O documento discute os processos reflexivos nas terapias sistêmicas. Estes promovem relações mais igualitárias entre terapeutas e clientes, focando nas conversações compartilhadas. A linguagem de cada um é fundamental para como descrevem e compreendem os problemas. Ouvir ativamente estimula o falante a produzir novos sentidos que também se constituem.
O documento discute os processos reflexivos nas terapias sistêmicas. Estes promovem relações mais igualitárias entre terapeutas e clientes, focando nas conversações compartilhadas. A linguagem de cada um é fundamental para como descrevem e compreendem os problemas. Ouvir ativamente estimula o falante a produzir novos sentidos que também se constituem.
O documento discute os processos reflexivos nas terapias sistêmicas. Estes promovem relações mais igualitárias entre terapeutas e clientes, focando nas conversações compartilhadas. A linguagem de cada um é fundamental para como descrevem e compreendem os problemas. Ouvir ativamente estimula o falante a produzir novos sentidos que também se constituem.
Alunas: Antnia, Aparecida, Bruna, Daniela, Gianne, Rosngela e Scarlett
Professora: Stella Poletti Simionato Tozo Tom Andersen (? -2007) Tom Andersen foi professor de psiquiatria social no Instituto de Medicina Comunitria, da Universidade de Tromso, na Noruega, e foi o iniciador de processos reflexivos nas prticas teraputicas. COMO PENSO HOJE
Andersen (1998) inicia sua narrativa como um relato de sua
histria profissional. Para tanto, apresenta a forma como v a vida, como a pensa, a descreve e a compreende. Ao ver a vida como um movimento seu e de outros ao futuro, pensa que as mudanas que nela ocorrem so decorrentes desse prprio fluxo, e o que nos cabe tomar parte em tais mudanas. Tomar parte aprender a usar o repertrio de entendimentos e aes produzido pelas vrias experincias que tive ao longo dos anos (ANDERSEN, 1998, p.69). COMO PENSO HOJE
Esse tomar parte acontece conforme o modo como descrevo o
momento que vivo. Uma vez que selecionamos nosso foco de ateno, tendo em vista a amplitude e riqueza da vida, esse foco ser aquilo que somos capazes de descrever, por meio da linguagem. Nosso repertrio de entendimentos fundamental pois j condiciona em que somos capazes de prestar ateno e ter concentrao. Dessa forma, importante estar aberto e sensvel aos toques da vida externa e s respostas da vida interior, o que torna confortvel o tomar parte, antecedendo uma reflexo sobre esse aprendizado. OS PRIMEIROS ANOS: O MDICO DE FAMLIA
Tom Andersen formou-se em medicina, em Oslo
(Noruega) e foi mdico de famlia rural por quatro anos. Perguntara-se como compreender todos os efeitos e as aes, do ponto de vista social, que aconteciam em decorrncia do adoecimento de algum. Buscou respostas na psiquiatria para tais questionamentos. Outras indagaes surgiram: como compreender sofrimentos e dores que no aparecem em exames? Como promover a sade dos doentes mentais? Em que contextos? De que modos, que no as internaes? Devo chamar os sujeitos de pacientes? BUSCANDO ALTERNATIVAS
No incio dos anos 1970, ele e sua equipe
comearam a estudar a Escola Estrutural (Minuchin, principalmente) e a Escola Estratgica (Haley; Watzlawick). Diante do insucesso com tais perspectivas, se aproximaram de Bateson e da Escola de Milo (Cecchin; Boscolo). Desde essa poca, j se incomodavam com a atuao que os colocavam como peritos, experts no melhor entendimento sobre as famlias. BUSCANDO ALTERNATIVAS BUSCANDO ALTERNATIVAS
Ao perceberem isso, em 1984, comearam a adotar
outros modos de dar esse retorno, dizendo frases como: Alm do que vocs viram, ns vimos isto, ou Alm do que vocs entenderam, ns entendemos isto, ou Alm do que vocs tentaram fazer, achamos que vocs poderiam tentar isto (ANDERSEN, 1998, p.72). Nisto consiste a mudana da postura ou-ou para tanto-como. UMA GRANDE MUDANA: A REFLEXO UMA GRANDE MUDANA: A REFLEXO
O autor se refere a linguagens no plural. Percebeu que h,
pelo menos, dois tipos de linguagens que os terapeutas utilizam: a) uma pblica em conversas junto famlia; b) e uma privada, usada entre os profissionais, compreendendo a conceitos acadmicos e intelectuais. No trabalho das equipes reflexivas, buscava-se utilizar uma linguagem cotidiana, para possibilitar a todos participarem e utilizarem as palavras e conceitos em comum. MODOS DE PROCEDIMENTO
Introduzir diferena no to incomuns: diante de
situaes nas quais as pessoas no sabem o que fazer, alguma diferena deve aparecer para que se possa mover, transformar. Essa diferena no deve ser excessivamente incomum, por levar nossa desintegrao; tampouco deve ser convencional, pois no leva mudana. Deve ser, portanto, no to incomum. Isto depender do que diz o terapeuta, de como diz, para quem diz e em que contexto. O terapeuta tem que se atentar s reaes das pessoas frente s suas colocaes; a intuio o ajudar nessa percepo. MODOS DE PROCEDIMENTO Ou-ou versus tanto-como: A postura de manter o silncio na equipe que fica por trs do espelho se mostrou muito mais produtiva de ideias. Criao de trs regras de procedimento: 1 regra: Trabalhar com o contedo que a famlia traz. Permitir que a famlia tenha autonomia no processo, podendo assimilar das conversaes com a equipe apenas o que gostam. Alm disso, a presena da equipe reflexiva uma oferta; a famlia pode recusar se sentir desconfortvel. 2 regra: Absteno de falas com conotao negativa ou crtica por parte dos terapeutas. MODOS DE PROCEDIMENTO 3 regra: quando famlia e equipe esto na mesma sala, os terapeutas conversam olhando uns para os outros, e no para a famlia, o que lhe permite no participar ou no ouvir, se quiser. Na conversa do entrevistador com a famlia, d-se um tempo para que a famlia pense e/ou converse sobre as conversas da equipe. Espera-se a partilha de ideias que sejam contexto de novas conversaes ou descries e compreenses. A lgica tanto-como rompe com a regra da verdade absoluta, ou se isto ou aquilo. Existem vrias verses de uma situao. MODOS DE PROCEDIMENTO As duas primeiras perguntas do encontro: Como voc gostaria de usar este encontro? evita-se criar um plano prvio e possibilita relaes mais igualitrias Qual a histria da ideia por trs deste encontro? quem props? Como os outros se envolveram? Foca-se, inicialmente, na pessoa mais disposta a falar, e permite aos outros entrarem no seu prprio tempo.
Falar sobre esta conversa: importante que terapeutas e famlia
conversarem sobre como vo conversar, em que momento quem poder abordar quem sobre tal questo, para que se possa proporcionar um espao em que os participantes se sintam confortveis. MODOS DE PROCEDIMENTO
Falar sobre conversas passadas e futuras: sistemas de
criao e dissoluo de problemas (Anderson Terapia Colaborativa). Problemas atraem pessoas em busca de resolv-los. Elas tm um entendimento e prope aes sobre o mesmo. Sentidos adequadamente diferentes produzem compreenses teis e novas. Sentidos muito diferentes dificultam a troca, e podem levar ao engessamento de compreenses. Indagar sobre conversas prvias para saber quais no devem ser repetidas na terapia. MODOS DE PROCEDIMENTO
Conversaes internas e externas: A equipe reflexiva
prope aos participantes a probabilidade de transitarem entre escutar e falar sobre as questes levantadas, ao levarem em considerao que, quando eu falo com outro, eu tambm falo comigo mesmo. As conversas internas esto conectadas s externas, e essa conexo ajuda a pessoa discriminar como e onde vo us-las. MODOS DE PROCEDIMENTO
O fluxo da conversao: Perguntas e Co-
Presena: Acompanha-se o fluxo das conversaes, localizando os sentidos e opinies existentes, atravs de perguntas. As mais interessantes so as que se relacionam com o que est sendo dito. O terapeuta se faz co- presente, ao proporcionar o tempo para fala, para o pensamento, para o silncio, acompanhando os momentos significativos para cada pessoa. A LINGUAGEM E A CONSTITUIO DO SER
A linguagem que as pessoas usam, sobretudo, as metforas, so
maneiras da pessoa descrever, pensar e compreender a si mesma. As metforas so muito teis, por exemplo, no alinhamento entre o que dominamos, em termos de sentidos, e o desconhecido que emerge em novas experincias. Em funo disso, a linguagem o meio e o fim dos processos de mudanas, j que estas incluem novos entendimentos, sentidos, novas palavras, e, logo, novas definies de ns mesmos. A busca de novos sentidos em uma conversao implica tambm uma dimenso fisiolgica. A expirao, por exemplo, que acompanha a expresso de palavras, permite o relaxamento de tenses musculares e a liberao de emoes. Sendo assim, todos temos nossos prprios ritmos e velocidades em conversaes distintas. CONCLUSES Os processos reflexivos promovem relaes mais igualitrias, com foco nas conversaes em comum. O vocabulrio de uma pessoa extremamente importante, tanto como as descries que no foram usadas ainda, mas que esto imanentes na definio dos problemas. A respirao compe o processo de criao de sentidos, bem como da expresso de emoes, juntamente com as palavras. Todo ouvinte em uma conversao recebe a histria e instiga o falante na continuidade de sua produo, que tambm produz a si mesmo. REFERNCIA
ANDERSEN, Tom. Reflexes sobre a Reflexo com as
Famlias. In: MCNAMEE, Sheila. A terapia como construo social. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1998, p.69-85.