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ATUALIDADE E ELABORAÇÃO DE
DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS
UNIDADE I
AVALIAÇÕES PSICOLÓGICAS
Atualização
Aline Freire Bezerra Vilela
Elaboração
Ana Paula Corrêa e Silva
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................4
UNIDADE I
AVALIAÇÕES PSICOLÓGICAS.......................................................................................................5
CAPÍTULO 1
ÉTICA, POSSIBILIDADES E DESAFIOS ATUAIS...................................................................... 13
CAPÍTULO 2
DIRETRIZES DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA........................................................ 19
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................24
INTRODUÇÃO
Objetivos
» Compreender a história e a base conceitual da avaliação psicológica.
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AVALIAÇÕES
PSICOLÓGICAS
UNIDADE I
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processo muito mais amplo, considerando outras possibilidades que vão além da
utilização de instrumentos, tais como testes, escalas, questionários e inventários.
Fonte: http://satepsi.cfp.org.br.
De onde vem essa segurança? Quais são os pressupostos dessa prática e dessa
confiança? Para a melhor compreensão do que nos leva a esse tipo de consulta ao site
do conselho da profissão, é necessário percorrer a história e estruturação desse modelo
proposto.
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Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Laboratorium_Psikologi_di_Universitas_Leipzig.jpg.
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Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Francis_Galton_1850s.jpg.
A Psicologia entra nos Estados Unidos por meio de James McKeen Cattell (1860-1944),
que também foi aluno de Wundt e Galton no laboratório de Antropometria, estudioso
interessado nas diferenças individuais, ele publicou o artigo intitulado “Mental Tests
and Measurements” (1890), no qual inaugura o termo “testes mentais”.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:James_McKeen_Cattell.jpg.
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Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tableau_de_r%C3%A9sultats_au_test_de_Binet-Simon.
jpg.
No entanto, o que de fato marcou a expansão dos testes psicológicos foi a Primeira
Guerra Mundial, em especial nos Estados Unidos, em 1917. Foram aplicados
inúmeros testes nos soldados em meio à necessidade de formar rapidamente o
quadro do exército americano, que precisava recrutar mais de um milhão de
soldados, da maneira mais rápida possível. Foram, então, aplicados os primeiros
testes coletivos da história, testes de nível mental, os testes Army Alpha (para
soldados alfabetizados) e Army Beta (soldados analfabetos) (BUNCHAFT; CAVAS,
2006).
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Esse teste tinha como base as questões de múltipla escolha, contribuição de Arthur
Otis (1886-1964). Os recrutas com as melhores notas foram treinados como oficiais,
enquanto aqueles com menores notas não receberam treinamento oficial. O trabalho
durante a guerra provou, para os americanos, que os testes de inteligência poderiam
ter utilidade mais ampla. Depois da guerra, Terman e seus colaboradores usaram os
testes de inteligência nas escolas e indústrias para melhorar e aumentar a eficiência
de crianças e trabalhadores (URBINA, 2009).
De acordo com Souza Filho, Belo e Gouveia (2006), “A história dos testes psicológicos
no Brasil confunde-se com a história da própria Psicologia enquanto ciência e
profissão”. Após os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, surgiram mais
avanços na área de Psicologia. Profissionais das mais diversas áreas buscaram, nesse
novo conhecimento, informações para fundamentarem as suas práticas.
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Segundo Zanelli (2002), a década de 1950 foi marcada pelo surgimento da Psicologia
Industrial, mas, desde 1924, o engenheiro suíço Roberto Mange (1885-1955) orientava
projetos pioneiros na área. Ele fundou o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e
orientou o trabalho de Seleção e Orientação dos alunos matriculados no curso de
Mecânica. Em 1931, também fundou o Instituto de Organização Racional do Trabalho
(Idort), com a implantação de serviços de Psicologia Aplicada ao Trabalho e participou
da elaboração e direção do Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional de São
Paulo (CFESP).
Outro estudioso a contribuir nessa fase foi Emilio Mira y Lopez (1896-1964) que, em
1947, foi nomeado diretor do Instituto de Seleção e Orientação Profissional (Isop)
e, em 1949, criou o periódico “Arquivos Brasileiros de Psicotécnica” (ABP), um dos
principais veículos de fomentação e divulgação da psicologia aplicada e da formação
de psicotécnicos no Brasil.
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Capítulo 1
ÉTICA, POSSIBILIDADES E DESAFIOS ATUAIS
A testagem, no campo da Psicologia, foi uma das atividades mais comuns no século XX,
e a imagem que se tinha do psicólogo era de um profissional que se utilizava de testes
para avaliar se uma pessoa era normal ou não, ou se ela estava apta ou não a executar
determinada função em um contexto de trabalho.
A prática psicológica, porém, tem evoluído cada vez mais e, nesse movimento, a
avaliação psicológica passou a ser bem mais ampla, considerando diversos fatores
em seu processo de estudo e análise dos indivíduos. Sob o ponto de vista ético,
ligado a esse assunto, vale ressaltar alguns pontos importantes do código de ética
da profissão (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005, p. 8):
[...]
[...]
[...]
[...]
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É claro que todos os artigos do código de ética servem como pano de fundo da
atuação do psicólogo no processo de avaliação psicológica e todas as suas ações
devem estar pautadas nessas diretrizes que regulamentam a profissão. O objetivo
de trazer esses trechos é apenas ponderar de forma mais direcionada sobre pontos
específicos dessa prática. O Código de Ética do Profissional Psicólogo indica, em seu
princípio fundamental, que a prática deve estar embasada na Declaração Universal dos
Direitos Humanos visando à “promoção da liberdade, da igualdade e da integridade
do ser humano” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005, p. 7).
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No entanto, tal posicionamento crítico, que deveria servir para uma reflexão a respeito
da medição psicológica, apresenta-se, portanto, afirmações pautadas no terreno
político-ideológico e não no conhecimento teórico, que fundamenta os testes. Alguns
profissionais, alunos e leigos na área de avaliação psicológica muitas vezes representam
posições contrárias à medição de aspectos psicológicos motivados por essa discussão
essencialmente política.
Noronha (2002) postula que, no Brasil, nos últimos 15 anos, os testes passaram
por descrédito e foram criticados por não serem adequados à realidade brasileira.
Os principais problemas apresentados foram: a complexidade do modelo teórico
que fundamenta a construção do instrumento e a dificuldade do psicólogo para
compreender os dados e para fazer relações entre os diversos resultados encontrados.
É claro que o fator técnico presente no processo de avaliação não representa a sua
totalidade. É importante apontar os aspectos relacionados à cientificidade, mas, em
seu desenvolvimento, o aspecto avaliativo deve ser compreendido de forma ampliada
e atrelada ao compromisso social e político. No entanto, isso não pode restringir a
argumentação da crítica de que os testes psicológicos estão a serviço de um poder
hegemônico.
Avaliar contém julgamento, mas é essencial que o psicólogo tenha plena consciência
da responsabilidade e importância de se fazer uso benéfico dos resultados obtidos
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A área de avaliação cresceu muito com isso: grupos ligados a ela se organizaram em
reuniões na Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (Anpepp);
notou-se aumento na quantidade de publicações e de cursos de pós-graduação;
vários movimentos tomaram força; foi criada, no ano 2000, uma lista de discussão de
profissionais e estudantes interessados na área: avalpsi@yahoogrupos.com.br.
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Capítulo 2
DIRETRIZES DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
Alguns testes eram submetidos à validação fora do País e não passavam por
pesquisas com a população brasileira, o que fez, por exemplo, com que alguns juízes
concedessem liminares a candidatos em concursos públicos, pois os psicólogos não
conseguiam afirmar o nível de fidedignidade de suas técnicas.
Para esse trabalho foi instaurada uma Comissão, no período de 2002 a 2004, que
orientou as ações desenvolvidas na gestão de 2005 a 2007 e 2008 a 2010. Ao longo
dos anos, os profissionais da área que fazem parte desta “Comissão Consultiva em
Avaliação Psicológica do Conselho Federal de Psicologia” estudaram a avaliação
psicológica em diversos contextos, acessando material e publicações de diversos
autores renomados e que, muitas vezes, prestaram consultoria para agregar valor e
acumular conhecimentos sobre os instrumentos, em especial os testes psicológicos.
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» Introdução
A ficha é preenchida com base nas informações que constam nos manuais dos
instrumentos e deve conter a descrição geral do teste, da análise de seus requisitos
mínimos e requisitos técnicos em que se avaliam:
» construto;
» área de aplicação;
» propósitos do teste;
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» procedimento de adaptação;
» fundamentação teórica;
» fidedignidade;
» validade;
» sistema de correção;
Frequentemente, testes são submetidos à análise, mas nem todos recebem parecer
favorável à utilização. É importante que o profissional de Psicologia se mantenha
atualizado em relação a notas e resoluções emitidas pelo CFP, acerca do assunto,
para que não cometa nenhuma falta ética ou administrativa. Além do trabalho
de avaliação dos testes realizado pelo Conselho Federal de Psicologia, o CFP tem
oferecido esclarecimentos e orientações aos órgãos públicos e privados sobre a
prática da avaliação psicológica, incluindo o uso dos testes nos diferentes contextos,
como, por exemplo, em concursos públicos e nos processos judiciais em que esse
objeto está em pauta.
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https://site.cfp.org.br/nota-orientativa-sobre-o-uso-de-testes-psicologicos-
informatizados-computadorizados-e-ou-de-aplicacao-remota-online/.
É claro que a produção do material não esgota todos os assuntos que deveriam ser
tratados diante de um tema tão relevante dentro da atuação profissional do psicólogo.
Está posto que muitos desafios foram lançados e, a cada dia, a comissão evolui para
contemplar as lacunas que ainda existem sobre o tema em questão.
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Em 2013, o CFP lançou uma cartilha com destaque para informações importantes e
que tratam de maneira mais reduzida sobre as diretrizes divulgadas anteriormente.
Esse material foi amplamente divulgado entre os psicólogos, nas universidades e
para a sociedade em geral, a fim de que todos tenham conhecimento de aspectos
fundamentais dessa prática tão importante dentro da Psicologia. Em 2022 o CFP
divulgou cartilha atualizada (2ª edição).
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REFERÊNCIAS
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Referências
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Referências
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