Nosso tempo é um tempo de crise. Crise que se manifesta
principalmente na política, que faz de palco a dinâmica do mundo presente. A história da hhumanidade é perpassada por crises que marcam a passagem das épocas. Para cada período apresentam-se peculiaridades próprias. A de hoje, mostra-se mais intensa por sofrer uma forte influência dos Meios de Comunicação de Massa, formadores e repassadores de opiniões políticas. Formadores anônimos e parciais em suas interpretações insuflam conselhos de como se deve governar e ser governados, de maneira nebulosa e dificilmente questionável.
A sociedade precisa de orientações e conselhos para
uma correta e harmônica convivência com o Estado e seus governantes. A história apresenta inúmeros pensadores que refletiram o tema o ofereceram orientações e conselhos em suas diferentes etapas. Entre os tantos, a pesquisa escolheu Nicolau Maquiavel pela atualidade das provocações que oferece, e por sua história pessoal.
Político por paixão, burocrata por profissão,
diplomata por vocação, intelectual por ser filho de seu tempo, manifesta sua capacidade cultural em qualidade de historiador, teatrólogo, é um personagem que marca o pensamento universal, principalmente no que se refere à política moderna. Vivo, sofreu para materializar suas ideias e reflexões, sem jamais consegui-lo. Somente após sua morte serão divulgadas, conhecidas e situadas como orientações para uma nova e real maneira de ler e fazer política.
Aos 3 de maio de 1469 nasce na cidade de Florença,
Itália, filho de Bernardo, advogado, e Bartolomea, Nicolau Macchiavelli, ou mais universalmente conhecido como Maquiavel. Juntamente com Hobbes, Locke, Rousseau, é catalogado como clássico da Ciência Política, e conhecido como pai dos conceitos de Estado Moderno<!--[if ! supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> e da Razão de Estado. Durante sua infância é espectador privilegiado do surgimento da Idade Moderna, da Reforma Religiosa, das grandes descobertas marítimas, e torna-se um dos protagonistas do renascimento intelectual. Ambiente profundamente humanista, o Renascimento substitui o teocentrismo medieval pela ideia de que o homem está em primeiro lugar (é o centro das preocupações). O espírito crítico renascentista atinge a um só tempo, os valores feudais, a nobreza e seu estilo de vida, a Igreja e sua concepção de mundo. Em suma, a vida de Maquiavel, se passa em um momento turbulento, rico de revoluções e transições de valores, mas fecundo em suas reflexões.
A Itália, na época de Maquiavel, dividida em cerca de
10 Estados, é perpassada por uma série de desavenças políticas. Centro do poder é o Papado, obedecido por todos, e por todos também odiado. Com a deposição da família Médici, contrária às ideias de Maquiavel, é nomeado secretário dos “Dez do Poder”, cargo que lhe permite, ao realizar diversas missões diplomáticas em Estados vizinhos, enfronhar-se na política europeia. Após quinze anos nesta privilegiada função, a família Médici retoma o poder em Florença. Maquiavel, sob suspeita de participação em complô contra os Médici, é preso. Solto, é impedido de retomar seu cargo, exilia-se em uma pequena propriedade no interior de Florença. Neste exílio, no ano de 1513, brota sua principal obra: O Príncipe. Inicialmente espelho para os governantes, torna-se notável somente cinco anos após sua morte, ocorrida em 1527.
Síntese de sua vida, rica em experiências múltiplas,
perturbada por desejos de poder nunca alcançados e inalcançáveis por sua pouca sorte, injustiçado e esquecido em vida, elogiado após a morte, é a frase que se encontra na lápide do túmulo de sua sepultura: Tanto nomini nullum par elogium<!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!-- [endif]-->.
Hoje, a obra se reveste de atualidade, não só como
manual para governantes e políticos, mas para a sociedade civil que nele encontra um alerta relativo à realidade que a mesma política vive entre abusos por partes dos políticos e indiferença por parte do homem comum.