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TÉCNICA DE

ENTREVISTA E
ACONSELHAMENTO
PSICOLÓGICO
Aconselhamento
psicológico
Maria Mabel Nunes de Morais

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Descrever historicamente o surgimento do aconselhamento psicológico.


> Definir aconselhamento psicológico.
> Mapear diferentes áreas de atuação e abordagens para o aconselhamento
psicológico.

Introdução
Com início no século XX, o aconselhamento psicológico é uma técnica que vem
sendo aprimorada dentro dos contextos públicos e privados de atuação dos
psicólogos. Essa técnica é considerada de atuação pontual, uma vez que é voltada
para a solução de problemas e, diferentemente da psicoterapia de longa duração,
não tem como objetivo desenvolver vários aspectos da vida do sujeito.
A prática de aconselhamento psicológico foi modificada e aperfeiçoada ao
longo dos anos, em particular pela abordagem centrada na pessoa (ACP), que tem
como principal teórico Carl Rogers. Hoje, o aconselhamento psicológico é utilizado
principalmente por clínicas-escola em plantões psicológicos, cujo principal objetivo
é acolher a demanda inicial e tentar ajudar o cliente a encontrar direcionamento
para o problema apresentado.
Neste capítulo, você vai estudar a história do aconselhamento psicológico.
Além disso, vai conhecer a definição dessa técnica e as suas principais áreas
de atuação na atualidade. Por fim, você vai conferir as abordagens teóricas da
psicologia no processo de aconselhamento.
2 Aconselhamento psicológico

Aconselhamento psicológico: contexto


histórico
Na literatura científica, há dados de que o aconselhamento psicológico teve
origem em 1909, com Frank Parsons, cujo trabalho tinha como principal objetivo
ajudar os jovens com a sua escolha de carreira, o que se tornou emergencial
naquele período, devido à Revolução Industrial. Nesse período, as pessoas
começaram a ter grandes oportunidades nas indústrias, de modo que houve
a necessidade de se traçar o perfil profissional para os cargos que ocupariam.
Dessa forma, esse tipo de intervenção funcionava como uma orientação pro-
fissional, pois o perfil dos jovens era avaliado e, a partir disso, era indicada a
profissão que mais se aproximava do seu perfil profissional, de acordo com
as oportunidades que emergiam no contexto da industrialização (PATTERSON;
EISENBERG, 1988).
Já em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, o trabalho
da psiquiatria ganhou força em todo o mundo, pois, em decorrência de uma
sociedade devastada devido às consequências da guerra, percebeu-se a
necessidade do aprimoramento das práticas psicológicas. Nesse contexto,
o aconselhamento psicológico começou a ganhar força, uma vez que havia a
necessidade urgente de escuta psicológica para aquelas pessoas que tiveram
lares e famílias destruídos. No entanto, havia apenas um número reduzido
de profissionais disponíveis para isso, de modo que se começou a pensar
em como realizar atendimentos pontuais para aquele momento. À época, o
objetivo principal do aconselhamento psicológico era proporcionar atenção
e cuidado imediato ao sofrimento do outro (FORGHIERI, 2007; MORATO, 1999).
Devido à grande necessidade de escuta e ao reduzido número de profis-
sionais da saúde mental, outros profissionais da saúde e da educação, como
enfermeiros e orientadores educacionais, começaram a realizar o papel de
conselheiro por meio do trabalho de escuta. A partir disso, o aconselhamento
psicológico rapidamente se espalhou para diversos campos, como hospitais,
escolas e instituições de serviço social e higiene mental (FORGHIERI, 2007).
Os Estados Unidos foram o primeiro país a alcançar a consolidação da
prática de aconselhamento. Com o objetivo de reduzir as injustiças e desi-
gualdades sociais no país, os líderes de movimentos da reforma social deram
início ao processo de escuta (SCHEEFFER, 1977). Já na França, o aconselha-
mento psicológico se iniciou em 1928, por meio do processo de orientação
profissional. A partir de 1930, as ideias de Carl Rogers, fundamentadas nas
teorias existenciais humanistas, ganharam força e reverberaram na condução
prática do aconselhamento psicológico (ALMEIDA, 2009).
Aconselhamento psicológico 3

No início da sua vida profissional, Carl Rogers atendia crianças e


adolescentes em uma clínica em Nova Iorque, e seus objetivos eram
voltados a dar diagnóstico e realizar entrevistas de aconselhamento. A partir
disso, ele começou a repensar a sua prática, iniciando um trabalho voltado para
a pessoa do cliente, a relação conselheiro-cliente e o processo terapêutico.
Assim, surgiu a abordagem centrada na pessoa (ACP), que embasa uma nova
prática do aconselhamento psicológico (ROSENBERG, 1987).

No Brasil, a história do aconselhamento psicológico — diferentemente


do seu surgimento na Europa e na América do Norte — tem início a partir
da prática da orientação psicológica, em 1924. Nessa época, a psicologia
ainda não era uma profissão regulamentada, de modo que essa prática era
desenvolvida por diversos profissionais (NUNES; MORATO, 2008). A partir da
publicação da obra Counseling and psychotherapy (1942), de Carl Rogers, a
prática do aconselhamento psicológico foi se distanciando da orientação
profissional e se aproximando da prática de psicoterapia, porém era realizada
com objetivos diferentes e de formas distintas (ALMEIDA, 2009).
Em 1962, o curso de graduação em psicologia foi regulamentado pelo
Conselho Federal de Educação. A partir de então, começaram a ser estrutu-
rados serviços direcionados para o aconselhamento psicológico no Brasil.
Em 1968, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), foi
instituído um dos primeiros serviços de aconselhamento psicológico no país,
o Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP), que tem sua prática baseada
na ACP. O SAP era o campo de estágio dos estudantes de psicologia e tinha
como objetivo “[...] desenvolver nos estudantes a habilidade de estabelecer a
relação psicólogo/paciente, tomada como requerimento básico para qualquer
atendimento psicológico em qualquer nível de complexidade em consonância
da abordagem centrada no paciente” (NUNES; MORATO, 2008, p. 17).
Atualmente, o trabalho de aconselhamento psicológico é uma prática
comum nas clínicas-escola no Brasil, sendo conduzida a partir do plantão
psicológico, com estágios supervisionados dentro da atuação prática no
contexto da formação de psicólogos.

A psicoterapia e o aconselhamento psicológico são práticas distintas


dentro do trabalho da psicologia. O aconselhamento psicológico pode
ocorrer em apenas uma sessão, por exemplo. Já a psicoterapia é um processo
amplo, que envolve várias mudanças na vida do sujeito e precisa de várias
sessões para que o processo possa ser concluído.
4 Aconselhamento psicológico

Após a inserção do aconselhamento psicológico nos campos universitá-


rios e, principalmente, a influência de Carl Rogers, as pessoas começaram a
buscar ajuda com o intuito de serem ouvidas por um profissional, em busca
de aliviar o sofrimento que estavam vivenciando naquele momento ou de
uma orientação diante dos problemas que estavam passando com família,
trabalho, educação ou relacionamentos (MORATO, 1999).

Aconselhamento psicológico: conceitos


e definições
De acordo com o Dicionário Online de Português (ACONSELHAR, [20--], on-
-line), “aconselhar” significa “Dar conselhos; pedir direcionamentos; reco-
mendar, sugerir, orientar-se: a mãe aconselha os filhos; aconselhar alunos
da escola; aconselhou-se com o padre”. O verbo aconselhar pode remeter a
uma perspectiva cotidiana associada a dar conselhos. No entanto, quando
utilizamos a expressão aconselhamento psicológico, ela significa algo além
de dar conselhos, pois envolve uma perspectiva profissional e terapêutica.
O aconselhamento psicológico, como técnica utilizada pela psicologia, é
um processo interativo em uma relação única entre o conselheiro e o cliente,
podendo levar a mudanças em algumas áreas da vida do sujeito, como:

„ comportamento;
„ construtos pessoais ou preocupações emocionais relacionadas com
as percepções;
„ capacidade para ser bem-sucedido nas situações de vida, aumentando
as oportunidades e diminuindo as condições adversas;
„ conhecimento e habilidade para tomada de decisão (PATTERSON; EI-
SENBERG, 1988).

O processo de ACP, definido por Rogers (1942), foi desenvolvido com base na
percepção de que as pessoas poderiam apresentar respostas distintas para as
mesmas situações e ficar satisfeitas com os resultados. Assim, o papel do acon-
selhamento passou a ser ajudar as pessoas, de forma objetiva, a clarificarem seus
próprios objetivos e a pensarem em planos de ação para a solução dos problemas.
No ACP, enfatiza-se que cada pessoa tem um potencial único, e o conselheiro será
o facilitador do crescimento pessoal do cliente (PATTERSON; EISENBERG, 1988).
Nessa perspectiva, Rogers parte da concepção de que a escuta empática
por parte do conselheiro já tem, por si só, um efeito facilitador para o processo
de mudança e autorreflexão por parte do cliente. Assim, o conselheiro pode
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ser entendido como a pessoa que recebe a demanda do cliente e tem o papel
de acolhê-lo e propor alternativas para ajudá-lo, o que pode ser feito por meio
de informação, orientação, encaminhamento ou mesmo por psicoterapia de
longa duração (SCHMIDT, 1987).
O aconselhamento psicológico, nomeado por Forghieri (2007) como acon-
selhamento terapêutico, não tem como objetivo curar os sintomas e as psi-
copatologias, mas sim atingir os aspectos saudáveis do indivíduo que está
passando por uma perturbação psicológica e precisa de ajuda para lidar com
essa situação (FORGHIERI, 2007).
Para a teoria da Gestalt, o aconselhador e o cliente não são sujeitos dis-
tintos, visto que ambos têm semelhanças que os identificam de algum modo.
O que os diferencia é que o aconselhador, naquele momento, tem o papel de
ajudar o cliente a encontrar soluções para o problema que ele não consegue
resolver sozinho. Segundo Forghieri (2007), independentemente de seu papel
naquele contexto, os sujeitos podem vivenciar situações similares, que podem
trazer alegria, tristeza ou frustação, de modo que eles podem apresentar
sentimentos diferentes, porém vivências semelhantes.
Em virtude de o aconselhamento psicológico ser um processo curto, é
comum vê-lo enquadrado como parte das psicoterapias breves — processos
psicoterápicos em que se tem foco definido, tempo delimitado e postura ativa
e diretiva por parte do psicoterapeuta. Para Schmidt (1987), embora o ACP
seja enquadrado na psicoterapia breve, a atitude do conselheiro deve ser a
mesma diante do processo, pois “[...] a direção e a configuração do processo
continuam pertencendo ao cliente” (SCHMIDT, 1987, p. 18).
Para o propósito do aconselhamento, um número reduzido de sessões ou
até mesmo um único encontro pode ser suficiente para que o cliente desen-
volva as reflexões necessárias e consiga prosseguir sem ajuda. No entanto,
para que isso seja possível, faz-se imprescindível que haja uma postura
facilitadora e uma atitude empática por parte do conselheiro (SCHMIDT, 1987).
Em suma, pode-se entender o aconselhamento psicológico como:

[...] uma relação de ajuda que visa facilitar uma adaptação mais satisfatória do
sujeito à situação em que se encontra e otimizar os seus recursos pessoais em
termos de autoconhecimento, autoajuda e autonomia. A finalidade principal é
promover o bem-estar psicológico e a autonomia pessoal no confronto com as
dificuldades e os problemas (TRINDADE; TEIXEIRA, 2000, p. 3).

Para concluir esse panorama dos conceitos de aconselhamento psicológico,


confira, a seguir, um estudo de caso, a fim de elucidar como o processo de
aconselhamento ocorre.
6 Aconselhamento psicológico

O CASO DE THAD

Thad, jovem de 25 anos, procurou o serviço de orientação da uni-


versidade porque tinha problemas para se concentrar nos estudos e se sentia
sob tensão constante. Dois meses antes, ele se mudou para o próprio aparta-
mento, deixando pela primeira vez a casa de seus pais. Ele se sentia culpado
por “abandoná-los quando precisavam dele”. O pai de Thad tinha um sério
problema degenerativo de saúde e requeria cuidado especial, embora não fosse
inválido. Já a mãe dele era ativa e saudável, capaz e desejosa de ajudar a tornar
confortável a vida de seu marido.
À medida que o aconselhamento prosseguiu, Thad compreendeu que seus
pais necessitavam de sua afeição e envolvimento, mas não de seu auxílio físico e
presença constante. Na verdade, as suas visitas diárias estavam interrompendo
outras coisas que seus pais queriam fazer. Thad mudou a percepção pessoal de
seu papel na família, e a nova visão permitiu-lhe viver fora de casa sem culpa.
Ele passou a fazer das visitas para a família ocasiões especiais, de modo que
ele e os pais voltaram a apreciar a companhia uns dos outros. A sensação de
tensão desapareceu, e Thad tornou-se capaz de se concentrar no trabalho
escolar e em outros aspectos de sua vida pessoal.

Questões para reflexão


1) Quais pensamentos levaram Thad a ter sentimento de culpa em relação ao
tratamento que dispensava a seus pais?
2) Quais pensamentos substituíram os anteriores, à medida que o aconselha-
mento prosseguiu?
3) Como a mudança de pensamento de Thad afetou seu comportamento?
Fonte: Adaptado de Patterson e Eisenberg (1988).

Apesar de o aconselhamento psicológico ter iniciado a partir de Carl Rogers,


com a abordagem centrada na pessoa, na próxima seção, confira como outras
abordagens podem utilizar o aconselhamento dentro da prática psicológica.

Aconselhamento psicológico: uma prática


de diversas abordagens
Como mencionado, o aconselhamento psicológico tem uma grande influência
da ACP e de seu precursor, Carl Rogers, porém isso não é suficiente para que
o aconselhamento psicológico seja entendido como uma prática apenas
dessa abordagem (ROGERS, 1942). A psicologia é uma profissão diversificada,
com várias áreas de atuação e abordagens distintas. Por exemplo, o aconse-
lhamento psicológico é uma prática que pode ser inserida na psicologia da
saúde e clínica, independentemente da abordagem que você desejar seguir.
Aconselhamento psicológico 7

Publicado em 2013 pelo Journal of Human Growth and Development, um


artigo de revisão da literatura científica fez um panorama das publicações
em pós-graduação stricto sensu no Brasil (1989-2012) sobre a prática do
aconselhamento psicológico. Os achados desse estudo apontaram que a
maioria dos trabalhos está endossada na ACP e nas teorias existenciais
humanistas, com relatos de experiências principalmente em clínicas-escola
de instituições públicas (SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2013). Além da ACP, as
principais abordagens que contam com a atuação do aconselhamento psico-
lógico são: fenomenológico-existencial, psicanálise, psicanálise junguiana,
Gestalt-terapia, terapia narrativa e terapia estrutural de famílias (JOYCE;
SILLS, 2016; TELLES, 2000; SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2013). O Quadro 1, a
seguir, apresenta as principais características de cada abordagem citada.

Quadro 1. Principais características das abordagens da psicologia

Abordagem Principal teórico Características

Abordagem Carl Rogers „  Abordagem não diretiva e empática, em


centrada na que se acredita na capacidade do cliente.
pessoa (ACP) O psicólogo é o facilitador da mudança,
ao passo que o cliente é o protagonista.

Psicologia Martin Heidegger „  Com base na filosofia existencial, essa


fenome- abordagem acredita que cada pessoa
nológica- experimenta o mundo de forma diferente
-existencial e única, de modo que o psicólogo deve
ver seu cliente como alguém que está em
busca do significado da sua existência.

Psicanálise Sigmund Freud „  Essa abordagem trabalha com a adminis-


tração dos padrões de comportamento e
emoção por meio do inconsciente. O ob-
jetivo é que o paciente, ao ter consciên-
cia de seus pensamentos, consiga liber-
tar as emoções que estavam reprimidas.

Psicanálise Carl Gustav Jung „  Nessa abordagem, o indivíduo é inter-


junguiana pretado a partir da coletividade, pois os
fatores socioculturais influenciam o seu
desenvolvimento. O paciente e o analista
se influenciam dentro do processo psico-
terapêutico e aprendem juntos em busca
do inconsciente.
(Continua)
8 Aconselhamento psicológico

(Continuação)

Abordagem Principal teórico Características

Gestalt-terapia Friederich Salomon „  Essa abordagem dá ênfase a como sig-


Perls nificamos o mundo e as nossas expe-
riências. Trata-se de uma abordagem
centrada no cliente.

Terapia Michael White e „  Essa abordagem tem base na terapia


narrativa David Epson familiar e trabalha na perspectiva de aju-
dar os pacientes a identificarem os seus
valores e as suas habilidades. A terapia
narrativa está associada ao aconselha-
mento e ao trabalho comunitário. Nessa
abordagem, o paciente é entendido como
especialista de sua própria vida.

Terapia Salvador Minuchin „  Essa abordagem tem uma postura ativa


estrutural de voltada para a resolução de conflitos no
famílias contexto familiar disfuncional, enfati-
zando a hierarquia familiar.

Além de diversas abordagens, o aconselhamento psicológico pode fazer


parte de diferentes áreas de atuação. Trindade e Teixeira (2000) enfatizam o
aconselhamento psicológico no campo da saúde, em que a atuação está vol-
tada para uma intervenção que tem como objetivo auxiliar o cliente a manter
ou a melhorar a sua saúde por meio de um estilo de vida saudável, tanto nos
aspectos comportamentais quanto nos emocionais. Nesse contexto, existem
diversos locais em que o aconselhamento pode estar presente, como: sistemas
de saúde (centros de saúde, hospitais, maternidades), empresas (serviços de
saúde ocupacional), centros de reabilitação e organizações comunitárias.
Cada campo de atuação tem uma demanda específica e uma forma de
trabalho, por isso, é importante que o psicólogo, ao se deparar com um novo
campo de atuação, se prepare teórica e tecnicamente para a intervenção.
Trindade e Teixeira (2000) ressaltam que, para atuar no serviço de saúde, o
psicólogo deve fazer uma autoavaliação para refletir se é a pessoa adequada
para trabalhar naquele local, pois o trabalho no contexto de saúde inclui uma
gama de cuidados, uma vez que os pacientes estão emocional e fisicamente
debilitados. Além disso, esse campo de atuação envolve três públicos distintos:
paciente, família e equipe multiprofissional.
Aconselhamento psicológico 9

Segundo Trindade e Teixeira (2000), há dez objetivos principais para


o aconselhamento psicológico no contexto da saúde, apresentados
a seguir.
1) Disponibilizar ajuda para suprir as necessidades psicológicas dos sujeitos
saudáveis e dos doentes.
2) Facilitar a mudança de comportamentos relacionados com a saúde.
3) Escutar e acolher as preocupações e o sofrimento do sujeito e promover o
bem-estar psicológico.
4) Identificar as preocupações fundamentais que o sujeito tem em relação à
saúde e ajudá-lo a lidar de modo eficaz com elas.
5) Detectar dificuldades comunicacionais e/ou relacionais com a família ou
com os técnicos de saúde e ajudar o sujeito a desenvolver estratégias para
superar essas dificuldades.
6) Ajudar o sujeito a tomar decisões informadas, no quadro das circunstâncias
concretas de saúde/doença em que se encontra.
7) Transmitir informação personalizada.
8) Promover o desenvolvimento de competências sociais.
9) Aumentar o autoconhecimento e a autonomia, contribuindo para o desen-
volvimento pessoal.
10) Orientar o sujeito sobre outros apoios especializados.

Outro campo de atuação que está ganhando cada vez mais força na psi-
cologia é o atendimento em modalidade on-line, principalmente após o início
da pandemia da covid-19. No entanto, desde 2018, por meio da Resolução
nº 11, o Conselho Federal de Psicologia autorizou a prestação de serviços
psicológicos realizados por meio de teleatendimento (CONSELHO FEDERAL
DE PSICOLOGIA, 2018). Nesse contexto, o aconselhamento psicológico on-line
também se tornou uma alternativa popular em meados de 2020.
De acordo com Situmorang (2020), o aconselhamento na modalidade on-line
traz vários benefícios para os clientes, pois apresenta maior disponibilidade,
alcançando um número maior de pessoas, além de facilitar a manutenção dos
registros. De modo geral, o aconselhamento psicológico on-line é realizado
da mesma forma que o presencial e pretende atingir os mesmos objetivos,
tendo o mesmo nível de profundidade, satisfação e suavidade; ou seja, trata-
-se apenas de uma nova forma do fazer psicológico.
10 Aconselhamento psicológico

Como visto, o trabalho do psicólogo envolve inumeráveis técnicas, lugares


de atuação e abordagens distintas, mas tudo isso é baseado no conhecimento
científico e tem o objetivo de restabelecer a saúde emocional do indivíduo,
sendo o aconselhamento psicológico mais uma forma de fazer esse processo
de reflexão chegar até o cliente.
No decorrer do percurso histórico, observou-se que a forma do fazer
psicológico vem se aprimorando ao decorrer dos anos, acompanhando as
necessidades da população e do momento histórico vivenciado. Ao fazer uma
reflexão, pode-se perceber que tivemos três marcos importantes que influen-
ciaram o aconselhamento psicológico: a Revolução Industrial, o período após
a Segunda Guerra Mundial e a pandemia da covid-19. Portanto, à medida que
vivenciamos contextos históricos marcantes, modificamos a forma do fazer
psicológico de acordo com a necessidade da população. Assim, a psicologia
não pode ser entendida como algo estático, e sim como uma ciência que se
modifica ao longo dos anos.

Referências
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