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Avaliação Psicológica e Elaboração de Documentos Psicológicos:


Diretrizes Básicas

Modalidades de Documentos Psicológicos

Como sabemos, a Resolução Nº 06/2019 do Conselho Federal de


Psicologia define, em sua Seção II, art. 8º, quais são as 5 Modalidades de
Documentos Psicológicos, sendo estes:

I – Declaração;

II – Atestado Psicológico;

III – Relatório:

a) Psicológico;
b) Multiprofissional;
IV- Laudo Psicológico;

V – Parecer Psicológico.

A seguir, em sua Seção III, a referida Resolução apresenta os Conceitos,


a Finalidade e a Estrutura de cada um destes documentos psicológicos,
dentre eles, o LAUDO PSICOLÓGICO, objeto desta aula, como veremos
a seguir:

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1. LAUDO PSICOLÓGICO

a) Conceito de Laudo Psicológico e Finalidade

A palavra “LAUDO” é originária do idioma latino e significa


originalmente “mérito, valor, glória”. Como termo técnico significa o
relato suscinto, sistemático, descritivo, interpretativo de um exame (ou
diversos), que descreve ou interpreta dados (CFP, 2001).

A Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Nº 06/2019, em


seu Art. 13, define Laudo Psicológico como “o resultado de um processo
de avaliação psicológica, com a finalidade de subsidiar decisões
relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Apresenta
informações técnicas e científicas dos fenômenos psicológicos,
considerando os condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo ou
instituição atendida”.

Em seu inciso I, a referida Resolução determina que, por se tratar de


“uma peça de natureza e valor técnico-científico, o Laudo Psicológico
deve conter narrativa detalhada e didática, com precisão e harmonia,
tornando-se acessível e compreensível ao destinatário, em
conformidade com os preceitos do Código de Ética Profissional do
Psicólogo” (CFP, 2019).

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E, em seu inciso II, estabelece que o Laudo Psicológico deve ser
construído com base no Registro Documental, elaborado pelo
psicólogo, em conformidade com a Resolução CFP Nº 01/2009, ou
outras que venham a alterá-la ou substituí-la e, na interpretação e
análise dos dados obtidos por meio de métodos, técnicas e
procedimentos reconhecidos cientificamente para uso na prática
profissional, conforme Resolução CFP Nº 09/2018 ou outras que venham
a alterá-la ou substituí-la (CFP, 2019).

Já o inciso III, estipula que o Laudo Psicólogo deve considerar a


demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico-científico,
fundamentado teórica e tecnicamente, bem como suas conclusões e
recomendações, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada
do seu objeto de estudo” (CFP, 2019).

O inciso IV, prevê que “o Laudo Psicológico deve apresentar os


procedimentos e conclusões gerados pelo processo de avaliação
psicológica, limitando-se a fornecer as informações necessárias e
relacionadas à demanda e relatar: o encaminhamento, as intervenções,
o diagnóstico, o prognóstico, a hipótese diagnóstica, a evolução do
caso, orientação e/ou sugestão de projeto terapêutico (CFP, 2019).

Nos casos em que o psicólogo atue em equipe multiprofissional, o


inciso V estabelece que, “havendo solicitação de um documento
decorrente da avaliação psicológica, o Laudo Psicológico ou
informações decorrentes da avaliação psicológica, poderão compor um
único documento”.

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O inciso VI acrescenta que, “é indispensável que o psicólogo registre
informações necessárias ao cumprimento dos objetivos da atuação
multiprofissional, resguardando o caráter do documento como registro
e a forma de avaliação em equipe” (CFP, 2019).

Por fim, seu inciso VII, decreta que “deve-se considerar o sigilo
profissional na elaboração do Laudo Psicológico em conjunto com
equipe multiprofissional, conforme estabelece o Código de Ética
Profissional do Psicólogo” (CFP, 2019), ou seja, “registrando apenas as
informações necessárias para o cumprimento dos objetivos do
trabalho” (CFP, 2005).

De acordo com Guzzo e Pasquali (2001), o Laudo Psicológico apresenta


uma conclusão sobre uma avaliação psicológica e, portanto, a partir daí
consequências importantes podem ser geradas para o planejamento
adequado do tratamento ou, contrariamente, podem não haver
resultados efetivos, apenas constatando o que parecia óbvio. Trata-se
de um documento que expressa a competência profissional e que
precisa preencher determinados requisitos.

Trata-se de um instrumento usado como forma sistemática de


comunicar os resultados de um processo avaliativo, sendo de grande
utilidade para atender a demanda de profissionais nas mais diversas
áreas, envolvendo a tomada de decisão ou encaminhamentos (Silva &
Alchieri, 2011).

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Para Cunha (2000), os laudos respondem a questões como: “o que”,
“quanto”, “como”, “por que”, “para que” e “quando” e, por isso,
costumam ser mais extensos, abrangentes e minuciosos.

“A elaboração de um laudo
demanda a apresentação de um
resultado conclusivo de acordo com
o propósito da avaliação, seguindo
as normas técnicas de um
documento” (Cruz, 2002).

Esta modalidade de documento, a partir da publicação da Resolução do


CFP Nº 06/2019, passa a ser um documento distinto do Relatório
Psicológico e deve ser subsidiada em dados colhidos e analisados à luz
de um instrumental técnico (entrevistas, testes psicológicos,
observação, entre outros), devidamente consolidado no referencial
técnico-científico adotado pelo psicólogo e, sempre, considerando a
natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo.

No entanto, de acordo com Lago, Yates & Bandeira (2016), muitos dos
documentos dessa modalidade, resultam em meras descrições de
instrumentos aplicados na avaliação, sem preocupação com a coerência
entre a demanda, as hipóteses geradas, os procedimentos adotados, as
conclusões e os consequentes encaminhamentos, o que certamente
não preenche os critérios exigidos para a elaboração de um laudo.

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No Laudo Psicológico, como vimos anteriormente, DEVEM constar: o
encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico, a
hipótese diagnóstica, a evolução do caso, orientação e/ou sugestão de
projeto terapêutico.

b) Estrutura do Laudo Psicológico

No que se refere à estrutura do Laudo Psicológico, a Resolução Nº


06/2019, em seu § 1º, exige a apresentação de seis (06) itens, sendo eles:

1) Identificação;
2) Descrição da Demanda;
3) Procedimento;
4) Análise;
5) Conclusão;
6) Referências.

E, cada um desses itens, devem conter as seguintes informações:

1) Identificação

De acordo com o § 2º da Resolução Nº 06/2019, neste item, o psicólogo,


deve fazer constar no Laudo Psicológico:

I- Título: Laudo Psicológico;


II- Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do
nome completo ou nome social completo e, quando
necessário outras informações sociodemográficas;

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III- Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o
documento especificando se a solicitação foi realizada pelo
Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou
privadas, pelo próprio usuário do processo de trabalho
prestado ou por outros interessados;
IV- Finalidade: descrição da razão ou do motivo do pedido;
V- Nome do autor: identificação do nome completo ou nome
social completo do psicólogo responsável pela construção do
documento, com a respectiva inscrição no Conselho Regional
de Psicologia.

Como pode-se observar, até aqui, o Laudo Psicológico deve conter, no


item Identificação, as mesmas informações, que o Relatório Psicológico
e o Relatório Multiprofissional, como demonstrado no exemplo a
seguir:

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Exemplo de Identificação para Laudo Psicológico (apenas à título de
ilustração):

Laudo Psicológico

I. Identificação
Nome da pessoa atendida: Fulana de Tal. Idade: 06 anos.

Solicitante: Juizado Regional da Infância e da Juventude de


Florianópolis – SC.

Finalidade: O presente laudo trata de solicitação do Juizado Regional


da Infância e da Juventude de Florianópolis - SC (Ofício nº xxxxx) para
procedimento de Avaliação Psicológica, referente ao Processo nº
xxxxxx.

Nome do Autor: XXXXXXXXXX. – Psicólogo – CRP 00/0000.

2) Descrição da Demanda

Neste item, de acordo com a referida Resolução, o § 3º, determina que o


“o psicólogo autor do documento, deverá descrever as informações
sobre o que motivou a busca pelo processo de trabalho prestado,
indicando quem forneceu as informações e as demandas, que levaram
à solicitação do documento.” (CFP, 2019).

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E acrescenta que, a descrição da demanda constitui requisito
indispensável e deverá apresentar o raciocínio técnico-científico que
justificará procedimentos utilizados, conforme o Parágrafo 4º” do Art. 11
(CFP, 2019).

A Descrição da Demanda, é destinada à “narração das informações


referentes à problemática apresentada e dos motivos, razões e
expectativas que produziram o pedido do documento, devendo,
portanto, apresentar-se a análise que se faz da demanda, de forma a
justificar o procedimento adotado” (CFP, 2003).

Lago, Yates & Bandeira (2016), chamam a atenção para o fato de que,
“na prática, muitos psicólogos colocam nesse item a informação “para
fins de avaliação psicológica”, o que na verdade é uma tautologia”, ou
seja uma redundância, “uma vez que tanto o atestado psicológico,
quanto o laudo psicológico são decorrentes de avaliação psicológica”.
Para as autoras, o motivo deve ser descrito de forma específica.

Este item, de acordo com Lago (2017), é a seção destinada a descrever


as informações referentes à queixa apresentada e os motivos e
expectativas que levaram à solicitação do documento.

Trata-se de um item indispensável, pois deve-se contextualizar o porquê


da demanda pela avaliação psicológica, proporcionando um
consequente encadeamento entre o procedimento, a análise e a
conclusão do laudo (resposta à demanda), ou seja, corresponde às
necessidades do solicitante, como veremos no exemplo a seguir.

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Por exemplo:

II. Descrição da Demanda:

Este documento atende ao pedido do Juizado Regional da Infância e da


Juventude de Florianópolis SC, para investigação de suspeita de abuso
sexual, da menina Fulana de Tal, uma vez que a mesma vem apresentando
alterações do sono, sexualidade exacerbada, medo e isolamento social.

3) Procedimento

O § 4º, do Art. 13 da Resolução Nº 06/2019, do CFP determina que, neste


item “o psicólogo autor do Laudo, deve apresentar o raciocínio técnico-
científico que justifica o processo de trabalho realizado pelo psicólogo e
os recursos técnicos-científicos utilizados no processo de avaliação
psicológica, especificando o referencial teórico metodológico que
fundamentou suas análises, interpretações e conclusões”.

O referido artigo, da Resolução N° 06/2019 (CFP, 2019) determina ainda,


que:

I – Cumpre, ao autor do Laudo, citar as pessoas ouvidas no processo de


trabalho desenvolvido, as informações objetivas, o número de
encontros e o tempo de duração do processo realizado.

II – Os procedimentos adotados devem ser pertinentes à complexidade


do que está sendo demandado e o psicólogo deve atender à Resolução
CFP Nº 09/2018, ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la.

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Um exemplo de Procedimento, para clarear um pouco mais...

III. Procedimento:
Diante da suspeita de abuso sexual e das queixas de que a menina
Fulana de Tal, vem apresentando alterações do sono, sexualidade
exacerbada, medo e isolamento social, foram realizadas:

- Entrevista Individual com a Mãe, Sra. Beltrana de Tal.

- Entrevista Individual com o Pai, Sr. Beltrano de Tal.

- Entrevista de Anamnese com ambos os Pais.

- Hora do Jogo Diagnóstica com a menina Fulana de Tal.

Optou-se pela realização de entrevistas com os pais, pois são recursos


que favorecem as manifestações de particularidades dos sujeitos e que
permitem verificar algumas condições importantes, como por
exemplo: contexto familiar, social, pessoal, condição de saúde física,
autopercepção, autocrítica, expectativas de futuro (CRP PR, 20161).

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Com relação à Hora do Jogo Diagnóstica, esta foi escolhida uma vez que
trata-se de um recurso técnico que precede a entrevista com os pais e
objetiva conhecer a realidade da criança a partir do seu brincar livre e
espontâneo, já que a atividade lúdica é considerada uma forma de
expressão das crianças, como de conflitos, desejos, fantasias, etc, bem
como é um meio pelo qual facilita a comunicação das crianças,
sobretudo porque o brincar é universal. A Hora do Jogo Diagnóstica
possibilita observar a linguagem da criança, seu nível de
desenvolvimento intelectual, o modo como aborda os brinquedos,
criatividade, adequação à realidade, entre outros (Efron et al., 2009 2).

Posteriormente foram realizados [...] ou aplicados os testes tal e tal


[...] (Referências!)

Foram realizados “X” encontros, no período de “X” meses.

IV. Análise

A Análise é a seção que contempla, de acordo com o §5º do Art. 13 da


Resolução Nº 06/2019, “a exposição descritiva, metódica, objetiva e
coerente com os dados colhidos e situações relacionadas à demanda
em sua complexidade considerando a natureza dinâmica, não definitiva
e não cristalizada do seu objeto de estudo”.

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Para tanto, a Resolução (CFP, 2019), determina:

I – A Análise não deve apresentar descrições literais das sessões ou


atendimentos realizados, salvo quando tais descrições se justifiquem
tecnicamente

II – Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que


sustenta o instrumental técnico utilizado, bem como os princípios éticos
e as questões relativas ao sigilo das informações. Somente deve ser
relatado o que for necessário para responder a demanda, tal qual
disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo.

III – O psicólogo não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos


ou teorias, devendo ter linguagem objetiva e precisa, especialmente
quando se referir a dados de natureza subjetiva.

Para Lago, Yates & Bandeira (2016), tal advertência é relevante na


medida em que orienta, que a Avaliação Psicológica não deve servir
como mera ferramenta de reprodução de práticas estigmatizantes sem
reflexão.

Vamos observar, então um exemplo de Análise, item fundamental dos


Laudos Psicológicos:

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IV. Análise:

As entrevistas permitiram identificar que a criança em questão […]

Durante a Hora do Jogo Diagnóstica, foi possível constatar que


Fulana é uma criança [...], achados condizentes com as descrições
realizadas por Sanderson 3 (2005) (citar referência completa no
rodapé).

Os testes psicológicos utilizados permitiram identificar que […]

Tais achados são coerentes com os estudos realizados pelos autores


tal, tal e tal, a respeito de crianças vítimas de abuso sexual, sendo
que estes afirmam […]

V. Conclusão

Neste item, o psicólogo autor do Laudo, deve descrever suas


conclusões a partir do que foi relatado na análise, considerando a
natureza dinâmica e não cristalizada de seu objeto de estudo, como
determina o §6º, do art. 13, da Resolução Nº 06/20129. E mencionado
parágrafo determina em seus incisos I, II e III, que:

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I – Na conclusão indicam-se os encaminhamentos e intervenções,
diagnóstico, prognóstico e hipótese diagnóstica, evolução do caso,
orientação ou sugestão do projeto terapêutico.

II- O documento deve ser encerrado com indicação de: local, data de
emissão, carimbo em que conste nome completo ou nome social
completo do psicólogo, acrescido de sua inscrição profissional, com
todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima
lauda e a assinatura do psicólogo na última página.

III - “É facultado ao psicólogo destacar, ao final do Laudo, que este não


poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de
identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de documento
extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao Laudo por
parte da pessoa, grupo ou instituição, após a sua entrega em entrevista
devolutiva.

De acordo com Lago (2017), “não é recomendado que a conclusão seja


extensa”, uma vez que os dados obtidos serão discutidos e o
entendimento do caso, serão apresentados no item “Análise”.

“Na conclusão o que se tem é


realmente o fechamento do caso,
dando uma resposta ao motivo do
encaminhamento para a avaliação,
apresentado no item “descrição da
demanda” (Lago, 2017).

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A Resolução destaca ainda, a importância de sugestões de orientações
ou de projetos terapêuticos, definidos a partir da avaliação de cada caso,
que contemplem a complexidade das variáveis envolvidas durante todo
o processo.

Com o objetivo de melhor ilustrar a elaboração da Conclusão de um


Laudo Psicológico, vamos analisar duas situações distintas. Na primeira,
vamos supor, que a hipótese diagnóstica de Abuso Sexual, tenha se
confirmado.

Na segunda, vamos supor, que a hipótese não tenha se confirmado A


seguir, vamos descrever um exemplo (1) de como pode ser realizado o
item Conclusão, em um Laudo Psicológico, diante da confirmação da
hipótese diagnóstica:

EXEMPLO 1- Confirmação da Hipótese Diagnóstica.

V.Conclusão:

Hipótese Diagnóstica: Abuso Sexual Infantil Extrafamiliar.

Diagnóstico: Problemas relacionados com Abuso Sexual alegado de


uma criança por pessoa de fora seu grupo (CID Z 61.5 4).

Evolução do caso e Prognóstico: Os casos de Abuso Sexual contra


crianças, podem trazer consequências extremamente prejudiciais
atingindo as vítimas em aspectos que eventualmente interagem a
ponto de afetar e modificar sua vida, por vezes, irreversivelmente.

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Tais repercussões podem apresentar efeitos a curto, médio e longo
prazo, tendo como variáveis de influência a idade da criança, a
duração do abuso, o grau de violência utilizado, a diferença de idade
entre o autor de agressão e a vítima e o tipo de relação entre eles;

o apoio familiar e social e o grau de isolamento e ameaças contra a


criança (Amazarray, 2008 5) . Sob o ponto de vista psicológico, a
curto e médio prazo a criança pode apresentar fobias, distúrbios do
sono que abrangem desde o terror noturno e pesadelos até o medo
de adormecer e ser atacada durante o sono, entre outros. Já a longo
prazo, podemos citar desde ansiedade até transtornos de
personalidade (Seabra, 1998 6; Gauderer et al., 1992 7), dentre outros,
prognóstico este que pode vir a tornar-se crônico, caso não receba o
tratamento adequado.

Sugestão de Encaminhamentos: Diante do exposto, sugere-se que a


menina seja encaminhada para Acompanhamento Psicológico, bem
como que sejam realizadas Avaliações Pedagógica e Psiquiátrica, a
fim de se desenvolver um projeto terapêutico que possa auxiliá-la a
superar o trauma provocado pelo Abuso Sexual.

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Intervenção: Sugere-se ainda, que sejam realizadas intervenções por
parte do Conselho Tutelar, junto à família, a fim de auxilia-los quanto
os aspectos legais que envolvem esta questão, como por exemplo,
conduzir os mesmos à Delegacia de Proteção da Criança e do
Adolescente [...]

O presente documento tem caráter sigiloso e extrajudicial. O uso


para fins diversos não é de responsabilidade dos profissionais que
realizaram o mesmo.

Local e data.

Carimbo

Assinatura

Nome/Nome Social Completo do Psicólogo

Inscrição Profissional

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EXEMPLO 2 – Não confirmação da Hipótese Diagnóstica.

V. Conclusão;

Hipótese Diagnóstica: Abuso Sexual Infantil Extrafamiliar.


Diagnóstico: Através dos dados analisados durante o processo de
Avaliação Psicológica, não foram encontrados indícios de que a
menina Fulana tenha sido vítima de Abuso Sexual Infantil, não
confirmando-se assim, a Hipótese Diagnóstica.
Evolução do caso e Prognóstico: Os sintomas apresentados pela
menina podem estar relacionados a (discorrer e sustentar
teoricamente).
Sugestão de Encaminhamento: Diante do exposto sugere-se que a
menina seja encaminhada para [ ...]
Intervenção: Sugere-se que sejam realizadas intervenções, junto à
família, por parte do Serviço Social, a fim de [...]
O presente documento tem caráter sigiloso e extrajudicial. O uso
para fins diversos não é de responsabilidade dos profissionais que
realizaram o estudo.

Local e data.

Carimbo

Assinatura

Nome/Nome Social Completo do Psicólogo

Inscrição Profissional

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Por fim, o §7º, do Art. 13, da Resolução Nº06/2019 determina que: “Na
elaboração de laudos, é obrigatória a informação das fontes científicas
ou referências bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé,
preferencialmente.

Imagem disponível em: https://www.facebook.com/ReggaeFrasesBob

Lembram do macete da aula anterior?

No caso do Laudo Psicológico, precisamos acrescentar mais uma


palavra à frase macete, pois a informação de fontes científicas ou das
referências bibliográficas utilizadas, é OBRIGATÓRIA!!! A palavra deve
começar com a letra “R”.

Minha proposta é que você decida: qual palavra irá acrescentar na sua
frase macete?

“Identifiquei a Demanda Para Analisar e Concluir R__________”.

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Se preferir, crie seu próprio macete ou use seu método de memorização
favorito. Questões relacionadas às modalidades de documentos
psicológicos são muito comuns em concursos públicos e um macete
pode ajudar muito, na hora de memorizar!

c) O que é mais importante lembrar quando se trata de um


Relatório Psicológico, de acordo com a Resolução CFP Nº
06/2019?

Laudo Psicológico

1º) É o RESULTADO DE UM PROCESSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA,


que tem por finalidade subsidiar decisões, relacionadas ao contexto
onde surgiu a demanda.
2°) Possui valor e natureza TÉCNICO-CIENTÍFICA e deve conter narrativa
detalhada e didática, sobre os fenômenos psicológicos.
3°) Deve considerar os CONDICIONANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS da
pessoa, grupo ou instituição atendida e a natureza dinâmica de seu
objeto de estudo.
4º) Deve apresentar os PROCEDIMENTOS e CONCLUSÕES geradas pelo
processo de avaliação psicológica e relatar: o ENCAMINHAMENTO, AS
INTERVENÇÕES, O DIAGNÓSTICO, O PROGNÓSTICO, A HIPÓTESE
DIAGNÓSTICA, A EVOLUÇÃO DO CASO, ORIENTAÇÃO E/OU SUGESTÃO
DE PROJETO TERAPÊUTICO.
5º) Deve apresentar as informações da estrutura em forma de ITENS.
6º) Terá na parte superior da página, o título “LAUDO PSICOLÓGICO”;

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7º) DEVE conter o NOME DA PESSOA ou DA INSTITUIÇÃO atendida e o
NOME DO SOLICITANTE, a FINALIDADE e o NOME DO AUTOR;
8º) DEVE descrever O QUE MOTIVOU a busca pelo serviço prestado,
QUEM forneceu as informações e as demandas que levaram à
solicitação do documento;
9º) Apresentar o raciocínio técnico-científico que justificará os
procedimentos e os recursos utilizados, especificando REFERENCIAL
TEÓRICO METODOLÓGICO que fundamentou as análises,
interpretações e conclusões.
10º) CITAR AS PESSOAS OUVIDAS, o NÚMERO DE ENCONTROS E
OTEMPO DE DURAÇÃO DO PROCESSO REALIZADO;
11º) Os procedimentos devem ser pertinentes à complexidade do caso
que está sendo demandado e o psicólogo deve atender à RESOLUÇÃO
CFP Nº 09/2018 ou outras que venham a altera-la ou substitui-la.
12º) Apresentar FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E TÉCNICA;
13º) Relatar APENAS O NECESSÁRIO para responder a demanda;
14º) Identificar fontes de informações e sustentar fatos;
15º) É OBRIGATÓRIA a informação das fontes científicas ou referências
bibliográficas utilizadas, de preferência em nota de rodapé.
16º) Local, data de emissão, carimbo com nome completo ou nome
social completo do psicólogo, inscrição profissional, rubricar todas as
laudas (da primeira até a penúltima), numerar todas as laudas. Assinar
na última lauda.

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Referências Bibliográficas.

Conselho Federal de Psicologia. Resolução Nº. 007/2003. Institui o Manual


de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo,
decorrentes de avaliação psicológica e revoga a Resolução CFP º 17/2002.
Conselho Federal de Psicologia. Brasília, 2003. Disponível em: <
https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2003/06/resolucao2003_7.pdf >. Acesso em: jul., 2019.

_________. Resolução Nº 30/2011. Institui o manual de elaboração de


documentos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliações
psicológicas. Conselho Federal de Psicologia, Brasília: DF, 2001.

_________. Resolução Nº 01/2009. Dispõe sobre a obrigatoriedade do


registro documental decorrente da prestação de serviços psicológicos.
Conselho Federal de Psicologia, Brasília, D.F., 2009. Disponível em:
https://atosoficiais.com.br/cfp/resolucao-de-fiscalizacao-e-orientacao-n-
1-2009-dispoe-sobre-a-obrigatoriedade-do-registro-documental-
decorrente-da-prestacao-de-servicos-psicologicos-2010-03-05-versao-
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_________. Resolução Nº 09/2018. Estabelece diretrizes para a realização


de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do
psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos -
SATEPSI e revoga as Resoluções n° 002/2003, nº 006/2004 e n° 005/2012 e
Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017. Conselho Federal de Psicologia,
Brasília, 2018. Disponível em:

24
http://satepsi.cfp.org.br/docs/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n%C2%BA-09-
2018-com-anexo.pdf. Acesso em: jul., 2019.

_________. Resolução N° 06/2019. Institui regras para a elaboração de


documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício
profissional e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº
07/2003 e a Resolução CFP nº 04/2019.Conselho Federal de Psicologia,
Brasília, 2019. Disponível em: http://crp23.org.br/wp-
content/uploads/2019/02/na-%C3%ADntegra-o-documento.pdf. Acesso
em: jul. 2019.

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& SARDÁ JR, J.J. (Eds.), Avaliação e medidas psicológicas: produção do
conhecimento e intervenção profissional (pp. 263-274). São Paulo, SP:
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CUNHA, J.A. Passos do processo psicodiagnóstico. In: CUNHA, J.A.


(Ed.), Psicodiagnóstico - V. Porto Alegre, RS: Artmed, p. 105-140, 2000.

GUZZO, R.S.L. & PASQUALI, L. Laudo psicológico: a expressão da


competência profissional. In: PASQUALI, L. (org.) Técnicas de exame
psicológico – TEP: Manual (p. 155-170). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo,
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LAGO, V.M. Documentos decorrentes de avaliação psicológica. In: LINS,


M. R. C. & BORSA, J.C. (Org.) Avaliação Psicológica: aspectos teóricos e
práticos. Petrópolis, RJ: Vozes, pp. 173-186, 2017.

25
LAGO, V.M.; YEATES, D.B. & BANDEIRA, D.R. Elaboração de documentos
psicológicos: considerações críticas à Resolução CFP nº 007/2003.
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http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v24n2/v24n2a20.pdf>. Acesso em: jun.
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avaliação de indicadores de qualidade. Psicologia: ciência e profissão, v.
31, n.3, pp. 518-535, Brasília, DF, 2011. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
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