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Aula 1

O surgimento da sociologia e
das teorias sociológicas
Prof. Bruno Coutinho
Antecedentes da sociedade moderna
• Crise da sociedade feudal (baixa idade média – Sec. XI-XV) e o
nascimento da sociedade moderna capitalista (a partir do séc. XVII)
• Mercantilismo e colonialismo;
• Ascensão econômica e fortalecimento político da burguesia;
• Revolução cultural da Reforma Protestante;
• Peste Negra (50 mi mortes na Europa);
• Humanismo renascentista e o desenvolvimento tecnológico
(ciência);
• Iluminismo;
• Revoluções políticas (Americana – 1776 / Francesa – 1789)
• Revolução Industrial e o nascimento das cidades modernas
• Consolidação do capitalismo como sistema de produção da vida;
A cidade moderna: indústria e vida urbana como
elementos do progresso

Paris – Século XIX Londres – Século XIX


Desenvolvimento da sociologia na Europa
• Compreensões sobre o “social” pré-sociologia:
• Sem base cien6fica – Deuses e Natureza controlavam a
sociedade;
• Caráter normaBvo – busca por estabelecimento de regras para
a vida social;
• Caráter finalista – busca de uma organização social ideal;
• A sociedade não era vista como um “problema” – era estável e
sujeitas a poucas mudanças não merecendo análises e
invesBgações
Desenvolvimento da sociologia na Europa
• Primeiros passos da sociologia como ciência:
• Inspiração na teoria evolucionista de Charles Darwin (1809-1882) e na
biologia com Herbert Spencer (1820-1903);
• A formulação teórica da ideia de “Darwinismo social” – há sociedades
mais evoluídas que as outras e as europeias estão no topo da cadeia
evolutiva;
• Sociologia organicista/Funcionalista – faz analogia do organismo vivo
com a sociedade;
Principais correntes sociológicas
• Profetas do passado (ou conservadores) à tradicionalistas, tinham
como inspiração a sociedade feudal com sua estabilidade e hierarquia
social. Culpavam os iluministas pela desordem social (família, religião
e corporações). Representantes: Edmund Burk (1729-1797) e Louis de
Bonald (1754-1840);

• Socialismo utópico (ou romântico) à primeira fase do pensamento


socialista. Defensores incondicionais da igualdade, acreditavam na
transformação completa da sociedade de forma pacífica por meio da
luta de classes. Representantes: Conde de Saint-Simon (1760-1825),
Proudhon (1809-1865) e Robert Owen (1771-1858);
Principais correntes sociológicas
• Positivismo – primeira construção teórico-científica que originou uma
sociologia conservadora e afirmadora da ordem capitalista.
Entendiam a sociedade como um “corpo vivo” (funcionalista).
Buscavam explicar coisas mais práticas como leis, relações sociais e a
ética. Representantes: Augusto Comte (1798-1857) e Emile Durkheim
(1858-1917);

• Sociologia compreensiva – teoria que busca entender a sociedade a


partir da compreensão das ações dos indivíduos. Partindo do
individual para o todo, não é o social que faz as pessoas serem o que
são, mas o contrário: são os indivíduos que fazem a sociedade
acontecer. As ações são racionais em relação a valores considerados
importantes. “Desencantamento do mundo” a partir da racionalidade
instrumental. Representante: Max Weber (1864-1920)
Principais correntes sociológicas
• Socialismo cien5fico – a história humana construída com base nos
aspectos materiais, nas relações econômicas. Perspeciva dialéica da
análise. Materialismo histórico – base determinante para estrutura
social. Representantes: Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels
(1820-1895)

• Marxismo (socialismo marxista) – corresponde às inúmeras maneiras


de interpretar e complementar algum ponto obscuro na vasta
literatura deixada por Karl Marx e Engels com fins a elaboração de
práicas para implantar suas teorias. “Socialismo real” do “Socialismo
Ideal”. Destaque para Lênin (1870-1924), Rosa Luxemburgo (1871-
1919) e Gramsci (1891-1037).
Principais correntes sociológicas

• Escola de Chicago – fundada em 1892 primeira a formular os estudos


urbanos tendo a cidade como objeto. Investigação do campo para
entender problemas provenientes da vida urbana como a imigração,
as gangues, os conflitos étnicos, guetos de diferentes nacionalidades
geradoras de segregação urbana etc.). Por meio do empirismo (dados
estatísticos e etnografias) a sociologia estadunidense tinha pretensão
de neutralizar as correntes teóricas marxistas e romperam com as
explicações totalizantes sobre os problemas sociais. Ideia de
“laboratório social”. Destaque para Robert E. Park (1864-1944),
Talcott Parsons (1902-1979) e Robert Merton (1910-2003).
Principais correntes sociológicas
• Escola de Frankfurt – fundada em 1923 tinha forte influência do
pensamento marxista. Criticaram a neutralidade da ciência (razão
instrumental / Iluminismo), pois a ciência é um produto humano
histórico e contextualizado; investigaram aspectos sociológicos
psíquicos originários do processo de dominação e hegemonia
capitalistas; reconheceram a estética como fator privilegiado para
desencadear a consciência crítica – obra de arte como instrumento
revolucionário (ampliação da consciência humana); criticaram a
dominação da Natureza para fins lucrativos – ciência a serviço do
capital; busca da razão não opressora, autocrítica e emancipação
humana. Destaque para Max Horkheimer (1895-1973), Walter
Benjamin (1892-1940), Theodor W. Adorno (1906-1969), Herbert
Marcuse (1898-1979) e Jürgen Habermas (1929-).
Aula 2
As principais correntes teóricas
e as possibilidades de análise
científica dos problemas sociais
– Parte 1
Prof. Bruno Coutinho
Sociologia de
Émile Durkheim (1858-1917)
Pressupostos teóricos
• Pensador francês, “pai da sociologia”, criou os métodos próprios para
constituição da sociologia como campo disciplinar e de ciência - (obra:
As regras do método sociológico – 1895);
• Questão central para Durkheim: a ordem social no novo sistema de
produção – capitalismo – sociedade deveria funcionar como um corpo
vivo com cada parte desempenhando seu papel para o todo
(funcionalismo) à papel das instituições na formação das funções:
escola, a família, o Estado, a igreja etc. – Quando falham, criam anomia
(“doença do corpo social”).
• Acreditava que os acontecimento sociais poderiam ser observados como
“coisas” (objetos) denominados pelo autor como “fatos sociais”;
Pressupostos teóricos
• Fatos sociais à moldam a maneira de agir e pensar das pessoas pela
influência que eles exercem sobre elas.
• Características dos fatos sociais:
• Coletivo ou geral – que se repetem em todos os indivíduos ou na maioria
deles. Por ser de caráter geral, os fatos se manifestam sua natureza
coletiva ou um grupo, como formas de habitação, de comunicação, os
sentimentos e a moral;
• Exterior ao indivíduo – existem e atuam sobre os indivíduos
independentemente de sua vontade ou se sua adesão consciente ou
vontade individual;
• Coercitivo – os indivíduos são obrigados a seguir o comportamento
estabelecido pelo grupo
• Exemplos: 1. o casamento; 2. suicídio (coletivo-exterior-coercitivo)
Pressupostos teóricos
• Suicídio como FATO SOCIAL (obra: O suicídio – 1897)
• Tipos de suicídio:
• Altruísta – ocorre quando o indivíduo valoriza a sociedade mais o que ele mesmo –
laços entre indivíduo e sociedade muito fortes. Exs. os kamikazes japoneses na
IIGM e os atentados de 11/9;
• Egoísta – quando há a quebra do vínculo entre o indivíduo e as instituições sociais
(família, escola, trabalho, igreja, partido político etc). A falta de redes de convívio
ou limites para ação poderia levar as pessoas a desejar ILIMITADAS coisas. Não
atingindo seus desejos, o indivíduo, dependendo do seu grau de frustração, poderia
retirar sua própria vida. Ex. indivíduo sente-se fracassado diante da família após
perder seus bens em casas de apostas.
• Anômico – quando as partes do corpo social deixam de funcionar e as normas e
laços que poderiam “abraçar”(solidarizar) os indivíduos perdem sua eficácia,
deixando-o viver de maneira desregrada ou em crise. Ex.: quando uma família
abandona o idoso.
Pressupostos teóricos
• Para Durkheim, o mundo moderno está em permanente evolução. Nesse sentido a
coesão social ocorreria a partir de diferentes tipos de solidariedade, a depender da
sociedade. Assim:
• Nas sociedades tradicionais a solidariedade seria do tipo MECÂNICA, ou seja, as sociedade
seriam menos complexas, existindo poucos papéis sociais/funções. Os indivíduos seriam mais
iguais e ligados a crenças e sentimentos comuns – consciência coletiva. Pouco espaço para
individualidades. Ao se sobressair, o indivíduo sofreria algum tipo de coerção social como ação
corretiva;
• Nas sociedades modernas a solidariedade seria do tipo ORGÂNICA, ou seja, em sociedades
mais complexas – como as capitalistas – existem muitos papéis sociais (funções e atividades) e
cada indivíduo de atuar de forma cooperativa para fazer o sistema / organismo funcionar – no
caso, a sociedade. Em curso ocorre um processo cada vez maior de individualização e de
especialização do conhecimento. Para evitar os “desvios” ou quebras de cooperação, deve
haver um processo educacional capaz de formar um conjunto moral que mantenha a sociedade
moderna coesa. No entanto, Durkheim reconhece a dificuldade de “controlar” os indivíduos.
Logo, faz-se necessário criar novos mecanismos institucionais de coerção social, como as leis e
a polícia.
Sociologia de
Max Weber (1864-1920)
Pressupostos teóricos

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