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Avaliação Psicológica e Elaboração de Documentos Psicológicos:


Diretrizes Básicas

ASPECTOS HISTÓRICOS DA TESTAGEM E

DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, a psicologia tem passado por um processo evolutivo


e, paralelamente a isso, vem aumentando a necessidade de se avaliar os
domínios psicológicos de forma precisa, a fim de que seus profissionais
se tornem cada vez mais capazes de tomar decisões adequadas em
vários âmbitos profissionais.

O processo de AP pode ser considerado como um desafio para a própria


Psicologia, diante de suas inúmeras possibilidades, campos de atuação,
riscos e benefícios.

Por tratar-se de uma atividade primordial aos psicólogos, que difunde e


representa uma parte relevante da sua atuação profissional, há uma
necessidade de se aprimorar a formação da AP no Brasil, especialmente
no que tange ao uso de instrumentos e técnicas privativas ao psicólogo
(Noronha et al., 2007).

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Muitas vezes confundida com uma tarefa simples e, até mesmo
reduzida ao uso de um único instrumento, a AP, através de sua história,
nos revela que durante muito tempo, não se possuía total clareza sobre
seu significado e seu valor, o que desperta a atenção para a necessidade
de compreendermos melhor esse processo tão complexo.

Mais do que isso, chama nossa atenção para além da evolução que
ocorreu com relação às suas técnicas ou, quanto ao uso de seus
resultados e interpretações. Devemos também refletir sobre a evolução
que se dá, no sentido de humanização desse processo e sobre o
impacto de nossas decisões enquanto profissionais, que podem resultar
em consequências positivas ou negativas, para o avaliando e todos os
demais envolvidos nesse processo.

Assim, iniciaremos nossa análise sobre a complexidade que envolve a


avaliação psicológica, a partir da Resolução Nº 009/2018, do Conselho
Federal de Psicologia, que estabelece Diretrizes para a Realização de
avaliação Psicológica, no exercício profissional dos psicólogos, que já foi
abordada também em nossa primeira aula (fontes fundamentais e
complementares de informação).

O CFP (CFP, 2013), enumera 27 competências básicas em relação à AP,


que o estudante do curso de psicologia deve desenvolver ao longo de
sua formação, sendo a primeira: “conhecer os aspectos históricos da
avaliação psicológica em âmbito nacional e internacional”.

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Para Nunes (et al., 2012), a AP deve ser um componente curricular
obrigatório em qualquer curso de Psicologia, tendo em vista que esta é
necessária, antes de toda e qualquer intervenção psicológica.

Embora, muitos de nós já tenhamos estudado a esse respeito, vamos


rever e vamos nos familiarizar melhor com a história da AP, para que
possamos contextualizar a discussão tão necessária sobre o surgimento
da AP como ciência, cuja principal característica, durante muito tempo,
restringiu-se a sua capacidade de avaliar sujeitos.

Através do estudo e da reflexão sobre a história da testagem


psicológica e da AP, podemos compreender as contribuições e avanços
pelos quais a psicologia, enquanto ciência e profissão, conquistou até a
atualidade.

É nesse sentido que a Resolução do CFP Nº 009/2018 vem auxiliar, ao


estabelecer diretrizes para orientar o trabalho dos profissionais da
Psicologia, de forma a aprimorar a qualidade técnica-científica dos
métodos e procedimentos psicológicos, como é o caso do SATEPSI.

A prática da AP tem se expandido continuamente, tornando-se mais


abrangente, mais humana e considerando como fundamental o debate
e a reflexão sobre o papel do psicólogo nesta questão, indo muito além
de ser este o detentor de conhecimentos sobre métodos, técnicas e
instrumentos meramente avaliativos.

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No entanto, sabemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido
para que esta concepção deixe de ser uma realidade na prática
psicológica.

“O desafio é pensar em formas de avaliação psicológica que consigam


abranger a individualidade sem descaracterizar o contexto social e
histórico em sua totalidade. Compreender a subjetividade considerando
que toda a sua dimensão social e histórica demanda de uma constante
reflexão e aperfeiçoamento de técnicas e saberes, pois a realidade é
dinâmica, e não podemos esquecer que o próprio observador tem suas
próprias concepções, que podem acabar interferindo no fenômeno que
é observado” (Cescon, 2013).

Uma revisão completa do histórico da testagem e da avaliação


psicológica, não faz parte dos planos desse curso. Sendo assim, faremos
um rápido resumo dos avanços mais pertinentes nesta área da
psicologia, a fim de instruir e de ilustrar sua diversidade.

Bem-vindas(os) à nossa segunda aula.

Bons estudos!

2. BASES DA TESTAGEM E DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Historicamente, a imagem que se tem do psicólogo é a do profissional


que se utiliza de testes, que avalia “se uma pessoa é normal ou não”, se
está apta a executar determinada função, já que a testagem, foi uma
das atividades mais comuns no século XX, no campo da Psicologia
(Cunha, 2000), como veremos adiante.

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Os paradigmas da avaliação formal e do consequente controle do
comportamento dos indivíduos na sociedade variaram muito durante a
história da humanidade, dependendo das crenças, das filosofias e dos
códigos de conduta de diferentes contextos culturais, desde o sistema
familiar do período neolítico (12.000 a.C.), do sistema de adivinhos das
culturas egípcia e suméria (10.000 a.C.), até os testes psicológicos atuais
(Barclay, 1991).

Entretanto, são escassos os relatos sobre o uso de técnicas de avaliação


sistemática do comportamento humano nessas épocas longínquas
(Pasquali, 2010).

Acredita-se que os testes e os programas de testagem (não


necessariamente psicológicos), surgiram primeiro na China, em torno
de 2200 a. C., instituídos como um meio de selecionar quem obteria
empregos no governo. O conteúdo dos exames mudava ao longo do
tempo e de acordo com as expectativas culturais do dia e com os
valores da dinastia governante (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

Bueno & Ricarte (2017) afirmam que “a instituição das avaliações pode
ser considerada um avanço em relação à transmissão de cargo por
hereditariedade ou uma forma de ajudar a sociedade a identificar
aqueles que se destacam pelo notório saber numa determinada área de
conhecimento.

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“Esses exemplos mostram que os
processos de avaliação nasceram
em função das necessidades sociais
e, consequentemente com o
compromisso de ajudar a sociedade
a fazer escolhas menos permeadas
por vieses de interpretações
pessoais dos avaliadores e
baseadas em condições de
equanimidade entre os
concorrentes” (Bueno & Ricarte,
2017).

Outros registros históricos apontam que por volta de 1600 a.C., os


médicos do Egito antigo tinham um conhecimento desenvolvido da
anatomia humana e uma perícia florescente em procedimentos médicos
e cirúrgicos.

Entretanto a AP (no sentido mais amplo do termo), bem como o


aconselhamento e a psicoterapia, eram provavelmente mais da
competência de sacerdotes, uma vez que estudavam as artes da cura,
filosofia, entre outros e eram chamados para responder perguntas
relacionadas ao significado dos sonhos e outras questões relacionadas à
vida e à vida após as morte (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

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Mais tarde, Galeno (116-200 d.C.) elaborou a teoria dos temperamentos,
que serviu durante muito tempo como paradigma de classificação da
personalidade. Complementando a classificação médica de Hipócrates
(5º século a.C.) dos quatro elementos da teoria dos fluidos (fogo, ar,
terra, água) e baseando-se nela, Galeno desenvolveu a teoria dos
quatro temperamentos: melancólico (sujeito triste, reservado e sério),
colérico (sujeito agressivo, excitável e impaciente), fleumático (sujeito
passivo, pacífico e calmo) e sanguíneo (sujeito sociável, extrovertido e
alegre) (Pasquali, 2010).

Existem registros de escritos greco-romanos que indicam tentativas de


categorizar as pessoas em termos de tipos de personalidade, o que
incluía referências a excessos ou deficiências de alguns fluidos
corporais, como um fator capaz de influenciar a personalidade. Durante
a Idade Média o questionamento mais importante estava relacionado a

“Quem está em aliança com o Diabo?” e vários procedimentos de


mensuração foram criados para tratar essa questão (Cohen, Swerdlik &
Sturman, 2014).

Mas, foi apenas na Renascença, que marca a divisão entre a Idade


Média (a dita “Era das Trevas” da “Idade da Luz”), e a Idade Moderna
(que iniciou-se por volta do final do século XIII e se estendeu até os fins
do século XVI) (Villar, 2011), que a AP no sentido moderno começou a
surgir.

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Por volta do século XVIII, Christian von Wolff (1679 – 1754), filósofo
alemão (Pereira, 2017), havia antecipado a psicologia como uma ciência
e a mensuração psicológica como uma especialidade dessa ciência
(Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

Em 1859, Charles Darwin (1809 – 1882), publicou seu livro “A Origem das
Espécies”, obra em que afirmava que a variação casual nas espécies
seria selecionada ou rejeitada pela natureza de acordo com a
adaptabilidade e o valor de sobrevivência. Seus escritos a respeito das
diferenças individuais despertaram o interesse na pesquisa sobre
hereditariedade, em Francis Galton (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

Com o propósito de aplicar os pressupostos da teoria da seleção natural


ao ser humano, Francis Galton (1822-1911), primo de Darwin, em 1883,
(Black, 2003), tornou-se um colaborador influente para o campo da
mensuração (Forrest & Thompson, 1974).

Galton, deixou legados importantes, recebendo crédito por


contribuições importantes.

Ao longo de sua trajetória, lhe seriam creditadas a elaboração ou a


contribuição para o desenvolvimento de muitos instrumentos de AP
contemporâneos, incluindo questionários, escalas de avaliação e
inventários de autorrelato. Seu trabalho inicial sobre hereditariedade,
foi o pioneiro no uso do conceito estatístico central à experimentação e
à testagem psicológica: o “coeficiente de correlação”. Bem como,
provocou um interesse disseminado na mensuração de variáveis
relacionadas à psicologia (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

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Nesse sentido, Pasquali (2001/2011), aponta três importantes
contribuições de Galton, a saber:

1) Os princípios de suas medidas de pontos e da técnica de


discriminação sensorial, que são empregados até hoje, como por
exemplo, em testes de audiometria;
2) A utilização de escalas de pontos e da técnica de associação livre,
que também são empregados até hoje nos testes psicológicos;

3) O desenvolvimento de métodos estatísticos descritivos (como as


medidas de tendência central e de variabilidade) e de associação
entre variáveis, como a correlação e a tendência de regressão à
média.

A avaliação também era uma atividade importante no primeiro


laboratório de Psicologia experimental, na Universidade de Leipzig, na
Alemanha, fundado por Wilhelm Max Wundt (1832-1920), que junto de
seus alunos tentou formular uma descrição geral das capacidades
humanas em relação a variáveis como tempo de reação, percepção e
período/intervalo de atenção. Ao contrário de Galton, Wundt focou-se
em como as pessoas eram diferentes, pois percebia as diferenças
individuais como uma fonte frustrante de erro na experimentação.

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Ele tentou controlar todas as variáveis estranhas na tentativa de reduzir
o erro a um mínimo (tentativas que são razoavelmente rotineiras na
avaliação contemporânea), com o objetivo de assegurar que quaisquer
diferenças em seus escores sejam devidas a diferenças entre as pessoas
que estão sendo medidas, e não a quaisquer variáveis estranhas
(Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

A origem da psicologia como ciência, data de 1879, com Wundt,


segundo Pasquali & Alchieri (2001), para quem o objeto de estudo da
psicologia seria a experiência imediata dos sujeitos (Figueiredo, 2000).

Assim, influenciada pelas características das ciências do século XIX, o


caráter inicial da ciência psicológica é positivista e racionalista. Wundt
sugeriu, então, a criação de duas vertentes do campo psicológico: a
Psicologia Experimental, que reconhece a causalidade psíquica (mas
não a investiga em profundidade) e a Psicologia Social ou “dos povos”,
que procura estudar os processos criativos, onde a causalidade psíquica
se sobressai (Figueiredo, 2000).

Segundo Figueiredo (2000), dentre os alunos de Wundt em Leipzig, que


se destacaram, estão James M. Cattell, Charles Spearman, Victor Henri,
Emil Kraepelin e o fundador da primeira clínica psicológica nos Estados
Unidos, na Universidade da Pensilvânia, no ano de 1896 e que em 1907,
fundou a revista “Psychological Clinic”, Ligthner Witmer.

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Pasquali (2011), localiza a origem da Psicometria nos trabalhos de James
M. Cattell (em uma publicação no ano de 1890), que utilizou pela
primeira vez a expressão “testes mentais” e enfatizou a observação das
diferenças individuais no estudo de processos sensoriais, assim como
Spearman, que aplicou técnicas de correlação e análise fatorial ao
estudo das aptidões humanas, propondo a teoria do fator geral de
inteligência (fator g).

Cescon (2013), afirma que depois de Wundt, outras linhas teóricas


surgiram e tentaram compreender e explicar o fenômeno psicológico.

Pasquali (2011) aponta para o fato de, quanto mais a sociedade se


modernizava, maior havia a necessidade de se avaliar o comportamento
do ser humano de forma mais confiável e precisa, tornando importante
a figura de um perito nessa área (o psicometrista) e a produção de
parâmetros psicométricos dos instrumentos de avaliação.

No ano de 1895, Alfred Binet (1857-1911) e seu colega Victor Henri


publicaram diversos artigos nos quais defendiam a mensuração de
capacidades como memória e compreensão social. Após passarem-se
dez anos, Binet e Simon publicaram uma “escala de medida de
inteligência”, composta por 30 itens e projetada para auxiliar na
identificação de alunos com atrasos mentais das escolas de Paris ( Binet
e Simon, 1905).

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Estes, desejavam identificar as crianças que, por algum tipo de
transtorno no seu desenvolvimento, não conseguiam acompanhar o
ritmo das classes regulares do ensino público, com o objetivo de aliviar
a pressão sobre essas, para que apresentassem um desempenho como
o das outras e oferecer a elas uma educação especial, que respeitasse
seu próprio nível de desenvolvimento (Pasquali, 2011; Cohen, Swerdlik &
Sturman, 2014 ).

Após inúmeras traduções e revisões, o teste de Binet lançaria o


movimento da testagem clínica e, em pouco tempo, testes psicológicos
estavam sendo usados com regularidade em contextos tão diversos
quanto escolas, hospitais, clínicas, tribunas, reformatórios e prisões
(Pintner, 1931 In: Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

Até o início dos anos 1900, de acordo com Cohen, Swerdlik & Sturman
(2014), não havia nenhuma crença disseminada de que a testagem para
variáveis, (como tempo de reação, por exemplo), tivesse algum valor
prático, apesar do fascínio do público, quando então, surgiram os
primeiros testes formais de inteligência.

Assim, a receptividade do público aos testes psicológicos seria


transformada de simples curiosidade em absoluto entusiasmo, à
medida que mais e mais instrumentos, que supostamente
quantificavam a capacidade mental, eram introduzidos. Logo havia
testes para medir características mentais variadas, como personalidade,
interesses, atitudes, valores e as mais diversas capacidades mentais.

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Tudo isso começou com um único teste projetado para uso com os
jovens alunos em Paris (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014), como
veremos adiante.

No ano de 1939, David Wechsler, psicólogo clínico do Hospital Bellevue,


de Nova York, introduziu um teste que tinha por objetivo medir a
inteligência adulta. Para o mesmo, inteligência era “a capacidade
agregada ou global, para agir intencionalmente, para pensar
racionalmente e para lidar de modo eficaz com o meio ambiente”
(Wechsler, 1939 In: Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

Inicialmente a escala foi batizada como “Escala de Inteligência Wechsler


-Bellevue”. Após sua revisão, foi renomeada “Escala de Inteligência
Wechsler para Adultos” (WAIS), que também passou por revisões e,
desde então, versões dela foram publicadas ampliando a variação etária
dos testandos, da primeira infância até a terceira idade (Cohen,
Swerdlik & Sturman, 2014).

Após uma década, uma versão inglesa do teste de Binet, foi preparada
para ser usada em grupos em escolas nos Estados Unidos (EUA), em
resposta à necessidade dos militares de um método eficiente de
avaliação (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

De fato, a origem mais sistemática dos testes psicológicos atuais pode


ser traçada até o interesse dos estudiosos com a questão do número,
desde a Idade Média, que irão desembocar nos psicólogos do fim do
século XIX na Alemanha, Inglaterra, França e Estados Unidos, onde se
encontram as origens da psicometria (Pasquali, 2010).

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Bueno & Ricarte (2017) afirmam que o surgimento da ciência psicológica
no século XIX, fez com que os métodos e técnicas de avaliação logo se
mostrassem importantes para a efetivação do compromisso da
Psicologia com a sociedade. Dentre estas contribuições, os referidos
autores destacam duas linhas:

1) na pesquisa básica, ajudando a estabelecer os principais conceitos da


Psicometria e da Psicologia, por meio da operacionalização dos
conceitos teóricos (descrição dos comportamentos relacionados) e a
constatação de sua aplicabilidade no mundo real, como por exemplo, a
teoria da inteligência geral, de Spearman, aceita até os dias atuais; e

2) na pesquisa aplicada, desenvolvendo técnicas padronizadas para a


coleta de informações sobre processos mentais, como as aptidões, e os
processos inconscientes, que foram disponibilizadas para uso
profissional. Em ambos os casos, afirmam os autores supracitados,
essas técnicas podem ser classificadas em três tipos: entrevista,
observação e testes psicológicos.

Dentre estas três técnicas, os testes se diferenciam pela possibilidade


de captar dados com uma menor interferência do avaliador,
especialmente se comparados às técnicas de entrevista e de
observação. Estas, são igualmente importantes, mas podem ser
altamente enviesadas pela interferência de quem as utiliza, tanto na
captação quanto na interpretação das informações.

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Já os testes, são uma alternativa que apresenta procedimentos
padronizados e, principalmente, a possibilidade de utilização de
números para captar diferenças individuais, o que transforma esse
processo em um uma medida de comportamento, colocando a
Psicologia no patamar de outras ciências já estabelecidas na segunda
metade do século XIX (Bueno & Ricarte, 2017).

“O estudo do número permitiu essa


evolução por ser ele um símbolo
que representa
quantidade/extensão e que servia
perfeitamente para basear técnicas
de mensuração, que veio a ser base
da tecnologia de avaliação. Com
isso, fica igualmente acertado que a
origem da avaliação formal e
sistemática, se deve aos psicólogos
do fim do século XIX” (Pasquali,
2010).

É importante esclarecer, que nem todo teste psicológico usa números


para descrever o comportamento.

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Os testes projetivos, embora apresentem uma padronização de
procedimentos, e em sua maioria, propõem interpretações do
simbolismo presente na realização de certas tarefas, como por
exemplo: desenho, produção de histórias e interpretações de manchas
de tinta (Anastasi & Urbina, 2000).

No entanto, ne segunda metade do século XIX, havia uma preocupação


entre os profissionais interessados pela Psicologia, em diferenciá-la da
Filosofia.

Por isso, a padronização de procedimentos para observação sistemática


e, especialmente a utilização de números para a descrição de
comportamentos, desempenhavam o importante papel de aproximar a
psicologia das ciências naturais (Anastasi & Urbina, 2000).

E foi essa valorização de padrões e de medidas, que associavam


atributos físicos a capacidades mentais, que tornaram a utilização de
testes mais importante do que as outras técnicas, o que certamente
contribuiu para que a avaliação psicológica, fosse, muitas vezes,
confundida, ou até mesmo reduzida, a uma aplicação de testes, fato
que até hoje pode ser constatado.

O que reforça a importância do histórico da avaliação psicológica, na


formação profissional, uma vez que nos fornece os aspectos
necessários para compreender de onde surgiu esta confusão.

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Muito tempo depois, essa valorização da testagem, em detrimento de
outras técnicas acabaria se revelando um grande problema para a área,
(Noronha et. al., 2002), como veremos no mais adiante.

As décadas seguintes, de 1910 a 1930, forma chamadas por Pasquali


(2011), como a “era dos testes de inteligência”, que se desenvolveram
sob a influência dos trabalhos pioneiros de Binet, Simon e Spearman.

Em 1912, Wilhem Stern propôs o Quociente de Inteligência (QI), que viria


a ser refinado por Lewis Terman, na Universidade de Stanford (EUA),
em 1916. Para obtenção do QI, que exprime numericamente e de forma
padronizada a capacidade intelectual dos avaliandos, Stern e Terman
sugeriram um cálculo que se baseava na divisão da idade mental (IM)
pela idade cronológica (IC) multiplicada por cem (Ambiel e Pacanaro,
2011).

Seus estudos sugeriram que, quando a idade mental ultrapassasse a


idade cronológica, a razão resultante levaria a um escore acima de cem.
Mas, quando a idade cronológica ultrapassasse a idade mental, levaria a
um escore abaixo de cem (Sternberg, 2000).

Os estudos de Terman, publicados em 1916, além de terem contribuído


para o avanço dos estudos relacionados ao QI, também foram
responsáveis pela adaptação da escala francesa para os Estados Unidos,
onde passou a se chamar Escala Stanford-Binet (Ambiel & Pacanaro,
2011).

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Mas, o principal evento desencadeador do desenvolvimento de
instrumento de medida, nesse período foi a entrada dos Estados Unidos
(EUA) na Primeira Guerra Mundial, no ano 1917.

Quando os EUA declararam guerra à Alemanha e entraram na Primeira


Guerra Mundial, em 1917, os militares precisavam de uma maneira de
avaliar rapidamente grandes números de recrutas a fim de descobrirem
se estes apresentavam problemas intelectuais, e emocionais, e foi a
testagem psicológica que forneceu essa metodologia. E foi assim que,
durante a Segunda Guerra Mundial, os militares dependiam ainda mais
dos testes psicológicos na avaliação de recrutas para o serviço (Cohen,
Swerdlik & Sturman, 2014).

Jones e Thissen (2007), afirmam que, com o objetivo de atender à


demanda social dos esforços de guerra, testes foram construídos e
implantados em curto tempo, resultando em práticas inapropriadas de
avaliação que prejudicaram consideravelmente a reputação da AP, uma
vez que a falta de embasamento teórico e empírico para as importantes
decisões que estavam sendo tomadas, provavelmente resultaram em
dificuldades nas alocações de soldados para os esforços de guerra e,
muitas vezes, em resultados opostos aos esperados.

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“Fatos como esses, mostram a importância da realização de estudos de
validade, especialmente o que hoje se denomina de evidências de
validade com base na relação com variáveis externas, cujos resultados
apontam inferências que podem ser feitas a partir de escores do teste
para prever algum critério do mundo real (como desempenho
acadêmico, profissional, etc.)” (Bueno & Ricarte, 2017).

“A receptividade mundial ao teste


de Binet no início do século XX
produziu não apenas mais testes,
mas mais desenvolvedores de
testes, mais editores de testes, mais
aplicadores de testes, e propiciou o
surgimento do que, logicamente, se
tornou conhecido como
“testagem”, um termo usado para
referir-se a tudo, da administração
de um teste (como em “Testagem
em andamento”), à interpretação
de seu escore (“A testagem indicou
que...”) (Cohen, Swerdlik &
Sturman, 2014).

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Imagem disponível em:
https://inovamentepsicologia.com.br/2016/10/avaliacao-psicologica/

O termo “testagem”, durante a Primeira Guerra Mundial, descrevia a


avaliação em grupos de milhares de recrutas militares. Suspeita-se que
foi então que o termo recebeu uma posição poderosa no vocabulário
dos profissionais e das pessoas leigas. Entretanto, na Segunda Guerra
Mundial uma distinção semântica entre testagem e “avaliação” (um
termo mais inclusivo), começou a surgir (Cohen, Swerdlik & Sturman,
2014).

Ao longo da segunda Guerra Mundial, o “U.S. Office of Strategic


Services (OSS)” dos Estados Unidos (antecessor da CIA), usou uma
variedade de procedimentos e instrumentos de medida – entre eles
testes psicológicos – na seleção de pessoal militar para posições
altamente especializadas (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

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Inclusive, ao que parece, a expressão avaliação (assessment), apareceu
como termo psicológico no livro “Assessment of men”, do OSS, em
1948, utilizado para expressar o conjunto de processos que as pessoas
usam para formar impressões e imagens, tomar decisões e verificar
hipóteses sobre as características das outras pessoas no confronto
delas com seu meio ambiente (Sundberg, 1977 In: Cohen, Swerdlik &
Sturman, 2014).

Passado o período de guerras, houve um aumento no desenvolvimento


e na utilização de testes com o objetivo de medir uma série de variáveis
psicológicas.

Assim, além dos testes para medir a inteligência, surgiram testes para
medir a personalidade, o funcionamento do cérebro, o desempenho no
trabalho e muitos outros aspectos do funcionamento psicológico e
social (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

Além do ambiente militar, outros ambientes como clínico, educacional e


organizacional passaram a utilizar testes e a integrarem as demais
técnicas, para realizarem avaliações mais completas.

Novos testes estavam sendo desenvolvidos em ritmo acelerado para


medir várias capacidades e interesses, sendo que, a partir de década de
1920, a testagem educacional ganhou campo e foram desenvolvidas
provas para avaliação de desempenho escolar e de habilidades
escolares e acadêmicas específicas (Ambiel & Pacanaro, 2011).

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Até meados de 1930 a testagem estava em plena expansão nos EUA, em
grande parte devido à sua cientificidade e às contribuições para a
sociedade em diversos âmbitos. Denota-se ainda, que o foco, que até
então era exclusivo às capacidades cognitivas, beneficiou os estudos
sobre a inteligência humana, recebendo esta área os maiores avanços
metodológicos, teóricos e científicos da época (Ambiel & Pacanaro,
2011).

Em 1938, Leon Louis Thurstone (engenheiro mecânico e psicólogo),


diferenciou a psicofísica da psicometria, definindo-a como a medida do
comportamento do organismo por meio de processos mentais (Lei do
Julgamento Comparativo) (Pasquali, 2009).

No final da década de 1930, cerca de quatro mil diferentes testes


psicológicos estavam no prelo (Buros, 1938). A “psicologia clínica” era
sinônimo de “testagem mental” e o campo da psicologia passou a ser
criticado por ser excessivamente orientado aos testes (Sylvester, 1913
In: Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

Vários métodos foram desenvolvidos a fim de fornecer medidas de


personalidade, como é o caso da “Folha de Dados Pessoais”, criada por
Robert S. Woodworth (1869 – 1962), psicólogo norte-americano
(Infopedia, 2003 – 2019), que nunca saiu dos estágios experimentais
mas, após a guerra serviu como base para o desenvolvimento da
primeira medida de personalidade usada amplamente, intitulada de
“Inventário Psiconeurótico de Woodworth”, um processo de
autorrelato (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

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“Em geral, autorrelato refere-se a
um processo pelo qual os próprios
avaliandos fornecem informações
relativas à avaliação respondendo a
perguntas, mantendo um diário ou
auto monitorando pensamentos ou
comportamentos” (Cohen,
Swerdlik & Sturman, 2014).

Os testes psicológicos que iam surgindo no final do século XIX e nas


primeiras décadas do século XX representaram o campo propício em
que a psicometria se originou e mais se desenvolveu.

Para Urbina (2007), “no início do século XX, todos os elementos


necessários para o surgimento dos primeiros testes psicológicos
verdadeiramente modernos e bem-sucedidos estavam presentes:

– Os testes laboratoriais e ferramentas geradas pelos primeiros


psicólogos experimentais na Alemanha;

– Os instrumentos de mensuração e técnicas estatísticas desenvolvidos


por Galton e seus alunos para coleta e análise de dados sobre
diferenças individuais.;

– A acumulação de achados significativos nas ciências da psicologia,


psiquiatria e neurologia”.

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Todos estes avanços construíram a base para o surgimento da testagem
moderna, mas seu dinamismo originou-se na necessidade de se tomar
decisões na área da educação.

Diante do aumento do número de pessoas desfrutando de


oportunidades educacionais em todos os níveis, aumentou também a
necessidade de mensurações justas, equânimes e uniformes com as
quais avaliar os alunos nos estágios iniciais, intermediários e finais do
processo educacional (Urbina, 2007).

Neste sentido, dois avanços principais ocorreram na testagem


educacional padronizada no início do século XX: a padronização dos
testes para avaliação das habilidades de aritmética, leitura e ortografia,
até que as mensurações destes e outros aspectos se tornassem banais
no ensino fundamental e médio.

E a criação do Teste de Aptidão Escolar, em 1926, que prenunciou a


chegada de muitos outros instrumentos que são usados para selecionar
candidatos para cursos de pós-graduação e formação profissional
(Urbina, 2007).

Ne mesma década, segundo Urbina (2007), no ano 1920, psicólogos


foram capazes de desenvolver instrumentos para selecionar estagiários
em campos tão diversos quanto o trabalho mecânico e a música,
seguidos de teste de habilidades espaciais, motoras e organizacionais.

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O campo da seleção de pessoal na indústria e nas Forças Armadas se
desenvolveu em torno desses instrumentos, juntamente com o uso de
amostras de tarefas, dados biográficos e testes gerais de inteligência,
individuais e grupais. Muitos destes instrumentos também foram
usados com êxito para identificar os talentos de jovens em busca de
orientação vocacional (Urbina, 2007).

Na década de 1940, o uso de testes de habilidades separadas no


aconselhamento vocacional seria substituído, em grande parte, por
baterias de aptidões múltiplas, (...) “criadas depois que as análises
fatoriais dos dados de testes de habilidade deixaram claro que a
inteligência não é um conceito unitário, e que as habilidades humanas
englobam uma ampla gama de componentes ou fatores separados e
relativamente independentes” (Urbina, 2007).

Em 1940 já havia se passado cinquenta anos desde que James M. Cattell


usou pela primeira vez a expressão “testes mentais” e a Psicometria
havia se desenvolvido consideravelmente nesse período. No entanto,
faltava uma organização mais sistemática das informações e dos
pesquisadores interessados para que esse tema se constituísse numa
área de estudo da psicologia (Bueno & Ricarte, 2017).

26
Segundo Pasquali (2001/2011), entre 1940 e 1980, três eventos podem
ser citados como fundamentais, no que ele denominou como a era da
sistematização: a criação de sociedades científicas relacionadas com a
Psicometria, a criação de periódicos de publicação especializada nesse
tema e a publicação de obras que, por um lado, sintetizavam o
conhecimento reunido nos periódicos e, por outro, fazia críticas a esse
conhecimento, proporcionando o desenvolvimento técnico e teórico
dessa área do conhecimento.

Urbina (2007), ressalta ainda que, no início do século XX, o campo da


psiquiatria havia adotado uma sistematização para classificar e estudar
a psicopatologia. Estes avanços forneceram ímpeto para o
desenvolvimento de instrumentos que ajudassem a diagnosticar
problemas psiquiátricos, como é o caso dos inventários de
personalidade, dos testes neuropsicológicos e das técnicas projetivas.

As técnicas ou abordagens de avaliação da personalidade, descritas


como de natureza projetiva, são aquelas nas quais um indivíduo
supostamente “projeta” em algum estímulo ambíguo suas próprias
necessidades, seus medos, suas esperanças e sua motivação (Cohen,
Swerdlik & Sturman, 2014).

27
O estímulo ambíguo poderia ser uma mancha de tinta, um desenho,
uma fotografia ou outra coisa, como é o caso do teste desenvolvido por
Hermann Rorschach (1884 - 1922), médico psiquiatra suíço, que
elaborou as manchas, suas respectivas aplicações em pacientes e em
pessoas normais (Freitas, 2005), resultando na publicação do seu livro
“Psicodiagnóstico”, em 1921 (Rorschach,1978). Neste livro, Rorschach
apresentou diretrizes para a administração, pontuação e interpretação
de respostas dadas a um conjunto padronizado de 10 manchas de tinta
que posteriormente ficou conhecido como o “Método de Rorschach”
(Butcher, 2010; Weiner e Greene, 2008).

Imagem disponível em:


http://www.minutopsicologia.com.br/uploads/posts/146/o-teste-
rorschach.jpg

28
Segundo Cohen, Swerdlik & Sturman (2014), quando figuras ou fotos
são usadas como estímulos projetivos, os respondentes em geral são
convidados a contar uma história sobre a figura que está sendo
mostrada, para que sejam então analisadas em termos de quais
necessidades e motivações eles podem estar projetando nas figuras
ambíguas.

Outro exemplo de teste projetivo é o “Teste de Apercepção Infantil de


Figuras de Animais”, o CAT- A, de autoria de Miguel, Tardivo, Moraes e
Tosi (2010), uma técnica de apercepção temática que utiliza imagens
(figuras de animais) a fim de provocar projeções que se manifestam em
histórias que são contadas por crianças, com idades entre 05 e 10 anos.
Formado por 10 pranchas relativas a aspectos importantes do
desenvolvimento infantil, referentes às suas diferentes fases
psicossexuais, como a oral, a anal e a fálica edipiana, além de reações
diante da cena primária (Araújo et al., 2016).

Imagem disponível em: https://depsicologia.com/test-de-apercepcion-


infantil-cat/

29
“A apercepção constitui-se como uma interpretação significativa que
um organismo faz de uma percepção (aspecto sensorial), unindo-a a
experiências passadas e também ao estado psicológico atual do
sujeito” (Tardivo & Xavier, 2008).

No ano de 1954, a Associação Americana de Psicologia – APA, cujo


primeiro presidente foi Thurstone, após investigar aspectos da prática
da testagem, publicou suas “Recomendações Técnicas para Testes
Psicológicos e Técnicas Diagnósticas”, um documento que estabeleceu os
padrões de testagem e recomendações técnicas. Da mesma forma,
outras organizações profissionais relacionadas nos EUA,
disponibilizaram inúmeros trabalhos e publicações de referência
visando delinear a prática ética e sólida no campo da testagem e da AP
(Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

Além de promover altos padrões na testagem e na avaliação entre


profissionais, a APA iniciou e auxiliou em processos para limitar o uso de
testes psicológicos a pessoal qualificado.

* Saiba mais sobre a APA em: www.apa.org.

Atualmente, as testagens de modo geral são mais sofisticadas


metodologicamente e embasadas de forma mais consistente do que em
qualquer época do passado.

30
O uso atual dos testes, que acontece em uma ampla variedade de
situações, pode ser classificado em três categorias: (a) tomada de
decisões, (b) pesquisas psicológicas e (c) autoconhecimento e
desenvolvimento pessoal. Estes três tipos de uso diferem vastamente
em seu impacto e, em muitos outros aspectos, e o primeiro deles é
certamente o mais visível ao público (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014).

Diante do exposto, pode-se afirmar que a história da psicologia se


confunde coma história da psicometria, uma vez que se constituiu numa
das principais formas de testar hipóteses teóricas, mas também de
oferecer produtos para (tentar) contribuir para a solução de problemas
cotidianos da sociedade (Bueno & Ricarte, 2017).

No Brasil, como veremos a seguir, a história é marcada pelo uso


indiscriminado de testes e a aplicação de avaliações psicológicas, que
resultaram em medidas mais rigorosas e em um maior controle de
qualidade dos instrumentos utilizados.

3. UMA HISTÓRIA BRASILEIRA

De acordo com Pasquali e Alchieri (2001), o desenvolvimento da


testagem e da avaliação psicológica no Brasil passou por cinco fases,
que se iniciaram na primeira metade do século XIX.

31
São elas: produção médico-científica acadêmica (1836-1930);
estabelecimento e difusão da psicologia no ensino nas universidades
(1930-1962); criação dos cursos de graduação em psicologia (1962-1970);
implantação dos cursos de pós-graduação (1970-1987); e emergência dos
laboratórios de pesquisa (1987 em diante).

Assim apesar da fundação da psicologia datar oficialmente de 1879, com


Wundt, na Alemanha, já havia profissionais interessados na
compreensão de processos psicológicos no Brasil, anteriormente,
sendo que era comum que disciplinas de psicologia fossem encontradas
em faculdades de medicina (Pasquali & Alchieri, 2001).

Junto a isso, segundo Ambiel e Pacanaro (2011), vários laboratórios de


pesquisa e institutos de psicologia aplicada, principalmente de seleção e
orientação profissional e de condutores, foram fundados no Brasil,
ajudando a desenvolver a testagem, tanto do ponto de vista da
pesquisa, quanto da prática.

No início da década de 1900, foram fundados laboratórios de psicologia


e alguns testes internacionais foram adaptados para a realidade
brasileira, como é o caso do Teste Binet – Simon, adaptado por Isaias
Alves, na Bahia, em 1924 (Pasquali & Alchieri, 2001; Amendola, 2011).

32
Para Andriola (1996), o período entre 1930 e 1962, poderia ser
considerado como a “fase de ouro” no que se refere à produção
científica e à construção de instrumentos de medida, com o
desenvolvimento de testes específicos para a população brasileira,
embora ainda se recorresse à prática de usar instrumentos importados
sem maiores esforços de adaptação para a realidade do país.

O ano de 1962 foi marcado pela oficialização da psicologia como


profissão no Brasil, através da Lei nº4.119, de 27 de agosto daquele ano
que dispõe sobre os cursos de formação em Psicologia e regulamenta a
profissão de psicólogo (Silva, 2012), fruto de uma série de avanços
ocorridos ao longo de vários anos, que fizeram com que a psicologia
deixasse de ser uma disciplina aplicada, para ganhar um campo próprio
(Pereira & Pereira Neto, 2003).

“A partir dessa política, a Psicologia entrou


no rol das profissões reconhecidas em
nosso país, sendo definido com maior
clareza o seu campo de ação profissional”
(Silva, 2012).

Antunes (2001) destaca que, o referido documento legitimou, do ponto


de vista legal, as práticas psicológicas já existentes até aquele
momento, impulsionadas por suas importantes aplicações às
necessidades nos diversos setores da vida social como, educação, saúde
trabalho e transporte.

33
A Lei nº4.119/62, culminou com a criação do Conselho Federal de
Psicologia e de suas sucursais regionais, em 1974. Os cursos de
formação em psicologia foram oficializados, tendo currículos mínimos
estabelecendo os conteúdos básicos a serem ensinados nas graduações
e em organizações como a Fundação Getúlio Vargas e o Instituto de
Seleção e Orientação Profissional (ISOP), sob a direção de Emilio Mira Y
López, assim como outros laboratórios e departamentos que foram
fundados em universidades (Ambiel e Pacanaro, 2011).

Em seu artigo 13, parágrafo primeiro, a Lei nº 4.119/62, deixa explícita a


importância da AP para a profissão do psicólogo, ao incluir em suas
funções privativas a utilização dos métodos e técnicas psicológicas para
fins de diagnóstico psicológico, orientação e seleção profissional,
orientação psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento
(Bueno & Ricarte, 2017).

Alchieri & Cruz (2003), chamam a atenção para o fato de que, o rápido
crescimento de cursos de Psicologia e a consequente necessidade de
professores para o ensino, culminou no final da década de 1960, em
“certo comprometimento na qualificação dos psicólogos,
especialmente na área de avaliação psicológica”, o que teria gerado um
desinteresse pela aprendizagem de medidas psicológicas e o descrédito
em relação ao uso de instrumentos psicométricos.

34
“Em relação aos testes
psicológicos, este período foi
considerado pobre, havendo sido
abandonados ou usados sem
atualização de suas normas. A
pesquisa foi nula, assim como a
produção e publicação de artigos, o
que se faz sentir no despreparo dos
profissionais e docentes da área de
avaliação psicológica até os dias de
hoje (Amendola, 2011)”.

Amendola (2011), ressalta que, assim como ocorreu na Europa e nos


Estados Unidos, o interesse inicial dos pesquisadores era conhecer os
processos psicológicos básicos, relativos principalmente à percepção,
voltando, somente nos passos seguintes, o foco para funções
cognitivas superiores.

E, os psicólogos centravam sua prática em clínicas particulares ou em


seleção de pessoal, sem um preparo adequado quanto aos métodos e
técnicas disponíveis, o que provocou uma série de críticas pela
sociedade (Amendola, 2011).

Gouveia (2009), destaca que durante muitos anos, a AP no Brasil, foi


marcada pela estagnação relacionada à construção, adaptação e
padronização de instrumentos psicológicos, tendo esta situação se
mantido até o início da década de 1980.

35
No entanto, nem tudo se limitou a prejuízos e descrenças, no que se
refere à Psicologia e, especialmente à AP, em território nacional.

Bueno & Ricarte (2017) afirmam que todas as críticas estabelecidas


tiveram um papel importante no desenvolvimento da AP, ao transferir a
compreensão da testagem, como uma das técnicas que pode compor
(ou não) um processo de avaliação psicológica, e não como uma AP em
si.

Apesar de passado algum tempo, congressos nacionais e regionais


sobre o tema, ainda apontam que esta é “uma das dificuldades atuais
na formação do psicólogo, que, frequentemente, faz da testagem
psicológica a única fonte de informações para a formulação de
diagnósticos e tomadas de decisões” (Bueno & Ricarte, 2017).

Para Alchieri & Cruz (2003), o quarto período do desenvolvimento da


psicologia no Brasil (1970-1990), pode ser considerando um desastre em
relação aos testes psicológicos, que passaram a ser distribuídos e
comercializados pelo mercado editorial brasileiro, sem preocupações
com a qualidade do material publicado e, utilizando testes
internacionais traduzidos para o português, sem qualquer adaptação à
cultura e ao idioma falado no Brasil e sem preocupações com suas
qualidades psicométricas.

36
Os psicólogos que faziam uso desses testes, por não terem suficiente
conhecimento para perceber a carência técnica e metodológica, não
tinham maiores críticas em utilizá-los, ensejando uma reação da
sociedade, dos usuários e das vítimas do uso abusivo e indiscriminado
desta prática por parte de psicólogos despreparados quanto à AP
(Amendola, 2011; Pasquali & Alchieri, 2001/2011).

Numerosos processos judiciais contra decisões pautadas em resultados


de testes psicológicos e por erros dos profissionais mobilizou o CFP a
criar a Comissão Nacional de Avaliação Psicológica, cujo objetivo, dentre
outros, era analisar a situação e as principais dificuldades em AP, com
que o psicólogo se deparava (Amendola, 2011).

Essa fase depreciativa em que se encontravam os testes psicológicos no


Brasil e que resultou em uma onda de preocupação por parte de alguns
profissionais e pesquisadores, e por parte dos CRPs e do CFP, são
identificadas por Alchieri & Cruz (2003), como o quinto e último
período, que marcou a ciência psicológica a partir dos anos 1990 e início
dos anos 2000.

Este período é marcado também por reações positivas, que


contribuíram para que uma mudança, há muito necessária, começasse a
dar seus primeiros passos.

“São inaugurados diversos laboratórios voltados ao ensino, à pesquisa e


ao desenvolvimento de instrumentos de AP, vinculados, em sua
maioria, aos programas de pós-graduação, de mestrado e de doutorado
das principais universidades brasileiras” (Pasquali & Alchieri, 2001/2011).

37
Associações científicas, que funcionam até hoje, passaram a influenciar
e a promover o desenvolvimento da área e a colaborar com
importantes decisões que envolvem a psicologia no país (Noronha &
Reppold, 2010), como é o caso da Associação Brasileira de Rorschach e
Outros Métodos Projetivos (ASBRO – www.asbro.org.br) e o Instituto
Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP – www.ibapnet.org.br).

“Nesta última fase, consolidaram-se


vários eventos científicos em
avaliação psicológica em virtude da
preocupação de vários grupos de
pesquisadores quanto à produção
de instrumentos mais sérios e
confiáveis” (Pasquali & Alchieri,
2001).

No ano de 2001, o CFP publicou a Resolução nº 25/2001, que define teste


como “um método de avaliação privativo do psicólogo” e que
regulamentou sua elaboração, comercialização e uso (CFP, 2001).

Neste mesmo ano foi implantado no Brasil, o Sistema de Avaliação de


Testes Psicológicos (SATEPSI), um sistema nacional, que, como vimos
anteriormente (e veremos mais adiante!), concede certificação de
qualidade científica e técnica dos testes psicológicos comercializados no
país.

38
Esta certificação é dada com base em requisitos técnicos mínimos,
como estudos de validade, precisão, padronização e base teórica
relevante, estabelecidas com base em regras internacionais para a
construção destes instrumentos, como a “American Psychological
Association (APA)” (Alves, Silva & Fernandes, 2016), realizadas pela
comissão Consultiva em Avaliação Psicológica, que revisou todos os
testes comercializados que estavam em uso no Brasil (CFP, 2010).

Desse modo, é possível identificar no SATEPSI testes com parecer


favorável no Brasil e que, portanto, obedecem aos critérios exigidos e
que permitem avaliar com eficácia o funcionamento e a dinâmica da
personalidade, sendo autorizada a venda no mercado (Ferreira, 2018).

Cabe ressaltar que, dentre os aspectos éticos aos quais a os psicólogos


devem se manter atentos, no que se refere à AP, pode-se citar: “utilizar
no contexto profissional, somente testes que tenham obtido parecer
favorável do CPF, estando por isso, listados no SATEPSI” (CFP, 2013).

Para consultar, quais são os Testes Psicológicos Favoráveis, no Brasil,


com parecer emitido pelo Conselho federal de Psicologia, acesse:
http://satepsi.cfp.org.br/testesFavoraveis.cfm.

Mas, lembre-se: “a simples aprovação no SATEPSI não significa que o


teste possa ser usado em qualquer contexto ou para qualquer
propósito” (CFP, 2013), sendo “indispensável verificar se o teste
escolhido é aplicável a uma determinada amostra a qual o examinando
se assemelha” (Leite, 2011).

39
No ano de 2003, o CFP substituiu a Resolução nº 25/2001, pela nº
02/2003, revogando a primeira e estabelecendo um conjunto de
requisitos psicométricos mínimos, com base em parâmetros
internacionais, para serem considerados “favoráveis” ao uso
profissional (Noronha, Primi & Alchieri, 2004).

Em junho de 2004, o CFP, seguindo as recomendações técnicas do


Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica e da Comissão Consultiva
em AP do CFP, bem como de pesquisadores na área, alterou o Art. 14 da
Resolução Nº 002/2003, através da Resolução Nº 006/2004, do CFP e,
em março de 2012, novamente alterou a Resolução Nº 002/2003, através
da Resolução Nº 005/2012, até que em abril do ano de 2018, estas
(Resoluções n° 002/2003, nº 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n°
01/2017 e 02/2017) formam revogadas pela Resolução Nº. 009/2018, de
abril de 2018, que estabelece as diretrizes básicas para a realização de
AP no exercício profissional da (o) psicóloga(o) e regulamenta o
SATEPSI.

Em nossa AULA 06 iremos nos aprofundar na Resolução Nº. 009/2018, a


fim de compreendermos quais as alterações e inserções nela contidas,
de uma forma mais didática, sendo que em nossa AULA 01, já
conversamos sobre as “Fontes Fundamentais e Complementares de
Informação”, constantes na mesma, que vem para auxiliar os
psicólogos, no sentido de evitar a perpetuação do erro de confundir AP,
com testagem psicológica.

40
Acesse o link abaixo, para ler a referida Resolução na íntegra:
http://satepsi.cfp.org.br/docs/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n%C2%BA-09-
2018-com-anexo.pdf

4. CONCLUSÃO

Como pudemos constatar, a imagem que se tem do psicólogo como


profissional que se utiliza de testes, que avalia “se uma pessoa é normal
ou não”, se está apta a executar determinada função, justifica-se
historicamente, já que a testagem foi uma das atividades mais comuns
no século XX no campo da Psicologia (Cunha, 2000), evidenciando que
sua consolidação, está alicerçada ao movimento e à história dos testes
psicológicos.

Porém, a prática psicológica tem se expandido cada vez mais, e neste


movimento, a AP passou a ser bem mais abrangente, modificando a
panorama atual, considerando diversos fatores em seu processo de
estudo e de análise dos sujeitos. Pode-se afirmar que, atualmente a AP
possui um caráter mais global, com maior rigor científico, auxiliando no
reconhecimento da sua seriedade e de seu valor em seus muitos
campos de atuação.

41
Paralelamente, denota-se a necessidade de o próprio psicólogo
compreender que a AP envolve o conhecimento de todo o processo,
desde a definição dessa atividade exclusiva dos psicólogos, seus
diversos contextos de atuação, seus instrumentos de aplicação (e não
apenas os testes), os documentos provenientes dessa atividade e a
Legislação referente ao tema, a saber, o Código de Ética Profissional, as
Resoluções e Notas Técnicas pertinentes.

E mais, há um longo caminho a percorrer, a fim de reforçar não apenas


o caráter ético e científico da profissão psicóloga(o), mas também as
competências e os cuidados na aplicação da AP, no que se refere à
humanização desse processo, seja no uso de suas técnicas, na
interpretação de seus resultados, na produção coerente de
documentos psicológicos, na divulgação adequada de informações e
nas entrevistas de devolução.

“Conheça todas as teorias, domine todas as


técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja
apenas outra alma humana” (C.G. Jung)

42
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