REFERÊNCIA BUENO, J.M.H,& PEIXOTO,E.M.Avaliação Psicológica no Brasil e no Mundo. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 38 n°3, 108-121, Jun/Set - 2018.
Os autores abordaram neste artigo, o desenvolvimento da avaliação psicológica
no Brasil e no mundo, a partir da sua história e movimentos ocorridos para que dessa forma, possamos compreender quanto ao percurso de evolução da mesma e principalmente futuro da área na representação da psicologia como ciência e profissão. Assim, sendo levantadas questões sobre os impactos das mudanças na área de avaliação psicológica no Brasil. O referencial teórico foi dividido em em 5 (cinco) subseções: aspectos históricos, Satepsi, questões éticas, os impactos das mudanças no Brasil e perspectivas futuras, citando diversas pesquisas na área como: CATTEL (1980); SPEARMAN & BINET (1904); BUENO & RICARTE (2017); MONKKIKI et al (2006-2018); HUTZ (2002);, ANACHE & CORREA (2010); PRIMI & NUNES (2010); Resolução N° 009 - SATEPSI (2018), dentre outros autores. No Brasil, o campo da avaliação psicológica sofreu alguns impactos no século XX desde a qualidade psicométrica dos instrumentos e confusão de conceitos entre testagem e avaliação fatores estes, resultantes do desenvolvimento enfatizado nos testes psicológicos do contexto internacional. Apesar destes aspectos terem contribuído para o desenvolvimento da psicologia como ciência e profissão, principalmente no contexto da segunda guerra, acabaram resultando no enviesamento de uma categorização da testagem psicológica a um modelo médico, excludente e sem relevância à subjetividade. Onde este período os testes foram considerados, como única fonte para realização de diagnósticos, mas devido a deficiências psicométricas iniciou-se questionamentos quanto à eficácia dos mesmos. No Rio de Janeiro em 1947, foi criado o ISOP - Instituto de Seleção e Orientação Profissional, com intuito de realizar seleção de pessoas com embasamento em testagem psicológica, refletidos nos processos e bases psicométricas americanas, o que resultou em ocorrências como: o déficit na formação de profissionais de psicologia, surgimento de correntes anti positivistas assim, centralizando as críticas aos testes onde, ao invés de contribuir socialmente, trazia rótulos ou estigmatização de sujeitos. Esse movimento afirmou um caráter excludente, trazendo problemas éticos ao CFP (Conselho Federal de Psicologia) e jurídicos, decorrentes deste período da avaliação psicológica. No cenário internacional, as críticas existentes foram catalisadoras para o processo de pesquisa e consolidação da área, assim como desenvolvimento de teorias de inteligência, as quais são válidas até o contexto atual. A partir dos anos 90 no Brasil, o cenário da testagem psicológica, teve propulsão positiva visando, melhor formação de profissionais e pesquisas, eventos e discussões quanto a políticas importantes para desenvolvimento da área nacionalmente, tendo alguns marcos como: 1) Laboratório de Pesquisa em Avaliação e Medida (LABPAM); 2) Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico (CPP); 3) Laboratório de Mensuração (LM) dentre outros. Dessa forma, visando acompanhar e controlar o âmbito da testagem e avaliação, o CPF instituiu a Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (2000), ajudando na melhoria da qualidade das práticas, assegurando o compromisso com a sociedade. Em 2001, o SATEPSI foi proposto pelo CPF, visando melhoria e desenvolvimento dos instrumentos psicológicos, assim como a garantia da técnica, ética e proteção dos direitos humanos no que tange a avaliação psicológica. Onde, temos outro marco em 2005, o Consim (Consensus-based Standards for the selection of health Measurement Instruments), realizando revisões sistemáticas, tendo como relevância: fidedignidade, validade e a responsividade dos instrumentos de medida considerando que estes, são da prática profissional do psicólogo e principalmente da implicação dos seus resultados na sociedade e sujeitos. No contexto ético, o mal uso da avaliação psicológica tem como destaque suporte a injustiças sociais para com minorias como ocorreu no Apartheid na África do Sul, onde técnicas de testagem foram utilizadas para justificar privilégios socio economicos sobre minorias e a restrição de acesso à recursos como a educação. Sendo apenas um recorte de ocorrências semelhantes na história da sociedade. A partir disso, temos novas perspectivas as quais exigem que psicólogos estejam mais atentos no campo da avaliação psicológica aos compromissos éticos, pois os resultados obtidos representam em sua atuação propostas para intervenção de pacientes. Os impactos deste movimentos no Brasil, resultaram positivamente no processo de desenvolvimento e consolidação da psicologia onde propulsionou maior investimento, pesquisas e contribuições para a garantia da qualidade e prática ética, nos processos de testagem e avaliação psicológica em diversos campos no que tange a atuação do psicólogo. Apesar de todo percurso de evolução, os autores consideram o Brasil ainda não reflete os mesmos avanços como no contexto internacional, destacando a necessidade de ênfase no recorte brasiliero psicométrico e melhoria do Satepsi para formação na área, enfatizando a pouca exigência nos critérios de referência adotados para avaliação psicológica e qualidade psicométrica dos instrumento em alguns cenários. Entendemos que houveram grandes avanços no processo de avaliação psicológica, onde críticas do passado contribuíram para sua melhoria e consolidação do mesmo. Porém, os autores deixam claro que a área passou e ainda deve passar por grandes mudanças necessárias para implementação de avanços tendo em vista, continuar assegurando a ética e compromisso social, fortalecendo assim, a atuação do psicólogo como ciência e profissão.
Palavras chave: Avaliação Psicológica; História da Psicologia; Ética; Direitos