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Teoria Cognitiva no entendimento da

Personalidade Normal e Patológica


Prof. Me. Lauren Heineck de Souza
Conteúdos
⮚ O conceito de personalidade no Cognitivismo e os conceitos de normalidade e
patologia;
⮚ O modelo de Beck & Freeman da Personalidade Normal e Patológica;
⮚ Teoria do Apego de Bowlby e os tipos de apego;
⮚ O modelo da Terapia do Esquema para os Transtornos da Personalidade.
Mapa da aula
⮚ Personalidade Normal X Patológica
⮚ Conceitos; Compreensão geral dos Transtornos da Personalidade; Aspectos evolutivos e culturais

⮚ Modelo Cognitivo dos Transtornos de Personalidade


⮚ Modelo Cognitivo de Beck específico para cada TP
⮚ Modelo da Terapia do Esquema para Transtornos de Personalidade
⮚ Teoria do Apego; Modelo da TE; Principais Esquemas e Modos dos Transtornos da Personalidade
Personalidade
Personalidade = Temperamento + Contexto
⮚ Dimensões do temperamento de Cloninger (1993):
⮚ Evitação ao dano
⮚ Busca de novidades
⮚ Dependência da recompensa
⮚ Persistência

Cloninger, 1993
Temperamento
Lábil <-> Não-reativo
Distímico <-> Otimista
Ansioso <-> Calmo
Obsessivo <-> Distraído
Passivo <-> Agressivo
Tímido <-> Sociável

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Personalidade
Cinco Grandes Fatores (Big Five) - Costa & McCrae, 1992
⮚ Extroversão - Comunicação e expressividade
⮚ Realização - Persistência e organização
⮚ Amabilidade - Compaixão, empatia e cooperação social
⮚ Neuroticismo - Instabilidade emocional e variações de humor
⮚ Abertura à experiência - Curiosidade e criatividade

Beck, Davis & Freeman, 2017


Conceitos de normalidade e patologia
⮚ Significado da palavra “NORMAL”
⮚ De acordo com a norma, com a regra; comum.
⮚ Que segue um modelo, normal ou padrão.
⮚ Que se comporta ou age de uma maneira considerada aceitável ou adequada.

⮚ Significado da palavra “PATOLÓGICO”


⮚ Que faz referência a patologia.
⮚ Que está relacionado com quaisquer doenças/transtornos.
Conceito de normalidade e patologia
⮚ Beck (2017) indica a existência de um continnum entre a personalidade
normal e patológica.
⮚ Nos TPs, as crenças e estratégias inicialmente adaptativas, passam a ser
extremistas, rígidas e imperativas.
⮚ Cavaleiro preso na armadura - Robert Fisher

Beck, Davis & Freeman, 2017


Modelo Cognitivo para Transtornos de Personalidade
⮚ Algumas estratégias evolutivas, quando exacerbadas, são classificadas como
TPs.
⮚ Estratégias evolutivas: Predatórias ou competitivas
Obtenção de privilégios
Apresentações sexuais exibicionistas para atrair parceiros
Estratégias rígidas de retraimento ou esquiva para evitar
desaprovação social

Beck, Davis & Freeman, 2017


Diversidade, Cultura e Transtornos da Personalidade

“O diagnóstico de um ‘transtorno de personalidade’, assim como a própria


definição daquilo que constitui uma ‘personalidade normal’, é um construto
inteiramente cultural e social (...) a cultura desempenha um papel importante
na definição do self” (Ascoli et al, 2011, p. 53)

Rebeta, 2017
Modelo da Terapia Cognitiva para os
Transtornos da Personalidade - Parte I
Modelo Cognitivo para Transtornos de Personalidade
⮚ O modelo cognitivo-comportamental para os TPs é compatível com modelos
predominantes de doenças mentais. O modelo proposto por Aaron Beck
reconhece as patologias com base no DSM e como uma hipertrofia de traços e
estratégias de enfrentamento.

⮚ No caso dos TPs, os mecanismos etiopatogênicos principais estão relacionados


a crenças centrais desenvolvidas nas experiências primárias do indivíduo e
algumas podem estar relacionadas a predisposições biológicas.

Beck, 2017 & Young, 2003


Modelo Cognitivo para Transtornos de Personalidade
⮚ Predisposição genética + influência do contextos e/ou traumas específicos

⮚ Beck (2017), postula que os indivíduos nascem com necessidades estruturais de


sustento, proteção, ajuda e apego. Essas necessidades são expressas em
desejos, ânsias e impulsos para satisfação.

Beck, 2017
Transtornos de Personalidade
⮚ O sistema de agrupamento por Cluster, embora útil, tem importantes limitações e
apresenta inconsistências
⮚ Dois ou mais distúrbios de grupos de diferentes, ou traços, podem ser observados
com frequência.
⮚ Prevalência (APA, 2022): Cluster A: 3,6%
Cluster B: 4,5%
Cluster C: 2,8%
Qualquer TP: 10,5%

Beck, 2017
Transtornos de Personalidade - Cluster A
• Características gerais: “Estranhos” e Excêntricos
• Paranoide - Padrão de desconfiança e percepção de que os outros são maus “As
pessoas são perigosas”
• Esquizóide - Padrão de distanciamento das relações e faixa de expressão emocional
restrita “Sou solitário e preciso muito do meu espaço”
• Esquizotípica - Desconforto agudo nas relações íntimas e excentricidade nos
comportamentos “Sou diferente e tenho dons especiais”

APA, 2022; Beck, Davis & Freeman, 2017


Transtornos da Personalidade - Cluster B
• Características gerais: Dramáticos, Emocionais ou Erráticos
• Antissocial - Desrespeito e violação dos direitos dos outros, baixa empatia, criminalidade
e impulsividade “Eu sou esperto e os outros estão aí para serem explorados”
• Histriônica - Padrão de emotividade excessiva e busca de atenção “A vida é um palco e
eu preciso impressionar”
• Borderline - Instabilidade nas relações interpessoais e na autoimagem, vazio e
impulsividade “Sou fraco e descontrolado, posso ser abandonado e abusado”
• Narcisista - Grandiosidade, arrogo, necessidade de admiração e falta de empatia “Eu
sou especial e superior”

APA, 2022; Beck, Davis & Freeman, 2017


Transtornos da Personalidade - Cluster C
• Características gerais: Ansiosos ou Temerosos
• Esquiva - Inibição social e sentimentos de inadequação, hipersensibilidade à crítica
“Sou indesejado e defeituoso”
• Dependente - Submissão e excessivamente apegado, com necessidade constante de
cuidado “Sou frágil e indefeso”
• Obsessivo-Compulsivo - Preocupações com ordem, perfeccionismo, controle e
esforços excessivos para não cometer erros “Precisa ser perfeito”

APA, 2022; Beck, Davis & Freeman, 2017


Modelo Cognitivo para Transtornos de Personalidade
“Um ajuste social ruim pode ser um fator no desenvolvimento de comportamentos que
diagnosticamos como ‘transtornos da personalidade’”. (Back, 2017, p. 19)

⮚ Alguns destes padrões interferem em objetivos pessoais do indivíduo, ou


conflitam na convivência social.

⮚ Lembrando… Um dos critérios para TP é causar sofrimento significativo para o


indivíduo e/ou para os demais

Beck, Davis & Freeman, 2017


Modelo da Terapia Cognitiva para os
Transtornos da Personalidade - Parte II
Modelo Cognitivo para Transtornos de Personalidade
Predisposição genética + Contexto

Crenças
Visão de si Visão dos outros condicionais

Estratégias básicas

Beck, Davis & Freeman, 2017


Exemplo - Modelo Cognitivo p/ TP. Obsessivo-Compulsiva
Temperamento sensível + Ambiente desordenado

Responsável Displicentes “Se eu não estiver no


controle, as coisas vão
Vulnerável a erros Irresponsáveis
desmoronar.”

Ditar “deveres”
Restringir impulsos
Identificar e punir imperfeições

Beck, Davis & Freeman, 2017


Exemplos - Modelo cognitivo básico para TP
Transtorno da Visão de si Visão dos outros Crenças condicionais/ Estratégias
Personalidade imperativas subdesenvolvidas
(comportamentos)

Paranoide Solitário, íntegro Enganadores e “Se eu deixar, as Hipervigilância,


e vulnerável maldosos pessoas vão se desconfiança e
aproveitar de mim” contra-ataque
Narcisista Superior, Inferiores e “Se alguém me desafia, Competir, usar os
especial e admiradores devo sair por cima” outros, intimidar e
majestoso engrandecer
Dependente Frágil, incapaz e Idealizados, “Se eu não tiver Buscar ajuda,
indefeso fortes e capazes alguém forte para me agradar e inibir a si
apoiar, estou perdido” mesmo

Adaptado de Beck, Davis & Freeman, 2017, p. 38-41


Avaliação no Modelo Cognitivo
⮚ Entrevista clínica
⮚ Inventário de Personalidade de NEO - Revisado (NEO PI-R; Costa & McCrae, 1992)
⮚ Inventário Dimensional Clínico da Personalidade para o DSM-5 (IDCP-5; Bagby, 2013)
⮚ Entrevista com informante (familiar, amigos, pessoas de referência)
⮚ Questionário de Crenças dos Transtornos de Personalidade (PBQ - Beck & Beck, 1991)
⮚ “Ser exposto como inferior ou inadequado é intolerável para mim” (4-0)
⮚ “Se eu não tiver sistematização, tudo irá ruir”
⮚ “Eu deveria ser o centro das atenções”
⮚ “Não posso confiar nas pessoas”
⮚ “As outras pessoas devem satisfazer minhas necessidades”

Beck, Davis & Freeman, 2017


Questões que ajudam a identificar os TPs
⮚ O sofrimento atual do meu paciente está vinculado a um padrão?
⮚ Este é um padrão duradouro de vida? Ou situacional?
⮚ As crenças do paciente são generalizadas e difusas?
⮚ Qual o padrão principal de apego inicial?
⮚ Como são as relações interpessoais?
⮚ Como me sinto no atendimento com esse paciente?

Beck, Davis & Freeman, 2017


Modelo Cognitivo para Transtornos de Personalidade

⮚ As intervenções em TCC costumam ser mais prolongadas do que para outras


condições clínicas, incluindo mais técnicas experienciais e foco na relação
terapêutica.

Beck, Davis & Freeman, 2017


Modelo Cognitivo dos Transtornos de Personalidade -
Cluster A e C
Cluster A

Modelo Cognitivo - Transtorno da Personalidade Paranoide


⮚ Visão de si: Íntegro e vulnerável aos maus tratos dos outros.
⮚ Visão dos outros: Perigosos, enganadores, traidores e traiçoeiros.
⮚ Crenças: “Não posso confiar em ninguém”; “Se eu não for cuidadoso, eles podem
me manipular, abusar e tirar vantagens de mim”; “Eles podem estar formando
uma aliança contra mim”; “Preciso procurar as motivações ocultas”
⮚ Ameaças: Ser diminuído, explorado, manipulado e controlado.
⮚ Estratégias: Hipervigilância e excesso de cautela. Busca por motivos ocultos.
⮚ Afeto: Ansiedade e raiva

Beck, Davis & Freeman, 2017


Cluster A

Modelo Cognitivo - Transtorno da Personalidade Esquizoide


⮚ Visão de si: Solitário, desapegado, isolado e diferente.
⮚ Visão dos outros: Intrusivas, exigentes e hostis
⮚ Crenças: “Sou desajustado”; “Eu não me encaixo socialmente”; “Sou diferente dos
demais”; “Relacionamentos dão muito trabalho, prefiro ficar sozinho”; “Se não
tenho nada a oferecer, não há porque me vincular aos outros.”
⮚ Ameaças: Ter seu espaço invadido
⮚ Estratégias: Manter a distância dos demais, evitar contato e intimidade
⮚ Afeto: Quando sozinhos, geralmente apresentam um baixo nível de tristeza. Se
precisarem se expor ao convívio social, sentem muita ansiedade.

Beck, Davis & Freeman, 2017


Cluster A

Modelo Cognitivo - Transtorno da Personalidade Esquizotípica


⮚ Visão de si: Solitário, vulnerável a forças alienígenas e/ou sobrenaturais; Dotado
de dons especiais
⮚ Visão dos outros: Hostis, inamistosos e incrédulos
⮚ Crenças: “Se eu usar meus poderes, as forças vão me proteger”; “Se eu for
diferente, os outros vão me admirar”; “Preciso proteger os meus dons”; “Eles não
entendem as forças poderosas”; “Não deixe ninguém chegar perto demais”
⮚ Ameaças: Sobrenaturais e ser ferido por alguém
⮚ Estratégias: Manter distância, “captar” o sobrenatural e cultivar aparência
incomum
⮚ Afeto: Insegurança, vulnerabilidade e sensação de isolamento

Beck, Davis & Freeman, 2017


Cluster C

Modelo Cognitivo - Transtorno da Personalidade Evitativa


⮚ Visão de si: Inapto para o convívio social e incompetente para atividades
acadêmicas ou profissionais.
⮚ Visão dos outros: Os outros são críticos, indiferentes e prejudiciais.
⮚ Crenças: “Não tenho nada de bom”; “Não sou digno de amor”; “Se as pessoas
chegarem perto elas vão descobrir quem eu sou”; “Não tolero sentimentos
desagradáveis"; “Se eu não obter sucesso, será devastador”.
⮚ Ameaças: Ser descoberto como uma fraude, depreciado ou rejeitado.
⮚ Estratégias: Evitar situações desconfortáveis, sociais ou de avaliação; Ou
dedicar-se em excesso para evitar o fracasso ou a represália dos outros.
⮚ Afeto: Disforia - ansiedade e tristeza; Vergonha; Medo de arriscar; Déficit na
obtenção de prazer
Beck, Davis & Freeman, 2017
Cluster C

Modelo Cognitivo - Transtorno da Personalidade Dependente


⮚ Visão de si: Carente, fraco, indefeso, desamparado e incompentente
⮚ Visão dos outros: Veem o “cuidador” como forte, competente e idealizado
⮚ Crenças: “Preciso de alguém forte para sobreviver”; “Preciso de constante apoio e
encorajamento”, “Nunca serei feliz sem alguém”; “Sou totalmente indefeso”;
“Não posso me virar sozinho”; “Se eu for abandonada, vou morrer”; “Preciso
garantir que alguém forte fique perto de mim”
⮚ Ameaças: Rejeição ou abandono
⮚ Estratégias: Cultivar um relacionamento dependente; Subordinar-se e tentar
agradar a pessoa “forte”
⮚ Afeto: Ansiedade e preocupação com a possibilidade de rompimento com a figura

Beck, Davis & Freeman, 2017


Cluster C

Modelo Cognitivo - T. Personalidade Obsessivo-Compulsiva


⮚ Visão de si: Responsável por si mesmo e pelos outros; Busca por controle, perfeição
e “deveres”; Muitos compensam a percepção de imperfeição e desamparo.
⮚ Visão dos outros: Displicentes, incompetentes, autocomplacentes e irresponsáveis.
⮚ Crenças: “Preciso estar no controle”; “Preciso de ordem e sistemas para
sobreviver”; “Qualquer falha ou defeito no desempenho vai produzir uma
avalanche”; “Se eu fracassar nisso, sou um fracasso como pessoa”; “Eu sei o que é
melhor”; “Você precisa fazer do meu jeito”; “Detalhes são cruciais”
⮚ Ameaças: Falhas, erros, desorganização e imperfeições. Catastrofização
⮚ Estratégias: Foco excessivo em detalhes, regras e “deveres”.
⮚ Afeto: Decepção, arrependimento e raiva. Ansiedade quando antecipa um
desempenho abaixo do padrão. Possibilidade de depressão diante do fracasso.
Beck, Davis & Freeman, 2017
Modelo Cognitivo dos Transtornos de Personalidade -
Cluster B
Cluster B

Modelo Cognitivo - Transtorno da Personalidade Antissocial


⮚ Visão de si: Autônomo, forte e inteligente. “Eu determino minhas próprias
regras”; “Sou esperto e preciso de excitação"
⮚ Visão dos outros: Exploradores que merecem ser explorados; Ou fracos e
vulneráveis, que merecem o papel de presas.
⮚ Crenças: “Preciso ser o agressor, se não eu serei a vítima”; “Preciso me preocupar
comigo mesmo”; “Tenho o direito de quebrar regras”; “É tolice trabalhar se você
pode usar o sistema”; “Se eu fizer mal para alguém, não há razões para me
preocupar com isso”
⮚ Ameaças: Ser pego ou passar por alguma frustração
⮚ Estratégias: Atacar, roubar e enganar; ou seduzir e a manipular para explorar
⮚ Afeto: Essencialmente a raiva
Beck, Davis & Freeman, 2017
Cluster B

Modelo Cognitivo - Transtorno da Personalidade Narcisista


⮚ Visão de si: Especial e incomparável, acima das pessoas comuns e das regras.
⮚ Visão dos outros: Inferiores e potenciais admiradores
⮚ Crenças: “Sou superior e os outros devem me reconhecer”; “Mereço regras
especiais”; “Estou acima das regras”; “Preciso me esforçar a todo o momento
para demonstrar minha superioridade”; “Se eu não estiver no topo, sou um
fracasso” (crenças veladas de desamor e desamparo)
⮚ Ameaças: Não ser reconhecido como superior ou fracassar
⮚ Estratégias: Reforçar o status de superioridade, buscar glória, riqueza, poder e
prestígio. Excesso de competitividade e estratégias de manipulação.
⮚ Afeto: Raiva quando não recebem admiração ou quando são frustrados.

Beck, Davis & Freeman, 2017


Cluster B

Modelo Cognitivo - Transtorno da Personalidade Histriônica


⮚ Visão de si: Glamurosa, impressionante, fascinante e divertida (imagem
compensatória)
⮚ Visão dos outros: Admiradores, seduzíveis, são uma audiência
⮚ Crenças: “Preciso que as outras pessoas me admirem para ser feliz”; “Preciso
entreter e impressionar”; “Sou muito atraente, divertida e interessante” (crença
compensatória); “Sou desinteressante (crença central)” “Se eu não divertir as pessoas,
elas vão me abandonar”; “Se alguém me magoar, preciso demonstrar isso”.
⮚ Ameaças: Não ser notada ou aplaudida e perder afeto
⮚ Estratégias: Uso da dramaticidade; quando não recebe o que quer, apresenta
expressão teatral de sofrimento e raiva (choro, comp. violento ou atos suicidas)
⮚ Afeto: Alegria e animação quando está tentando envolver alguém; Ansiedade e
disforia leve com medo de rejeição. Raiva e tristeza frente à frustração.
Beck, Davis & Freeman, 2017
Cluster B

Modelo Cognitivo - Transtorno da Personalidade Borderline


⮚ Visão de si: Instável, imperfeita, inadequada, descontrolada e vulnerável à abuso.
⮚ Visão dos outros: Calorosos, mas indignos de confiança.
⮚ Crenças: “Eu não sei quem eu sou” (baixa noção de self), “Se eu ficar sozinha, não vou
aguentar”, “O mundo é perigoso e maligno”; “Se eu confiar em alguém, vão me
abandonar ou machucar”, “Sou ruim e inútil”, “Preciso aliviar esse vazio”, “Comigo
é tudo ou nada” (pensamento dicotômico extremo)
⮚ Ameaças: Confiar nas relações
⮚ Estratégias: Atos impulsivos com gratificação imediata e prejuízos no longo prazo;
Comportamento autodestrutivo e/ou suicida; Tentativas de evitar abandono;
Apegar-se excessivamente e afastar-se por desconfiança.
⮚ Afeto: Sentimentos de vazio, impulsividade, desconfiança e instabilidade.
Beck, Davis & Freeman, 2017
Teoria do Apego - Parte I
Teoria do Apego
□ As pesquisas em Teoria do Apego possibilitam compreensões sobre a
vinculação parental; os impactos das relações primárias nos padrões afetivos e
comportamentais na vida adulta, incluindo a vida amorosa; aspectos
transgeracionais nos padrões de apego; e o estudo de psicopatologias, incluindo
patologias da personalidade (Crowell & D. Treboux, 1995).

□ A Teoria do Apego é um alicerce fundamental no desenvolvimento da Terapia


do Esquema. A ideia da mãe como base segura é a base para a noção de
Reparação Parental Limitada. O desenvolvimento emocional infantil avança do
apego à autonomia e individuação (Young, Klosko & Weishaar, 2003).
Teoria do Apego
□ John Bowlby (1907-1990) - Psiquiatra,
especialista em psiquiatria infantil e
psicanalista

□ Base na psicanálise, biologia evolucionária,


ciências cognitivas, psicologia do
desenvolvimento e teoria dos sistemas de
controle

Bowlby, ed. 2015


Teoria do Apego
□ Mary Ainsworth (1913-1999) - Psicologia do
desenvolvimento. Trabalhou com Bowlby no
desenvolvimento da Teoria do Apego

□ “A situação estranha”
□ Apego seguro;
□ Apego inseguro-evitativo;
□ Apego inseguro-ambivalente.

Bowlby, ed. 2015


Teoria do Apego
“Há evidências de que seres humanos de todas as idades são mais felizes e mais
capazes de desenvolver melhor seus talentos quando estão seguros de que, por
trás deles, existem uma ou mais pessoas que virão em sua ajuda caso surjam
dificuldades.” (Bowlby, 2015, p. 139)

Bowlby, ed. 2015


Teoria do Apego
□ Os comportamentos de vinculação objetivam proximidade com as figuras de
apego para obtenção de segurança e apoio psicológico. Uma característica
básica para a sobrevivência para além da busca por alimento.

□ Parte-se do pressuposto de que o indivíduo constrói grande parte da visão de


self e do mundo a partir dos modelos prévios internalizados de apego.

Abreu, 2019
Teoria do Apego
□ Harlow (1961) elaborou uma pesquisa com filhotes de macacos rhesus

Abreu, 2019
Teoria do Apego
□ O grau de estima de um indivíduo está relacionado à confiança e estabilidade
nas figuras de apego.
□ A previsibilidade e disponibilidade afetiva dos cuidadores são fatores
importantes para que o indivíduo se sinta aceitável ou inaceitável diante das
figuras de afeição.
□ Uma criança desprezada pelos cuidadores, além de sentir-se inadequada e não
querida pelos pais, tende a acreditar que ela é essencialmente indesejada.
Estabelecendo uma lógica generalista e com raciocínio primitivo (Bowlby, 1993).

Abreu, 2019
Teoria do Apego
Padrões patológicos de apego experimentados pela criança:
□ Depreciação e rejeição;
□ Descontinuidade da vinculação parental;
□ Ameaças coercitivas de controle que condicionam o amor dos pais;
□ Ameaças de abandono ou suicídio por parte dos cuidadores;
□ Indução de culpa à criança ao alegar que ela é responsável por doenças ou
morte.

Abreu, 2019
Teoria do Apego
□ Personalidade adulta → Produto da interação do indivíduo com as figuras de
apego ao longo da história.

□ A capacidade de estabelecer vínculos emocionais íntimos é o principal fator de


funcionamento da personalidade e da saúde mental (Bowlby, 1990).

□ O senso de confiança, apoio e proteção serão projetados para a vida adulta.

Abreu, 2019
Teoria do Apego
O desenvolvimento saudável da personalidade, em qualquer idade, se refere a:
□ Capacidade do indivíduo de reconhecer figuras dispostas e aptas a fornecer
uma base de apego seguro;
□ Capacidade de confiar nos outros quando a ocasião requer e saber distinguir
em quem é conveniente confiar;
□ Capacidade de colaborar com essas figuras em relações mutuamente
gratificantes; Trocar de papéis e fornecer suporte;
□ Ora oferece uma base segura; ora sente satisfação em confiar.

Bowlby, ed. 2015


Teoria do Apego
Personalidade patológica:
□ Reduzida capacidade de reconhecer figuras adequadas e dispostas a fornecer
base segura;
□ E/ou reduzida capacidade para colaborar em relações gratificantes;
□ As dificuldades da personalidade patológica podem aparecer em diversos graus
e assumir formas diferentes, como: apego ansioso; exigências excessivas para o
contexto; desafios na independência e na cooperação mútua.

Bowlby, ed. 2015


Teoria do Apego - Parte II (Tipos de apego)
Teoria do Apego
□ “A Situação Estranha” (Ainsworth, 1978) -
Possibilitou o sistema de classificação do apego em
três categorias:
□ Apego Seguro
□ Apego Inseguro-Evitativo
□ Apego Inseguro-Ansioso

□ Posteriormente, foi proposto um modelo


expandido com quatro padrões de apego, incluindo
o Apego Desorganizado (Main & Solomon, 1986).

Abreu, 2019
Padrão de Apego Descrição
Seguro Busca ativa por contato e conexão; Busca de suporte quando necessário;
Satisfação e reciprocidade nas interações sociais; Boas relações;
Cooperação e confiança; Boa autoestima e senso de segurança pessoal.
Ansioso/ Angústia frente à possibilidade de abandono; Expectativa de rejeição;
Ambivalente Comportamento exploratório restrito; Medo ao estar sozinho; Necessidade
constante de contato; Baseia sua felicidade na relação.

Evitativo Distância e frieza; Tendência ao isolamento; Dificuldades de conexão


afetiva; Mantém os outros distantes; Incerteza sobre receber ajuda; Foco
excessivo na independência; Receio de relações e compromissos sociais.
Desorganizado Insegurança; Comportamentos contraditórios e/ou impulsivos; Relações de
amor e ódio; O amor é confundido com abuso; Relações conflituosas ou
dramáticas; Desconexão entre o que diz e sente; Comum em inversões de
papéis na infância, abuso físico/emocional/sexual.

Abreu, 2019
Teoria do Apego
□ Os apegos inseguros são comumente encontrados nas psicopatologias.
Incluindo, transtornos afetivos, Transtornos da Personalidade Obsessivo-
Compulsivo, Histriônico, Borderline, Narcisista, Antissocial, Esquizotípico, traços
Evitativos, Transtornos de Conduta, Abuso de Substâncias e Transtornos
Alimentares.
□ A Teoria do Apego proporciona uma importante base para a compreensão e
intervenção no campo das psicopatologias.
“Quer a terapia seja breve ou prolongada, são claras as provas de que, se o
terapeuta não estiver preparado para estabelecer uma relação autêntica com o
paciente, nenhum progresso pode ser esperado” (Bowlby, 2015)

Abreu, 2019
Fundamentos Básicos da Terapia do Esquema - parte I
Modelo focado em Esquemas - Terapia do Esquema
□ A abordagem foi desenvolvida por Young e colegas, com primeira publicação no
ano de 1990 e passou por ajustes ao longo dos anos.

□ Trata-se de uma abordagem integrativa especialmente aplicada para transtornos


de personalidade e casos crônicos/refratários.

“Eu entendo racionalmente, mas


isso não me faz sentir diferente”

Young, 1990; Young, Klosko & Weishaar,


2003; Lockwood & Perris, 2012; van
Genderen, Rijkeboer, & Arntz, 2012
Fundamentos da Terapia do Esquema
Sistema amigdaliano (LeDoux)

□ É inconsciente: “Emoções podem existir sem cognições”


□ É rápido e automático
□ Sinal de perigo/ameaça
□ A amígdala não faz distinções minuciosas (“catapulta” emocional)
□ O sistema amigdaliano é anterior em termos evolutivos

Young, 1990; Young, Klosko & Weishaar,


2003; Lockwood & Perris, 2012; van
Genderen, Rijkeboer, & Arntz, 2012
Abordagem integrativa

Fundamentos Teóricos da Terapia do Esquema

Terapia Cognitiva Comportamental

Teoria do Apego
Construtivismo
Gestalt terapia
Terapia focada na emoção
Psicodinâmica
Relações objetais

Young, 1990; Young, Klosko & Weishaar,


2003; Lockwood & Perris, 2012; van
Genderen, Rijkeboer, & Arntz, 2012
Fundamentos da Terapia do Esquema
A TE foi desenvolvida para transtornos de personalidade e passou a ser aplicada em
diversos contextos, incluindo atendimentos com adultos, crianças, adolescentes e casais.

No entanto, antes de aplicar a abordagem, é fundamental avaliar a adequação dela para o


caso. A TE não é indicada quando:
- O paciente está passando por uma crise importante;
- O paciente é psicótico;
- O paciente tem algum t. de eixo I não-tratado e que requer atenção imediata;
- O paciente usa drogas ou álcool em nível moderado ou grave;
- O problema atual é situacional e não parece relacionar-se com um padrão de vida ou
esquema.

Young, 1990; Young, Klosko & Weishaar,


2003; Lockwood & Perris, 2012; van
Genderen, Rijkeboer, & Arntz, 2012
Fundamentos Básicos da Terapia do Esquema
Compreensão ampliada da personalidade □ parte do princípio que as necessidades
emocionais não supridas ao longo da infância e adolescência levam ao desenvolvimento de
Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs).
EIDs
Estruturas disfuncionais formadas por
cognições, emoções, memórias e
sensações.

Após seu desenvolvimento, os EIDs lutam pela sua manutenção.

Modos de Esquema
Conjunto de esquemas ou operações de esquemas
(adaptativos ou desadaptativos) ativados.

Young, 1990; Young, Klosko & Weishaar, 2003;


Lockwood & Perris, 2012; van Genderen, Rijkeboer, &
Arntz, 2012; Wainer e Rijo, 2016
Figura retirada de: Farrell, Reiss, & Shaw, 2014, p. 6
Intervenção em Terapia do Esquema
□ Avaliação e Psicoeducação
□ Técnicas Cognitivas
□ Técnicas Vivenciais
□ Técnicas Comportamentais
□ Relação Terapêutica: Reparação Parental Limitada e Confrontação Empática

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Fundamentos Básicos da Terapia do Esquema - parte II
Necessidades Básicas e Domínios Esquemáticos
Vínculos seguros, afeto, empatia,
segurança, estabilidade e
Desconexão e Rejeição
aceitação

Autonomia, competência e Autonomia e desempenho


individuação prejudicados

Limites realistas
Limites Prejudicados

Liberdade de expressão das


próprias emoções e Orientação ao outro
necessidades

Espontaneidade e lazer Supervigilância e


Inibição

Modelo de Young, Klosko & Weishaar, 2003


Domínios Esquemáticos e EIDs
Abandono/Instabilidade
Desconfiança/Abuso
Desconexão e Rejeição Privação emocional
Defectividade/Vergonha
Isolamento Social/Alienação
Autonomia e
Dependência/Incompetência
desempenho Vulnerabilidade ao dano ou à doença
prejudicados Emaranhamento/Self subdesenvolvido
Fracasso

Limites Prejudicados Arrogo/grandiosidade


Autocontrole/Autodisciplina insuficientes

Subjugação
Orientação ao outro Autossacrifício
Busca de aprovação/reconhecimento

Negatividade/Pessimismo
Supervigilância e Inibição emocional
Inibição Padrões inflexíveis
Postura Punitiva

Modelo de Young, Klosko & Weishaar, 2003


Domínios Esquemáticos e EIDs
Diversos estudos vêm identificando a distribuição dos EIDs em Domínios Esquemáticos a
partir do uso no Questionário de Esquemas de Young
Söygut et al. (2009) Saritas & Gençöz (2011) Lavergne et al. (2015) Sakulsriprasert et al. Bach et al. (2017) Souza et al. (manuscrito em
(2016) preparação)

Desconexão Desconexão e Rejeição Evitativo Desconexão e Rejeição Desconexão e Rejeição Desconexão e Rejeição

Autonomia prejudicada Autonomia prejucidada Vigilante Autonomia e Autonomia e Previsão negativa e


e orientação ao outro desempenho desempenho Vulnerablidade
prejudicados prejudicados

Limites Prejudicados Limites Prejudicados e Doação Limites Prejudicados Limites Prejudicados Autonomia e
Padrões excessivos desempenho
prejudicados

Orientação ao outro - Certezas Padrões exagerados Excesso de Padrões excessivos e


responsabilidade e de busca por status
padrões
Padrões irrealistas - Autoexigência - - -
Estilos de Enfrentamento
□ Geralmente são adaptativos na infância, considerados
mecanismos de sobrevivência
□ Tornam-se desadaptativos à medida que a criança cresce e
muda de contexto
□ Mantém a perpetuação esquemática
□ São influenciados pelo temperamento e pela internalização
seletiva ou modelação

Beck, Davis & Freeman, 2017


Resignação
□ Consentem com o esquema, aceitando que o mesmo é
verdadeiro
□ Sentem diretamente o sofrimento emocional do esquema e
tem comportamentos que o confirmam diretamente

Beck, Davis & Freeman, 2017


Evitação
□ Organizam a vida para nunca ativar o esquema
□ Evitam sentir vulnerabilidade, relacionamento íntimos e
desafios profissionais
□ Pode envolver abuso de álcool, drogas, compulsão
alimentar, por compras, jogos, sexo e estimulação no geral

Beck, Davis & Freeman, 2017


Hipercompensação
□ Conta-atacam o esquema, na superfície são confiantes e
seguros, mas no íntimo, vivenciam a pressão do esquema
□ Escapar da sensação de impotência e vulnerabilidade
□ Tentativa parcialmente saudável de lutar contra o esquema,
mas que ultrapassa os limites, levando à perpetuação

Beck, Davis & Freeman, 2017


Esquemas Iniciais Desadaptativos - 1º e 2º Domínios
Desconexão e Rejeição

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Privação Emocional
□ Sensação de solidão, tristeza, vazio e desamparo;
□ Sentem-se solitários e deprimidos, mas não sabem os motivos e com sintomas
vagos e pouco definidos;
□ Nas relações, acreditam que não serão amados, cuidados e valorizados.
Apresentam dificuldade para pedir ajuda quando precisam;
□ Desenvolvido na fase pré-verbal.

Privação de carinho
Privação de empatia
Privação de proteção
“Eu não tenho ninguém para me dar afeto, cuidado e proteção. Que compartilhe sua vida comigo
ou se importe de verdade com as coisas que me acontecem.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Desconfiança/Abuso
D Sensação constante de ser enganado, traído, humilhado ou abusado;
D Nas relações, geralmente ficam defensivos, com ciúmes e desconfiança.
Costumam vestir uma armadura e estado de hipervigiância às intenções das
pessoas;
□ Associado a abuso físico, psicológico ou sexual;
□ As memórias de abuso podem não ser claras;
□ Sensação de inadequação, defeito, culpa e raiva.
“Eu sinto que as pessoas vão tirar vantagem de mim”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Abandono/Instabilidade
□ Sensação constante e previsão de abandono/perda;
□ Medo da perda e de rupturas e dificuldades em tolerar distâncias;
□ Os outros são vistos como imprevisíveis e instáveis;
□ Relações instáveis, ciúmes e medo da perda. Forte química esquemática com
parceiros indisponíveis;
□ Ansiedades frente a possibilidade de abandono, intensa tristeza e/ou raiva no
abandono real ou imaginado.

“Quando alguém importante para mim parece estar se fechando ou se afastando, eu fico
desesperado.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Defectividade/Vergonha
□ Sensação de ser falho, defeituoso, inferior, inútil e não-merecedor de amor
□ Os outros são superiores e vão perceber seus defeitos
□ Vergonha de si mesmo, insegurança, hipersensibilidade à crítica e à rejeição,
tristeza, raiva e culpa
□ Nas relações, temem que sua defectividade seja percebida e exposta
□ Histórico de excesso de crítica, exigência, humilhação ou rejeição

“Ninguém que eu goste ou deseje vai querer ficar perto de mim quando descobrir
meus defeitos”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Isolamento Social
□ Sente-se diferente dos demais, isolado, excluído e não-pertencente;
□ Sintomas de ansiedade social;
□ Muitas vezes evitam relações, passam muito tempo sozinhos ou fazem partes
de subculturas;
□ Históricos de exclusão ou diferença, ausência de raízes.

“Eu não me encaixo e não faço parte.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Autonomia e Desempenho Prejudicados

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Dependência/Incompetência
□ Sente-se muito mais jovem do que é, incapaz de lidar com situações cotidianas
e tomar decisões rotineiras. De cuidar de si mesmo e sobreviver sem a ajuda
constante de outras pessoas;
□ A vida parece sufocante/um fardo;
□ Pode ter origem na superproteção ou na ausência de proteção;
□ O paciente pode se tornar excessivamente dependente ou contradependente;
□ Sensação de desamparo, insegurança, ansiedade, estresse e tristeza.
“Eu não me sinto capaz de me virar sem a ajuda dos outros no dia a dia.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Vulnerabilidade ao Dano e à Doença
□ Medo excessivo de que um evento catastrófico vai acontecer;
□ Pode envolver catástrofes de saúde, desastres naturais, acidentes e crimes;
□ Elevada ansiedade, pânico, fobias e rituais compulsivos.

“Eu sinto que uma tragédia (natural, financeira, criminal ou de saúde) pode
acontecer a qualquer momento.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Emaranhamento/Self Subdesenvolvido
□ Proximidade excessiva com o outro emaranhado à custa da individuação plena;
□ Sentimentos de vazio, desespero, desamparo e culpa quando ocorrem pequenas
rupturas no emaranhamento

“Eu e meu pai/mãe temos dificuldades de deixar de contar detalhes íntimos uns para
os outros sem nos sentirmos culpados.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Fracasso
□ O indivíduo se sente fracassado no que se refere a conquistas especialmente
profissionais, acadêmicas e de status;
□ Geralmente a origem está no excesso de crítica ou na falta de orientação para
aspectos acadêmicos e de trabalho;
□ Pode envolver procrastinação, desistência frente a pequenos obstáculos, ou
esforço excessivo e sensação de fraude.

“A maioria das pessoas é mais capaz do que eu no trabalho e nas realizações pessoais”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Esquemas Iniciais Desadaptativos - 3º e 4º Domínios
Limites Prejudicados

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Arrogo/Grandiosidade
□ O indivíduo acredita ser superior aos demais, especial e diferenciado, acima das
regras e merecedor de privilégios;
□ Pouca empatia ou preocupação com os outros;
□ Egoísmo, grandiosidade, dominação e excesso de competitividade;
□ Recebeu poucos limites e baixa tolerância à frustração.
Arrogo frágil
Arrogo puro
Arrogo dependente
“Eu tenho muita dificuldade de aceitar um ‘não’ quando quero alguma coisa dos outros e
acredito que mereço tratamento especial.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Autocontrole/Autodisciplina Insuficientes
□ Dificuldades em controlar impulsos e emoções, bem como, concluir
tarefas
pouco prazerosas, adiar gratificações, tolerar tédio e frustração;
□ Pode incluir falta de organização, de contração, impulsividade,
indisciplina, explosões de raiva, atrasos e atitudes pouco responsáveis.

“Para mim, é muito difícil abrir mão de prazeres imediatos para atingir
objetivos de longo prazo”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Direcionamento para o Outro

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Subjugação
□ O indivíduo se submete às relações sociais para evitar retaliação, rejeição,
punição ou abandono;
□ Dificuldades para exigir seus direitos, suas escolhas são baseadas
principalmente no efeito que terão sobre as pessoas.
Subjugação das necessidades
Subjugação das emoções

“Nos relacionamentos, geralmente deixo que a outra pessoa tome as decisões e esteja no
controle.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Autossacrifício
□ Foco excessivo na necessidade do outro com o objetivo de satisfazer um padrão
moral e/ou em função de um excesso de empatia;
□ Sensação de excesso de responsabilidade pelo bem-estar dos outros;
□ Sentimentos de culpa e egoísmo quando não coloca as necessidades do outro
na frente das suas;
□ É comum apresentar sintomas psicossomáticos, sensação de sobrecarga e
ressentimento.
“Geralmente sou eu quem cuida das pessoas ao redor”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Busca de Aprovação/Reconhecimento
□ Busca excessiva de atenção, reconhecimento e aprovação dos outros;
□ Pode incluir busca por status, aparência, realizações ou validação;
□ Receber aprovação é mais importante do que a satisfação das necessidades,
valores e inclinações pessoais. Hipersensibilidade à rejeição;
□ Origem: Supervalorização da aprovação social, acima das necessidades e
inclinações naturais da criança.

“Estar perto de pessoas importantes e/ou famosas me faz sentir uma pessoa com valor.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Esquemas Iniciais Desadaptativos - 5º Domínio
Supervigilância e Inibição

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Negatividade/Pessimismo
□ Foco nos aspectos negativos da vida;
□ Um erro pode causar um evento intolerável;
□ Preocupação, indecisão, hipervigilância, checagem, queixas e humor
deprimido;
□ Pais preocupados, pessimistas e hipervigilantes.

“Eu me preocupo que uma decisão errada possa causar um desastre”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Inibição Emocional
□ Excesso de rigidez;
□ Contenção da expressão de emoções e impulsos, muitas vezes para evitar
desconforto social;
□ Dificuldade em comportar-se de forma espontânea, natural e afetuosa;
□ Família de origem geralmente fechada e pouco expressiva.

“As pessoas me veem como alguém mais fechado emocionalmente”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Padrões Inflexíveis
□ Perfeccionismo, busca por padrões elevados e por excelência no desempenho;
□ Sensação de pressão constante, ansiedades, exaustão;
□ Dificuldade para relaxar e prejuízos na qualidade de vida;
□ Tendência à competição.

“Sempre preciso fazer o meu melhor, não me contento em ser ‘bom o suficiente’.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Postura Punitiva
□ Erros são imperdoáveis e merecem severa punição;
□ Tom de voz frio e acusador, que pode ser direcionado a si e/ou aos outros;
□ Origem: Erros eram severamente punidos

“Quando cometo um erro, mereço ser severamente punido. O mesmo se aplica para as
outras pessoas.”

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Modos Esquemáticos
Modos Esquemáticos
□ Ativação simultânea de: Conjunto de Esquemas; Estados Emocionais; e
Respostas de Enfrentamento.
□ Modos desadaptativos □ “botões” ativados
□ O modelo foi desenvolvido com 10 modos básicos; Estudos recentes vêm
apresentando diferentes organizações de modos de acordo com diferentes
transtornos.

Young, Klosko & Weishaar, 2003; van Genderen,


Rijkeboer, & Arntz, 2012, Arntz & Jacob, 2012
Modos Esquemáticos
□ O conceito de Modos Esquemáticos foi desenvolvido a partir do trabalho com
pacientes com TP. Borderline;
□ Comumente, os pacientes com esse TP. apresentam a ativação de diversos EIDs e
estratégias de enfrentamento. O que dificultava a conduta clínica convencional
em TE. Sendo assim, foi desenvolvida uma nova unidade de análise para agrupar
estes conceitos e tornar o manejo clínico mais satisfatório;
□ Partes do self;
□ Diferença entre estado e traço.

Young, Klosko & Weishaar, 2003; van Genderen,


Rijkeboer, & Arntz, 2012, Arntz & Jacob, 2012
Modos Esquemáticos
□ A terminologia dos modos é habitualmente utilizada em casos mais graves e/ou
com flutuações nos afetos;
□ Utilizado também quando a Terapia com base nos EIDs parece travada e o
paciente apresenta dificuldades para romper a evitação ou hipercompensação;
□ Com pacientes mais rígidos, autocríticos e autopunitivos;
□ Dar nome ao Modo permite torná-lo mais egodistônico.

Young, Klosko & Weishaar, 2003


Modos Esquemáticos

Young, Klosko & Weishaar, 2003; van


Genderen, Rijkeboer, & Arntz, 2012, Arntz
& Jacob, 2012; Wainer & Wainer, 2016
Modos Esquemáticos
□ Criança Vulnerável (Derivações: Abandonada, Abusada, Privada e Defectiva)
□ Criança Zangada
□ Criança Impulsiva/Indisciplinada
□ Criança Feliz
□ Modos de enfrentamento: Capitulador Complacente; Protetor Desligado;
Hipercompensador
□ Pais Críticos/Exigentes
□ Pais Punitivos
□ Adulto Saudável

Young & First, 2014;


Young, Klosko & Weishaar, 2003.
Modelo da Terapia do Esquema para os Transtornos da
Personalidade
Transtorno de Personalidade Paranoide
□ Origem típica: Ambientes com pouca proteção ou hipervigilância em relação às
pessoas. Baixo incentivo para relações sociais íntimas. Possíveis históricos de
abuso.
□ Modos Esquemáticos: Criança Vulnerável (Abusada e Privada);
Hipercompensador (Provocativo e ataque, Obsessivo supercontrolador).
□ Principais EIDs: Desconfiança/Abuso; Privação Emocional; Isolamento Social;
Postura Punitiva

Arntz, 2012; Arntz & Van Genderen, 2009; Wainer &


Wainer, 2016; Young, Klosko & Weishaar, 2003
Transtorno de Personalidade Narcisista
□ Origem típica: Histórico de desvalorização e privação de cuidado/afeto. E/ou
ausência de limites e de incentivo à reciprocidade.
□ Modos Esquemáticos: Criança Vulnerável (Solitária e Defectiva); Protetor
Autoaliviador; Protetor Desligado; Hipercompensador (Autoengrandecedor,
Provocativo e ataque).
□ Principais Esquemas: Privação Emocional; Defectividade/Vergonha; Arrogo/
Grandiosidade; Desconfiança/Abuso; Isolamento Social; Fracasso;
Autocontrole/Autodisciplina Insuficientes

Arntz & Van Genderen, 2009; Wainer & Wainer,


2016; Young, Klosko & Weishaar, 2003
Transtorno de Personalidade Antissocial
□ Origem típica: Ausência de proteção, intensas experiências de maus-tratos,
abuso, negligência e exclusão.
□ Modos Esquemáticos: Criança Vulnerável (Abusada e Privada); Criança
Impulsiva; Protetor Desligado; Hipercompensador (Manipulador/Enganador,
Provocativo e ataque; Predador - psicopatia).
□ Principais Esquemas: Desconfiança/Abuso; Privação Emocional; Arrogo/
Grandiosidade; Abandono/Instabilidade; Autocontrole/Autodisciplina
Insuficientes

Rijo, Brazão & Capinha, 2016; Wainer & Wainer,


2016; Young, Klosko & Weishaar, 2003
Transtorno de Personalidade Borderline
□ Origem típica: Ambiente invalidante, instável e inseguro. Histórico de rejeição,
punição, crítica e violência. Ausência de suporte, proteção e cuidados.
□ Modos Esquemáticos: Criança Vulnerável (Abandonada, Abusada e Defectiva);
Criança Zangada; Criança Impulsiva; Protetor Desligado; Pais Punitivos; e
Hipercompesador (Provocativo e ataque)
□ Principais EIDs: Abandono/Instabilidade; Desconfiança/Abuso; Privação
Emocional; Defectividade; Dependência/Incompetência; Vulnerabilidade ao Dano
e Doença; Autocontrole/Autodisciplina Insuficiente; Subjugação; Postura Punitiva

Arntz, 2012; Arntz & Van Genderen, 2009; Wainer &


Wainer, 2016; Young, Klosko & Weishaar, 2003
Transtorno de Personalidade Histriônica
□ Origem típica: Contextos de rejeição, privação e amor condicional. Desenvolvem
estratégias de dramatização para receber suporte e aprovação.
□ Modos Esquemáticos: Criança Vulnerável (Defectiva e Privada); Protetor
Autoaliviador; Hipercompensador (Manipulador/Enganador e
Autoengrandecedor).
□ Principais EIDs: Busca de Aprovação/Reconhecimento; Dependência/
Incompetência; Defectividade; Abandono/Instabilidade; Privação Emocional;
Autocontrole/ Autodisciplina Insuficientes.

Arntz, 2012; Arntz & Van Genderen, 2009; Wainer &


Wainer, 2016; Young, Klosko & Weishaar, 2003
Transtorno de Personalidade Evitativa
□ Origem típica: Ambiente crítico, rejeitador e pouco acolhedor. Experiências
sociais restritas. Incentivo à subjugação de necessidades pessoais.
□ Modos Esquemáticos: Criança Vulnerável (Solitária, Defectiva, Abandonada e
Abusada); Pais Punitivos; Protetor desligado; Capitulador complacente.
□ Principais EIDs: Fracasso; Defectividade/Vergonha; Isolamento Social;
Subjugação; Padrões Inflexíveis

Arntz, 2012; Arntz & Van Genderen, 2009; Wainer &


Wainer, 2016; Young, Klosko & Weishaar, 2003
Transtorno de Personalidade Dependente
□ Origem típica: Baixo incentivo à autonomia; Famílias emaranhadas que puniam
e/ou barravam os movimentos de individuação do paciente.
□ Modos Esquemáticos: Criança Vulnerável (Dependente, Abandonada e Abusada);
Pais Punitivos (punem a autonomia); Capitulador Complacente.
□ Principais EIDs: Dependência/Incompetência; Fracasso; Emaranhamento;
Subjugação

Arntz, 2012; Arntz & Van Genderen, 2009; Wainer &


Wainer, 2016; Young, Klosko & Weishaar, 2003
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva
□ Origem típica: Ambientes caóticos ou excessivamente rígidos e exigentes. Baixo
suporte e ajuda. Pouco incentivo para as conexões afetivas e lazer.
□ Modos Esquemáticos: Criança Vulnerável (Defectiva); Pais Exigentes;
Hipercompensador (Obsessivo-Superontrolador e Autoengrandecedor)
□ Principais EIDs: Padrões Inflexíveis; Inibição Emocional; Fracasso

Arntz, 2012; Arntz & Van Genderen, 2009; Wainer &


Wainer, 2016; Young, Klosko & Weishaar, 2003
Considerações finais dos módulos
□ Pontos para considerar e observar na prática clínica:
□ Histórico do paciente e dos sintomas (linha do tempo);
□ Padrão de apego habitual (relações íntimas);
□ Demandas atuais (difusas ou mais pontuais/objetivas);
□ Rígido e Egossintônico;
□ Relação terapêutica (sensações e pensamentos);
□ Tipo de resposta do paciente às intervenções.
lauren_heineck@hotmail.com

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