Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
No passo anterior, falamos sobre a importância da escrita e sobre o gatilho mental da história.
Quando você apresenta apenas fatos, você ativa 2 partes do cérebro do leitor. Com uma
história, até 8 partes, fazendo com que ele preste mais atenção na história – e no meio dela,
você insere os dados que seriam entregues.
Essa foto foi publicada dia 19 de abril de 2020, por um empreendedor paranaense num perfil
de Instagram dedicado a facas e acessórios de churrascos: o BesteckTools.
A maneira tradicional que conhecemos, seria postar a foto, explicando as características dos
produtos, benefícios, valor e com um cta – explicando como comprar.
Não foi o que ele fez. Ele contou uma história – que vendeu e encantou os leitores. Uma
simples história que gerou R$ 3.650,00 em vendas.
Confira a história:
A estrada de terra até a fazenda dos Pais do meu amigo Rafael, lá em Sacramento, Minas
Gerais, era perigosa e escorregadia. Como eu estava com a minha C10 de cor azul Bebê toda
original restaurada, eu não poderia arriscar e acabar num barranco.
Cheguei lá às seis e meia, o fogão caipira já aquecia a água desde as quatro da manhã. Era dia
de matar porco e fazer aquela “Salamada”.
Por conta do meu atraso, fui alvo de muitas brincadeiras, o que já era de se esperar, ainda mais
porque o Betão estava lá.
Foi quando os três olharam para mim e caíram em gargalhadas. Eu, sem entender nada, pedi o
motivo e eles disseram:
Realmente ficou uma situação constrangedora, mas eu não poderia ficar ali discutindo com
ignorantes, ainda mais quando o assunto é faca.
Nesse momento, o Brunão acabara de courear o primeiro porco, o Rafael foi até a casa do pai
dele (que ficava ao lado) buscar uma serra manual e quando voltou, ficou espantado e sem
entender o que ali havia acontecido.
Eu já tinha aberto o porco ao meio, tirado a cabeça para um lado, os dois pernis, as duas
paletas e as costelas. Estava tudo em cima da mesa, pronto para começar a picar. Fiz tudo isso
apenas com o Cutelo Sérvio.
O Brunão mandou pro peito um gole de cachaça e começou a courear o segundo porco,
enquanto eu e o Rafael começávamos a picar a carne em pedaços pequenos para depois moer.
Lembram do Betão? Ahhh o Betão… estava terminando de comer um pastel de queijo, mas
logo se juntou a nós.
Não havíamos picado um pernil ainda, e o Rafael já se queixava de dores nas mãos. É claro, ele
tinha uma faca com 25cm de lâmina para picar carne, uma faca dessas não serve para picar
carne, é para fatiar um bife ou uma picanha.
O Rafael “inconformado” foi até a casa do pai dele novamente, dessa vez pegar outra faca. O
Brunão havia terminado de courear o segundo e o terceiro porco, fui até lá, os esquartejei e
pus na mesa.
E “lá dentro”, as cenas eram desanimadoras, o Betão passava a faca dele pela 4x na chaira e o
Rafael estava tentando picar alguma coisa com a 3ª faca. O Brunão sumiu e o litro de cachaça
também.
Foi então que eu percebi que estava em uma tremenda enrascada. Infelizmente, ou eu teria
que picar sozinho aqueles 3 porcos ou abrir meu estojo e pegar os outros 2 cutelos sérvios que
lá estavam guardados.
Mal sabiam eles que eu havia comprado 3 cutelos com diferentes cabos para minha coleção, e
foi essa a minha opção. Não daria conta sozinho daquele serviço todo.
Detalhe: estamos falando de um post orgânico, publicado de modo nativo, sem investimento
em qualquer tipo de impulsionamento.
A história inseriu uma oferta indireta, ou seja, o autor não pediu a venda de modo explícito e
mesmo assim vendeu bem.
“Quem é o autor deste post?” — alguém pode perguntar — “Seria ele um copywriter
profissional? Um mestre em narrativas? Um marqueteiro experiente?”
Não, trata-se de um comerciante que até meses antes da publicação nunca tinha escrito um
Copy na vida.
Um simples homem de negócios que estava com suas vendas online estagnadas, mas que teve
uma baita virada comercial ao publicar a narrativa que você conferiu acima.
Uma foto dos 3 cutelos sérvios que já gerariam engajamento se fossem postados sem legenda.
Eu mesmo, como um fã de churrasco e praticante da arte de assar carnes, tive minha atenção
capturada ao visualizar os instrumentos de corte.
Isso mostra que imagens, e não apenas palavras, devem fazer parte da receita de um bom
StoryCopy.
2) A Headline.
Fantinell foi inspirado por um anúncio clássico de John Caples de 1925 e usou a mesma
estrutura desse anúncio para criar a headline:
Fantinell transformou isso em “Eles riram quando eu cheguei com o meu Cutelo Sérvio.”
Inteligentemente usou uma estrutura validada para começar a contar a história logo no título.
Aliás, fez isso isso usando um open loop, técnica de copy que abre uma ideia e deixa para
fechá-la depois.
Nesse caso, o leitor teve que ler para descobrir o “porque riram dele quando pegou seu cutelo
sérvio”.
Fantinell criou a história dentro de uma estrutura simples e funcional que você e eu
aprendemos na escola: “quem, quando, onde e porque”.
Você pode usar essa mesma estrutura universal para criar qualquer tipo de narrativa.
O autor usou detalhes que não apenas dão charme à história como prendem a atenção do
leitor. Exemplos:
A imagem do fogão faz o leitor fixar a imagem na cena; as “brincadeiras” geram curiosidade no
leitor; as “traia” fazem o leitor também se perguntar “o que seriam elas”; as gargalhadas
também fazem o leitor imaginar o que eles falaram.
O texto descritivo é poderoso na hora de contar uma história. Robert Collier dizia…
“A mente pensa em imagens. Uma boa ilustração vale mais que mil palavras. Mas uma imagem
clara construída na mente do leitor por suas palavras vale mais que mil desenhos.”
● “Estrada de terra”
● “C10 de cor azul Bebê”
● “Fogão caipira aquecendo água”
● “3 porcos pendurados”
O objetivo da história foi vender sem vender, usando o que conhecemos como soft sell (venda
suave).
Não há um CTA explícito na postagem, mas ainda assim o autor fez 5 vendas de R$ 730,00.
Fantinell fala dos cutelos desde o começo até o final de modo natural e isso se torna mais
efetivo que dizer: “Compre o meu produto!” Trechos:
Um belo exemplo de como narrar pode ser mais eficaz do que apenas tentar vender.
Laura Holloway, fundadora e chefe da Storyteller Agency, explica porque isso não pode ser
ignorado:
“Contar histórias é nossa obrigação para a próxima geração. Se tudo o que estamos fazendo é
marketing, estamos fazendo um desserviço, e não apenas à nossa profissão, mas também aos
nossos e aos seus filhos. Dê algum significado ao seu público, inspirando, envolvendo e
educando-o com a história. Pare de comercializar. Comece a contar histórias.”
Outro exemplo, foi um texto publicado na abertura do 15Passos 4.0, que também não possuía
uma cta direta (comando pra se inscreverem, “link na bio”).
Confira:
“Pouco tempo atrás eu enxergava o marketing digital apenas como fonte de renda.
Com o avanço da minha trajetória e depois de inúmeros alunos depositando confiança sobre
mim, percebi que eu não “ensinava a usar o Instagram” — eu efetivamente estava mudando
vidas.
Esse é o meu propósito — e a cada dia que passa estou mais firme nele.
O 15Passos foi criado com uma necessidade que eu passei e que enxerguei na maioria das
pessoas.
A necessidade de ter um mapa, saber exatamente o que fazer, quando fazer e como fazer.
Mesmo sem uma CTA direta, cumpriu o seu papel e despertou o interesse nos leitores,
obtendo esse resultado:
Deixei claro as mudanças na vida dos alunos: “...percebi que eu não “ensinava a usar o
Instagram” — eu efetivamente estava mudando vidas.”
Aproximei o leitor, mostrando que não era apenas por dinheiro: “Esse é o meu propósito — e a
cada dia que passa estou mais firme nele.”
Deixei claro que as estratégias (“o show” – ganhar dinheiro) eram ensinadas aqui: “O show
acontece no Instagram — no 15Passos eu abro a cortina e te mostro os bastidores.”
Lembre novamente: não é sobre escrever um clássico, é sobre prender a atenção das pessoas e
levar para uma ação.