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Renovar-se

Faz parte
FILOSOFIA MODERNA: do mundo
A NOVA CIÊNCIA E O Marista
RACIONALISMO

DISCIPLINA: Filosofia
2ª série do Ensino médio
PROFESSOR: Silvestre Neiss
Uma nova concepção do homem e do mundo

A partir do século XV ocorrem uma série de transformações:

➢ Passagem do feudalismo para o capitalismo


➢ A formação dos Estados nacionais ➔ monarquia absoluta.
Mercantilismo, grandes navegações, à “descoberta” do Novo Mundo e
o estabelecimento de colônias.
➢ O movimento da Reforma e contra Reforma
➢ O desenvolvimento da ciência natural
➢ A invenção da imprensa

Surgem novas ideias, concepções e valores


Principais Características
As principais características da filosofia moderna estão pautadas nos seguintes
conceitos:
• Humanismo e antropocentrismo
• Cientificismo
• Valorização da natureza
• Racionalismo(razão)
• Empirismo (experiências)
• Liberdade e idealismo
• Renascimento e iluminismo
• Filosofia laica (não religiosa)

Visão OTIMISTA em relação à capacidade da razão de intervir no


mundo, organizar a sociedade e aperfeiçoar a vida humana.
RENASCIMENTO

➢ Revalorização do homem e da natureza


➢ Inspirou-se no humanismo ➔ exaltação do homem e de seus atributos como a razão
e a liberdade.
➢ Desenvolvimento de uma mentalidade racionalista.
➢ O pensador moderno buscava não somente conhecer a realidade, mas exercer
controle sobre ela.
➢ “humanização” do divino.

➢ Tribunal da Inquisição ➔ órgão da Igreja Católica


Ameaças à nova encarregado de descobrir e julgar os responsáveis pela
mentalidade propagação de heresias. Ex.: Giordano Bruno
➢ O Index ➔ lista de livros proibidos.
Mudança de mentalidade

Formulação de Copérnico: Da revolução das esferas celestes, combate


a teoria geocêntrica e propõe a teoria heliocêntrica.
• Atinge a concepção medieval cristã.

A natureza e o
• Observação direta
universo passam
a ser concebidos
• Representação matemática.
a partir da
Ética, educação e política

Maquiavel
➢ abandona o enfoque ético e religioso e procura uma
abordagem mais realista da política.
➢ Procurou descrever o fenômeno político em si mesmo,
de modo autônomo.
➢ Desenvolve um realismo político, O príncipe.

➢ Desvincula as razões política das razões morais.


➢ O recurso à força, para manter a maldade humana, faz parte da lógica
do poder político.
➢ Lógica do poder ➔ lógica da força.
➢ O universo político é uma guerra.
➢ Boa política ➔ atingir, não importa como, os resultados almejados na
manutenção do poder do Estado.
➢ Abandono da ética cristã ➔ secularização da política.

➢ “Política é a arte de lidar com as circunstâncias.” ➔Saber ler a


realidade e agir conforme o momento.

➢ O governante deverá agir com VIRTÚ ➔ força, astúcia, flexibilidade e


firmeza.
➢ A virtú está intimamente ligada a FORTUNA ➔ oportunidade, acaso.
NICOLAU MAQUIAVEL (1469 – 1527)
➢Iniciou uma nova fase do pensamento político ao abandonar
o enfoque ético e religioso e procurar uma abordagem mais
realista da política.
➢Buscou descrever o fenômeno político em si mesmo, de
modo autônomo (fora da religião e da Ética).
➢O centro de suas reflexões é o exercício do poder político
pelo Estado.
➢Na obra, O PRÍNCIPE, desenvolve um realismo político em
que busca identificar as causas do sucesso e do fracasso na
manutenção do poder pelo governante.
➢Desvincula completamente as razões políticas das razões
morais.
➢O recurso à força, para conter a maldade humana, faz parte
da lógica do poder político.
➢ Maquiavel se preocupa como os homens governam de fato, quais os
limites do uso da violência para conquistar e conservar o poder, como
instaurar um governo estável.
➢ Desempenhou importantes funções diplomáticas em nome do governo
republicano de Florença.
➢ Lógica do poder ➔ lógica da força.
➢ O universo político é uma guerra.
➢ Boa política ➔ atingir, não importa como, os resultados almejados na
manutenção do poder do Estado.
➢ No campo da política os fins justificam os meios.
➢ Abandono da ética cristã ➔ secularização da política.
➢ “Política é a arte de lidar com as circunstâncias.” ➔Saber ler a
realidade e agir conforme o momento.
VIRTÚ e FORTUNA

➢ O governante deverá agir com VIRTÚ ➔ força, astúcia, flexibilidade e


firmeza.
➢ A virtú está intimamente ligada a FORTUNA ➔ oportunidade, acaso.
➢ A virtude maquiavélica se mostrará na ação contundente e oportunista,
que revela a prudência do observador atento.
➢ O príncipe virtuoso será, enfim, aquele que aproveitar a situação pra
realizar as mudanças necessárias e assim alcançar seus objetivos.
➢ Não são os princípios morais que contam, mas os resultados.
➢ Ocorre uma constante tensão entre os opostos tanto no plano político
quanto no plano ético.
➢ Não existem verdades absolutas. Não há um agir correto imóvel,
imutável, permanente.
Fazer política ➔ compreender o sistema de forças existentes e calcular a
alteração de equilíbrio provocada pela ação de cada um nesse sistema.

Reconhecimento fundamental da contingência de toda ação humana.

CONTINGÊNCIA ➔ É a característica daquilo que não é necessário, isto é,


daquilo que pode ser ou não ser. Assim falar em contingência de toda a ação
humana significa dizer que a razão não pode conhecer de antemão qual é a
boa ação: em um momento, uma atitude pode ser favorável; e em outro, não.
O valor de algo contingente depende, assim, do contexto e do momento em
que se apresenta.
“Aqueles que não souberam distinguir imaginação de
realidade, afundaram”.

“Entre ser amado e temido ou mesmo odiado, é melhor ficar


com a segunda hipótese. Os príncipes amados nada
conseguem junto ao seu povo, pois que este não teme
punições e castigos severos, enquanto os temidos se fazem
prevalecer pela força que têm e a que fazem supor que têm”.
1.(UEL – 2004) “O maquiavelismo é uma interpretação de O Príncipe de Maquiavel, em
particular a interpretação segundo a qual a ação política, ou seja, a ação voltada para a
conquista e conservação do Estado, é uma ação que não possui um fim próprio de utilidade e
não deve ser julgada por meio de critérios diferentes dos de conveniência e oportunidade.”
(BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant. Trad. de Alfredo Fait. 3.ed. Brasília: Editora da
UNB, 1984. p. 14.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, para Maquiavel o poder político é:
a) Independente da moral e da religião, devendo ser conduzido por critérios restritos ao
âmbito político.
b) Independente da conveniência e oportunidade, pois estas dizem respeito à esfera privada
da vida em sociedade.
c) Dependente da religião, devendo ser conduzido por parâmetros ditados pela Igreja.
d) Dependente da ética, devendo ser orientado por princípios morais válidos universal e
necessariamente.
e) Independente das pretensões dos governantes de realizar os interesses do Estado.
2. (Ufpa 2013) Ao pensar como deve comportar-se um príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona
as concepções vigentes em sua época, segundo as quais consideravam o bom governo depende das
boas qualidades morais dos homens que dirigem as instituições. Para o autor, “um homem que quiser
fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário a
um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso
segundo a necessidade”.
Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril cultural, Os Pensadores, 1973, p.69.
Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do comportamento de um príncipe, é correto afirmar que
a) a atitude do governante para com os governados deve estar pautada em sólidos valores éticos,
devendo o príncipe punir aqueles que não agem eticamente.
b) o Bem comum e a justiça não são os princípios fundadores da política; esta, em função da finalidade
que lhe é própria e das dificuldades concretas de realizá-la, não está relacionada com a ética.
c) o governante deve ser um modelo de virtude, e é precisamente por saber como governar a si próprio e
não se deixar influenciar pelos maus que ele está qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-
los à virtude.
d) o Bem supremo é o que norteia as ações do governante, mesmo nas situações em que seus atos
pareçam maus.
e) a ética e a política são inseparáveis, pois o bem dos indivíduos só é possível no âmbito de uma
comunidade política onde o governante age conforme a virtude.
3. (ENEM – 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido
por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas,
e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente
o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio]
nos permite o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).

Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor
demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao

A) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.


B) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
C) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
D) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
E) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.
4.(ENEM – 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido
que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-
las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque
dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores,
covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o
sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas
quando ele chega, revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas.
Maquiavel define o homem como um ser

A) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.


B) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
C) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
D) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.
E) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.
5. (IFRN – 2009) Nicolau Maquiavel foi diferente dos teólogos medievais e de
seus contemporâneos ao fundamentar as suas teorias políticas porque partiu

a) da Bíblia para fundamentar as suas teorias políticas.


b) do direito romano para a construção do seu pensamento político.
c) porque partiu das obras dos filósofos greco-romanos para construir
a sua teoria política.
d) da experiência real do seu tempo para fundamentar o seu
pensamento político.
e) da percepção que a política não pode ser um campo autônomo e
deve derivar suas regras da religião, ainda que o príncipe seja
independente da igreja.
6. (IFRN – 2009) Segundo O príncipe, de Maquiavel, toda cidade está dividida em
dois desejos opostos:
a) o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo de não ser
oprimido nem comandado.
b) o desejo do povo de ser bem guiado e o desejo dos grandes em ser um bom
pastor para o povo.
c) o desejo do povo por um herói que os salve e a falta de vontade dos grandes
em serem heróis do povo.
d) o desejo dos grandes em oprimir e comandar e o desejo do povo em participar
um dia dessa opressão.
e) o desejo do povo de se estudar e conseguir boas colocações no emprego e o
desejo dos grandes de suprimir esse estudo e os manter sob domínio.
GABARITO:

Questões sobre Maquiavel


Questão 1 A
Questão 2 B
Questão 3 C
Questão 4 C
Questão 5 D
Questão 6 A
RAZÃO E EXPERIÊNCIA – Bases do conhecimento humano

Crenças mitológicas começaram a ceder lugar ao saber racional.


Caos ➔ cosmo-ordenado, harmônico, previsível, capaz de ser compreendido
racionalmente pelo homem.
Até a Idade Média a ideia de um cosmo finito, fechado, dividido em dois planos básico:
os céus e a Terra.

O mundo racionalmente ordenado da Antiguidade foi questionado, e aos


poucos, dissolvido.

A busca de um novo centro ➔ processo de descentralização exterior do


mundo.
O ser humano encontra o novo centro em SI MESMO, isto é, na RAZÃO.
UM MUNDO REPRESENTADO

Explicação do mundo concreto, sensível, por meio de relações matemáticas,


geométricas.
Procura-se um método ➔ uma base segura que garantisse a verdade de um raciocínio.

O método escolhido foi o matemático – racionalismo do século XVII


Galileu, Bacon e Descartes.
• um mundo sem encantamentos, expresso na linguagem
matemática.
• Fundador da Física moderna, defensor da cosmologia
que se desenvolveu a partir da teoria heliocêntrica de
Copérnico.
Nova postura de
investigação
Metodologia de Galileu se baseava:
• Na observação paciente e minuciosa
dos fenômenos naturais;
• Na realização de experimentações
para comprovar uma tese;
• Na valorização da matemática como
instrumento capaz de enunciar as
regularidades observadas nos
fenômenos.
FRASCIS BACON o método indutivo de investigação

Baseado na observação rigorosa dos fenômenos naturais, que cumpriria as


seguintes etapas:

1. OBSERVAÇÃO da natureza para coleta de informações;


2. ORGANIZAÇÃO RACIONAL dos dados recolhidos empiricamente;
3. Formulação de EXPLICAÇÕES GERAIS (hipóteses) destinadas à
compreensão do fenômeno estudado;
4. Comprovação da hipótese formulada mediante EXPERIMENTAÇÕES
repetidas, em novas circunstâncias.
ISAAC NEWTON

Leva a termo a revolução científica iniciada por


Galileu, dando origem à física clássica.
Newton estabelece regras que se baseiam na
noção de simplicidade e uniformidade da
natureza.

Concepção do mundo como uma grande máquina, cujas partes podem ser conhecidas
através da observação e da experimentação.
Esse mundo, seria obra de um Ser inteligente, de um “Regente Universal”.

Para Newton, não podemos conhecer Deus, porque só nos é possível conhecer através dos
nossos sentidos ➔Só é possível afirmar a sua existência a partir da ordem presente no
universo.
A Revolução Científica é o período histórico e ideológico que transcorre
entre Copérnico e Newton. É um vasto movimento de ideias, marcado
por uma nova imagem do Universo.

A ciência passará a ser um discurso focado em


proposições experimentalmente verificáveis.

Ao centralizar no sujeito a questão do


conhecimento, o método será uma
acentuada preocupação de todo pensador
moderno que busca o conhecimento.
Entre as características fundamentais da ciência moderna, destacam-se a sua
autonomia em relação à fé, seu caráter público, sua regulamentação por um método;
seu aspecto corrigível, por estar em contínuo progresso, tendo uma linguagem
específica e clara e com suas instituições típicas.

Galileu Galilei (1564- 1642) nos diz que diferentemente da fé


que nos diz “como se vai ao céu”, a ciência nos diz “como vai o
céu”. Galileu é um cientista realista, isto é, convicto de que as
teorias científicas alcançam e descrevem a realidade. A ciência
é descrição verdadeira da realidade.
O RACIONALISMO DE DESCARTES: ideias claras e distintas

René Descartes (1596-1650) é considerado o pai da


filosofia moderna.

O conhecimento verdadeiro é puramente intelectual,


radicado nas operações do intelecto, com base em ideias
inatas.

Descartes convenceu-se de que a única verdade possível era sua capacidade de duvidar,
reflexo de sua capacidade de pensar.

Uma vez que os sentidos já havia sido rejeitados como confiáveis, Descartes conclui
que o único conhecimento do qual não se pode duvidar é:“Eu sou uma coisa
pensante".
• Jamais acolher alguma coisa como
verdadeira sem conhecê-la como tal.

• Dividir cada uma das dificuldades em


tantas partes quantas forem necessárias
Quatro preceitos para melhor resolvê-las.
fundamentais na • Ordenar os pensamentos, começando
busca do pelos mais simples e fáceis de conhecer,
para progressivamente ir subindo, degrau
conhecimento por degrau, até o conhecimento mais
verdadeiro: complexo.

• Proceder a constantes e completas


enumerações e revisões, para ter a certeza
de não haver omitido nada.
Espinosa: o
racionalismo absoluto
• Espinosa escreveu a Ética, texto no qual
busca provar, como numa demonstração
geométrica, a natureza racional de Deus, que
se manifesta em todas as coisas.
• Desse modo, Deus não está fora do
universo, nem dentro do universo: ele é o
próprio universo.

No interior desse entendimento racionalista, não há


lugar para tragédia nem mistérios: tudo se torna
compreensível à luz da razão.
Espinosa

A filosofia seria o conhecimento racional de Deus,

DEUS = NATUREZA ➔ Deus é a natureza criadora universal,


portanto, tudo o que existe foi criado por ele e, assim, mantém-se
no seu SER.
O ser humano é aquele que ou sofre uma ação ou a executa.
Somos seres passivos ou ativos diante do mundo.
Nossa felicidade e liberdade dependerão exclusivamente de que posição
decidirmos tomar diante dos fatos e das situações que se apresentarem diante
de nós.
Espinosa afirma que nossos afetos – amor, ódio, orgulho, raiva, ciúme, inveja,
etc. – também estão submetidos à causalidade da natureza.
Os afetos são de dois tipos: AÇÕES OU PAIXÕES.

AÇÃO ➔ o afeto é causado por algo que é parte de nós mesmos. ➔ estamos
agindo.
PAIXÃO ➔ é provocado por uma causa exterior a nós, estamos em situação
passiva.

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