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A CONCEPÇÃO DE ESTADO EM MAQUIAVEL

Messias Consoni (Monitoria Remunerada-UNICENTRO), Ruth Rieth Leonhardt


(orientadora do Departamento de Filosofia/UNICENTRO), e-mail: rieth@unicentro.br

Palavras-Chaves: Estado, Política, Ética.

Resumo: A presente pesquisa enfoca o pensamento político de Maquiavel dando ênfase


ao Estado com o objetivo de analisar a concepção do mesmo presente na obra O
Príncipe. Maquiavel rompe com o saber político de vários séculos ao descrever o Estado
real, tal como ele é, com barbáries, corrupção e desordem e torna-se um dois mais
importantes pensadores políticos da história.

Introdução:
A presente pesquisa enfoca o pensamento político de Maquiavel, abordando a
concepção de Estado, a fim de entender a grandeza de seu pensamento e o porquê dele
ser tão citado, ainda hoje mais de quatro séculos após a sua morte. Maquiavel nasceu em
1469, numa Itália em que reinava uma imensa confusão e instabilidade, impedindo que
governantes conseguissem permanecer no cargo por tempo longo. E foi nesse cenário
que Maquiavel passou a infância e adolescência, o que gerou grande influência sobre
suas obras. Aos 29 anos conquistou o primeiro cargo público, exercendo funções
públicas praticamente a vida inteira, o que o tornou um apaixonado pelo estado, como ele
mesmo dizia. E como tal ele falou sobre o Estado com a preocupação, de encontrar uma
fórmula de manter o Estado forte, unido e livre de barbáries a fim de proporcionar o bem
estar a um maior número possível de pessoas.

Materiais e métodos: A metodologia empregada consiste em uma pesquisa bibliográfica


de cunho filosófico, que se realiza mediante a leitura do livro base: O Príncipe, bem
como a consulta de outros livros, artigos e comentadores.

Resultados e discussão: Maquiavel quando se propõem falar sobre o Estado, segue o


mesmo caminho dos historiadores antigos. Ou seja, seu ponto de partida é a realidade
concreta, tal como ela é, e não como se gostaria que ela fosse. Ele apóia-se num método
histórico-descritivo, que consiste em observar a ação dos homens e como elas revelam a
intimidade do seu ser. Para Maquiavel o poder político tem origem na malignidade que é
intrínseca à natureza humana. Os homens, diz ele são ingratos, volúveis, simuladores,
covardes ante os perigos, e ávidos de lucro. E na sociedade existem duas forças opostas,
uma dos que não querem que o povo seja dominado e outra que quer dominar o povo,
causando assim um grande instabilidade. Está aí então o problema político: encontrar um
modo de impor estabilidade nas relações. Por isso, para Maquiavel, quando a nação
encontra-se ameaçada de deteriorização, é necessário um governo forte, que iniba a
vitalidade dessas forças, um governante que seja livre dos freios extraterrenos, que seja
sábio e saiba agir conforme as circunstâncias e para tal o príncipe deve ter virtú de
domínio da fortuna. Para pensar a virtú e a fortuna, Maquiavel recorre como sempre aos
ensinamentos clássicos. Para os antigos a Fortuna não era uma força do mal como
pregava o cristianismo e sim uma deusa boa. Ela possuia a honra, glória, poder, riqueza,
ou seja, todos os dons que os homens da antiguidade clássica desejavam. Como se
tratava de uma deusa mulher era preciso seduzi-lá, se mostrando vir, ou seja, sendo um
homem de verdadeira coragem. Assim quem possuísse virtú, seria beneficiado com os
presentes da Fortuna. Essa virtú para Maquiavel é então a energia, a capacidade, o
empenho, a eficácia, a vontade dirigida para o objetivo, o elemento vital. E a fortuna é a
sorte (boa ou má), o acaso, as circustâncias, e a oportunidade. Nessa relação entre virtú
e fortuna Maquiavel afirma que metade das coisas humanas depende da sorte (fortuna) e
a outra metade depende da ação dos homens. Então a fortuna ensina ao indivíduo o
momento de agir. Portanto o governante não é apenas o mais forte, mas sobretudo o
possuidor de sabedoria no uso da força, pois a força explica o fundamento do poder,
porém é a posse de virtú a chave por excelência do sucesso do príncípe. Maquiavel é
enfático ao afirmar que existem vícios que são virtudes. Ou seja, o príncipe deve aprender
os meios de não ser bom e a fazer uso ou não deles, conforme as necessidades, devendo
inclusive aparentar possuir qualidades valorizadas pelos governados. Para ele a política
tem uma ética e uma lógica próprias, que não se enquadram no tradicional moralismo
cristão.

Conclusão: Este estudo bibliográfico conduz a uma maior compreensão do pensamento


de Maquiavel. Os termos maquiavélico e maquiavelismo, que são usados diariamente por
um considerável número de pessoas, estão sempre associados à idéia de traição,
deslealdade, traduzindo a visão demoníaca de Maquiavel. Porém ao se analisar sua obra
vê-se, que Maquiavel foi injustiçado, visto que, não há uma intenção maldosa por sim
mesma, mas que não pode ser descartada quando se sobrepõe o Estado. Se único
objetivo, era manter o estado unido sem caos e barbáries, promovendo assim o bem estar
da maioria da população.

Referências:
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 4 ed. São Paulo:Martins Fontes, 2000.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 18 ed. Rio de Janeiro: Bertrand.
WEFFORT. C. Franciso. Os Clássicos da Política vol I. São Paulo:Ática, 2001.

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