer a escolha de ter acesso ao poder de tomada de decisões visando o
bem da coletividade e da estabilidade política italiana, junto a isso, o mesmo defende que apenas
um Estado forte pode ocasionar o fortalecimento de uma “cidadania unificada”.

Dessa forma, seu destaque dentro da vida política republicana se encerra com a retomada de
poder dos Medici, sendo proibido de se retirar de Florença e tendo liberdade publica restrita, e
em 1513, sendo acusado de uma conspiração fracassada contra os Medicis, foi preso e torturado.
Foi nesse meio tempo, que buscou redigir sua obra “O Príncipe e os Comentários sobre a
primeira década de Tito Lívio”, vale ressaltar, que o mesmo estava apenas em busca de um
cargo na vida pública novamente junto aos Medicis, vida pública essa que acreditava estar
predestinado a atuar, e também, buscava solucionar apenas os entraves diplomáticos de sua
região. E foi dentro desse ambiente e com tal objetivo que Maquiavel adquiriu sua bagagem
política para redigir sua obra direcionada aos Medicis, sobre tal fato o mesmo disserta;

“Embora julgue esta obra indigna de Vossa Magnificência, confio, todavia, que pelo seu desejo de ter sempre
mais cultura a aceitareis, pois nada melhor posso oferecer a vós que dar-lhe um meio de poder, em brevíssimo
tempo, compreender tudo aquilo que eu, em tantos anos e com tantos incômodos e perigos, vim a conhecer.”

(Maquiavel, 2014, p.52)

Sendo assim, o então florentino traz olhar teórico e metodológico para o mundo político, a partir
daí, o mesmo começa a ser analisado como a matemática ou astronomia da época, sendo assim,
ele busca elaborar suas teorias por meio da lógica e através de sua obra tenta definir como se
deve ocorrer a manutenção do poder, e assim, amplia o debate sobre política deixando um
verdadeiro manual de como os governantes e os principados manteriam o Estado. Portanto, ele
rompe com o pensamento grego e busca estabelecer uma “verdade efetiva” das coisas, deixando
o pressuposto da imaginação e relata como se deram a ordem e poder dentro de governos e
monarquia.

“[...] Eu tenho refletido a respeito e examinado esses acontecimentos com grande diligência, condensei-os em
um pequeno volume, o qual envio a Vossa Magnificência. [...] Não adornei nem enchi esta obra de períodos
cadenciados, termos solenes ou magníficos, ou de qualquer outra figura de retórica, com os quais muitos
costumam desenvolver e enfeitar suas obras.”

(Maquiavel, 2014, p.51 e 52)

De certo, Maquiavel nunca ignorou completamente os pensadores clássicos, sempre buscou


dialogar com conceitos já instituídos pelos mesmos, como por exemplo, o de virtú e fortuna,
com efeito, são essências para o entendimento da obra aqui estuda.

A Virtú, seriam características relevantes que todo o príncipe deveria ter, segundo o florentino,
tais qualidades se tornam indispensáveis, e que sem as mesmas, seu governo estaria fadado a
desordem e ao fracasso. Logo, defende a ideia de que um o príncipe não está a serviço da
população, mas sim ao contrário, a população está a serviço do Estado e atua como massa de
manobra para seus interesses, para o autor, e mais virtuoso um príncipe temido, que um príncipe
amado. Além disso, se tem o conceito da fortuna, que era a sorte, o acaso, para ele era algo
impossível de se prever, poderia ser algo que elevaria o mandado de um príncipe sem grande
empenho ou poderia leva-lo ao fracasso caso faltasse a “virtú” para se manter um estado solido.
Logo, para o mesmo, aqueles que são levados ao poder pelo acaso ou pela fortuna sem os
atributos indispensáveis oriundos da “virtú” estariam caminhando para o insucesso. Portanto,
citando sua visão acerca de principados virtuosos;

“[...] E, examinando as ações e a vida desses homens, não se vê que eles tivessem algo de sorte senão a ocasião,
que lhes forneceu meios para poder adaptar as coisas da forma que melhor lhes aprouve; e, sem aquela
oportunidade o seu valor pessoal ter-se-ia apagado e sem essa virtude a ocasião teria sido em vão” (Maquiavel,
2014, p.81)

Assim, pode-se perceber, a importância da virtú para Maquiavel, e também, evidenciar como
o autor elucida que para um bom governante a bondade tem que ser algo que não deve conduzir
suas ações políticas a fio, uma vez que, para o mesmo os fins justificam os meios e a utilização
da força como meio de conter os interesses do Estado são ações que devem ser indispensáveis
para um príncipe. Nessa perspectiva, que surge então a ideia da natureza humana na visão de
Maquiavel, que vai afirmar que homem não é bom por natureza, e tal afirmativa, impossibilita
a adoção de ações políticas pautadas na bondade, o autor afirma que os homens tem
características imutáveis sobre tal fato, ele afirma; “ingratos, volúveis, simuladores, covardes
ante os perigos, ávidos de lucro”

Em síntese, o poder político dentro da visão maquiavélica assumi uma forma descrente, pois
emerge das profundezas da crueldade, que são imutáveis a natureza humana, logo, para o autor
os homens tem predisposição para a maldade e só estão dispostos a exercer o bem quando for
de seu interesse. Diante do exposto, pode-se perceber, que Maquiavel faz uma análise completa
da história e entende que os homens são imutáveis, fazendo assim, a história da humanidade
ser cíclica, mudando apenas a duração do tempo das formas de convívio entre os mesmos,
diante disso, compete apenas ao príncipe analisar o passado para melhor se pensar no presente
e no futuro.

Referências Bibliográficas:

Miranda, Caroline Rodrigues. Schmokel2, Fernanda. Colvero, Ronaldo Bernadino. A


Contribuição do pensamento de Maquiavel para o desenvolvimento da Ciência Política.
Rio Grande do Sul, 2014. III Seminário internacional de ciências sociais – ciências políticas.
Universidade Federal do Pampa Campus São Borja (RS).

Maquiavel, Nicolau. O Príncipe. 2 ed. Editora ideia Jurídica LTDA, 2014.

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