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AULA SOBRE A OBRA

VIGIAR E PUNIR
MICHEL FOUCAULT

Professor: João Coelho


• O pensador Michel Foucault se dedicou a estudar como
Introdução foi se desenvolvendo os mecanismos de controle social
ao longo do tempo.

• Para Foucault (1991, p. 130), foi do poder disciplinar que


nasceu o "homem do humanismo moderno". "As luzes
que descobriram as liberdades inventaram também as
disciplinas" (FOUCAULT, 1991, p. 195). Defende
Foucault (1991) que houve, durante essa época, "uma
descoberta do corpo como objeto e alvo do poder (...)
corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece,
responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam"
(p. 125). A disciplina como arte do controle do corpo
Michel Foucault humano não visa unicamente ao aumento de suas
habilidades, nem aprofundar sua sujeição, mas a
formação de uma relação que, no mesmo mecanismo, o
torna tanto obediente quanto mais útil (e vice-versa).
Bases intelectuais de Foucault
• ESTRUTURALISMO
• LÉVIS-STRAUSS
• AS ORIGENS E PARENTESCOS
• OBJETO DA LINGUAGEM

• ALTHUSSER
• APARELHOS IDEOLÓGICOS DE ESTADO
• APARELHOR REPRESSIVOS DE ESTADO

• PÓS-ESTRUTURALISMO
• PÓS-MODERNISMO (PÓS-MODERNIDADE)
Principais características do método
• Genealogia do poder, Dessa fase podemos citar:
• Vigiar e Punir e O Nascimento da Clinica.

• Influenciado cada vez mais pelo pensamento filosófico de Nietzsche,


Foucault usa da genealogia como ponto de partida para o
desenvolvimento de um método que lhe permitiria tematizar a relação
entre a verdade, teoria e valores e as instituições e práticas sociais nas
quais eles emergem. Seu enfoque nessa fase é o corpo.
SOBRE A LOUCURA, MANICÔMIOS E PRISÕES
• Segundo o Filósofo, o conceito de loucura mudou através do tempo, para
ele a loucura não é apenas uma doença ou natureza do indivíduo, mas
também um fato de cultura. Sua crítica à psiquiatria e psicanálise ficou bem
conhecida, considerava as duas como instrumentos de controle e
dominação psicológica.
• Foucault não só refletiu sobre a loucura, mas principalmente sobre poder e
disciplina. Na obra Vigiar e Punir: História da Violência nas Prisões, o
filósofo traz toda a tecnologia do poder.
• Segundo ele, nas prisões o poder não é exercido pela lei e sim por normas,
que se refletem em gestos, condutas e no próprio homem moderno. Ainda
segundo Foucault, mesmo que a prisão fosse exercida por meio legais era
uma forma de domínio da burguesia ao proletariado.
Início da era moderna
• Final da Idade Média.

• A partir do século XVI:

1- Estado de Justiça – Sociedade de tipo feudal.

2- Estado Administrativo – Sociedade disciplinar.

3 - Estado de Governo – Sociedade de Controle.


1 - Estado de Justiça
Estado de Soberania. A partir do século XVI:
• Paralelo à Sociedade Feudal.
◦ Simbólica do sangue.
◦ Em voga a relação plebeu x sangue azul.
◦ Sistema de aliança.
◦ O exercício do poder era visível.
◦ Espetacular, destrutível, por confisco.
◦ Causava a morte.
Surgimento da Sociedade de Governo
• Por volta do século XVI até o século XVIII
• Fim da sociedade feudal.
• Emergem as Artes de Governar.
◦ Múltiplas.
◦ Envolvia o Monarca, Príncipes, Magistrados, Juízes.
◦ Governavam Almas, Condutas, Crianças, Casa, Família,
o Estado.
◦ Governo de coisas e não de corpos.
◦ Governo das coisas para fins convenientes.
Problema do Governo Geral:
• ◦ Governo dos estados pelos príncipes.
• ◦ Formação dos Estados Administrativos.
• ◦ Rui a estrutura política feudal.
• ◦ Movimentos de Reforma e Contra Reforma.
2 - Estado Administrativo
• Por volta de século XVII.
• Nascimento do Biopoder:
• O exercício do poder passa a ser invisível.
• Humanização das práticas, evidencia o corpo dos indivíduos,
individualiza os sujeitos.
• Paralelo à Sociedade Disciplinar.
• Entrada dos fenômenos próprios à Vida:
◦ Vida como objeto político: administra corpos, produz a
gestão calculista da vida, formação de Corpos Dóceis.
O que são Disciplinas?
• Se formam a partir do século XVII, entre dois
polos:

◦ Anatomopolítico: Tem o corpo como alvo.

◦ Biopolítico: Reguladora dos fenômenos de


população.
As instituições
• Foucault denomina o período do século XVII em diante de sociedade
disciplinar, pois traz como características essenciais a distribuição dos
indivíduos em espaços individualizados, classificatórios,
combinatórios, isolados, hierarquizados, capazes de desempenhar
funções diferentes segundo o objetivo especifico que deles exige.
• Estabelece uma sujeição do individuo ao tempo, com o objetivo de
produzir com o máximo de rapidez e eficiência.
• A vigilância também se expressa como um dos seus instrumentos de
controle, de maneira contínua, perpetua e permanente.
• As instituições na sociedade disciplinar buscam eficiência.
O problema das Disciplinas
• Amplamente Aplicáveis:
◦ Aplicam-se a corpos individuais e sociais.
◦ Separam, organizam e especializam espaços, fracionam,
cronometram e organizam tempos e ritmos.
◦ Especializam e mecanizam atividades.
◦ Serializam, articulam e acoplam corpos e processos.
• Estrutura Física e Institucional.
◦ Atravessa para a Modernidade.
◦ Passará a ser Objeto de Gestão: escolas, fábricas, hospitais,
manicômios, prisões.
O problema das Disciplinas
• Tecnologia Multiforme:
◦ Para produção de corpos aptos ao trabalho.
◦ Corpos úteis e ao mesmo tempo dóceis.
◦ Importantes para o desenvolvimento do
capitalismo.
◦ Investidos de potência produtiva.
◦ Capazes de se submeter às condições de trabalho.
Artes de Governo
• Até o século XVIII:
◦ As artes de Governo estavam bloqueadas, estavam
restritas às famílias, as instituições católicas, ao Monarca.
• A partir do século XVIII.
◦ As artes de Governo são desbloqueadas.
◦ Surgimento das Populações.
◦ Elas passam a ser objetos de governo.
Sociedade Disciplinar
• Início do século XVIII:

“A sociedade disciplinar é a sociedade das disciplinas


em amplo sentido: é sociedade que disciplinariza os
indivíduos, separando, marcando e comparando os, e é
sociedade que está se disciplinarizando em termos
físicos, legais, morais, políticos, sociais,
administrativos, institucionais, econômico-produtivo-
comerciais (...)”. (Prado Filho, 2006, p. 47)
Sociedade Disciplinar
• O indivíduo não cessava de passar de um espaço fechado ao outro:
família, escola, fábrica, universidade e eventualmente prisão ou
hospital.
• Coube às sociedades disciplinares organizar os grandes meios de
confinamento, os quais tinham como objetivo concentrar e compor, no
tempo e no espaço, uma forma de produção cujo efeito deveria ser
superior à soma das partes, ou seja, a soma do que cada um poderia
fazer individualmente.
• O padrão de visibilidade das sociedades disciplinares projetou-se no
interior dos prédios das instituições, que passaram a ser construídos
para permitir o controle interno.
3 - Estado de Governo
Sociedade de Controle

• Mudanças sociais ocorridas a partido do século XVII e intensificadas


no século XVIII e XIX levaram a alterações do jogo do poder, que foi
sendo gradativamente substituído pelo que Foucault denomina de
sociedades disciplinares, as quais atingiram o seu apogeu no séc. XX.
• Ocorreu quando a economia do poder percebeu ser mais eficaz e
rentável “vigiar” do que “punir”.
Sociedade de Controle
Governar homens e coisas.

“Estas coisas, de que o governo deve se encarregar, são os homens, mas


em suas relações com as coisas que são as riquezas, os recursos, os
meios de subsistência, o território em suas fronteiras, com suas
qualidades, clima, seca, fertilidade etc.; os homens em suas relações
com outras coisas que são os costumes, os hábitos, as formas de agir ou
de pensar etc.; finalmente, os homens em suas relações com outras
coisas ainda que pode ser os acidentes ou as desgraças como a forme, a
epidemia, a morte, etc.” (Prado Filho, 2006, p. 54)
Disciplinas Mecanismo
A partir do século XVIII:
• A disciplina dos corpos se dissemina.
Sai das instituições: Escolas, manicômios, fábrica, prisões. Se espalha
pela sociedade, a disciplina passa a ser exercida por nós mesmos.
Na segunda metade no séc. XVIII:
• A distribuição disciplinar do espaço ganha caráter de utilidade nas
fábricas.
• Cada indivíduo no seu lugar e em cada lugar um indivíduo, dispostos
em fila e segundo posição hierárquica vigilância individual e total.
Surgimento das Populações
• Início do século XIX.
• Acontecimento decisivo para a expansão das disciplinas.
• Passam a ser objetos de poder.
• Passam a existir as biopolíticas reguladoras das populações.

“[...] as disciplinas envolvem todo um conjunto de saberes


instrumentais relativos à produção dos gestos e corpos dos
indivíduos: medidas, potências, destrezas, ritmos”. (Prado
Filho, 2006, p. 50).
Populações
• Centrado em técnicas de investimento:
◦ Na vida.
◦ As disciplinas continuam em cena.
◦ Estão difusas em pequenas vigilâncias
◦ Em pequenas regulações da vida.
• O poder em ação:
◦ É positivo, produtivo.
◦ Cuidar da forma e esplendor da cidade.
Relação de poder X Relação da violência
• O Poder não emana unicamente do sujeito, mas de uma rede de
relações de poder que formam o sujeito, tal como o discurso, a
arquitetura e a própria arte. O poder disciplinar visa produzir corpos
dóceis.
• A disciplina corporal cria uma nova economia de tempo, e o tempo
disciplinar começa a impor-se na prática pedagógica, na organização
militar...
• O corpo torna-se um elemento no qual se pode colocar, mover,
articular com outros como peça de uma máquina multissegmentada.
• A vigilância hierarquizada atingir as relações sociais.
• Os castigo disciplinar passa a assumir um caráter corretivo.
Poder e suas manifestações
• Foucault tem como objeto de estudo o poder e suas
manifestações.
• O poder é uma prática social.

• Saber (saberes, conhecimentos) é poder.

• O poder disciplinar é um mecanismo de controle sobre os


corpos.

• Tem como objetivo treinar as condutas a fim de torná-las cada


vez mais conformes às regras.
As instituições
• Foucault afirma que as instituições não têm essência ou
inferioridade, nem são fontes de poder. São mecanismos
operatórios práticos que fixam relações.
• Têm necessariamente dois pólos: aparelhos e regras.
• O pólo negativo compreende a tática do poder em sujeitar
e reprimir.
• O pólo positivo consiste em produzir, mobilizar forças.
Rede de relações de poder que formam o sujeito, tal
como o discurso, a arquitetura e a própria arte.
“Poder das Sociedades Disciplinares”, se baseou, segundo
Foucault, no modelo do Panóptico de Jeremy Bentham
(1748-1832), o filósofo utilitarista inglês que idealizou o
sistema de prisão com disposição circular das celas
individuais, dividas por paredes e com a parte frontal
exposta à observação do Diretor por uma torre do alto, no
centro, de forma que o Diretor “veria sem ser visto”. Isto
permitiria um acompanhamento minucioso da conduta do
detento, aluno, militar, doente ou louco, pelo Diretor,
mantendo os observados num ambiente de incerteza sobre
a presença concreta daquele.
O que é o Panóptico...
• Foucault descobriu uma engenharia que atravessou
quase meio século, praticamente despercebida,
enquanto estratégias ou tática de poder.
• Mas que aparece como uma mecânica de observação
individual, classificatória e modificadora do
comportamento, uma arquitetura formulada para o
espaço da prisão, ou para outras administrações, tais
como: a fábrica, a escola, o manicômio, etc.
Panóptico
Panóptico sistema de vigilância plena
• Essa incerteza resultaria em eficiência e economia no controle dos
subalternos, pois tendo invadida a sua privacidade de modo alternado,
furtivo, incerto, ele mesmo se vigiaria.
• Esse sistema permitiria também um controle externo do
funcionamento do Panóptico, pois uma simples observação a partir da
torre, permitiria a avaliação da qualidade da administração do Diretor,
sendo ele também vigiado.
• Esta vigilância se espalhou de modo similar por toda a sociedade em
uma rede ramificada além da estrutura física das instituições. Essa
distribuição capilar do Poder é um dos pólos fundamentais de controle
das massas, potencialmente perigosas à “Ordem”.
Panóptico e a sociedade controladora
• O Panóptico é a utopia de uma sociedade e de um tipo de poder
que é, no fundo, a sociedade que atualmente conhecemos –
utopia que efetivamente se realizou. Este tipo de poder pode
perfeitamente receber o nome de panoptismo.
• Com o Panóptico vai-se produzir algo totalmente diferente. Não
há mais inquérito, e sim vigilância e exame. O Panóptico teve
uma tríplice função a vigilância, o controle e a correção.
• Os organizadores desse dispositivo acreditariam que pela
instauração desse grande sistema de observação das ações
individuais os grandes problemas sociais seriam banidos
definitivamente do âmbito "civilizado".
Crítica a sociedade disciplinar
• A educação disciplinar do corpo individual é o meio que favorece a
transformação da vida humana em força produtiva canalizada para
objetivos práticos que proporcionam resultados concretos e úteis para
a sua sociedade ou para o grupo que controla a sociedade.
• O sistema Panóptico coíbe intimamente toda inclinação destoante das
individualidades em relação às normas rigorosamente impostas pelo
Estado ou grupo dominante, estabelecendo a adoção de
comportamentos uniformes aos que se encontram imersos nessa
realidade vigiada.
Crítica à sociedade disciplinar
• Através dos mecanismos de imposição de poder que se encontram
subjacentes (escondidos) na prática de controle e fiscalização social
que se dá nos presídios, nas fábricas, nos espaços religiosos e nas
escolas, etc. Se trata da submissão incondicional do indivíduo às
regras estabelecidas, gera os corpos dóceis (Vigiar e punir, p. 127).
• A sociedade de controle exerce a domesticação dos impulsos
singulares humanos, desmobilizando qualquer projeto de revolta. Para
Foucault, ao enfraquecer as resistências individuais, o poder legal
suprime pela raiz toda voz de dissensão diante das manifestações de
arbitrariedade (A verdade e as formas jurídicas, p. 103).
• A estrutura do Panóptico seria, segundo os critérios coercitivos da
ordem política estabelecida, uma arma eficaz contra a diferença, a
opção e a variedade dos comportamentos e dos valores.

• O controle social gera o nivelamento dos indivíduos, calando o


desenvolvimento criativo das suas singularidades. Quanto mais
medíocre, tanto melhor para a "paz pública".
Referências Bibliográficas
• Fonte:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%
20disciplinar/Sociedade%20disciplinar.htm
• Foucault, M.. Vigiar e punir: Nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes,
25ª Ed, 2002.
• Prado Filho, K. Michel Foucault: Uma história da
Governamentalidade. Florianópolis: Editora Insular/Rio de Janeiro:
Robson Achiamé Editor, 2006.

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