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A ENTREVISTA E A VISITA DOMICILIAR NA PRÁTICA DO PSICÓLOGO

COMUNITÁRIOi

Kátia Bones Rocha


Mariana Calesso Moreira
Mariana Gonçalves Boeckel

INTRODUÇÃO

O psicólogo comunitário na sua prática profissional, assim como em outras áreas próximas a

Psicologia, dispõe de uma série de instrumentos de trabalho que viabilizam suas intervenções. O presente

capítulo objetiva apresentar uma discussão sobre duas técnicas de ação profissional: a entrevista

psicossocial e a visita domiciliar.

A entrevista é um instrumento fundamental na prática psicossocial, sendo, também, uma técnica

importante de investigação científica (Bleger, 1998; Laville & Dionne, 1999). Quando concebida como

método científico de levantamento de informações, a entrevista necessita que o entrevistador possua alguns

conhecimentos teóricos e práticos sobre a comunicação interpessoal, os quais devem ser levados em conta

no momento das intervenções. Desta forma, pode-se definir a entrevista como um processo no qual

interagem duas ou mais pessoas através da comunicação, geralmente oral, em que se estabelecem papéis

assimétricos: entrevistador e entrevistado. Considerando que a pessoa se constitui como um ser em relação,

inserido em um contexto, a entrevista oferece a oportunidade de observar a interação entre as pessoas e o

meio (Martínez, 1992). Desta forma, a entrevista é sempre uma conversação com um propósito definido

(Rodríguez Sutil, 1994). Além disso, sabe-se também que o que ocorre na entrevista é determinado em

grande parte pela natureza da relação que se estabelece entre o entrevistado e o entrevistador; neste

sentido, a capacidade empática e de acolhimento da demanda por parte do entrevistador são fundamentais

para o processo (Bleger, 1998).


Assim, é fundamental que a entrevista seja conduzida a partir da utilização de uma linguagem clara

e acessível, através de perguntas concretas, breves e situadas no tempo, respeitando a liberdade de resposta

do entrevistado (Rodríguez Sutil, 1994). Desta forma, o psicólogo ou demais profissionais da saúde, ao

atuar na comunidade, deverá estar sensível ao ambiente, à pessoa entrevistada, ao tema, e ao momento e

lugar onde esta acontece (Martínez, 1992). Assim, torna-se essencial o aprofundamento dos conteúdos que

são trazidos pelo entrevistado, uma vez que desta forma é possível conhecer suas representações, crenças,

valores, sentimentos e opiniões. O conteúdo implica em algo mais que o puro significado da narrativa do

entrevistado, uma vez que refere-se à outras manifestações relacionadas ao momento da intervenção e da

relação entre o entrevistador e o entrevistado (Mackinnon & Michels, 1990).

Com o intuito de delimitar as características da entrevista psicossocial com foco na comunidade,

faz-se necessário refletir sobre o campo da Psicologia Comunitária. Segundo Kelly (1992), a Psicologia

Comunitária se caracteriza pela ênfase nas relações de interdependência entre as pessoas, o meio ambiente,

os recursos individuais e coletivos, a ação social e a prevenção. Portanto, na entrevista comunitária todas

essas dimensões devem ser contempladas, já que são muito significativas para o bom andamento de todo o

processo.

A entrevista pode ser usada para compreender o significado de um fenômeno específico para uma

determinada comunidade. Essa compreensão permite que o movimento inicial seja sempre de aprensão da

realidade e do contexto específico, e não de preconceito e de imposição de verdades. A aproximação à

comunidade deve ser motivadora para que se siga neste movimento em busca de uma maior

instrumentalização de recursos. Desta forma, fica clara a ampliação da função do psicólogo e dos demais

profissionais da saúde: o foco não se reduz exclusivamente identificar os possíveis problemas e transtornos

psicológicos do indivíduo, mas sim trabalhar numa perspectiva de potencialização dos aspectos saudáveis

de um indivíduo inserido em uma comunidade.


De acordo com Lewin (1978), a importância de considerar-se o contexto social está na

compreensão de que as influências externas ao indivíduo têm um papel importante na definição do

significado que uma situação tem para as pessoas de determinada comunidade. Tal concepção aproxima-se

do que Bronfenbrenner (1979/1996) propõe em relação ao o modelo ecológico de compreensão da pessoa,

o qual inclui a interação da mesma com os contextos em que está inserida, tais como a escola, a família, a

comunidade, o ambiente de trabalho, a sociedade.

Partindo destes conceitos, observa-se que a entrevista na comunidade deve ser realizada de tal

forma que as características específicas de cada contexto sejam respeitadas e consideradas. Além disso,

pode ser realizada de forma individual ou grupal, podendo ser efetiva mesmo quando fora de um setting

específico.

Cabe ressaltar que na comunidade se priorizam as entrevistas em grupo, também chamadas

entrevistas participativas, já que ampliam as possibilidades de compreensão psicossocial. Com relação ao

entrevistador, um aspecto importante a ser considerado refere-se a sua postura facilitadora, nuncan

colocando-se no centro da intervenção. Objetiva-se assim, que não se estabeleça um vínculo de

dependência com a figura do entrevistador, mas sim que os entrevistados sejam capazes de construir e

encontrar recursos na comunidade e em si mesmos, para autogerenciarem-se.

A entrevista em grupo aparece como uma ferramenta em que o profissional inclui-se efetivamente

no contexto da comunidade, buscando comprometer-se eticamente, no sentido de pensar estratégias para

que um maior número de pessoas possa beneficiar-se com seu trabalho. No entanto, Bezerra (2001)

ressalta que a técnica de grupo não pode ser a opção eleita exclusivamente em função da escassez de

recursos financeiros ou como uma possibilidade de atenção maior da demanda, já que estes critérios

poderiam não considerar as motivações particulares de cada entrevistado ou de cada comunidade. Quando

não levado em conta, este aspecto pode ser o responsável pelo fracasso de muitos dos grupos propostos

nas comunidades.
O psicólogo comunitário sempre deve sempre estar atento para atender a demanda daqueles que

o solicitam, assumindo uma postura de inclusão e ampliação de sua rede de apoio. Cabe ressaltar que

atender a demanda não significa dar conta de todas as necessidades, mas sim capacitá-los para a busca de

recursos. Muitas vezes, a alternativa mais eficaz é encaminhar as pessoas outros profissionais da rede

(psicólogo, assistente social, psiquiatra, terapeuta ocupacional, entre outros), vinculando-os assim a centro

de atenção específicos a sua demanda.

Desta forma, se faz evidente a importância da construção, por parte do psicólogo e da

comunidade, de uma rede social que facilite a comunicação com diferentes profissionais e com diferentes

âmbitos, tais como o juizado, conselhos tutelares, organizações não governamentais (ONGs), entre outros.

Esses encaminhamentos devem propiciar a dinamização da rede de apoio para permitir que a comunidade

seja, cada vez mais, promotora de saúde

Dentro desta perspectiva mais integrativa a entrevistas na comunidade podem ser realizadas pelo

psicólogo, individualmente ou acompanhado por outros profissionais, respeitando a ação interdisciplinar e,

acima de tudo, objetivando uma compreensão mais global dos fenômenos. Cabe ressaltar que para o bom

funcionamento e eficácia dos serviços prestados, o trabalho com outros profissionais exige que cada um

tenha muito claro seu papel dentro da equipe.

Através do trabalho em equipe se desenvolvem as estratégias de integração disciplinar, termo

proposto por Porto e Almeida (2002), o qual caracteriza a possibilidade de produção de conhecimento

multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar. Para os autores, as estratégias de integração disciplinar

referem-se ao conjunto de intervenções entre as diversas disciplinas científicas na produção de

conhecimento, em particular na análise de objetivos complexos, assim como na integração de

conhecimentos e estratégias de intervenção em torno de problemas particulares.

Almeida Filho (1997) define a multidisciplinariedade como o conjunto de disciplinas que agrupam-se

ao redor de um tema ou um problema, desenvolvendo investigações e análises particulares por diferentes


especialistas. Entretanto, na maioria das vezes, perdura a produção de práticas fragmentadas, apesar do

avanço na incorporação de múltiplas dimensões de um problema. A interdisciplinariedade, por sua vez,

caracteriza-se pela reunião de diferentes disciplinas ao redor de uma mesma temática, onde outros

profissionais trabalham ainda de maneira fragmentada, mas compreendem a pessoa como única, tendo a

prática de diferentes níveis de integração. Enquanto a transdisciplinariedade refere-se à articulação de um

amplo conjunto de disciplinas concernentes a um campo teórico e operacional específico.

Assim, percebe-se que não somente a entrevista na comunidade, como também outras formas de

intervenção dos profissionais da saúde, como por exemplo a prática da visita domiciliar, descrita a seguir,

possibilitam o desenvolvimento conceitos e intervenções transdisciplinares, os quais possibilitam uma

significativa ampliação das ações realizadas no âmbito comunitário.

A visita domiciliar

A visita domiciliar é mais uma forma de trabalho em equipe nas comunidades dentro das

comunidades. Não trata-se de uma prática específica dos psicólogos, já que um dos primeiros profissionais

que realizaram esta atividade foram os assistentes sociais. Atualmente, além destes, outros profissionais da

área da saúde também trabalham com esta modalidade de atendimento. Evidencia-se, assim, a importância

do psicólogo estar aberto a outras possibilidades interventivas, as quais podem ter sua origem em novas

práticas profissionais e podem propiciar uma compreensão mais ampla dos fenômenos e uma maior

aproximação a comunidade, podendo ser muito concernentes ao exercício da Psicologia.

A visita domiciliar se caracteriza por ser uma intervenção eminentemente em equipe. Neste

sentido, é interessante que o psicólogo busque neste espaço o desenvolvimento de uma prática integrada

com pacientes, familiares e comunidade, facilitando, desta maneira, a tão desejada transdiciplinariedade.

No Brasil, a visita domiciliar não é uma prática tão consolidada no âmbito da Psicologia,

especialmente em termos dos serviços públicos de saúde, apesar de existir um importante movimento e

crescimento neste sentido. Henley (1999) salienta a importância da aproximação dos profissionais da saúde
com a realidade social com a qual trabalham. A intervenção direta no contexto possibilita uma

compreensão mais profunda do comportamento das pessoas que vivem na comunidade, seus hábitos e

atitudes, e favorece, também, uma aproximação entre as unidades de saúde e a comunidade (Patterson &

Mulley, 1999).

Para Campanini e Luppi (1996) o principal objetivo da intervenção feita no domicílio é a busca

por profundidade e a possibilidade de compreensão do ambiente familiar a partir da observação. Patterson

e Mulley (1999) ressaltam que em 80% dos casos, familiares e amigos também estão presentes durante a

entrevista, podendo contribuir com os profissionais que a realizam. Através dessa prática, outros aspectos

mostram-se relevantes, tais como: fortalecimento do vínculo entre a comunidade e a equipe técnica,

compreensão da relação entre o comportamento e o ambiente, acompanhamento mais rigoroso quando

solicitado pelo Juizado de Menores e Conselhos Tutelares, assim como a possibilidade de intervir

preventivamente. Sendo assim, a visita domiciliar propicia uma maior compreensão dos processos de

comunicação, estrutura ambiental e interação dos membros na família e na comunidade, facilitando

também o entendimento dos processos da saúde e doença.

Segundo Oliveira e Berger (1996), durante a visita domiciliar o paciente ou a família visitada

percebe o entrevistador como uma grande fonte de ajuda. No entanto, existem casos nos quais esta

confiança não se estabelece de forma imediata; assim, o êxito da entrevista dependerá muito da habilidade

do entrevistador (Mackinnon & Yudofsky, 1988).

Dentro desta perspecticva, entende-se o psicólogo como um dos profissionais mais aptos para a

realização destas práticas, devido a habilidade técnica para o trabalho em relações humanas e sensibilidade

para estabelecer vínculos saudáveis, os quais favorecerão a integração com as pessoas e as comunidades.

Boyce, Cook, Jump e Roggman (2001) comentam alguns cuidados fundamentais nas visitas

domiciliares: evitar a troca dos profissionais que realizam as visitas, a forma como esta visita se estrutura e a

qualidade das intervenções durante o processo. Variações referentes à efetividade dos profissionais na
utilização de interações e de estratégias para envolver famílias, parecem estar relacionadas à percepção que

as famílias têm da possibilidade de melhorar sua qualidade de vida.

Sabe-se, também, que o deslocamento da equipe de saúde até a residência de um membro da

comunidade, pode mobilizar a equipe como um todo. Por isso, é importante considerar o significado da

solicitação da visita e da demanda, assim como analisar as implicações para quem a solicitou. Deve ser

considerado se o pedido de visita é o primeiro contato com a família, se foi feito diretamente pelo sujeito,

por outra pessoa ou por uma instituição, e também se foi por impossibilidade da pessoa de locomover-se

até o serviço de atendimento. A solicitação deve ser avaliada pelo profissional que atenderá o caso,

podendo ser redefinidas questões como o momento e a modalidade da visita (Campanini & Luppi, 1996,

Oliveira & Berger, 1996).

É muito importante que os integrantes de uma equipe de saúde, que durante uma visita domiciliar

invadem, de certa forma, o espaço privado das pessoas, realizem permanentemente um questionamento

ético acerca do lugar de poder que ocupam frente a estas comunidades, já que, no Brasil, os programas de

saúde relacionados ao cuidado da família orientam-se na maioria das vezes à população marginalizada. Os

questionamentos de ordem ética devem ser contemplados para que a intervenção possa promover de fato a

saúde dos indivíduos através da potencialização dos recursos da comunidade.

Patterson e Mulley (1999) salientam alguns aspectos controvertidos em relação à visita domiciliar,

como por exemplo a duração ideal para a realização da entrevista, quais profissionais devem estar

presentes, o quanto as visitas podem influenciar a qualidade de vida, os aspectos psicológicos e a remissão

de doenças das pessoas. Segundo os autores, nem todos os pacientes ou famílias beneficiam-se deste tipo

de atendimento e portanto tal prática deve ser analisada com cuidado e atenção.

Baseado nestes conhecimentos, pode-se dizer que tanto na visita domiciliar como na entrevista

participativa ou de grupo, o papel que o profissional ocupa frente à comunidade deve ser de agente

promotor da saúde, já que o mesmo é parte e não o centro do processo. Assim, a visita domiciliar é
considerada um instrumento de intervenção muito eficaz para psicólogos e outros profissionais da saúde,

sendo de grande importância a observação das relações e a compreensão de como estão ocorrendo num

determinado momento. Além disso, pode estimular-se que outras pessoas, as quais não sejam foco central

do atendimento, busquem participar mais ativamente na comunidade, podendo funcionar como uma

estratégia de inclusão.

Observa-se, ainda, que no campo da Psicologia Comunitária, existe uma carência de materiais

teóricos e metodológicos de qualidade referentes a tais técnicas de intervenção. Isto ocorre, em grande

parte, pela ênfase dada à intervenção na singularidade de cada contexto, já que é a vivência na comunidade

que orientará o trabalho. Entretanto, enfatiza-se a importância de mais produções científicas neste sentido,

com a finalidade de fundamentar as atividades que o psicólogo vem realizando neste âmbito, assim como

seu questionamento crítico e ético.

Referências Bibliográficas

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iTradução do texto das autoras publicado como: “La entrevista y la visita domiciliaria en la práctica del psicólogo comunitario”.
In: Saforcada, E. & Sarriera, J. C. (2008). Enfoques conceptuales y técnicos en psicología comunitaria. Buenos Aires, Paidós, pp. 189-198.

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