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Avaliação Psicológica e Elaboração de Documentos Psicológicos:


Diretrizes Básicas

Introdução

“Antes de iniciar qualquer


intervenção psicológica, é
necessário que se faça a análise do
funcionamento do(s) indivíduo(s)
para atender adequadamente suas
demandas. Por isso, um dos campos
de estudo, ensino e atuação da
psicologia é a avaliação psicológica,
que deve ser realizada com base em
teorias e estudos científicos” (Nunes
et al., 2012).

Abordar o tema da Avaliação Psicológica não é uma tarefa fácil.

Trata-se de um assunto complexo, amplo e muitas vezes polêmico.

Se analisarmos a história da Psicologia, desde seus primórdios até os


tempos atuais, chegaremos facilmente à conclusão de que a Avaliação
Psicológica não é apenas um procedimento técnico realizado
exclusivamente por psicólogas(os), mas, mais do que isso, trata-se de
um procedimento que permeia todas as suas demais ações e que
portanto, exige que cada profissional o conheça e, acima de tudo, o
compreenda.

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O presente curso é resultado de vinte anos de atuação profissional,
realizando avaliações psicológicas, em contextos variados (escolas,
postos de saúdes, Delegacias de Polícia, Juizados da Infância e da
Juventude, abrigos, etc.). Atuei em casos de violência sexual contra
crianças e adolescentes, abandonos, adoções, dificuldade de
aprendizagem e tantos outros.

Neste período pude perceber a dificuldade para os profissionais que


não atuam em nossa área, em compreender o que é o processo de
Avalição Psicológica, como ele é realizado, qual seu objetivo e como
encaminhar seus clientes/pacientes para serem avaliados por
psicólogas(os).

Ao mesmo tempo, convivi com muitos psicólogas(os), excelentes


profissionais, mas que possuíam muitas dúvidas relacionadas ao
processo de Avaliação Psicológica, e à produção de documentos
psicológicos.

As denúncias encaminhadas ao Conselho Federal de Psicologia (CFP),


bem como aos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs), contra
psicólogas(os) que realizam Avaliações Psicológicas e produzem
documentos psicológicos, ineficientes e/ou duvidosos ou, sem qualquer
tipo de validade verificável, confirmam essas dificuldades.

Constata-se que, embora cada vez mais, a Avaliação Psicológica (AP) e a


produção de documentos, como Laudos, sejam consideradas práticas
comuns à profissão, ainda são muitos os problemas advindos de seu
planejamento, sua escrita e de sua produção, como incoerências e
imprecisões.
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Estes problemas refletem diretamente na visão que a sociedade em
geral, e demais profissionais possuem a respeito das(o)s psicólogas(os),
de suas atividades e de seus instrumentos de trabalho. Sendo que,
quando falamos de AP, estamos falando de um complexo e importante
processo, cujos métodos e técnicas constituem função privativa da
categoria psicólogos, porque acredita-se que estão preparados,
capacitados, qualificados para tal.

No entanto, o que se constata, é que há muitos problemas e déficits no


caminho percorrido pelas(os) psicólogas(os), desde sua formação e
durante sua carreira, que envolvem uma abordagem limitada sobre o
tema, na vida acadêmica e a ausência de instrumentos de AP,
apropriados, entre outras dificuldades.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Comissão


Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP) e das Comissões de
Orientação e de Fiscalização dos Conselhos Regionais de Psicologia, realiza
inúmeros esforços, no sentido de orientar psicólogas(os) na elaboração
de documentos psicológicos e, de fornecer os subsídios éticos e
técnicos necessários para a realização qualificada, ampla e humanizada
de avaliações psicológicas mas, ainda existem muitos obstáculos a
superar. O que desperta cuidados e preocupação pois, a Avaliação
Psicológica (AP) é um procedimento que está inserido em todas as
áreas de atuação da Psicologia.

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Como uma verdadeira investigação clínica, complexa, a AP trata-se de
um processo interativo e dinâmico, analisado sob a ótica de
pressupostos teóricos, reconhecidos pela ciência psicológica, voltados
para a solução de problemas.

Além disso, trata-se de uma área considerada como de formação básica


em psicologia, uma vez que está diretamente relacionada a um
conjunto de competências, aptidões e práticas que toda(o) psicóloga
(o) deve adquirir ao longo de sua formação e desenvolver durante toda
sua carreira.

Além de possuir um significado relevante para os avaliandos, a AP é


uma oportunidade para conhecer a si mesmo e apropriar-se de sua
história, auxiliando na promoção de sua qualidade de vida.

E, cabe às(aos) psicólogas(os), compreender o conjunto de


conhecimentos associados ao processo de AP, de forma a ressignificá-lo
e valorizá-lo enquanto prática cotidiana, o que, pode contribuir para a
Psicologia, enquanto e ciência e profissão e, consequentemente,
contribuir para a produção qualificada de documentos psicológicos,
respeitando-se os princípios de linguagem, técnicos e éticos, de forma
humanizada.

Este curso é um convite, ao estudo, à reflexão, à dedicação pessoal de


cada profissional, na busca por atualização e na construção de um olhar
mais amplo e aprofundado do processo de AP.

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Seu objetivo, é ampliar o debate e subsidiar ações de estudantes e
profissionais da Psicologia, no que se refere aos aspectos básicos e
fundamentais relacionados à elaboração de documentos psicológicos, a
começar pela AP e os conceitos básicos relacionados a ela.

Para tanto, além de elucidar de forma mais detalhada, os passos para a


elaboração dos documentos psicológicos, o presente curso se propõe a
realizar uma revisão mais detalhada e atualizada sobre a AP, suas
possibilidades e contextos em que pode ser aplicada.

O processo de AP, na atualidade, pode ajudar a estabelecer novos


parâmetros de embasamento para práticas profissionais com mais
qualidade, focado na valorizando da interação humana transformadora,
respeitando os direitos humanos e a diversidade.

Para tanto, o presente curso seguirá as “Diretrizes Básicas para a


Realização de Avaliação Psicológica no Exercício Profissional da
Psicóloga e do Psicólogo”, elaboradas pelo Conselho Federal de
Psicologia e estabelecidas através da Resolução Nº 09/2018, de 25 de
abril de 2018, que revoga as Resoluções Nº 002/2003, Nº 006/2004 e Nº
005/2012, e da Resolução Nº 004/2019, de 13 de fevereiro de 2019, que
revoga as Resoluções Nº 007/2003 e Nº 15/1996, e institui as regras para
a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o)
no exercício profissional. As Notas Técnicas Nº 01/2017 e Nº 02/2017,
seguindo a proposta de um processo de qualificação da AP e demais
legislações concernentes.

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Sabemos que, muitos são os desafios no que diz respeito à AP. Mas, os
constantes esforços dos órgãos fiscalizadores e orientadores da
profissão e de toda a categoria profissional, no sentido de garantir a
qualidade técnica e ética dos serviços prestados e o rigor teórico e
metodológico no emprego de instrumentos válidos e precisos,
certamente conduzirão a um caminho fomentador de reflexão, com
menos casos de imperícias e maiores avanços no sentido de um
processo avaliativo, que seja cada vez mais, benéfico às pessoas,
evitando que sejam submetidas à abordagens e tratamentos inócuos,
discriminatórios ou segregacionistas.

Seja bem-vindo (a)!

E, bons estudos.

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O PROCESSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA:

ELEMENTOS NORTEADORES

“A avaliação psicológica pode ser a


abertura para novas possibilidades,
contribuindo para o fortalecimento
das potencialidades e da autonomia
dos sujeitos, instrumentalizando-os
para o enfrentamento de suas
dificuldades e colaborando
significativamente para a
consolidação de uma sociedade
onde todos são respeitados e têm o
mesmo direito a uma vida plena de
possibilidades” (Cescon, 2013).

No decorrer da carreira como profissionais da área de psicologia, não


raras vezes, somos solicitados a elaborar um ou outro tipo de
documentos psicológicos. Para que tal solicitação, seja cumprida, é
necessária a realização de uma Avaliação Psicológica (AP).

A Avaliação Psicológica (AP) está incluída, de forma expressiva em


diversos contextos de diagnóstico e intervenção psicológica e, sua
importância, bem como sua necessidade, vem sendo cada vez mais
reconhecidas despertando interesse e esforços múltiplos por parte do
Conselho Federal de Psicologia (CFP),

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que, por meio de sua Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica e
das Comissões de Orientação e Sistema de Conselhos, tem se esforçado
para garantir o rigor teórico, metodológico e ético, no uso da AP, no
emprego de instrumentos válidos e precisos e na produção de
documentos psicológicos coerentes e de qualidade.

Da mesma forma, outros grupos, laboratórios e instituições como o


Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP) e a Associação
Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos (ASBRO), vêm realizando
um trabalho incansável de pesquisa, a fim de aprimorar a qualidade e
melhor fundamentar esta prática, bem como de favorecer a atualização
técnica e científica na Psicologia.

No entanto, problemas referentes à qualidade da formação e da


atuação do psicólogo, bem como referentes à qualidade dos
instrumentos utilizados, preocupam profissionais e sociedade, pois,
estão se refletindo em questões éticas.

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (Brasil, 2018), a AP “é


um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos,
composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de
prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal
ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades
específicas”.

Esta é uma definição ampla e envolve o conhecimento de fenômenos e


de processos psicológicos, por meio de procedimentos de diagnóstico,
para criar as condições de aferição de dados e dimensionar esse
conhecimento (Alchieri e Cruz, 2003).
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Ainda, de acordo com o CFP (Brasil, 2010), a AP é uma atividade restrita
aos psicólogos, uma vez que a Psicologia é a profissão equipada para a
execução desta atividade, cujos setores envolvidos no processo, estão
devidamente regulamentados com observância aos princípios éticos
que “qualifica[m] os serviços e coíbe[m] excessos por parte de
profissionais e instituições”.

Isso implica que seus instrumentos, com destaque para os testes


psicológicos, são de uso restrito a esses profissionais, considerando que
sua formação os habilita para essa finalidade (Brasil, 2010).

Enquanto órgão regulamentador, orientador e fiscalizador da profissão,


o CFP tem entre suas atribuições, a responsabilidade de garantir a
qualidade técnica e ética dos serviços prestados pelos psicólogos, entre
eles, a AP.

Para Tavares (2010) “há dúvidas na imagem social da psicologia que


permanecem e precisam ser constantemente enfrentadas: dúvidas
acerca da competência dos psicólogos, da eficácia de seus serviços e do
diferencial de seus serviços em contraste com o senso comum.
Podemos perceber rapidamente como uma atividade profissional que
tem o poder de expor demasiadamente a intimidade de uma pessoa e
ameaçar seus direitos requer a existência, na sociedade, de uma agência
que seja capaz de regular e fiscalizar o seu exercício”.

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Neste sentido, o CFP oferece aos profissionais da psicologia,
informações sobre a AP, visando aprimorar a qualidade desse serviço no
Brasil, através de resoluções, cartilhas, manuais de orientações e do Site
SATEPSI (Sistema de Avaliação de Teste Psicológicos -
http://satepsi.cfp.org.br/), bem como através da promoção de debates,
cursos e discussões sobre o referido tema, como é o caso do Diálogo
Digital.

*Nas próximas aulas conversaremos mais detalhadamente sobre o


SATEPSI.

Dentre as muitas publicações realizadas pelo CFP, no intuito de orientar


os profissionais da área, está a Cartilha Avaliação Psicológica (Brasil,
2013) e as Resoluções Nº 007/2003 e Nº 009/2018, dentre outras,
orientando os profissionais e promovendo competências no que diz
respeito à AP.

Como destaca Tavares (2010), essa atividade não é apenas burocrática.


É uma atividade absolutamente necessária para a sustentação da
avaliação psicológica e, até mesmo, do exercício da profissão de
psicólogo, considerando que a AP é um de seus pilares mais
importantes.

No entanto, como mencionado anteriormente, apesar dos esforços


realizados, ao longo de décadas, uma série de problemas vem sendo
detectados na execução de avaliações psicológicas.

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Esses problemas envolvem desde a escassez de instrumentos
psicológicos de qualidade e apropriados ao uso nos contextos
específicos de aplicação, até falhas na postura ética e na qualificação
técnica dos profissionais (Noronha et al., 2002; Frizzo, 2004; Brasil,
2011), sendo este campo da Psicologia, que abarca a maioria dos
processos éticos existentes (Tavares, 2010).

No ano de 2002, Noronha realizou uma pesquisa, sobre os problemas


mais graves e mais frequentes relacionados à AP e constatou que, as
avaliações psicológicas que foram consideradas ineficientes, não
poderiam atribuir seus problemas unicamente aos instrumentos
utilizados, neste caso aos testes psicológicos.

Para a referida autora,

“O psicólogo possui técnicas e


recursos para realizar essa
atividade, cabendo a ele refletir
sobre os resultados encontrados. O
profissional preparado para tal,
conseguirá compreender os
fenômenos psicológicos, traduzidos
em dados numéricos” (Noronha,
2002).

Portanto a escolha das técnicas e recursos a serem utilizados no


processo de AP, também é competência do psicólogo, devendo este,
buscar qual o instrumento mais adequado, para determinado indivíduo,
contexto e demanda.
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De acordo com a Resolução 09/2018 do CFP (Brasil, 2018), em seu Art.
1º., §2, “a psicóloga e o psicólogo têm a prerrogativa de decidir quais são
os métodos, técnicas e instrumentos empregados na Avaliação
Psicológica, desde que devidamente fundamentados na literatura
científica psicológica e nas normativas vigentes do Conselho Federal de
Psicologia (CFP)”.

O CFP (Brasil, 2018), recomenda, no Art. 2º da referida Resolução que:


“Na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo
devem basear sua decisão, obrigatoriamente, em métodos e/ou
técnicas e/ou instrumentos reconhecidos cientificamente para uso na
prática profissional da psicóloga e do psicólogo (fontes fundamentais
de informação), podendo, a depender do contexto, recorrer a
procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de
informação).

1. Mas, você sabe, o que são Fontes Fundamentais e Fontes


Complementares de Informação?

Imagem disponível em: https://geralnasaude.com.br/num-sei/

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O CFP (Brasil, 2018) considera como Fontes Fundamentais de
Informação:

a) Testes Psicológicos aprovados pelo CFP para uso profissional da


psicóloga(o) e/ou;
b) Entrevistas psicológicas, anamnese e/ou;
c) Protocolos ou registros de observação de comportamentos
obtidos individualmente ou por meio de processo grupal e/ou
técnicas de grupo.

Já, como Fontes Complementares de Informação, o CFP (Brasil, 2018),


define:

a) Técnicas e instrumentos psicológicos que possuam respaldo da


literatura científica da área e que respeitem o Código de Ética e as
garantias da legislação da profissão;
b) Documentos técnicos, tais como protocolos ou relatórios de
equipes multiprofissionais.

Caso haja dúvida com relação à classificação do instrumento (teste


psicológico ou instrumento não psicológico), “ficam legitimados os
Conselhos regionais de Psicologia (CRPs) a submeter o respectivo
instrumento à Comissão em Avaliação Psicológica (CCAP) do CFP, para
apreciação” (Brasil, 2018).

Ainda com relação às dificuldades constatadas nesta área, Noronha


(2002), relata que, também estariam relacionadas à formação
profissional do psicólogo, afirmando que esta apresenta grande
defasagem, necessitando de uma reflexão,

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pois “é a formação que dirige a ação do psicólogo e para que se
obtenha uma ação com um mínimo de problemas graves e frequentes,
deve-se investir na preparação profissional”.

Em seus estudos Noronha (2002), constatou que o ensino da AP no


Brasil, dá ênfase à aprendizagem das técnicas avaliativas. Em
contrapartida, há um interesse menor no ensino da elaboração de
documentos psicológicos, o que, poderia ajudar a explicar as
dificuldades apresentadas pelos profissionais da área, ao elaborarem
documentos psicológicos resultantes de avaliações.

Frizzo (2004), ao analisar as denúncias apreciadas pela Comissão de


Ética do Conselho Regional de Psicologia do Estado de Santa Catarina,
no período entre os anos de 1992 e 2003, constatou que as avaliações e
perícias psicológicas, apresentaram o maior número de queixas,
seguidas por problemas no relacionamento de psicólogos entre si e o
uso de práticas não reconhecidas pela ciência psicológica.

“Dessa forma, fica claro que a


formação do psicólogo ainda não se
voltou para um melhor treino para
a apresentação de dados obtidos
no processo de avaliação
psicológica.

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Isso se justifica porque durante a
formação dos graduandos em
Psicologia, é comum que o ensino e
o tratamento em Psicodiagnóstico,
sejam finalizados no exato
momento de se redigir um relatório
psicológico; implicitamente dizendo
que após se recolher os dados
necessários, de qual forma for, bem
como os resultados, não fosse tão
importante o processo de transmiti-
los” (Shine, 2009).

Anache e Reppold (2010), analisaram infrações éticas denunciadas ao


CFP, constatando que estas, em sua maioria, relacionavam-se a
denúncias, referentes ao exercício equivocado da AP, bem como à
encaminhamentos incoerentes e falta de respaldo teórico em laudos.

Da mesma forma, Hazboun e Alchieri (2014), apontaram que, grande


parte dos problemas referentes à AP, pode ser atribuída à defasagem
na formação profissional, que se reverte em questões éticas, indicando,
consequentemente, dificuldades na adequada execução do processo
avaliativo.

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A pesquisa de Borsa (2016), detectou que a maioria das infrações éticas
denunciadas ao CFP refere-se ao exercício equivocado de avaliações
psicológicas, envolvendo o uso de testes e técnicas inadequadas ou não
reconhecidas, falta de qualidade dessas ferramentas, falta de
orientações sobre encaminhamentos adequados ou ainda, a emissão de
documentos sem fundamentação teórica.

Assim como Noronha, o autor Pessotto (2011), aponta falhas na


formação profissional dos psicólogos, afirmando que:

“Algumas vezes os professores têm


mostrado despreparo e acabam por
contribuir com a má (in)formação
dos futuros psicólogos,
transmitindo conteúdos
relacionados à avaliação psicológica
de forma superficial, focando
apenas nas aplicações e nas
correções de testes, deixando de
lado o fato de eles possuírem
limitações e ainda serem parte de
um processo em que outros
conhecimentos e procedimentos se
fazem necessários” (Pessotto,
2011).

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No entanto, apesar de haver relatos significativos sobre problemas e
dificuldades relacionados à AP, uma pesquisa realizada por Hazboun e
Alchieri (2014), apontou que: a maioria dos profissionais da psicologia
que foram por eles entrevistados, afirmou não possuírem dificuldades
para realizar avaliações psicológicas.

Esta postura levou os autores a se perguntarem se estes profissionais


estão julgando adequadamente sua atividade, uma vez que o número
de registros de processos éticos, indica o oposto.

“A avaliação psicológica parece


estar tão atrelada ao fazer da(o)
Psicóloga(o) que é entendida como
uma tarefa fácil de ser
dimensionada. Muito pelo
contrário, construir um
conhecimento sobre essa atividade,
que é privativa da(o) Psicóloga(o),
não é nada fácil e muito menos de
domínio tácito de todos aqueles
que escolheram a Psicologia como
profissão.

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Entende-se que a Avaliação
Psicológica deveria ser encarada
como a espinha dorsal da ação
da(o) Psicóloga(o), pois o
desenvolvimento de práticas
psicológicas interventivas em
qualquer campo de atuação da
Psicologia sugere, no mínimo, um
conhecimento sobre fenômenos e
processos psicológicos que
caracterizem o objeto de
intervenção dessa(desse)
profissional” (CRP – PR, 2016).

Além do papel das instituições de ensino superior, destaca-se o


desconhecimento de alguns profissionais a respeito da legislação que
rege sua profissão.

Como afirmam Lago (et al., 2016), muitos psicólogos não possuem o
hábito de verificar as Resoluções emitidas pelo CFP.

Estas Resoluções e demais decisões e comunicados do CFP, são


constantemente disponibilizadas em seu site (www.cfp.or.br) e em
suas redes sociais (Facebook, You Tube, Twiter e Instagram) assim
como podem ser enviadas ao e-mail dos psicólogos (as), que assim o
desejarem, através de boletins e informativos mensais.

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Para receber estes e-mails, basta o psicólogo (a) acessar a página do
CFP e atualizar seus dados, assinalando a opção de recebe-los.

Outra forma de comunicar-se com os profissionais da categoria,


utilizada pelo CFP é através da “Revista Psicologia Ciência e Profissão”,
disponibilizada nas bibliotecas de faculdades e de universidades, bem
como na Plataforma SCIELO (http://www.scielo.org/php/index.php),
uma biblioteca eletrônica que possibilita acesso à uma coleção
selecionada de periódicos científicos e artigos completos, inclusive
brasileiros.

Considerando o fato de que a AP, baseia-se em evidências e para


garantir sua validade deve embasar-se, fundamentar-se na literatura
científica psicológica, (assim como os Documentos Psicológicos), o
profissional possui o dever de manter-se atualizado e bem informado,
utilizando-se de todos os recursos disponíveis.

Certamente, a soma de todos os fatores até agora aqui apontados,


ajuda-nos a compreender a existência de processos éticos, assim como
deixa claro que apenas através da união de esforços de todos os
psicólogos (individualmente e enquanto categoria.) será possível
reverter ou mitigar tal situação.

Evidencia-se ainda, a necessidade de revisão da qualidade do ensino da


AP na graduação e de uma formação continuada para um
aprimoramento eficiente (Padilha, Noronha e Fagan, 2007; Borsa,
2016;).

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“Os profissionais da psicologia,
deveriam ser leitores habilidosos,
uma vez que o cliente é uma
história ambulante. E mais do que
ler, dominar a interpretação, o que
na prática clínica se torna a
capacidade de enxergar além da
queixa. Porém, percebe-se que o
hábito da leitura não está presente
nos alunos do ensino superior. (...)
a dificuldade em escrever
documentos psicológicos, “está
relacionada ao deficiente
comportamento de leitura e
consequentemente à inabilidade
em aplicar determinado
conhecimento teórico” (Oliveira,
2018).

Imagem disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/10-dicas-de-


linguagem-corporal-para-identificar-um-mentiroso/

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Além disso, sugere-se que haja uma modificação no modo de
compreender o que é a AP, uma vez que esta não é simplesmente uma
área técnica da psicologia, que produz instrumentos para o psicólogo
atuar.

Trata-se de uma área da psicologia que observa e investiga eventos


psicológicos abrindo caminhos para a integração entre teoria e prática,
contribuindo para a evolução do conhecimento na psicologia e que
permite a objetivação e a operacionalização de teorias psicológicas.
Disso decorre que o avanço da AP não é um avanço simplesmente da
instrumentação, mas sobretudo das teorias explicativas do
funcionamento psicológico (Primi, 2003; 2010).

“A avaliação psicológica é
compreendida como um amplo
processo de investigação, no qual
se conhece o avaliado e sua
demanda, com o intuito de
programar a tomada de decisão
mais apropriada do psicólogo.

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Mais especialmente, a avaliação
psicológica refere-se à coleta e
interpretação de dados, obtidos por
meio de um conjunto de
procedimentos confiáveis,
entendidos como aqueles
reconhecidos pela ciência
psicológica” (Brasil, 2013).

2. Ressignificando a Avaliação Psicológica

Atualmente a avaliação psicológica é norteada por uma preocupação


com os avanços metodológicos, tecnológicos e teóricos, com a
qualificação e normatização dos instrumentos disponíveis, com a
necessidade de contextualização dos resultados obtidos, com a
validade consequencial e clínica dos testes e com a relevância social das
avaliações realizadas (Reppold, 2011).

Isso exige aproximar as práticas do desenvolvimento e da aplicação de


teorias que sejam empiricamente embasadas, dispor de instrumentos
psicológicos que forneçam dados confiáveis sobre a condição avaliada,
de forma coerente com a realidade do indivíduo e com os sofrimentos
aos quais esteja exposto. Assim como exige o desenvolvimento de
habilidades, no psicólogo, que lhe permitam identificar e intervir
positivamente em situações que envolvam violações de direitos
humanos (Reppold, 2011).

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Assim, para Reppold (2011), quando abordamos o tema da AP, não
estamos falando apenas sobre um assunto limitado a uma determinada
área, ou a um segmento isolado, que se dedica a criar instrumentos e
técnicas, mas sim, de um dos fundamentos mais gerais, e mais antigos
da psicologia, que está intrinsecamente ligado à ética, à promoção do
bem-estar e da saúde mental, à dignidade e à responsabilidade social.

A AP, é um procedimento clínico, que envolve um corpo organizado de


princípios teóricos, métodos e técnicas de investigação (tanto da
personalidade, como de outras funções cognitivas), tais como:
entrevista e observação clínicas, testes psicológicos, técnicas projetivas
e outros instrumentos de investigação clínica, escolhidos e empregados
de acordo com o referencial teórico, o objetivo e a finalidade. (Trinca,
1984; Arzeno, 2003; Ocampo et al., 2005;). Sem nos esquecermos, que
deverá estar também, de acordo com o contexto em que será utilizado.

Como dito anteriormente, a AP é um recurso promotor da atenção aos


Direitos Humanos, uma vez que o caráter preditivo das avaliações,
viabiliza que os indivíduos que apresentam demanda sejam
encaminhados a tratamentos condizentes com seu quadro, evitando
que sejam submetidos a tratamentos inócuos (Reppold, 2011).
A realização de uma AP de qualidade permite conhecer o outro, a
dinâmica do ser humano, mais profundamente, através de elementos
de reflexão, para o estabelecimento de novos parâmetros profissionais,
que não aqueles da discriminação e da segregação, que tantos danos
podem causar às pessoas.

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É fundamental ainda, que o psicólogo pondere se, os benefícios
trazidos por uma AP, serão maiores do que os possíveis prejuízos
advindos de uma avaliação imprecisa, realizada sem respaldo técnico-
científico e sem respeitar o avaliando em um momento de
susceptibilidade.
Para tanto, o psicólogo deve ter clareza a respeito de sua formação e de
sua capacidade, ou não, de realizar plenamente uma avaliação, capaz de
ofertar indicadores reais para futuras tomadas de decisões.
Mesmo sendo o profissional um especialista na aplicação de algum
instrumento, somente esta característica não pode ser definitiva em sua
prática. Além disso, é necessário que o psicólogo possa aliá-la à
situação-contexto na qual esta avaliação foi solicitada e, portanto,
possa interpretar corretamente os resultados provenientes dela (Hutz,
2009).
Groth-Marnat (1984) salienta a importância do profissional se
familiarizar com as reais necessidades do usuário, observando que,
muitas vezes, psicólogos competentes acabam por “fornecer uma
grande quantidade de informações inúteis para as fontes de
encaminhamento”, (através dos documentos psicológicos), por falta de
uma compreensão adequada das verdadeiras razões que motivaram o
encaminhamento ou, em outras palavras, por desconhecimento das
decisões que devem ser tomadas com base nos resultados da avaliação
psicológica.

Para o referido autor, o psicólogo clínico deve “entender o vocabulário,


o modelo conceitual, a dinâmica e as expectativas da fonte de
encaminhamento”.

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Como sabemos, os processos de AP, demandam, ao seu final, a
elaboração de documentos, que terão por finalidade a devolução dos
resultados encontrados, fundamentados em bases teóricas
reconhecidas sobre determinada demanda, auxiliando a tomada de
decisões.

Esses documentos sintetizam dados importantes sobre a situação e o


problema que lhes deu origem, além de auxiliar na tomada de decisão
quanto ao tratamento ou encaminhamento necessários. Em função da
permanência que adquirem no tempo, podem manter sua influência
sobre casos, por muitos anos além do período avaliativo, exigindo, em
consequência, cuidados especiais em sua escrita (Rovinski e Lago, in
Hutz et al., 2016).

A Resolução Nº 004/2019 do CFP (Brasil, 2019), que revoga as


Resoluções Nº 15/1996 e Nº007/2003 preconiza em seu Art. 6º:

“Art. 6º O documento psicológico


constitui instrumento de
comunicação que tem como
objetivo registrar o serviço
prestado pela(o) psicóloga(o).

§1º A(o) psicóloga(o) ao redigir o


documento psicológico, devem
expressar-se de maneira precisa,
expondo o raciocínio psicológico
resultante de sua atuação
profissional.
26
O texto do documento deve ser
expresso a partir de um
encadeamento de frases e
parágrafos que resultem em uma
articulação de ideias,
caracterizando uma sequencia
lógica de posicionamentos, que
representem o nexo causal
resultante de seu raciocínio.

§ 2º A linguagem escrita deve


basear-se em nas normas cultas da
língua portuguesa, na técnica da
Psicologia, na objetividade da
comunicação e na garantia dos
Direitos Humanos (observando os
Princípios Fundamentais do Código
de Ética Profissional do Psicólogo e
as Resoluções CFP 01/1999,
018/2002 e 01/2018).

27
§ 3º Os documentos técnicos
resultantes da atuação profissional
não correspondem às descrições
literais dos atendimentos
realizados, salvo quando tais
descrições se justifiquem
tecnicamente, e devem ser escritos
de formas impessoal, na terceira
pessoa, com coerência que
expresse a ordenação de ideias e a
interdependência dos diferentes
itens da estrutura dos
documentos.”

O psicólogo, deve então, não apenas oferecer resultados de testes, mas


discutir seus dados de forma que façam sentido à demanda de seu
cliente auxiliando-o na compreensão e na solução de seus problemas
(Groth-Marnat, 2003; Lichtenberger, Mather, Kaufman & Kaufman,
2004).

E mais, o psicólogo deve certificar-se de que o documento não


apresentará erros ortográficos ou mesmo de digitação, que seja escrito
de forma lógica e sequencial, de forma impessoal, coerente e ordenada,
e é claro, tomando cuidado para não se expressar de forma a ferir
Direitos Humanos.

28
Destaca-se aqui, a importância de uma escrita que não seja uma
descrição literal de tudo que foi falado durante os atendimentos,
entrevistas, avaliações, etc.

O que se espera do psicólogo é a produção de um documento que


expresse, de maneira clara, coerente, consistente, fundamentada
técnica e cientificamente, o raciocínio do psicólogo, obtido através de
sua atuação. Ou seja, que o mesmo, seguindo o roteiro estipulado ne
referida Resolução, escreva suas conclusões, sempre baseadas em
referências bibliográficas (com a fonte citada no rodapé), reconhecidas
cientificamente e considerando a natureza dinâmica do fenômeno
psicológico.

*Os documentos psicológicos decorrentes de AP, bem como a


Resolução CFP Nº 004/2019, receberão uma atenção mais detalhada no
decorrer deste curso, como previsto em sua programação.

Neste sentido Primi (2010), afirma que os instrumentos de avaliação,


podem integrar diferentes abordagens, a fim de caracterizar de maneira
mais global cada indivíduo, de maneira a trazer vantagens, servindo ao
atendimento mais amplo das pessoas.

“A literatura tem apontado que as práticas mais


competentes e eticamente compromissadas, são
aquelas que se utilizam de todos os recursos
disponíveis (abordagem multimétodo com
instrumentos diversos e outros procedimentos)
e em todos os níveis importantes (testes,
pessoas e contexto)” (Primi, 2010).
29
No caso dos testes psicológicos, especificamente, os resultados obtidos
podem ou não, ser apresentados os escores brutos e ponderados.

No entanto, Segabinazi (2016) alerta que é desejável que a análise de


dados realizada em um documento psicológico, inclua a interpretação
de acordo com os percentis ou com as classificações (em termos de
níveis de habilidades nas funções avaliadas) propostas pelos testes ou,
ainda, em termos de desvios – padrão em relação à média.

O autor acima citado, destaca ainda, que também se incentiva que os


profissionais utilizem gráficos para simplificar a apresentação, mas os
dados expostos graficamente devem ser explicados no texto do laudo,
de forma que os resultados não fiquem sem esclarecimentos. Da
mesma forma, o autor considera desejável que referências sejam
incluídas nos documentos psicológicos produzidos, “pois permite que
outros profissionais e familiares tenham acesso à informação sobre o
embasamento utilizado pelo psicólogo para realizar as inferências feitas
durante a avaliação”.

“Não existe a possibilidade de o


psicólogo trabalhar sem uma teoria
de base, uma vez que os
fenômenos são observados e
analisados à luz de pressupostos
teóricos, em um processo
interativo” (Krug et al., 2016).

30
Denota-se, portanto, que além de se tratar de um complexo processo
de análise que exige do psicólogo um grande preparo técnico, a AP
exige ainda um aprofundamento do conhecimento teórico, que
extrapola o conhecimento presente nos manuais que acompanham os
testes psicológicos (Borsa, 2016).

Assim, novamente salienta-se que o psicólogo que trabalha com AP


precisa – e deve – atualizar constantemente seus conhecimentos
teóricos e práticos, mas, que, nada disso será suficiente se ele não atuar
de forma ética e responsável, visando o bem-estar daquele que procura
por seus serviços e fazendo inferências após a integração dos dados
colhidos com diferentes técnicas e em múltiplas fontes durante a
avaliação (Segabinazi, 2016).

É fundamental que o psicólogo


possa se apoiar no conhecimento
científico que adquiriu e em
publicações sérias, como artigos
científicos e capítulos de livros,
nacionais e internacionais, para
selecionar técnicas que permitam
observar o comportamento do
paciente de forma mais criteriosa
(Segabinazi, 2016).

31
Esse conhecimento certamente será incrementado, a medida em que o
psicólogo busca atualizar-se, informar-se, capacitar-se e, com certeza,
na medida realiza AP no seu cotidiano, supervisões com colegas mais
experientes, engajando-se em pesquisas, dentre outras formas.

O Código de Ética Profissional do Psicólogo (Brasil, 2005), inciso IV dos


“Princípios Fundamentais” da profissão, estabelece:

“IV. O psicólogo atuará com


responsabilidade, por meio do
contínuo aprimoramento
profissional, contribuindo para o
desenvolvimento da Psicologia
como campo científico de
conhecimento e de prática” (Brasil,
2005).

Sempre mantendo o compromisso ético e humano, que conduza à


compreensão das técnicas utilizadas, suas funções, vantagens e
limitações. E, com o objetivo de não rotular, mas sim, descrever, por
meio de técnicas reconhecidas e de uma linguagem apropriada, o
melhor entendimento de alguns aspectos da vida de uma pessoa
(Oliveira, 2018).

Não se pode ignorar que o processo de AP intervém em vidas


singulares, em grupos e em organizações e dessa forma é preciso
considerar que a estes sofrerão mudanças, a partir do momento em que
forem submetidos a uma AP.

32
Além disso, a AP é um processo capaz de afetar o indivíduo avaliado,
seu comportamento, seus sentimentos e seus reações, produzindo
efeitos justamente nos processos de subjetivação com os quais lidamos.
Assim, eles são de responsabilidade de quem realiza o trabalho de
avaliação psicológica (Machado, 2011).

“(...) a avaliação psicológica faz parte de


um campo de forças, produz realidades e
tem como objetivo investigar formas de
afetar as relações instituídas para alterar
as condições que produzem
enfraquecimento, sofrimento e
adoecimento. Avaliamos, portanto, a
potência de mudanças em vidas e
situações singulares. E a potência
aumenta ou diminui conforme as
possibilidades que criamos” (Machado,
2011).

Imagem disponível em: http://www.haciendachicureoclubdegolf.com/lll-


encuesta-de-satisfaccion-para-socios-del-club/

33
Quanto mais buscamos e aprendemos, maiores condições de realizar
uma avaliação psicológica, ampla, abrangente, responsável e, que
perceba o indivíduo avaliado como um todo, de forma mais completa,
respeitosa e sensível.

Nossa postura profissional e a relação que estabelecermos com o


indivíduo avaliado será capaz de minimizar prejuízos e/ou potencializar
capacidades.

E, para isso, podemos integrar técnicas e recursos reconhecidos pela


psicologia, a fim de oferecermos não apenas resultados coerentes e
válidos, mas que também demonstrem preocupação com o bem-estar
daquela pessoa que se encontra sob sua responsabilidade profissional.

3. Mais do que o domínio de competências... a compreensão.

Cada vez mais a AP é uma prática considerada de grande importância,


realizada em situações específicas, em que seja necessário a ampliação,
refinamento ou esclarecimento de um problema (Nascimento, 2001).

Segundo o Manual de Diagnóstico Psicodinâmico (PMD, sigla em inglês)


(PMD Task Force, 2006), é um trabalho que podemos chamar de clínico,
entendendo aqui um procedimento que focaliza a pessoa como única.
Clínico não indica que este procedimento ocorra apenas em
consultórios, sejam públicos ou privados. Podemos entender a situação
clínica como o enfoque em que cada pessoa é considerada em sua
dimensão completa e complexa, em que os aspectos parciais têm uma
configuração diversa quando inseridos no conjunto das características
globais do indivíduo.

34
Este modo de compreensão inclui a capacidade emocional e social da
pessoa e a compreensão dinâmica de seus sintomas (PDM Task Force,
2006).

O Manual de Diagnóstico Psicodinâmico oferece um modelo de


compreensão de um indivíduo, que inclui algumas capacidades das
pessoas. Esta proposta de modelo para uma AP (PDM Task Force, 2006;
Bornstein, 2011), abrange a compreensão de uma pessoa a partir de:

• sua habilidade para perceber a si mesmo e aos outros de forma


complexa, estável e precisa;
• sua habilidade para manter relações satisfatórias com os outros,
incluindo relações próximas;
• seu modo de experienciar e manifestar seus afetos;
• sua capacidade para controlar os impulsos e usar defesas de um
modo adaptativo;
• sua competência para responder de acordo com um código de
moral maduro;
• sua capacidade de percepção da realidade e de se restabelecer
sem dificuldades em de situações negativas, assim como
• sua disponibilidade de recursos para enfrentar situações
estressantes.

Para Nascimento & Resende (2014), para compreender a dinâmica


individual de uma pessoa em uma AP devemos integrar os dados das
entrevistas, das observações, do vínculo estabelecido com a pessoa,
com a consideração relativa à situação para a qual estamos realizando
aquela avaliação.
35
Se, a estes dados, forem relacionados os resultados de testes
psicológicos utilizados como um dos instrumentos de avaliação, “a
margem de segurança será maior, especialmente se os instrumentos
forem padronizados e evidenciarem bons resultados psicométricos
(validade, precisão). Os números levantados por meio dos resultados
dos testes não responderão às nossas questões quando estamos diante
do cliente e temos que dar alguma orientação ao caso. Esses números
precisam de uma interpretação e de uma compreensão. É importante
ressaltar que nenhum resultado de teste tem vida própria. Dados
obtidos em entrevista e nas observações são elementos fundamentais
para a compreensão dos dados obtidos nos testes.” (Nascimento &
Resende, 2014).

As referidas autoras propõem então, a seguinte pergunta: De onde


virão as respostas às indagações da AP: da psicologia ou da estatística?

“A resposta a esta questão é que


quando fazemos uma avaliação
psicológica não trabalhamos com a
estatística ou com a psicometria,
dado que esta não tem por objetivo
interpretar dados, mas fornecer
resultados confiáveis.

36
Nós temos que compreender a
pessoa, sua fala, sua mensagem,
seu consciente e seu inconsciente:
por que é este o material que está
nos trazendo agora? Por que está
falando isto para mim? Por que está
respondendo assim a este teste?”
(Nascimento & Resende, 2014).

Portanto, afirmam as mesmas, fazer uma avaliação psicológica implica


compreender de forma dinâmica e individual a pessoa avaliada, usando
os referenciais das pesquisas na área, que oferecem maior objetividade
ao trabalho, mas também utilizando a compreensão psicológica para
dar sentido ao que os dados psicométricos trazem de conhecimento.

A AP é uma atividade que deve contribuir para a compreensão da


pessoa, um trabalho que pode ser chamado de “artesanal”, onde caso
deve ser tomado em sua totalidade, mas de forma completamente
individual, onde elementos do trabalho nomotético (relativo às normas)
devem se integrar com elementos idiográficos (consideração ao
individual), de forma clara, coerente e profunda. Não menos importante
é a capacidade de relacionar-se com a pessoa avaliada, pois testes, por
mais eficientes que sejam, não substituem qualquer informação advinda
da interação entre examinando e psicólogo.

37
Neste sentido, um preparo específico deve ser dedicado para que o
psicólogo possa exercer adequadamente sua função, quando se trata
de realizar uma AP (Nascimento & Resende, 2014).

Dessa forma seremos capazes de compreender mais o ser humano,


contribuindo efetivamente para uma reflexão contínua sobre a prática
profissional e sobre os princípios éticos que devem orientá-la.

Ademais, os resultados da avaliação devem considerar e analisar os


condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a
finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente
sobre o indivíduo, mas em todo contexto social e histórico no qual ele
se insere. É um processo que vai além de investigar o que é patológico
ou não. Passa a ter como enfoque a compreensão acerca da
subjetividade de determinado indivíduo, visando seu benefício. E, cabe
ao psicólogo buscar, da melhor maneira possível, apreender a relação
entre saúde mental e subjetividade, considerando sua dimensão social
(Cescon, 2013).

4. AVALIAR: uma reflexão contínua

De acordo com o Dicionário Aurélio de Português (Ferreira, 1999), a


definição de “avaliar” é: “determinar o valor de; compreender; apreciar,
prezar; reputar-se; conhecer o seu valor”.

Percebe-se que, em sua definição, não encontramos expressões como


“mensurar; medir; definir; calcular” ou mesmo “aferir”.

38
Novamente evidencia-se que, quando falamos em AP, não estamos
falando em apenas em métodos quantitativos de mensuração das
qualidades de um sujeito, nem mesmo em uma classificação nosológica.

Estamos falando em aprofundar conhecimentos sobre um determinado


indivíduo como um todo, em sua dimensão emocional, seus vínculos,
características cognitivas, identificações, dificuldades, etc.,
considerando-o como um ser inserido em contextos variados (social,
biológico, familiar, histórico, político, entre outros), sem reduzi-lo ao
papel de um objeto protocolável, ressignificando a utilização de testes e
dos demais métodos de AP.

E enquanto profissionais estamos incluídos nesse contexto, podendo


interferir, como vimos, positiva ou até mesmo negativamente, de
acordo com o modo como estabelecemos contato e vinculamos com a
pessoa em avaliação. Por isso, a importância de ressignificarmos esse
processo que teve seu início no final do Século XIX, utilizando-se de
medidas e métodos classificatórios, utilizando-se de um modelo onde o
uso de testes era fundamental e sobre o qual não havia nenhum
questionamento, trazendo grande credibilidade à Psicologia (Macedo,
2004).

Os psicólogos clínicos, a maior parte do tempo, forneciam dados de


testes padronizados para facilitar e suportar um diagnóstico diferencial
e fazer o planejamento do tratamento (Weiner & Greene, 2008).

Porém, grandes avanços foram concebidos.

39
Os testes tornaram-se instrumentos auxiliares da AP, sendo utilizados
quando é preciso fundamentar o trabalho com material fidedigno,
passível de reaplicação, que chegue a conclusões confiáveis em curto
espaço de tempo para uma tomada de decisões.

Algumas vezes pode-se enriquecer uma avaliação, com uma produção


que vá além da entrevista, de observações, análise de documentos ou
de materiais construídos pelo examinando, ou outras formas de se
conhecer uma pessoa (Primi, Nascimento & Souza, 2004).

Esses avanços fomentaram uma reflexão contínua, uma revisão, uma


ressignificação do processo de AP, despertando questionamento
fundamentais, como proposto por Machado (2011), que veremos a
seguir:

“Qual o objeto da avaliação psicológica? Sobre o que temos realizado um


trabalho no qual elegemos valores, do qual apreciamos o mérito? Esse
objeto tem sido denominado aspectos psicológicos de uma pessoa”.

Mas, para a referida autora (Machado, 2011), temos dois problemas, ao


definirmos o objeto da AP, como sendo “os aspectos psicológicos de
uma pessoa”. São eles:

1º. “Não existem ‘os aspectos psicológicos’ de uma pessoa”;

2º. “A vida psíquica, como um objeto a ser avaliado, foi constituída


sob certas condições de possibilidades históricas.

40
Os objetos que elegemos não são naturais: o casamento, a
adolescência, os problemas escolares, a depressão, o autismo, a
criança, o aluno e o bebê são efeitos de relações, não existem em si,
constituem-se no decorrer da história”. (Grifo meu)

O indivíduo, portanto, para Machado (2011), é instituído por relações de


saberes, por práticas, por relações de poder. Ele é efeito de um campo
múltiplo de forças, uma construção histórica.

“Podemos então concluir: não


existem causas individuais para os
fenômenos da vida, pois eles não
são individuais, não são de
ninguém. São efeitos que se
engendram em uma rede de
relações. As possibilidades de
pensamento, de alegria e de
produção de conhecimento, não
são definidas por questões
consideradas individuais”
(Machado, 2011).

Para Machado (2011), o trabalho de AP imprime uma força, é uma força:


“Qualquer trabalho que se proponha a interpretar uma situação altera o
campo de forças daquela situação, pois a interpretação é sempre uma
escolha em um campo amplo de possibilidades”.

41
E assim o faz o psicólogo, ao iniciar um processo de AP, uma vez que ele
possui a prerrogativa de decidir de que forma realizará a investigação
dos fenômenos psicológicos e como fundamentará suas conclusões.

A mesma destaca que, a situação a ser avaliada, ora, serão dificuldades


emocionais, dificuldades intelectuais, adversidades nas situações
familiares que fazem parte do campo de forças de uma determinada
situação. Mas, quando esses acontecimentos são tratados como
existências em si (“as” dificuldades, “as” adversidades, etc.), tornam-se
objetos.

E, ao se realizar a AP, remetendo-se a um funcionamento ideal, reforça-


se a ideia de que algo está faltando para se alcançar o ideal: faltaria
capacidade, faltaria estrutura psíquica, faltaria um bom funcionamento
familiar, faltaria uma professora com tempo (Machado, 2011).

“Uma escrita que usa o verbo ser e fala dos


sujeitos como dados. E, assim, cria-se um
circuito: esses sujeitos se tornam objetos de
avaliações psicológicas que produzem a
sensação de falta nesses sujeitos-objetos.
Dessa forma, produz-se um efeito de
verdade: acreditar que conflitos,
dificuldades e dúvidas são
problemas/causas a serem eliminados”
(Machado, 2011).

42
Por fim, pergunta-se a autora: O conflito é ruim? Apresentar
dificuldades é algo que não deveria acontecer? Uma professora deve
sempre conseguir os resultados que almeja? (Machado, 2011).

Imagem disponível em: https://www.jrmcoaching.com.br/blog/voce-


nasceu-para-solucionar-problemas/

Não seria a AP uma oportunidade de possibilitar a mudança, o


crescimento, a evolução ou a reflexão, realizando o psicólogo, uma
escuta compreensiva a partir de todas as informações coletadas?

Sob essa ótica, é possível ao psicólogo imprimir uma força que


ressignifique esse processo, enquanto uma valiosa oportunidade de
mudar aquilo que é tido como objeto da avaliação, pois trata-se de uma
situação, onde potenciais e soluções podem ser descobertos e assim
apontar a direção para novos caminhos, no sentido do crescimento.

De acordo com Machado (2011): “Acessar o campo de relações requer


ruptura com esse tipo de escrita e discurso”, que olham para o sujeito
como dados e objetos.

43
Devemos atentar para o fato de que, é possível conhecermos pessoas
com problemas graves e com muita força para lutar, assim como é
possível estabelecermos relações que conseguem imprimir novas
direções em uma história, pois (...) “aquilo que elegemos como uma
questão a ser avaliada habita, também, a relação na qual a avaliação
psicológica se dá” (Machado, 2011).

Surge então, o convite para um olhar mais humanizado e sensível sobre


o dito “objeto” avaliado e os fenômenos psicológicos, que se torna
possível quando a AP caminha também, no sentido de potencializar os
aspectos positivos, o que é saudável, e criar possibilidades de
mudanças.

Resulta fundamental aqui destacar, mais uma vez, as reflexões de


Machado (2011), com relação ao objetivo da AP, de afetar as relações de
saber e poder e, com isso, buscar as possibilidades de alterá-las na
direção de um movimento de potencialização de vida, de criação, de
saúde, de produção de conhecimento.

“Seu objeto é o funcionamento


desse campo (e a pessoa
encaminhada, com sua maneira de
viver, faz parte e se constitui nesse
campo, sendo, portanto,
fundamental para a sua
compreensão)” (Machado, 2011).

44
Pouco se consegue quando um relatório termina descrevendo o
funcionamento psíquico e analisando os fatos como se o que faltasse
fosse a compreensão dessas descrições e análises pelos outros. Para
que essas descrições e análises afetem em uma certa direção escolhida,
deve-se assumir que a AP cria verdades, cria realidades e não apenas as
revela. Que realidades podemos/queremos criar? (Machado, 2011).

Santos (2011), vem corroborar com tais afirmações, ao evidenciar que é


impossível minimizar o impacto que os resultados das avaliações
psicológicas têm para as pessoas, grupos e para a sociedade. Mas,
reforça o mesmo, que nem por isso, a Psicologia pode se furtar à difícil
tarefa de avaliar, sabendo do perigo do uso indevido para a rotulação
que pode ser estigmatizante.

Qualquer conhecimento pode ser usado para o bem e para o mal. O


diagnóstico psicológico pode ser utilizado para ajudar pessoas,
promover o autoconhecimento e informá-las sobre suas oportunidades,
ou ser um instrumento de rótulo e exclusão. Portanto, fazer ou deixar
de fazer um diagnóstico pode ter os mesmos efeitos danosos, vai
depender do efeito provocado no examinando – o de inclusão ou de
exclusão do seu grupo social (Rovinski, 2006).

45
“Para se tornar uma avaliação
psicológica válida é preciso
observar os princípios éticos,
técnicos, coerência teórica e
metodológica, bem como a
responsabilidade social com as
informações que o psicólogo
constrói ou que irá construir sobre
os sujeitos que atende/atenderá, as
quais poderão subsidiar tomadas de
decisões sobre a vida dessas
pessoas. Além disso, elas
expressam o tipo de compromisso
que se assumiu perante a
sociedade” (Reppold, 2011).

A psicologia vem avançando de forma significativa na busca por


instrumentos e técnicas que possibilitem não apenas a compreensão
dos fenômenos psicológicos como resultado de múltiplos fatores
(Cescon, 2013), como também tem avançado na formação de uma visão
mais abrangente da própria AP e dos indivíduos nela envolvidos
(paciente e psicólogo).

Dentro desse processo de AP ampliada, global, humanizada, os esforços


se dão no sentido de percebermos que a “AP pode ser um importante
momento de escuta, uma oportunidade para que o próprio sujeito

46
possa compreender sua realidade, adquirindo assim, uma visão crítica
de si mesmo e do mundo, portanto, uma ação que pode ser
transformadora em si” (Cescon, 2013).

Imagem disponível em: https://www.naoviolencianasescolas.org/single-


post/2017/05/03/A-A%C3%A7%C3%A3o-Transformadora-do-Ser-Humano

5. Conclusão

Investigar e analisar as características individuais de cada sujeito,


também significa considerar o contexto social e histórico em que está
inserido, é considerar “aspectos fundamentais” para a compreensão da
subjetividade do mesmo. E reconhecer que seu comportamento, seu
pensamento, sua visão do mundo, foram construídos ao longo de sua
história, não são inatos, tampouco são estáticos (Cescon, 2013).

47
A Cartilha de Avaliação Psicológica do Conselho Federal de Psicologia
(Brasil, 2013), define a avaliação psicológica como:

“...um processo técnico e científico


realizado com pessoas ou grupos
de pessoas que, de acordo com
cada área de conhecimento, requer
metodologias específicas. Ela é
dinâmica e constitui-se em fonte de
informações de caráter explicativo
sobre os fenômenos psicológicos,
com a finalidade de subsidiar os
trabalhos nos diferentes campos de
atuação do psicólogo, dentre eles,
saúde, educação, trabalho e outros
setores em que ela se fizer
necessária.

Trata-se de um estudo que requer


um planejamento prévio e
cuidadoso, de acordo com a
demanda e os fins para os quais a
avaliação se destina” (CFP, 2013).

48
Esse planejamento prévio e cuidadoso, preconizado pelo CFP, deve
considerar o contexto histórico e social em que o indivíduo a ser
avaliado, está inserido, a fim de que se possa compreender o que, de
fato, está acontecendo com o mesmo e qual a origem do
comportamento, do pensamento, dos fenômenos psicológicos que
provocaram tal demanda.

O CFP (Brasil, 2013), complementa e esclarece:

“Segundo a Resolução CFP nº


007/2003, “os resultados das
avaliações devem considerar e
analisar os condicionantes
históricos e sociais e seus efeitos no
psiquismo, com a finalidade de
servirem como instrumentos para
atuar não somente sobre o
indivíduo, mas na modificação
desses condicionantes que operam
desde a formulação da demanda
até a conclusão do processo de
Avaliação Psicológica”.

Cabe enfatizar que os resultados


das avaliações psicológicas têm
grande impacto para as pessoas, os
grupos e a sociedade”. (Brasil, 2013)

49
A AP, é compreendida, portanto, como um amplo processo de
investigação, no qual se conhece o avaliado e sua demanda, com o
intuito de programar a tomada de decisão mais apropriada do
psicólogo. Mais especialmente, a avaliação psicológica refere-se à
coleta e interpretação de dados, obtidos por meio de um conjunto de
procedimentos confiáveis, entendidos como aqueles reconhecidos pela
ciência psicológica” (Brasil, 2013).

Um planejamento prévio e cuidadoso do processo de AP, é de


responsabilidade do psicólogo, assim como planejar e realizar o
processo avaliativo com base em aspectos técnicos e teóricos, visando
o bem-estar daquele que procura por seus serviços ou é encaminhado
por outros meios, integrando os dados obtidos a fim de auxiliar na
melhor tomada de decisões e no planejamento das intervenções e dos
tratamentos mais adequados.

Esse planejamento requer uma organização detalhada do processo, que


inclui desde a escolha do número de sessões para a sua realização, a
escolha das questões a serem respondidas, bem como de quais
instrumentos/técnicas de avaliação fidedignos, serão utilizados.

Para tanto, o profissional poderá se valer dos seguintes elementos,


estabelecidos pelo CFP (Brasil, 2013):

1. contexto no qual a avaliação psicológica se insere;


2. propósitos da avaliação psicológica;
3. construtos psicológicos a serem investigados;
4. adequação das características dos instrumentos/técnicas aos
indivíduos avaliados;
50
5. condições técnicas, metodológicas e operacionais do instrumento
de avaliação.

Por fim, de acordo com o CFP (2013), compete ao psicólogo analisar


criticamente os resultados obtidos, com o intuito de verificar se
realmente forneceram elementos seguros e suficientes para a tomada
de decisão de acordo com o contexto de atuação.

Nesse sentido, Lane (1987), alerta sobre o perigo de pensarmos em uma


avaliação que tem como ênfase, apenas investigar se determinado
sujeito se encaixa dentro de uma classificação puramente nosológica,
ou seja, que trata apenas de classificar diferentes patologias.

Para tanto, é preciso ter em mente, que o trabalho do psicólogo


consiste em tentar captar um sentido individual, utilizando em sua
atuação um enfoque que busca apreender o que está implícito na fala
do sujeito, contextualizando sua realidade (Cescon, 2013).

“O desafio é pensar em formas de


avaliações psicológicas que
consigam abranger o indivíduo sem
descaracterizar o contexto social e
histórico em sua totalidade.

51
Isso, demanda de uma constante
reflexão e aperfeiçoamento de
técnicas e saberes, pois a realidade
é dinâmica, e não se pode esquecer
que o próprio observador tem suas
próprias concepções, que podem
acabar interferindo no fenômeno
que é observado” (Cescon, 2013).

O desafio, portanto, não se faz presente apenas no momento de


organizar e planejar uma AP, ou na escolha dos métodos, técnicas e
instrumentos que serão utilizados.

O desafio se apresenta também, no momento de expressar as


considerações geradas na AP e na decisão de quais informações
merecem destaque, ou serão suprimidas, para que sua conclusão esteja
relacionada à demanda inicial, possibilitando a compreensão do caso e a
elaboração das futuras decisões que a partir daí serão tomadas.

O momento de informar os resultados da AP – por escrito ou oralmente


– é uma etapa imprescindível desse processo, que será abordada mais
adiante.

Por hora, cabe destacar que o Código de Ética Profissional dos


Psicólogos (Brasil, 2005), em sua alínea g, do Art. 1º, esclarece:

“Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação


de serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário
para a tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário”.

52
Todos os que se submetem a uma AP, possuem o direito de saber o que
foi constatado a seu respeito. Em determinadas situações, como é o
caso de concursos públicos, os resultados podem ser fornecidos apenas
por escrito (Nascimento & Resende, 2014).

No entanto, em situações clínicas, as denominadas entrevistas de


devolução devem ser sempre realizadas ao final do processo, quando o
psicólogo pode “dar vida” aos resultados encontrados, ampliando o
que suas interpretações indicam, à luz daquilo que a pessoa avaliada
acrescenta a essa entrevista (que não é necessariamente uma),
integrando também as informações trazidas nas entrevistas iniciais
(Nascimento & Resende, 2014).

Trata-se de uma oportunidade para o avaliando refletir e compreender


os dados obtidos na AP, junto do psicólogo, que oferecerá informações
novas à pessoa avaliada e poderá informa-la sobre as intervenções e
ações que deverão ser tomadas (caso seja necessário).

Nessa etapa da AP, o profissional deve utilizar-se de linguagem


adequada à faixa etária do avaliando, ou seja, sempre utilizando-se de
recursos que facilitem sua compreensão, como por exemplo, atividades
lúdicas com crianças (nesses casos, assim como com adolescentes, os
pais ou responsáveis devem estar presentes).

53
No caso do documentos por escrito, o psicólogo deve ter o cuidado
para ser fiel aos resultados da AP, bem como as informações constantes
nesses documentos devem ater-se apenas ao que está sendo avaliado,
principalmente quando estes documentos deverão ser encaminhados
para terceiros, de forma a não expor a vida do avaliando, violando seu
direito à privacidade.

Como foi possível denotar, A AP é uma atividade complexa, que se


constitui na busca sistemática de conhecimento a respeito do
funcionamento psicológico das pessoas, de tal forma, que pode
orientar ações e decisões futuras. Esse conhecimento é sempre gerado
em situações que envolvem questões e problemas específicos (Primi,
Nascimento & Souza, 2003).

Além disso, a avaliação psicológica deve ser capaz de promover a


autonomia humana e a integridade do ser humano, considerando os
fatores sociais, culturais, ideológicos, a fim de possibilitar uma visão
global de cada sujeito bem como, a compreensão dos fenômenos
psicológicos, enquanto resultado de múltiplos fatores (Cescon, 2013).

Para tanto, Cescon (2013) sugere o do uso de entrevistas, enquanto


instrumento de AP, como uma das alternativas eficientes para se ter
acesso diferenciado à realidade do sujeito, uma vez que, é através da
fala, que se pode ter acesso à sua subjetividade, experiências e
vivências.

54
“A avaliação pode ser um
importante momento de escuta,
uma chance para que o próprio
sujeito possa compreender sua
realidade, adquirindo assim uma
visão crítica de si mesmo e do
mundo, portanto, uma ação que
pode ser transformadora em si
mesma.” (Cescon, 2013)

Novamente recebe destaque a importância de o psicólogo considerar


os contextos e os propósitos de cada AP, para então determinar quais
instrumentos e técnicas utilizará, do início ao fim desse processo,
utilizando a demanda como um ponto de partida e de chegada para sua
investigação.

Segundo o CFP (Brasil, 2007), a escolha adequada de um


instrumento/estratégia é complexa e deve levar em conta os dados
empíricos que justifiquem simultaneamente o propósito da avaliação,
associado aos contextos específicos.

A escolha dos instrumentos de avaliação que serão utilizados, guiará o


psicólogo às suas conclusões, mais especificamente ao levantamento, à
integração e à análise dos resultados, à relação destes com a dinâmica e
estrutura da personalidade do indivíduo avaliado e a encaminhamentos
coerentes. Estes elementos irão compor o documento escrito,
respaldado teoricamente, bem como a entrevista devolutiva.
55
O CFP (Brasil, 2003) esclarece ainda que, os resultados das avaliações
devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e
seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como
instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na
modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da
demanda, até a conclusão do processo de AP.

Para tanto, o foco da atenção na AP deve estar na pessoa examinada e


não exclusivamente em torno do instrumento de avaliação. A conduta
do psicólogo deve buscar compreender os possíveis efeitos
intervenientes que repercutem na qualidade e validade dos dados, tais
como o cansaço, os problemas na cooperação e a distorção consciente
e intencional das respostas. Caso contrário, corre-se um risco
importante de se encontrarem resultados inválidos (Tavares, 2003).

Mas, a maneira como os instrumentos são usados pelo psicólogo é de


importância fundamental para que área seja vista como profissional e
cientificamente responsável perante a sociedade (Tavares, 2010).

O mesmo se aplica à postura profissional e à elaboração dos


documentos psicológicos, que podem validar e legitimar a profissão em
si, elevando cada vez a psicologia como ciência e profissão, baseada na
triangulação ciência, legislação e vetores éticos.

56
Assim:

“Torna-se imperativo a recusa, sob


toda e qualquer condição, do uso
dos instrumentos, técnicas
psicológicas e da experiência
profissional da Psicologia na
sustentação de modelos
institucionais e ideológicos de
perpetuação da segregação aos
diferentes modos de subjetivação.
Sempre que o trabalho exigir,
sugere-se uma intervenção sobre a
própria demanda e construção de
um projeto de trabalho que aponte
para a reformulação dos
condicionantes que provoquem o
sofrimento psíquico, a violação dos
direitos humanos e a manutenção
das estruturas de poder que
sustentam condições de dominação
e segregação” (Brasil, 2003).

Como vimos até aqui, a AP é um processo que evolui e que


constantemente se modifica. E que exige do profissional da Psicologia,
constante busca por informações e atualizações.

57
Se constitui em fonte de informações de caráter explicativo sobre os
fenômenos psicológicos, visando dar subsídio para trabalhos realizados
nas diversas áreas de atuação do psicólogo, entre elas, saúde,
educação, trabalho, sempre que houver necessidade (Santos, 2011),
contribuindo assim para a evolução do conhecimento na psicologia.

Trata-se de uma escuta compreensiva, de uma síntese, realizada pelo


psicólogo a partir de todas as informações coletadas durante a AP.
Capaz de dar respostas, prever comportamentos, orientar e sugerir
procedimentos e acima de tudo, capaz de oferecer ao sujeito avaliado
uma visão crítica de si mesmo e do mundo em que vive.

Por isso, a importância da “ação ética, que pressupõe o respeito pela


dignidade e pelos direitos das pessoas; o cuidado com o bem-estar das
pessoas; o zelo pelos dados coletados e pelo modo de armazená-los; o
cuidado com o modo como a informação ou os resultados derivados da
avaliação serão utilizados (para evitar o mau uso dessas informações); o
zelo pela segurança e preservação dos testes” (Tavares, 2010), entre
tantas outras questões relevantes, relativas à AP, ao uso de testes e à
produção de documentos psicológicos.

58
Imagem disponível em:
https://www.ghc.com.br/noticia.aberta.asp?idRegistro=11504

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