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A obra de Maquiavel – polêmica, mas sempre presente no discurso político – embora produzida

há mais de meio milênio, ainda pode ensinar, e muito, a sociedade marcada pelo frenesi do
imediatismo.
RESUMO: O artigo pretende discorrer sobre a atualidade de um pensador polêmico, mas
sempre presente no discurso político: Maquiavel. Sua obra produzida há mais de meio milênio
pode ensinar, e muito, a uma sociedade marcada por uma frenesia do imediatismo, por uma
política do sensacionalismo, pela descrença nas instituições, por uma cultura lapidada
anonimamente na rede mundial de computadores, a enxergar a política como de fato é, e não
como deveria ser. Para desenvolver esta leitura, o artigo segue a lógica gramsciana que define o
pensamento de Maquiavel em sua principal obra, O Príncipe, e nos demais escritos como um
“livro vivo”. Vivo por ser capaz de falar ao leitor, no decorrer dos séculos, no respeito às
diversidades de cada época e às divergências ideológicas, sabedor de que o homem político, nada
mais busca a não ser o poder.

PALAVRAS-CHAVE: Política, Estado, Atualidade, Governante, Político.

1. INTRODUÇÃO
Nosso tempo é um tempo de crise. Crise que se manifesta principalmente na política, que faz de
palco a dinâmica do mundo presente. A história da humanidade é perpassada por crises que
marcam a passagem das épocas. Para cada período apresentam-se peculiaridades próprias. A de
hoje, mostra-se mais intensa por sofrer uma forte influência dos Meios de Comunicação de
Massa, formadores e repassadores de opiniões políticas. Formadores anônimos e parciais em
suas interpretações insuflam conselhos de como se deve governar e ser governados, de maneira
nebulosa e dificilmente questionável.
A sociedade precisa de orientações e conselhos para uma correta e harmônica convivência com o
Estado e seus governantes. A história apresenta inúmeros pensadores que refletiram o tema o
ofereceram orientações e conselhos em suas diferentes etapas. Entre os tantos, a pesquisa
escolheu Nicolau Maquiavel pela atualidade das provocações que oferece, e por sua história
pessoal.
Político por paixão, burocrata por profissão, diplomata por vocação, intelectual por ser filho de
seu tempo, manifesta sua capacidade cultural em qualidade de historiador, teatrólogo, é um
personagem que marca o pensamento universal, principalmente no que se refere à política
moderna. Vivo, sofreu para materializar suas ideias e reflexões, sem jamais consegui-lo.
Somente após sua morte serão divulgadas, conhecidas e situadas como orientações para uma
nova e real maneira de ler e fazer política.
Aos 3 de maio de 1469 nasce na cidade de Florença, Itália, filho de Bernardo, advogado, e
Bartolomea, Nicolau Macchiavelli, ou mais universalmente conhecido como Maquiavel.
Juntamente com Hobbes, Locke, Rousseau, é catalogado como clássico da Ciência Política, e
conhecido como pai dos conceitos de Estado Moderno[1] e da Razão de Estado. Durante sua
infância é espectador privilegiado do surgimento da Idade Moderna, da Reforma Religiosa, das
grandes descobertas marítimas, e torna-se um dos protagonistas do renascimento intelectual.
Ambiente profundamente humanista, o Renascimento substitui o teocentrismo medieval pela
ideia de que o homem está em primeiro lugar (é o centro das preocupações). O espírito crítico
renascentista atinge a um só tempo, os valores feudais, a nobreza e seu estilo de vida, a Igreja e
sua concepção de mundo. Em suma, a vida de Maquiavel, se passa em um momento turbulento,
rico de revoluções e transições de valores, mas fecundo em suas reflexões.
A Itália, na época de Maquiavel, dividida em cerca de 10 Estados, é perpassada por uma série de
desavenças políticas. Centro do poder é o Papado, obedecido por todos, e por todos também
odiado. Com a deposição da família Médici, contrária às ideias de Maquiavel, é nomeado
secretário dos “Dez do Poder”, cargo que lhe permite, ao realizar diversas missões diplomáticas
em Estados vizinhos, enfronhar-se na política europeia. Após quinze anos nesta privilegiada
função, a família Médici retoma o poder em Florença. Maquiavel, sob suspeita de participação
em complô contra os Médici, é preso. Solto, é impedido de retomar seu cargo, exilia-se em uma
pequena propriedade no interior de Florença. Neste exílio, no ano de 1513, brota sua principal
obra: O Príncipe. Inicialmente espelho para os governantes, torna-se notável somente cinco anos
após sua morte, ocorrida em 1527.
Síntese de sua vida, rica em experiências múltiplas, perturbada por desejos de poder nunca
alcançados e inalcançáveis por sua pouca sorte, injustiçado e esquecido em vida, elogiado após a
morte, é a frase que se encontra na lápide do túmulo de sua sepultura: Tanto nomini nullum par
elogium[2].
Hoje, a obra se reveste de atualidade, não só como manual para governantes e políticos, mas para
a sociedade civil que nele encontra um alerta relativo à realidade que a mesma política vive entre
abusos por partes dos políticos e indiferença por parte do homem comum.
2. A atualidade da obra O Príncipe
Maquiavel torna-se um pensador clássico da ciência política, graças a uma obra escrita há cerca
de cinco séculos, mas que se reveste de atualidade. Clássico, por ser capaz de dialogar com
todos: homens do séc. XVI, época em que redige o livro, e homens do séc. XXI, que ainda o
leem com admiração. A grandeza do clássico está na mescla do tempo e da “eternidade”
histórica.
Sua principal obra escrita no período de exílio em sua propriedade oferece divergentes
interpretações entre os estudiosos e acende controvérsias sobre o objetivo da mesma. Para uns, a
finalidade do livro era a defesa da unificação da Itália, para outros, a defesa do absolutismo,
outros ainda afirmam que a obra é um alerta para o povo libertar-se de seus soberanos, outros
finalmente declaram que Maquiavel apenas elaborou-o com o intuito de recuperar seu cargo
público e adquirir benefícios políticos:
Como O Príncipe é uma obra muito rica, tem o poder de inspirar interpretações, recriações e
ampliações de ideias. Mas, ao acompanharmos o seu nascimento, percebemos que o
pragmatismo foi a sua marca registrada, desde os primeiros momentos. A intenção do autor não
era outra senão produzir um manual do que hoje denominamos “marketing político”. Um manual
que ajudasse na unificação da Itália, fortalecesse o poder absoluto e o auxiliasse na recuperação
dos cargos públicos que ocupara durante a fase republicana da política florentina.(NIVALDO
JR., 2005, p. 19 grifo do autor)
A originalidade da obra do florentino requer uma interpretação diferente dos demais textos
clássicos, como assevera Tiago Fernando Hansel:
Para muitas pessoas, especialmente leigos sobre Maquiavel, talvez tenham uma visão negativa
sobre essa obra, acreditando que o autor recomenda aos políticos que sejam pessoas más, falsas,
manipuladoras e sempre agindo de acordo com a situação e com a opinião politica de cada um da
população. Por esse motivo o livro “O Príncipe” não pode ser lido e interpretado como qualquer
outra literatura. (HANSEL, 2005, p. 2)
A interpretação dos conselhos maquiavelianos, não pode ser literal. O pensamento de Maquiavel
continua presente nos dias de hoje, porém, com clara adaptação à política atual.
O príncipe no séc. XV era o chefe do Estado, o detentor do poder máximo. Hoje, consideram-se
como príncipes quaisquer políticos, independentemente da função, pois todos possuem alguma
parcela de poder. Empresários do setor privado também se encaixam nesse perfil, pois também
possuem certa autoridade perante seus empregados, conforme afirma José Nivaldo Júnior:
Príncipe, hoje, é todo aquele que detém o poder executivo, em qualquer dos escalões, quer seja
no espaço público ou na área privada. Príncipe é todo aquele que conquistou, de alguma forma,
autoridade legítima sobre outros seres humanos. (NIVALDO JR., 2005, p. 161)
A manutenção do poder é o principal assunto abordado por Maquiavel no livro. Trata-se de um
‘espelho de príncipes’, em que são citadas as posturas que um governante deve tomar para
manter-se no poder. Para tanto, o autor apresenta a substancial diferença entre o agir com ética
cristã e o agir com ética política, apresentando ao príncipe como atuar para manter-se no poder.
Jean Jaques Rousseau (apud SILVA, 2010, p. 38) afirma que “Maquiavel, fingindo dar lições aos
reis, deu-as ele, e grandes, aos povos”. Permitiu, com esta leitura, que a sociedade identificasse
as estratégias utilizadas pelos príncipes para delas se defender e tirar proveito.
Assim, é possível afirmar que O Príncipe transformou-se em uma aula “atualíssima”, por extrair
temas e ideias que vão além do tempo e podem nortear o percurso a ser percorrido pela
sociedade no que diz respeito ao fazer política.
Primeiro pensador a enxergar o mau como realidade política, em que na maioria das vezes o
detentor do poder o usa de maneira imoral, contra os anseios do povo, ao elaborar O Príncipe,
Maquiavel especula sobre como o governante deve se utilizar da ética na administração do
poder. Basicamente cita duas formas de ética em que um governante pode seguir: a cristã e a
política.
A ética cristã ordena que seja praticada sempre a conduta mais correta, benigna para o povo,
mesmo que o governante se prejudique no poder. O governante deve ser sempre bom para que
após sua morte sua alma seja salva. É a ética medieval, promovida pela Igreja e ainda em auge na
época de Maquiavel.
Já a ética política, defendida por Maquiavel, sugere que para ser um bom governante às vezes o
mal deve ser a medida a ser tomada para que a cidade seja salva. O príncipe deve ser bom, mas
em certas ocasiões deve usar ‘máscara’, mentir, ser mal quando necessário, para posteriormente
obter sucesso e o respeito do povo. Brota neste contexto a ideia atribuída ao autor ‘os fins
justificam os meios’. Frase que não aparece às claras na obra maquiaveliana, mas de primordial
importância para a compreensão da nova ética política.
Para Maquiavel, a ética política é inconciliável com a ética cristã. As crueldades deverão ser bem
usadas pelo governante. A corroborar esta tese, cita a atitude de César Bórgia que executa um de
seus homens partindo-o ao meio com uma espada. Para a ética cristã essa atitude desrespeita o
bom senso e qualquer regra de conduta humana e religiosa. Já para a ética política foi uma
atitude boa porque necessária, uma crueldade bem usada, pois se evitou uma futura guerra civil
em que
muito mais pessoas morreriam. O homem assassinado por Bórgia assombrava a população e esta
começava a se rebelar contra César Bórgia. O ato foi eticamente bom.
O maior dever do príncipe é manter o governo, mesmo que para isso seja necessário contrariar a
fé, a religião, as regras morais. Para obter êxito em seu governo, o príncipe deve sempre que
possível ser bom, porém mau quando necessário. As circunstâncias para Maquiavel justificam
determinadas ações.
O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, religioso, basta que aparente possuir tais qualidades.
O agir com maldade na época maquiaveliana era agir com uma violência armada. Hoje, em outro
cenário, o agir com maldade encarna-se na corrupção, no descaso, no afastamento da sociedade
que elegeu o governante.
Maquiavel é realista. Realismo não interpretado como resignação, mas como lógica que para
mudar a realidade é preciso antes compreendê-la para depois operar sobre ela. É por isso que
analisa o Estado absoluto e detentor de poder para impor a ordem, não o Estado ideal que
proporciona bem estar ao cidadão. Isto leva-o a enfatizar a veritá effetuale, isto é, examinar a
realidade como é, não como gostar-se-ia que fosse. É a centralidade da política atual, não como
instrumento de redenção do homem de seus vícios e fraquezas, mas meio para governar e dirigir
a história de um país, nunca linear no seu trajeto. Prova disso são as recentes mudanças que
envolvem a política nacional Brasileira. Um governo democraticamente eleito, questionado de
forma confusa na onda da emoção, o afastamento do Executivo e a posse do vice. Menos de um
ano se passou e novos questionamentos levam a insuflar a ideia de mais um afastamento.
Como manter o poder em situações adversas? Para o florentino a manutenção do poder depende
de dois fatores essenciais: a virtú e a fortuna.
Para Maquiavel (apud MOREIRA 2005, p. 14), a virtú é a “qualidade do homem que o capacita
a realizar grandes obras e feitos”, ou o “poder humano de efetuar mudanças e controlar eventos”.
A fortuna, na mitologia grega, é a deusa que representa a sorte. Virtú e fortuna que o governante
não poderá evitar, mas deverá aproveitar. De fato a ação política depende da conjugação de virtú
e fortuna. O político virtuoso é aquele que domina a fortuna, que controla a sorte.
De acordo com Marcílio Marques Moreira:
Romper o equilíbrio, sendo de preferência mais “audacioso do que prudente”; e resistir à fortuna,
à necessidade, é o programa maquiavélico. Para isto, recomenda não deixar fugir a occasione, a
cabeça de ponte entre virtú e fortuna. Falando da admiração com que devem ser encarados os
grandes conquistadores ou fundadores de reinos, como Ciro, Rômulo ou Teseu, deixa bem claro
o seu pensamento de quanto devem ao acaso e quanto à própria virtú. (MOREIRA, 2005, p 14)”
Deve-se romper o equilíbrio entre ambas fazendo com que a virtú se sobressaia. Ser mais
audacioso do que prudente e resistir à fortuna, portanto, é o ideal maquiavélico.
Para Maquiavel, o príncipe virtuoso possui maior valor do que a própria sociedade. A
manutenção do poder é mais importante do que o bem comum. A virtú debatida em O Príncipe
ainda permanece no pensamento dos políticos atuais. Ao direcionar esse conselho para os dias de
hoje, é necessário adaptá-lo. De fato, é necessário que o povo conheça a virtú do político, e não
deixe que este coloque os interesses públicos em segundo plano. O poder não deve ser mais
importante que o bem comum.
Assegura Maquiavel (2005) que, quem adquire o poder com a ajuda dos ricos sofre mais para
mantê-lo do que aquele que o adquire com a ajuda do povo. Quem elucida a afirmativa é José
Nivaldo Jr. (2005, p. 169) “os primeiros estão sempre cercados de indivíduos que têm
consciência de sua força e se entendem como iguais ao governante.” Daí a dificuldade em impor
seu método de governo. Por outro lado, se o príncipe se apoia no povo seu percentual de
desaprovação será mínimo.
Este raciocínio é totalmente aplicável aos dias atuais. Grandes empresários apoiam candidatos
com o único intuito de conseguirem benefícios exclusivos em detrimento dos demais. Se o
governante atual não oferecer proteção ao povo – ainda que chegue ao poder sem o auxílio deste
– logo será destituído.
O detentor do poder precisa procurar meios pelos quais o povo se torne dependente do governo e
o seja fiel, pois nos momentos de adversidade eles o ajudarão a manter-se no poder. Qualquer
governante seja na época de Maquiavel, seja na contemporaneidade, necessita da fidelidade do
povo.
Vale ainda salientar, sempre na interpretação de Maquiavel, que novos administradores possuem
mais dificuldade em manter o poder, principalmente porque tendem a realizar inovações em seus
novos domínios. Tais inovações acabam com benesses de alguns teoricamente mais fortes,
transformando-os em adversários e inimigos, e aqueles que passam a ser beneficiados são mais
fracos. Assim, atualizando este conselho, vemos que novos políticos dificilmente conseguem o
poder devido a grande força política que possuem os antigos e novos ‘coronéis’ contrários
qualquer ideia inovadora.
O povo, por sua vez, cria perspectivas de melhora quando há mudanças no poder. Ainda que na
atualidade, especialmente no Brasil, tais mudanças andam na “contra marcha”, isto é, não
promovem a sociedade, que não recebeu benefício algum após as últimas mudanças na política
nacional, contrariando a mídia ufanista, piorou seu nível de vida, tanto econômico, como político
e social. O motivo da degeneração do detentor do poder encontra-se na ausência de preparação
do candidato para o cargo pleiteado. O problema é alarmante em sua consequência maior:
poucos conseguem permanecer no poder por muito tempo. Faltam, na atual conjuntura politica
nacional, políticos realmente preparados para enfrentar a crise de identidade política que assola a
sociedade.
As mudanças não ocorrem com a simples e constante troca de governante. Urge, de acordo
desprende-se do pensamento de Maquiavel, necessita-se um planejamento político a médio e
longo prazo. O imediatismo é incompatível com a política e com a manutenção do poder em
benefício da sociedade.
Outro elemento para manter-se no poder, é o apoio das bases. Um político que possua em suas
bases, “mercenários”, ao enfrentar as primeiras adversidades e ataques do adversário, será
abandonado e restará isolado. De acordo com Maquiavel (2005, p. 171): “os mercenários querem
muito ser soldados enquanto o príncipe não está em guerra, mas quando esta surge só pensam em
fugir ou ir embora”. Isto ainda é muito corriqueiro na política moderna. Vendedores de
promessas antes das eleições, preguiçosos, corruptos e incomunicáveis após o pleito eleitoral.
Ao falar da necessidade de manter-se seguro contra inesperadas situações de perigo, Maquiavel
afirma que o príncipe precisa de uma fortaleza. O autor supera o convencionalismo e surpreende
ao afirmar que a melhor fortaleza é construída com o afeto dos súditos, pois as fortificações
materiais não poderão salvar um príncipe odiado pelo seu povo (MAQUIAVEL, 2005). De fato,
pouco adianta um governante refugiar-se em um castelo seguro ou circundar-se de uma milícia
armada, pois contra a ira do povo não existem barreiras. É melhor aliar-se ao povo do que
ofendê-lo e estes lhe tirarem o poder. Visão esta totalmente aplicável na política atual, em que
políticos investigados e levados em delegacias, muito embora escoltados, são atacados pelo povo
que manifesta sua indignação com vaias e na medida do possível, certa violência física, mal
contida pela força policial.
O governante para ser bem sucedido, assevera o florentino, deve praticar o bem aos poucos, para
sempre ser lembrado pelo povo de forma positiva. Agora se for preciso praticar o mal, é preciso
que o faça de uma só vez, de forma que o povo traumatize-se e logo esqueça este ato. A máscara
deve ser usada porque se o príncipe pratica o bem a cada momento, no início terá bons
resultados, mas a longo prazo terá seu governo prejudicado. (MAQUIAVEL, 2005)
Mais um conselho atualíssimo. A demora em finalizar obras públicas, em muitos casos
propositalmente procrastinadas até época de campanha eleitoral, na hermenêutica de Maquiavel,
serve para que a lembrança do “bom serviço” em benefício da coletividade, ainda que sem muita
presteza, deixe o governante com aura de quem realiza o prometido, e o torna confiável aos olhos
do eleitor. Logo, se tais obras forem concluídas rapidamente, o governante também rapidamente
será esquecido.
Outra questão delicada que o italiano levanta: ser amado ou temido? Para Maquiavel,
interessante seria se o príncipe conciliasse as duas coisas; entretanto, se tiver que escolher, deve-
se optar pelo temor, pois o amor é facilmente desrespeitado pelas pessoas. Muito embora pareça
assustador, às vezes a melhor saída é a mentira, a quebra de promessas e a morte de inimigos.
Em teoria, é melhor ser amado do que temido, mas por ser difícil conseguir o amor é mais seguro
ser temido. Se confiar num povo que o ama, o príncipe corre o risco de ser abandonado em
momentos de crise, entretanto, se for temido o povo terá medo de traí-lo. Teme-se o governante
hoje, que decreta leis impositivas, porém eficazes na efetivação do interesse social.
Função fundamental, nesta arquitetura de impor lei, é a dos conselheiros, conhecedores da
política, do pensar e do caráter do governante. Interpelados pelo governante, oferecem opiniões,
ainda que com prudência e sabedoria, a decisão final será do príncipe. Entre os conselheiros
situa-se o povo, de fato no início da obra, escreve: “[...] para conhecer o caráter do povo é
preciso ser príncipe e para entender o príncipe é preciso ser do povo”. (MAQUIAVEL, 2005, p.
28)
Entre as inquietações de Maquiavel, estão as desordens e as instabilidades da vida política.
Assim, ao interrogar-se sobre como fazer reinar a ordem; como instaurar um Estado estável;
como resolver o ciclo estabilidade e caos, chega a uma primeira conclusão: não é possível
desvencilhar-se da política. Motivo: é inevitável fazer política, não por ser um atributo natural do
homem conforme a visão aristotélica, mas, mesmo sendo um ato constitutivo, torna-se
imprescindível ao homem, ser político.
Realista, distingue a sociedade civil em duas categorias: “Povo Gordo”, pequena e média
burguesia ligada às corporações de ofício. Esta toma parte ativa da política nas cidades-estados
republicanas. São os cidadãos conscientes, organizados, participativos que vão além do “fazer
política”, tornam-se políticos. São os participativos que anseiam tornar-se parcela do governo.
Outra categoria é o “Povo Magro”, desvinculado de qualquer corporação, sem especialização,
miserável. São os que esperam a iniciativa do governante e ficam a espreita como bons
observadores, sem jamais tornar-se atores das transformações políticas. Único anseio: não serem
oprimidos. Hoje, cada vez mais numerosos, são os que formatam a consciência crítica com base
nas (in)formações repassadas pelos meios de comunicação em massa. A politica é instrumento
único para a sociedade permanecer unida, para tentar construir um futuro melhor. Não haveria
paz, nem estabilidade sem estruturas de governo, nem instituições civis no Estado, gerando caos
e opressão dos fortes sobre os mais fracos, similar à visão Hobbesiana.
Em outro trecho de O Príncipe, oferece-se mais um conselho na relação governante-oposição:
Um príncipe inteligente deve observar essa semelhança de proceder, nunca ficando ocioso nos
tempos de paz, mas sim, com habilidade, procurar forma cabedal para poder utilizá-lo na
adversidade, a fim de que, quando mudar a fortuna, se encontre preparado para resistir.
(MAQUIAVEL apud NIVALDO JR., 2005, p. 173)
O príncipe deve sempre estar à frente do inimigo, preparando-se para qualquer tipo de
adversidade, pois a sorte pode mudar a qualquer momento e aquele que se encontra preparado se
sobressairá perante o adversário. Também deve sempre estar atento às atitudes dos inimigos, pois
quando estes mostrarem qualquer indício de ameaça faz-se indispensável aniquilá-los o mais
cedo possível, evitando assim uma guerra maior quando estes estiverem mais preparados com
possível derrota do príncipe. Resumindo, deve o governante eliminar o mal antes que apareça
em toda sua força.
Perante tantas inovações e características próprias atribuídas ao autor, Eliane Boscatto (2014) se
interroga sobre qual seria a que mais emerge:
Seria Maquiavel um pessimista desiludido com a humanidade? Na verdade, ele era tido como um
realista e porque não um oportunista, já que acreditava que o sucesso depende muito da boa
sorte, mas, também, que podemos melhorar as chances de sucesso agindo bravamente e
rapidamente, se preparando e agarrando a oportunidade tão logo ela surja.
César Bórgia, em uma ocasião, ao saber que os membros da família Orsini pretendiam derrubá-
lo, os levou a crer que não sabia de nada. Então, induziu os líderes a se encontrarem com ele e
quando chegaram, matou a todos. (BOSCATTO, 2014)
A característica que emerge é a previsão dos possíveis eventos. Um príncipe não pode
preocupar-se apenas com os problemas atuais, mas prever os que poderão atormentá-lo no
futuro. Maquiavel (2005, apud NIVALDO JR., p. 165) escreve: “as guerras não podem ser
evitadas e, quando adiadas, só trazem benefício para o inimigo”. Nivaldo Jr. (2005, p. 165)
complementa essa tese ao afirmar que “a boa informação e a prudência do governante conduzem
à decisão acertada, encarando-se logo as realidades desagradáveis”.
Com isto, os políticos atuais se quiserem manter um governo forte não poderão negligenciar a
ação caindo em uma letárgica acomodação. Pelo contrário, serão obrigados a permanecer em
uma alerta constante para detectar potenciais problemas. No presente, o conselho do autor, hoje
parece esquecido pelos governantes.
Maquiavel aconselha que ao conquistar um território com leis, costumes e língua diferentes,
tornando-se a manutenção do poder muito mais difícil, e deflagrado problemas, a única
alternativa é ir habitá-lo. De fato a presença do príncipe supriria a falta de amor e traria temor
para os indivíduos descontentes. No presente, devido ao exagerado crescimento demográfico e
ao fracionamento da sociedade em numerosos grupos ideológicos ou de interesses, a estratégia
deverá mudar.
Para enfrentar o desafio, os políticos atuais utilizam mecanismos de avançada tecnologia que
permitem garimpar, buscar informações e opiniões dos eleitores em qualquer lugar sem precisar
habitá-lo. Assim, controlam os homens por eles nomeados, recebem informações das bases de
apoio e conhecem as críticas e reivindicações da sociedade. Corrobora esta sugestão Nivaldo Jr:
É claro o pensamento de Maquiavel a esse respeito: aquele que governa deve manter canais de
comunicação de mão dupla e possibilitar aos súditos a manifestação de suas opiniões, inclusive
para verificar se o seu projeto está sendo bem executado e bem assimilado. (NIVALDO JR.,
2005, p. 164)
Os governantes de hoje possuem vários ministros e secretários para auxiliá-los em suas decisões.
Esses conselheiros são nomeados e exonerados a livre arbítrio do chefe de poder, e não era
diferente na época de Maquiavel, que assim conclui: “[...] os conselhos sábios, de onde quer que
venham, nascem necessariamente da prudência do príncipe; e que esta não nasce dos bons
conselhos recebidos”. (MAQUIAVEL, 2005, p. 141)
Ao chegar no poder é inevitável aparecerem aduladores em busca de colocações ou empregos,
ainda que outrora eram críticos severos do mesmo em qualidade de candidato. O autor é
contundente ao afirmar a necessidade de evitar os aduladores, ouvindo-os apenas quando achar
conveniente. As decisões do príncipe podem ter por base opiniões dadas por conselheiros,
porém, a opinião ou conselho deve chegar aos ouvidos do governante apenas quando este quiser
e não o contrário. O príncipe deve usar a prudência, sabedoria e autonomamente decidir o
momento e maneira de aproveitar-se dos conselhos dados pelos ministros.
A primeira impressão que se tem de um governante e de sua inteligência é dada pelos homens
que o cercam. Quando estes são eficientes e fiéis, pode-se sempre considerar o príncipe sábio,
pois foi capaz de reconhecer capacidade e de manter fidelidade. Mas, quando a situação é oposta,
pode-se sempre fazer dele mau juízo, porque seu primeiro erro terá sido cometido ao escolher os
assessores. (MAQUIAVEL, 2005, p. 136)
A escolha dos conselheiros, portanto, é fundamental para a imagem e o desempenho do
governante perante a sociedade. Os últimos presidentes do Brasil perderam considerável crédito
perante os eleitores, na medida em que vários ministros acusados de corrupção foram destituídos
de seus cargos, com abalo na imagem do governo e prejuízo para o projeto político
governamental.
Relativo ao desempenho do governante, em mais uma passagem de O Príncipe, Maquiavel (2005
apud NIVALDO JR., p. 168) discorre sobre o oportunista que se torna governante: “[...] aqueles
que somente com sorte se tornaram de cidadãos comuns em príncipes, com pouca fadiga assim
se transformaram, mas só com muito esforço assim se mantém...”. Aventureiros sem qualquer
experiência política que conseguem um cargo de poder devido a um bom desempenho em outra
área distante da política, normalmente não permanecem muito tempo no poder por falta de
conhecimento e prática, muito embora não descarte a possibilidade de ingressar na vida política
alguém que não venha de um berço tradicionalmente político ou ingresse tardiamente. Única
dificuldade é o perigo ao qual se expõe e expõe a sociedade: “quem não lança os alicerces
primeiro, com uma grande virtude, poderá estabelecê-los depois, embora isto represente um
grande esforço para o construtor e perigo para o edifício” (MAQUIAVEL apud NIVALDO JR.,
2005, p. 168). O motivo é claro: cidadãos sem prática política quando chegam ao poder
dificilmente conseguem oferecer resistência frente a homens enraizados na prática política.
Entre as sugestões que Maquiavel apresenta ao governante, uma chama a atenção: a caça. De
fato, afirma, deveria ser um treinamento para a guerra, pois assim, conheceria o campo de
batalha estando preparado para o momento do ataque. O príncipe deve concentrar todo o seu
tempo na preparação para a batalha. José Nivaldo Jr. atualiza para o presente o pensamento em
tela. A guerra citada na obra maquiaveliana hoje se transformou na disputa eleitoral:
É através dela que os governantes mantêm seus domínios ou que cidadãos comuns podem tornar-
se príncipes. O governante, ou quem pretender chegar ao poder, não pode desviar seu
pensamento e seus objetivos do processo eleitoral. A eleição deve ser uma obsessão constante.
Além da permanente “caça ao voto”, indo a todos os lugares, conhecendo de perto os redutos, os
eleitores, seus problemas, suas particularidades, o político deve ainda, segundo Maquiavel, ler as
histórias e nelas observar as ações dos grandes homens, ver como se conduzem nas disputas,
examinar as causas de suas vitórias ou derrotas. (NIVALDO JR., 2005, p. 172-173)
Analisando estes aspectos, vê-se que a política para Maquiavel exige dedicação exclusiva.
Dos pensamentos maquiavelianos também se destaca o de que um líder deve combinar
qualidades humanas com qualidades animais. Dentre esses animais cita a raposa e o leão. A
raposa é esperta e sabe reconhecer uma armadilha, já o leão é forte e usa de sua força para
ameaçar os outros:
Há dois métodos de luta. Um é pela lei, e o outro pela força. O primeiro é próprio dos homens. O
segundo, dos animais. Entretanto, como o primeiro método é muitas vezes insuficiente, deve-se
aprender a usar o segundo. Um príncipe, então, sendo obrigado a saber lutar como um animal
deve imitar a raposa e o leão, pois o leão não sabe proteger-se das armadilhas, e a raposa não
consegue defender-se dos lobos. O príncipe, portanto, deve ser uma raposa para reconhecer as
armadilhas e um leão para assustar os lobos. (MAQUIAVEL, 2005, p. 106)
Normalmente, aquele que é fraco se utiliza da astúcia para sobreviver, e aquele que é forte
geralmente não é esperto. O que Maquiavel aconselha é que o príncipe deve achar o equilíbrio
entre a força e a astúcia. O governante deve ser leão e simultaneamente raposa; forte, mas
também perspicaz. Quando não se puder utilizar das leis para lutar, a alternativa é apelar para as
características animais, é a ética que tanta crítica recebeu desde o século XVI até metade do
século XX, marcado por uma moralidade cristã e que permitiu apelidar de diabólico o
pensamento do florentino.
O governante de hoje, é marcado por esta nova ética anunciada pelo florentino: “há vícios que
são virtudes”, para que o agir na hora certa leve ao resultado esperado: não perder o poder. Qual
o motivo de deixá-lo livre dos grilhões de uma ética aprisionante e abrir caminho para uma nova
moralidade que abala a clássica e pacata moral cristã? O governante é senhor da legislação a fim
de definir o bem e o mal. Hoje, o governante legisla via Medidas Provisórias, ainda que de forma
exagerada.
Um ser entre Deus e o demônio, isto é, dono das decisões. Hoje, liberação de verbas
parlamentares e demissões para os que não apoiam o governo. Virtudes que desafiam o bom
senso: deveria ser amado, mas é preferível que seja temido. Hoje, aprovação de recortes em
programas de cunho social e cultural, reforma trabalhista, mudanças na lei das aposentadorias,
em prol de manutenção de privilégios dos Partidos Políticos. Torna-se um misto de homem, pelo
uso das leis e de animal, pelo uso da força. É leão que amedronta e ameaça, é raposa que foge
das armadilhas.
A época em que Maquiavel escreve, é marcada por uma profunda crise política, bem como à dos
dias atuais. Em momentos de apatia e letargia política, de populismo não declarado, mas
manifesto, a única lição que desprende-se das obras do desafortunado florentino é que a política
não muda, o homem não muda, e, portanto, cabe seguir os dois caminhos efetivos: tornar-se
políticos participativos e falar de política a fim de que cada um se torne, simultaneamente,
governado e governante.
3. Considerações Finais
A recorrer parcialmente o pensamento de Maquiavel, o artigo pontuou e esclareceu alguns
tópicos do mesmo.
O primeiro esclarecimento refere-se ao adjetivo “maquiavélico”, utilizado atualmente tanto em
falas coloquiais bem como em discurso mais técnicos. Termo de forte conotação depreciativa,
configurando algo ardiloso, cruel, a ser substituído, de acordo conhecedores do autor, por
“maquiaveliano”, por refletir melhor e de maneira mais apropriada, a lógica que inspira e
perpassa os escritos do florentino.
Outro ponto em destaque é o relativo ao ideal de liberdade buscado por Maquiavel e destaque na
obra O Príncipe. Ao se tornar um homem público, percebeu os mecanismos utilizados pelos
detentores do poder para manterem-se no topo. A obra é um espelho para que os leitores de
todos os tempos, tenham ciência disso. Hoje é possível afirmar que Maquiavel foi um dos
maiores defensores da liberdade, pois mostrou ao povo como ele deve defender-se dos
governantes corruptos, desleais e infiéis que pode vir a cercear este valor absoluto, segundo só
após a vida, conforme o pensamento dos teóricos Contratualistas.
Para mostrar aos homens a necessidade de conhecer de suas capacidades para não serem
dominados por outros, sejam eles governantes, Estados ou tiranos, mescla os pensamentos
renascentista e humanista que enfatizam dignidade e capacidade de auto-gestão. O indivíduo
capaz e autônomo, não precisa esperar a intervenção divina, ele próprio pode agir em defesa de
sua liberdade fazendo uso de seu poder. Isto vale também para o corpo coletivo que é a
sociedade
Ao discutir a liberdade do governante em relação às virtudes, apresenta um realismo
aparentemente cruel, mas totalmente oportuno. O político incapaz de possuir todas as virtudes
próprias de um governante deverá, sem constrangimento nem limitações, mas com a liberdade
que quem sabe que urge governar e deter o poder, aparentá-la, tanto em seus discursos bem
como em seu agir público, pois assim angariará confiança do povo.
Ao debater a atualidade do autor, o artigo detecta o ponto nevrálgico que por sua vez transforma-
se no maior desafio na relação indivíduo – estado: a participação política. Participação que vai
muito além do voto e do debate partidário. Participação que envolve o respeito das leis
superando a ardilosa ideia de que a observância da lei é falta de caráter, e principalmente o
envolvimento em movimentos populares que transformam os indivíduos em povo gordo, isto é
provocadores de políticas públicas em benefício da sociedade.
O artigo, fiel à metodologia maquiaveliana, realiza uma leitura realista e não idealista do
pensamento do autor. Detecta que o exercício do poder pelo governante, muitas vezes provoca
descontentamentos por não acatar os pedidos da sociedade civil. Para o bem da mesma
sociedade, em circunstâncias extremas, é necessário o governante contrariar os princípios éticos.
Quando o desejo do povo for a desordem e a revolta, o governante deverá, ao usar do princípio
do utilitarismo, ser cruel e rígido com alguns em prol da proteção da coletividade.
Tanta aparente crueldade nasce de uma certeza: quem melhor conhece o governante, de acordo
com Maquiavel, é o povo; e quem conhece melhor o povo é o governante. E este mesmo
governante deverá sempre tentar conciliar o amor com o temor do povo. Ao optar, poderá
escolherá o temor, jamais o ódio, pois o ódio é início da ruína de todo governo.
Ao refletir sobre a figura do príncipe, o artigo deixa claro que o verdadeiro príncipe hoje é a
sociedade civil, pois no modelo republicano e democrático de governo quem toma as decisões de
fato é a coletividade por meio de seus representantes. Logo, deve ser bom e apoiar para com o
governante e mau quando diante das circunstâncias, necessário seja assim ser, até o extremo de
afastá-lo de sua função.
Finalmente, corrobora-se o pensamento maquiaveliano, relativo ao realismo da política, a ser
vista como ela é e não como deveria ser, no respeito ao que Maquiavel escreve ao destacar não a
ideal bondade humana, mas a maldade que acompanha o homem desde o nascer. Portanto, os
conselhos do florentino ainda podem ser usados, por existirem homens maus tanto na função de
governante como na de sociedade civil: todos aspirando a detenção do poder.
Finalizando, o artigo deixa claro que, tanto hoje, como em 1513, ano em que Maquiavel escreve
sua principal obra, parece não existir nenhum “príncipe” capaz de levantar o Brasil da crise
política que envolve o governo, a economia e a sociedade civil. Mesmo assim, tanto hoje, como
na época de Maquiavel, não é possível renunciar à política como meio para solucionar os
problemas da sociedade. Eis a atualidade do florentino e do seu irreverente, mas provocador,
pensamento: o caminho é a política participativa por parte da sociedade civil, comprometida por
parte da sociedade política.
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