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Curso Avaliação Psicológica e Elaboração de Documentos Psicológicos:


Diretrizes Básicas

A Resolução Nº 06/2019 do Conselho Federal de Psicologia define, em


sua Seção II, art. 8º, quais são as Modalidades de Documentos
Psicológicos, sendo estes:

I – Declaração;

II – Atestado Psicológico;

III – Relatório:

a) Psicológico;
b) Multiprofissional;

IV- Laudo Psicológico;

V – Parecer Psicológico.

A seguir, em sua Seção III, a referida Resolução apresenta os Conceitos,


a Finalidade e a Estrutura de cada um destes documentos psicológicos.

Nesta aula, vamos nos dedicar ao modelo definido na referida


resolução, como ATESTADO PSICOLÓGICO.

1. Atestado Psicológico
a) Conceito de Atestado Psicológico e Finalidade

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De acordo com a Resolução CFP Nº 06/2019, o ATESTADO
PSICOLÓGICO, consiste em um documento psicológico, que CERTIFICA,
com FUNDAMENTO EM UM DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO, uma
determinada situação, estado ou funcionamento psicológico, com o
objetivo de AFIRMAR AS CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS de quem, por
requerimento o solicita (CFP, 2019).

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2019), o Atestado


Psicológico também pode servir para comunicar o DIAGNÓSTICO de
condições mentais que INCAPACITEM a pessoa atendida, com fins de:

I – Justificar faltas ou impedimentos;

II- Justificar estar apto ou não, para atividades específicas (manusear


arma de fogo, dirigir veículo motorizado no trânsito, assumir cargo
público ou privado, entre outros), após realização de um processo de
avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscrevem a
Resolução CFP Nº 09/2018 e a Resolução Nº 06/2019, ou outras que
venham a alterá-las ou substituí-las.

III- Solicitar afastamento e/ou dispensa, subsidiada na afirmação


atestada do fato.

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Diferentemente da Declaração, o Atestado Psicológico resulta de uma
avaliação psicológica, sendo que, cabe ao psicólogo atestar SOMENTE o
que foi verificado no processo avaliativo e que esteja dentro do âmbito
de sua competência profissional, sendo que os Conselhos Regionais
podem, no prazo de até cinco anos, solicitar ao psicólogo a
apresentação da fundamentação técnico-científica do atestado (CFP,
2019).

b) Da Emissão do Atestado Psicológico

Com relação à sua emissão, o Atestado deve estar fundamentado no


registro documental, conforme dispõe a Resolução do CFP Nº 01/2009,
que dispõem sobre a obrigatoriedade do Registro Documental
decorrente da prestação de serviços psicológicos ou, aquelas que
venham a alterá-la ou substituí-la, não isentando o psicólogo de guardar
os registros em seus arquivos, pelo prazo de no mínimo 05 anos
(podendo ser ampliado nos casos previstos em lei, por determinação
judicial, ou ainda em casos específicos em que seja necessária a
manutenção da guarda por maior tempo), estipulado pela mesma.

(VER MAIS NO ANEXO I).

c) Estrutura do Atestado Psicológico

Com relação à estrutura do Atestado Psicológico, sua formulação deve


restringir-se à informação solicitada constando EXPRESSAMENTE, o
fato constatado, ou seja, nada mais deve nele constar.

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Para Lago (2017), sua estrutura é considerada bastante semelhante à
Declaração em termos de finalidade e estrutura, sendo seu diferencial
justamente o registro de situações psicológicas, o que NÃO DEVE
ocorrer na Declaração.

Imagem disponível em:


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lembrar

Sendo assim, no Atestado Psicológico, deve constar a descrição das


condições psicológicas do beneficiário do serviço psicológico, advindas
do raciocínio psicológico ou processo de avaliação psicológica realizado,
respondendo a finalidade deste (CFP, 2019).

De acordo com o CFP (2019), as informações deverão estar dispostas no


Atestado Psicológico, da seguinte maneira:

I- As informações deverão estar registradas em texto corrido,


separadas apenas pela pontuação, sem parágrafos, evitando,
com isso, riscos de adulteração.
II- No caso em que seja necessária a utilização de parágrafos, o
psicólogo deverá preencher esses espaços com traços (p.ex. ---
-----).

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Com relação às informações, estas deverão seguir a seguinte sequência:

I – Título: “Atestado Psicológico”;

II - Nome da pessoa ou da instituição atendida: identificação do nome


completo ou nome social completo e, quando necessário, outras
informações sociodemográficas;

III – Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento,


especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por
empresas, por instituições públicas ou privadas, pelo próprio usuário do
processo de trabalho prestado ou por outros interessados.

IV – Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido. A finalidade


indicará a informação a ser prestada e/ou pedido.

V – Descrição das condições psicológicas do beneficiário do serviço


psicológico: advindas do raciocínio psicológico ou processo de
avaliação psicológica realizado, respondendo a finalidade deste.

Quando, justificadamente necessário, fica facultado (opcional) ao


psicólogo o uso da Classificação Internacional de Doenças (CID) ou
outras Classificações de diagnóstico, científica e socialmente
reconhecidas, como fonte para enquadramento de diagnóstico.

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VI - O documento deve ser encerrado com: indicação do local, data da
emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social
completo do psicólogo, acrescido de sua inscrição profissional, com
todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima
lauda e a assinatura do psicólogo na última página.

Também é facultado ao psicólogo, ou seja, fica a critério do mesmo,


destacar, ao final do atestado psicológico, que este não poderá ser
utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação, que
este possui caráter sigiloso e que se trata de documento extrajudicial
(CFP, 2019).

Lago (2017), ressalta que, quando um atestado é elaborado para


comprovar a aptidão, ou não, para atividades específicas, o psicólogo
deverá guardar o relatório/laudo correspondente ao processo de
avaliação psicológica que justifique tal atestado, como um respaldo de
suas afirmações no atestado (que são suscintas).

A Estrutura obedecerá sempre a configuração apresentada na


Resolução Nº 06/2019, sendo o Atestado Psicológico um documento
simples, claro e conciso.

Vale lembrar que, a responsabilidade de saber qual o tipo de


documento que deverá produzir, cabe ao psicólogo, que deverá então,
esclarecer corretamente o solicitante!

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A fim de ilustrar as informações descritas e previstas na nova resolução,
apresentam-se a seguir, algumas dicas e exemplos/modelos de
Atestados Psicológicos, que não se tratam de modelos para cópias, mas
sim, de demonstrações desse tipo de documento.

O que é mais importante lembrar quando se trata de um Atestado


Psicológico?

ATESTADO PSICOLÓGICO

1º) É um documento escrito, que CERTIFICA, com fundamento em um


diagnóstico psicológico, uma determinada situação, estado ou
funcionamento psicológico, com a finalidade de ATESTAR, AFIRMAR as
condições psicológicas de quem, por requerimento, o solicita.

2º) Comunica o diagnóstico de condições mentais, que incapacitem a


pessoa atendida, com fins de: justificar FALTAS e IMPEDIMENTOS;
justificar estar APTO OU NÃO para atividades específicas; solicitar
AFASTAMENTO E/OU DISPENSA, subsidiada na afirmação atestada do
fato;

3º) Decorre de AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA (afinal, como diagnosticar,


sem avaliar?);

4º) Pode ser em formato de itens ou de texto corrido;

5º) Terá na parte superior da página, o título “ATESTADO


PSICOLÓGICO”;

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6º) DEVE conter o NOME DA PESSOA ou DA INSTITUIÇÃO atendida e o
NOME DO SOLICITANTE;

7º) DEVE conter a DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS do


beneficiário do serviço psicológico advindas do raciocínio psicológico ou
processo de avaliação psicológica realizado, respondendo a finalidade
deste;

8º) DEVE conter as seguintes informações: indicação do local, data de


emissão, carimbo, em que conste nome/nome social completo da(do)
psicóloga(o), número de sua inscrição profissional, com todas as laudas
numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura
da(o) psicóloga(o) na última página (rubricar e numerar se necessário,
ou seja, apenas se tiver mais de uma página);

9º) Pode conter INDICAÇÃO DE UTILIZAÇÃO do documento;

Vamos então conhecer alguns exemplos/modelos de Atestados


Psicológicos, que poderão auxiliar na melhor compreensão deste
documento.

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Exemplo 1

TIMBRE (CASO HAJA)

ATESTADO PSICOLÓGICO

Nome completo CICRANA DE TAL ---------------------------------------------------------

Psicóloga (CRP 00/0000), solicitada por FULANA DE TAL, para fins de


solicitação de afastamento do trabalho.

Atesto, para fins de comprovação junto à empresa (Nome da empresa),


que Fulana de Tal, tem apresentado sintomas de Transtorno de Estresse
Pós-Traumático, necessitando a mesma de três dias de afastamento de
suas atividades laborais, para acompanhamento da evolução do quadro
e consequente conclusão do processo de Avaliação Psicológica. -------------
---------

Palmas, 28 de março de 2019.

___ Assinatura_____

Nome completo/Carimbo

Psicóloga

CRP 00/0000

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Exemplo 2

TIMBRE (CASO HAJA)

ATESTADO PSICOLÓGICO

--------- Atesto para fins de afastamento das atividades laborais, que


realizei a Avaliação Psicológica de FULANA DE TAL (nome da pessoa ou
instituição atendida), a pedido da Fundação BLALBLABLA (nome do
solicitante). A referida paciente apresenta sintomas relativos à angústia,
insônia, ansiedade e irritabilidade, necessitando a mesma de dois (02)
dias de afastamento de suas atividades, para repouso. Este documento
não poderá ser utilizado para outros fins, possui caráter sigiloso e se
trata de documento extrajudicial. -------------------

Gurupi, 20 de abril de 2019.

____ Assinatura__________

Nome completo/Carimbo

Psicóloga

CRP 00/0000

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PARA LEMBRAR SEMPRE!

ATESTADO PSICOLÓGICO (Título)

• CERTIFICA, ATESTA, AFIRMA


• A FINALIDADE INDICARÁ A INFORMAÇÃO A SER PRESTADA!

DIAGNOSTICA CONDIÇÕES MENTAIS PARA

• JUSTIFICAR E/OU SOLICITAR...

> FALTAS, E/OU IMPEDIMENTOS


> APTIDÃO E/OU NÃO APTIDÃO
>AFASTAMENTO E/OU DISPENSA

• Itens ou texto corrido;


• Nome completo da pessoa ou instituição atendida;
• Nome do solicitante;
• Descrever condições psicológicas;
• Local, data, carimbo/assinatura.
• Rubrica, numeração de páginas (se necessário);
• UTILIZAÇÃO, EXTRAJUDICIAL e CID > Opcional !

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ANEXO I

Sobre o Registro Documental e a Resolução CFP Nº 01/2009

De acordo com a Resolução CFP Nº 01/2009 (CFP, 2009), o Registro


Documental, possibilita a orientação e a fiscalização sobre o serviço
prestado pelo psicólogo e a responsabilidade técnica adotada, uma vez
que contém a descrição e a evolução do processo e dos procedimentos
técnico-científicos adotados no exercício profissional. Além disso, ele é
valioso para o psicólogo e para quem recebe atendimento e, ainda, para
as instituições envolvidas, é também instrumento útil à produção e ao
acúmulo de conhecimento científico, à pesquisa, ao ensino, como meio
de prova idônea para instruir processos disciplinares e à defesa legal,
devendo ser mantido em local que garanta o sigilo e a privacidade, e à
disposição dos Conselhos de Psicologia.

Torna-se, portanto, obrigatório, “o registro documental (em papel ou


informatizado) sobre a prestação de serviços psicológicos que não
puderem ser mantidos prioritariamente sob a forma de prontuário
psicológico, por razões que envolvam a restrição do compartilhamento
de informações com o usuário e/ou beneficiário do serviço prestado”
(CFP, 2009).

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Este Registro, “tem caráter sigiloso e constitui-se de um conjunto de
informações que tem por objetivo contemplar de forma sucinta o
trabalho prestado, a descrição e a evolução da atividade e os
procedimentos técnico-científicos adotados, devendo este, ser mantido
permanentemente atualizado e organizado pelo psicólogo que
acompanha o procedimento” (CFP, 2009).

Os documentos agrupados nos registros do trabalho realizado devem


contemplar, segundo a referida Resolução (CFP, 2009):

I - Identificação do usuário/instituição;

II - Avaliação de demanda e definição de objetivos do trabalho;

III - Registro da evolução do trabalho, de modo a permitir o


conhecimento do mesmo e seu acompanhamento, bem como os
procedimentos técnico-científicos adotados;

IV - Registro de Encaminhamento ou Encerramento;

V - Cópias de outros documentos produzidos pelo psicólogo, para o


usuário/instituição do serviço de psicologia prestado, deverão ser
arquivadas, além do registro da data de emissão, finalidade e
destinatário.

VI - Documentos resultantes da aplicação de instrumentos de avaliação


psicológica deverão ser arquivados em pasta de acesso exclusivo do
psicólogo.

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A mencionada Resolução, determina que, nos casos em que o serviço
psicológico for prestado em serviços-escola e campos de estágio, o
Registro Documental, deve contemplar a identificação e a assinatura do
responsável, sendo que, cabe ao supervisor técnico solicitar do
estagiário que realize o registro de todas as atividades e
acontecimentos que ocorrerem com os usuários do serviço psicológico
prestado.

A guarda do registro documental é de responsabilidade do psicólogo


e/ou da instituição em que ocorreu o serviço, pelo período mínimo de
05 anos, podendo ser ampliado nos casos previstos em lei, por
determinação judicial, ou ainda em casos específicos em que seja
necessária a manutenção da guarda por maior tempo. Este registro
deve ser mantido em local que garanta sigilo e privacidade e à
disposição dos Conselhos de Psicologia para orientação e fiscalização,
de modo que sirva como meio de prova idônea para instruir processos
disciplinares e à defesa legal (CFP, 2009).

Nos casos em que o registro documental for realizado em forma de


Prontuários, as informações a ser registradas pelo psicólogo são as
previstas para registros documentais (Art. 2º, Incisos I a V), garantindo-
se ao usuário ou representante legal o acesso integral às informações
registradas, pelo psicólogo, em seu prontuário (CFP, 2009).

Caso sejam realizados atendimento em grupo não eventual, o psicólogo


deve manter, além dos registros dos atendimentos, a documentação
individual referente a cada usuário (CFP, 2009)

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Em relação à guarda dos registros de atendimento individual ou de
grupo é de responsabilidade do profissional psicólogo ou responsável
técnico e obedece ao disposto no Código de Ética Profissional e à
Resolução CFP Nº 06/2019, que institui as regras para a Elaboração de
Documentos Escritos, produzidos pelo psicólogo, decorrentes de
avaliação psicológica.

Quando em serviço multiprofissional, o registro deve ser realizado em


prontuário único, lembrando sempre, que devem ser registradas apenas
as informações necessárias ao cumprimento dos objetivos do trabalho
(CFP, 2009).

Sendo assim, cabe saber que o Atestado Psicológico deverá ser


arquivado junto do Registro Documental, em pasta de acesso exclusivo
do psicólogo, pelo período mínimo de 05 anos e devem estar à
disposição dos Conselhos de Psicologia para orientação e fiscalização. O
mesmo vale para a guarda da Avaliação Psicológica em si, uma vez que
esta fundamentará o Atestado Psicológico.

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Referências Bibliográficas

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução Nº 01/2009. Dispõe


sobre a obrigatoriedade do registro documental decorrente da prestação
de serviços psicológicos. Conselho Federal de Psicologia, Brasília, D.F.,
2009. Disponível em: https://atosoficiais.com.br/cfp/resolucao-de-
fiscalizacao-e-orientacao-n-1-2009-dispoe-sobre-a-obrigatoriedade-do-
registro-documental-decorrente-da-prestacao-de-servicos-psicologicos-
2010-03-05-versao-compilada?origin=instituicao. Acesso em: jun., 2019.

_________. Resolução Nº 06/2019. Institui regras para a elaboração de


documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício
profissional e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº
07/2003 e a Resolução CFP nº 04/2019. Conselho Federal de Psicologia,
Brasília, 2002. Disponível em: https://atosoficiais.com.br/cfp/resolucao-
do-exercicio-profissional-n-6-2019-institui-regras-para-a-elaboracao-de-
documentos-escritos-produzidos-pela-o-psicologa-o-no-exercicio-
profissional-e-revoga-a-resolucao-cfp-no-15-1996-a-resolucao-cfp-no-07-
2003-e-a-resolucao-cfp-no-04-2019?origin=instituicao. Acesso em: jun.,
2019.

LAGO, V.M. Documentos decorrentes da avaliação psicológica. In: LINS,


M. R. C. & BORSA, J.C. (Org.) Avaliação Psicológica: aspectos teóricos e
práticos. Petrópolis, RJ: Vozes, p.173 – 186, 2017.

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