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PSICODIAGNÓSTICO NA

ATUALIDADE
FONTE: HUTZ, BANDEIRA,
TRENTINI,E KRUG (ORG.)
PSICODIAGNÓSTICO. POA:
A RT M E D , 2 0 1 6

Profª Vânia Wiese CRP 12/00605


PSICODIAGNÓSTICO: COMUMENTE ASSOCIADO
AO DIAGNÓSTICO NA PRÁTICA CLÍNICA.

• Quando o profissional se vale de testes • Nos contextos em que os testes


psicológicos PSICODIAGNÓSTICO. psicológicos não são empregados,
observa-se a utilização de termos como:
 Avaliação clínica;
 Avaliação psicológica;
 Entrevistas preliminares;
 Diagnóstico psicológico.
REFLEXÕES SOBRE O USO DO TERMO
“PSICODIAGNÓSTICO”:
• Segundo Arzeno (1.995, p. 5) “[...] fazer um diagnóstico psicológico não
significa necessariamente o mesmo que fazer um Psicodiagnóstico. Este termo
implica automaticamente a administração de testes e estes nem sempre são
necessários ou convenientes”.
• Para Cunha (2006, p.26) “Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado
no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos, em nível individual ou não,
seja para entender problemas a luz de pressupostos teóricos, identificar e
avaliar aspectos específicos; seja para classificar o caso e prever o curso
possível, comunicando os resultados, na base dos quais são propostas soluções,
se for o caso.”
• Castro, Campezatto e Saraiva colocam que: “[...] a aplicação de testes pode
ser realizada pelo próprio psicoterapeuta, se esse dominar as técnicas
necessárias e se sentir confortável para tal, ou por um colega especializado em
psicodiagnóstico.” (2.009, p. 100)
• Segundo Krug (2014) o que diferencia a avaliação clínica feita por psicólogos
que nomeiam sua prática de “psicodiagnóstico” da daqueles que não a chamam
assim é, apenas, o uso de testes psicológicos.
• Trinca (1.983) aponta que o uso ou não de testes depende do psicólogo e de
seu pensamento clínico em relação a cada paciente.
• Segundo definição do CFP (2013) “ avaliação psicológica é compreendida
como um amplo processo de investigação [...] refere-se à coleta e interpretação
de dados, obtidos por meio de um conjunto de procedimentos confiáveis,
entendidos como aqueles reconhecidos pela ciência psicológica”.
• A cartilha do CFP (2013) aponta a diferença entre avaliação psicológica e
testagem psicológica quando coloca que: “ A avaliação psicológica é um
processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de
diversas fontes, dentre elas, testes, entrevistas, observações e análise de
documentos, enquanto a testagem psicológica pode ser considerada um
processo diferente, cuja principal fonte de informação são os testes
psicológicos de diferentes tipos.” (CFP, 2013, p.13).
• A mesma cartilha faz menção ao termo como uma modalidade de A.P. “[...] no
âmbito da intervenção profissional, os processos de investigação psicológica
são denominados de avaliação psicológica, descritos em termos de suas
modalidades – psicodiagnóstico, exame psicológico, psicotécnico, ou perícia”.
(CFP, 2013, p. 34)
QUESTÕES A PARTIR DA REFLEXÃO SOBRE
O USO DO TERMO “PSICODIAGNÓSTICO”.
• Entrevistas preliminares antes de indicar uma modalidade de tratamento não poderiam ser
chamadas de avaliação psicológica?

• Avaliação inicial realizada pelo clínico de qualquer abordagem com o objetivo de conhecer os
aspectos psíquicos de seu paciente à luz de seu referencial teórico, não poderia ser uma
avaliação psicológica?

• Processos avaliativos onde não dispomos de testes validados pelo CFP, não se configuram
como A.P.?

• O uso de instrumentos de avaliação é mesmo necessário? Visto que o psicólogo tem a liberdade
de optar pelas estratégias que achar mais indicadas.
EM ESTUDOS CONDUZIDOS POR WAINSTEIN (2011), E WAINSTEIN & BANDEIRA (2013); INVESTIGOU-
SE O QUE OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE E DA EDUCAÇÃO ENTENDEM E ESPERAM DE UM PROCESSO
PSICODIAGNÓSTICO, ASSIM COMO A FORMA COMO ENCAMINHAM OS PACIENTES PARA ESTE TIPO DE
AVALIAÇÃO:

• Os resultados indicaram que:


1. O conceito de Psicodiagnóstico é associado ao uso de algum instrumento psicológico.
2. Profissionais que encaminham não sabem a nomenclatura a ser utilizada, aparecendo:
“psicodiagnóstico”, “avaliação diagnóstica”, “psicoavaliação”, “testagem”, conforme o tipo de
interesse (cognitivo, social, e outros).
3. A pesquisa apontou que todas as nomenclaturas usadas representam a avaliação psicológica
clínica, mas o termo que aparenta ser o melhor para esses casos é “psicodiagnóstico”, que tem
uma definição clara de todo o processo.
4. Para as autoras não é o uso de testes que configura a realização de um psicodiagnóstico, pois
em alguns casos, como na observação do desenvolvimento infantil, o psicólogo abrirá mão do
uso de testes.
5. Concluem informando não haver consenso a respeito da nomenclatura utilizada para designar
o encaminhamento de um indivíduo para avaliação psicológica.
DEFINIÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO:
• A definição nos manuais consultados pelos autores Krug, Trentini, e Bandeira (2016),
associam a prática de psicodiagnóstico à obrigatoriedade de aplicação de testes
psicológicos, estando em desacordo com a compreensão de muitos profissionais sobre
o que vem a ser um psicodiagnóstico na atualidade, levando a necessidade de rever o a
definição do termo.
• Atualmente compreende-se o psicodiagnóstico como um procedimento cientifico de
investigação clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou testes com o
propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas, visando um diagnóstico
(descritivo e/ou dinâmico), construído à luz de uma orientação teórica que subsidia a
compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas ou
encaminhamentos.
• Pressupõem a adoção de um ponto de vista científico sobre o fenômeno avaliado, por
meio de métodos e técnicas de intervenção, com base em teorias psicológicas .
O PSICODIAGNÓSTICO NECESSITA DE UMA
TEORIA QUE O FUNDAMENTE:
• Nas últimas décadas a A.P. no Brasil investiu muito no desenvolvimento de instrumentos mais
confiáveis, construídos a partir da nossa realidade cultural.
• Aumentou a oferta e a qualidade dos testes no país. O estudo dos instrumentos qualificou os testes,
mas não o PROCESSO psicodiagnóstico.
• Ocorre uma supervalorização dos instrumentos psicométricos em detrimento da escuta e da tarefa
de síntese compreensiva a ser realizada a partir de todas as informações coletadas durante a
avaliação.
• Não raro se encontra pouca influência da teoria psicológica no processo de avaliação, levando a um
processo sem uma orientação clara, ou utilizando instrumentos de forma indiscriminada, sem
critério para sua escolha.
• Ainda nos deparamos com a construção de uma grande “colcha de retalhos” nas situações em que
psicólogos utilizam em seus processos avaliativos técnicas que se estruturam em diferentes teorias,
desconsiderando os aspectos específicos de cada teoria, e apresentando um diagnóstico ateórico.
• A formação teórica do profissional que vai trabalhar com avaliação psicológica é de
fundamental importância, para que não vire refém dos testes para qualquer avaliação.
• Deve estar capacitado para escolher, administrar, interpretar e integrar os resultados dos
instrumentos em um procedimento clínico como o psicodiagnóstico.
• Bandeira (2015) coloca que assim como os instrumentos de avaliação vem sendo
aperfeiçoados tornando-os mais válidos, também a formação teórica do profissional de
avaliação psicológica deve ser capaz de torna-lo um “psicólogo válido”, que seja capaz
de compreender os resultados de um teste ou de uma entrevista com base em uma teoria
psicológica que fundamente o trabalho de qualquer psicólogo.
• Qualquer leitura e intervenção sobre o comportamento humano, seja com instrumentos
objetivos, como testes psicométricos, seja com técnicas menos diretivas, como testes
projetivos e entrevistas clínicas, está embasada em paradigmas teóricos e produz
modificação no objeto analisado.
• Portanto não existe a possibilidade do psicólogo trabalhar sem uma teoria de base, uma
vez que os fenômenos são avaliados à luz de pressupostos teóricos, em um processo
interativo.
O PSICODIAGNÓSTICO É UMA INTERVENÇÃO:

• Barbieri (2008) também refletiu sobre o afastamento entre a área da A.P. e as teorias
psicológicas quando coloca: “ [...] o predomínio do pensamento positivista nas Ciências Sociais
e Humanas trouxe consigo, ao longo da história, uma dissociação entre pesquisa acadêmica e
prática profissional. Essa situação ocasionou um empobrecimento na produção de
conhecimento oriundos do trato direto com as pessoas ou a ele destinados, promovendo um
distanciamento daquilo que deveria se constituir na meta principal do nosso trabalho como
psicólogos” (BARBIERI, 2008, p.583)
• As práticas avaliativas incluem um aspecto investigativo, mas também interventivo e
terapêutico que lhe são inerentes.
• Barbieri alerta que as entrevistas iniciais realizadas sem intervenção, além de não atingirem
seus objetivos de formular o diagnóstico e iniciar o tratamento, desperdiçam a oportunidade do
paciente estabelecer contato com outra pessoa, podendo resultar em uma experiência
terapêutica negativa.
• Após as reflexões geradas pelo capítulo em questão, quando usamos o termo psicodiagnóstico
entendemos que deva incluir a preocupação clínica não apenas com a objetividade diagnóstica,
mas também com o processo avaliativo. Por meio de relatos, produzidos em entrevistas e/ou
com o uso de outras técnicas, o sujeito conta sua história, suas experiências, as revive no
relacionamento com o psicólogo, fazendo com que, como afirma Barbieri (2010), possa
modificar com o auxílio das devoluções.
• O termo Psicodiagnóstico deve ser reservado portanto para descrever um procedimento
complexo, interventivo, baseado na coleta de múltiplas informações, que possibilite a
elaboração de uma hipótese diagnóstica alicerçada em uma compreensão teórica.

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