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TERAPIA DO

ESQUEMA

Maikon de Sousa Michels – CRP 12/08317


TERAPIA DO ESQUEMA, JEFFREY YOUNG
TERAPIA DO ESQUEMA (YOUNG, KLOSLO E WEISSMAR, 2008)

Psicoterapia
Cognitivo-
comportamental

Psicanálise Teoria do
TERAPIA Apego

DO
ESQUEM
A Relações
Construtivista Objetais

Gestalt
Terapia
SURGIMENTO DA TERAPIA DO ESQUEMA

• Elaborada para tratar dificuldades emocionais que o modelo beckiano mostrava-se limitado
em sua atuação. Recidivas.

• Alguns pacientes não respondem ao tratamento cognitivo-comportamental tradicional.

• Problemas vagos e difusos, sem sintomas específicos que possam servir de alvo da
psicoterapia.

• Inicialmente vinculada aos transtornos de personalidade, mas posteriormente ampliada para


demais patologias de indivíduos e casais.

• Pode ser de curta, média ou longa duração. Vinculada ou não o outros tratamentos (Young,
Klosko e Weishaar, 2008)
PRESSUPOSTOS DA TCC TRADICIONAL
DESCUMPRIDOS POR ALGUNS PACIENTES

• Acesso aos sentimentos, imagens e pensamentos com treino breve;

• Paciente com motivação para fazer as tarefas de casa e aprender estratégias de autocontrole;

• Paciente pode engajar-se em relação colaborativa com terapeuta em poucas sessões;

• Paciente consegue identificar seus problemas, nos quais focaliza-se;

• A relação terapêutica não é o foco de maior dificuldade;

• Todos os padrões e comportamentos podem ser modificados através da análise empírica, do


questionamento lógico, da experimentação, em passos graduais e pela prática (Young,
Klosko e Weishaar, 2008).
CARACTERÍSTICAS DO TRATAMENTO DA
TERAPIA DO ESQUEMA

• Ênfase sobre o nível mais profunda da cognição;

• Menos guiada para a descoberta guiada/questionamento socrático e mais para a confrontação


empática;

• Uso maior da relação terapêutica como veículo de mudança;

• Terapia mais lenta e o nível de afeto é maior durante as sessões;

• Devota mais tempo às origens infantis dos esquemas. Identificação da trajetória dos
esquemas desde a infância até o presente (Young, Klosko e Weishaar, 2008).
OBJETIVOS GERAIS DA TERAPIA DO
ESQUEMA
• Ajudar o paciente a ter suas necessidades emocionais centrais atendidas;

• Busca modificar a valência de ativação dos esquemas desadaptativos, dos estilos de


enfrentamento e dos modos dos esquemas;

• O terapeuta busca a Cura dos Esquemas, tentando eliminar a operação de perpetuação dos
esquemas.

(Wainer, 2015)
O CONCEITO DE ESQUEMAS NA PSICOLOGIA COGNITIVA

• “Para os psicólogos cognitivistas, um schema não passa de um termo complicado para


representar um conjunto de conhecimentos ou pré-concepções.

• Pré-concepções possuem muitos elementos, informações conectadas entre si, formando


uma teoria sobre “pessoa extrovertida”, ou sobre quaisquer outros conceitos, objetos ou
eventos” (Trócolli, 2011).
• ESQUEMAS MENTAIS
• Constituem nossa personalidade

• SISTEMAS DE MEMÓRIAS

• APRENDIZAGEM
ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS NA TERAPIA DO ESQUEMA

• Subconjunto de esquemas cognitivos que estão no centro de transtornos de personalidade ou


dificuldades psicológicas e interpessoais;

• São padrões cognitivos e emocionais autoderrotistas e disfuncionais iniciados em nosso


desenvolvimento desde cedo e repetido ao longo da vida;

• Contém cognições, memórias, emoções e sensações corporais;

• São verdades incondicionais ativadas por eventos relevantes;

• Autoperpetuáveis; “Lutam” para sobreviver;

• Os comportamentos são respostas aos esquemas e não fazem parte deles.


Young, Klosko e Weissmar, 2008
ORIGENS DOS ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS
(INTERAÇÃO ENTRE TRÊS FATORES)
FRUSTRAÇÃO
NOCIVA DE
NECESSIDADES
EMOCIONAIS
BÁSICAS

EXPERIÊNCIAS DE
VIDA PRECOCES
(Traumatização, excesso EID’S
de experiências boas e
internalizações)

TEMPERAMENTO
EMOCIONAL

Wainer, 2014
Etapas do desenvolvimento da personalidade (não é
DOMÍNIOS DE ESQUEMAS E ESQUEMAS
DESADAPTATIVOS (PAIN, 2015)

VÍNCULOS DESCONEXÃO E
necessariamente sequencial)
SEGUROS REJEIÇÃO

AUTONOMIA,, AUTONOMIA E
COMPETÊNCIA DESEMPENHO
E IDENTIDADE PREJUDICADOS

LIMITES
REALISTAS E LIMETES
AUTOCONTROLE PREJUDICADOS

VALIDAÇÃO DE
NECESSIDADES E ORIENTAÇÃO PARA O
EMOÇÕES OUTRO

ESPONTANEIDADE SUPERVIGILÂNCIA E
E LAZER INIBIÇÃO
NOVA PROPOSTA DOS EIDS (IN) (FRANZIN, RODRIGUEZ E REIS, 2019)
• Privação emocional
• Isolamento Social
• Inibição Emocional
Desconexão e Rejeição • Defectividade/Vergonha
• Desconfiança/Abuso
• Negativismo/Pessimismo

• Dependência/Incompetência
• Abandono
• Fracasso
Autonomia e desempenho • Subjugação/Invalidação
prejudicados • Emaranhamento
• Vulnerabilidade ao Dano/Doença
• Busca de Aprovação e reconhecimento

• Arrogo/grandiosidade
Limites prejudicados • Autocontrole / Autodisciplina insuficientes

• Autossacrifício
Padrões e Responsabilidades • Padrões inflexíveis/hipercriticismo
excessivas • Postura Punitiva
DESCONEXÃO E REJEIÇÃO

Desligada,
Rejeitadora

Abusiva Solitária
Família
de
Origem

Imprevisível Explosiva

Young, 2003.
ESQUEMAS DO DOMÍNIO DESCONEXÃO E REJEIÇÃO

Privação Emocional

Necessidades emocionais não Negatividade/Pessimismo Inibição Emocional

atendidas:

Apego seguro, amor, segurança,


previsibilidade, cuidados, afeto,
proteção, pertencimento a um
ambiente familiar e social ausente de
abusos e com abertura para
espontaneidade. Defectividade Desconfiança/abuso

Isolamento Social
AUTONOMIA E DESEMPENHO PREJUDICADOS

Emaranhada

Não reforça
Família Abala a confiança
desempenho da
criança
de da criança em si
mesma
Origem

Superprotetora

Young, 2003.
ESQUEMAS DO DOMÍNIO AUTONOMIA E DESEMPENHO
PREJUDICADOS

Incompetência/
dependência

Busca de aprovação Vulnerabilidade


Necessidades
emocionais não
atendidas:

Sentir-se capaz,
competente; ter
oportunidade para
desenvolver autonomia e
Fracasso Abandono
possibilidades de
escolhas, com o
desenvolvimento de
fronteiras claras entre si e
os outros.

Emaranhamento/ Self
Subjugação
subdesenvolvido
.
LIMITES PREJUDICADOS

Permissividade

Família Família não


Senso de ensina a tolerar
Superioridade de níveis normais de
Origem estresse

Falta de direção
ou supervisão

Young, 2003.
ESQUEMAS DO DOMÍNIO LIMITES
PREJUDICADOS

Necessidades emocionais não


atendidas:

Receber direcionamento quanto a Autodisciplina/


Grandiosidade/
Autocontrole
regular emoções aflitivas e Superioridade
insuficiente
angustiantes e aprender a lidar com
frustrações e negativas.

Young, 2003.
PADRÕES E RESPONSABILIDADES EXCESSIVAS

Aceitação
condicional

Expectativa de que Família Criticismo ou


necessidades dos
outros é mais de punição em
importante Origem excesso

Padrões elevados de
exigência

Young, 2003.
ESQUEMAS DO DOMÍNIO SUPERVIGILÂNCIA E INIBIÇÃO

Autossacrifício
Necessidades emocionais não
atendidas:

Validação dos sentimentos e


necessidades; tolerância, flexibilidade
quanto a escolhas dos filhos,
expressão emocional.

Padrões Rígidos/
Postura Punitiva
inflexíveis
Reforços Sintomas

Estilo de Estilo de
enfrentamento enfrentamento
adaptativo desadaptativo

EIDs
(desadaptativos ou
adaptativos)

Experiências
Influências dos continuadas
cuidadores (traumáticas ou
positivas)

Necessidades Emocionais
Básicas

Temperamento
Elementos constituintes dos esquemas iniciais (Wainer, 2016)
BIG FIVE
Bases biológicas
Biografia
Objetiva

Processos
dinâmicos

Tendências básicas Influências


Externas
• Neuroticismo
Adaptações
• Extroversão características

• Abertura à experiência
Autoconceito
• Amabilidade

• Conscienciosidade
Costa e MacCrae, 1996, apud Feist, Feist e Roberts, 2015.
EVENTOS ATIVADORES (internos e externos)

Profissional Pais Filhos

Scripts sobre o
Esposa ou Marido Colegas funcionamento da
sociedade, etc.

EIDS

Wainer, 2014.
BASES BIOLÓGICAS DOS ESQUEMAS

Sistema amigdaliano Sistema cortico-


Inconsciente (memória hipocampal
implícita)
Consciente (memória
Mais rápido (via tálamo explícita)
amigdala)
Mais lento (via tálamo
Automático (avaliação córtex)
de perigo aciona reações
corporais) Flexibilidade de
resposta (reflexão e
escolha consciente)
Memórias permanentes
(resistentes à extinção) Memórias transitórias
(facilidade de
esquecimento)

Não realiza
discriminações finas Representações
Antigo (prioridade detalhadas e acuradas
evolucionária em
relação a áreas corticais)
Novo (recente na
evolução)

(Young et al, 2008)


Córtex perihinal
Córtex
Parahipocampo
entorhinal

Tálamo Amígdala Hipocampo

Hipotálamo

Cortisol
cortisol
Estímulo Pituitária
Emocional

C.
Supra
renal
LeDoux, 1998
OUTRAS ÁREAS POSSIVELMENTE
RELACIONADAS À ESQUEMAS
OPERAÇÕES DOS ESQUEMAS:
PERPETUAÇÃO E CURA
• Perpetuação refere-se a tudo o que o paciente faz (internamente ou em termos comportamentais)
que mantenha o esquema em funcionamento. Os esquemas são perpetuados pelos estilos de
enfrentamento.

(Young et al, 2008)


ESTILOS DE ENFRENTAMENTO

MANUTENÇÃO/RESIGNAÇÃO/
RENDIÇÃO

Distorções cognitivas
Comportamentos autoderrotistas

EVITAÇÃO
Fortalecimento dos
Evitação Cognitiva esquemas
Evitação Afetiva
Evitação Comportamental

COMPENSAÇÃO

Cognição e Comportamentos
opostos para obscurecer os
esquemas (Young et al, 2008)
ESTILOS DE ENFRETAMENTO
DESADAPTATIVOS
Nível Nível
Evolutivo Esquemático

Luta Compensação

Fuga Evitação

Congelamento Resignação

(Young et al, 2008)


• “Não é a presença de esquemas que diferencia pacientes caracterológicos dos saudáveis, e
sim os estilos de enfrentamento extremos empregados para lidar com esses esquemas e os
modos cristalizados a partir desses estilos de enfrentamento (Young, et el, 2008)
CURA DOS ESQUEMAS
• Finalidade última da Terapia do Esquema;

• Redução de memórias, sensações e cognições;

• Envolve mudança comportamental;

• Requer disposição e disciplina;

• A maioria dos esquemas nunca desaparece por completo. Quando “curados”, são ativados
com menos frequência, com sentimento associado menos intenso e com resposta
comportamental saudável

(Young et al, 2008)

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