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O uso da inteligência artificial (ChatGPT) na Análise Clinica do

Comportamento

Flávio da Silva Borges


http://chat.openai.com

A utilização de Inteligência Artificial (IA) na Análise Clinica do


Comportamento tem se mostrado uma tendência crescente, em especial com o
uso do ChatGPT (Generative Pre-trained Transformer), que é um modelo de
linguagem pré-treinado capaz de gerar textos de forma autônoma. De fato, a
ferramenta tem sido utilizada para diversos fins, como análise de sentimentos,
diagnóstico clínico, treinamento de habilidades sociais, elaboração de
documentos psicológicos, formulação de casos, etc. (Li et al., 2021; Shanmugam
& Perumal, 2021).
Com a popularização e a familiaridade do uso da inteligência artificial tem
alavancado também preocupações, acerca dos possíveis impactos na
privacidade e segurança dos dados, ameaça a existência de algumas profissões,
além de questões éticas em relação à automação de processos que envolvem a
tomada de decisões, como a seleção de candidatos para empregos e a tomada
de decisões clínicas, elaboração de psiceducação, organização financeira e
tempo, criação de metáforas, etc. (Shanmugam & Perumal, 2021; Young et al.,
2018).
Quanto a aplicação da IA na prática da Analise Clinica do Comportamento
existem inúmeras possiblidades relacionadas ao exercício profissional do
psicólogo, podendo destacar por exemplo, a possibilidade de mudanças na
perspectiva de análise do caso, ampliação de repertório clínico, automação de
atividades rotineiras e burocráticas otimizando o tempo e agregando qualidade
ao processo. Pode-se destacar também contribuições quanto a: elaboração de
documentos (contratos, anamnese, roteiros de entrevista, relatórios, laudos, etc);
na compreensão e na perspectiva clínica dos casos (ajuda na formulação de
casos, elaboração de hipóteses, planejamento de sessões, sugestões de
intervenção, identificação de padrões relevantes, na correção e formulação de
conteúdos); na sugestão de materiais, elaboração de atividades, elaboração de
metáforas, etc.); (Li et al. 2021).
Apesar das relevantes contribuições é preciso considerar, como apontam
Shanmugam e Perumal (2021), o crescente uso da IA também suscitam
preocupações em relação à privacidade, a redução da autonomia e respectivo
aumento da dependência do uso da ferramenta, bem como pode levar à perda
da habilidade de pensamento crítico e da capacidade de tomar decisões com
base na experiência prática (Young et al., 2018).
A despeito das preocupações com o mau uso da tecnologia de IA, Skinner
(1953), destaca que conhecimento é uma ferramenta poderosa que pode ser
utilizada para melhorar a vida das pessoas ou para causar danos. Esse tipo de
aplicação é importante que seja guiada por princípios éticos, de forma a garantir
que os benefícios da ciência sejam maximizados e os riscos minimizados.
Quanto aos aspectos éticos da utilização do modelo estão diretamente
relacionados à possibilidade de seu mau uso, podendo ser utilizado para
disseminar desinformação, espalhar discursos de ódio, cometer fraudes ou violar
a privacidade dos usuários. Outro aspecto refere-se ao uso da tecnologia quanto
a responsabilidade dos desenvolvedores e usuários da AI que procuram garantir
que o modelo seja utilizado de maneira ética e responsável criando algoritmos
que procuram impedir ou limitar ações que possam produzir algum dano ou
infringir alguma legislação. Quanto a privacidade a ferramenta de AI o modelo
pode ser treinado com dados pessoais de usuários, e sua utilização pode resultar
em coleta ou vazamento de informações pessoais. Para tanto, importante que
os desenvolvedores sejam transparentes sobre como o modelo é treinado e
como seus resultados são interpretados. Da mesma forma, a utilização ética por
parte do usuário requer uma abordagem responsável e consciente.
No que se refere a ameaça a algumas profissões, ou ainda, quanto a
dependência IA limitando ou impossibilitando desenvolvimento do raciocínio
crítico, limitando ou embotando o processo criativo. Pode-se argumentar que
sem dúvidas mudanças profissionais serão inevitáveis, mas de acordo com
Baum (2005), existe uma considerável diferença entre o conhecimento
proposicional (saber sobre) e o prático (saber como). Para o autor em questão o
conhecimento prático é mais difícil de ser ensinado e adquirido do que o
conhecimento proposicional, pois envolve a habilidade de executar ações em
vez de simplesmente compreender conceitos. Dessa forma, o conhecimento
científico pode fornecer informações valiosas, mas não substitui a necessidade
de desenvolver habilidades práticas. Quando se trata da utilização para
produção de conhecimento, é importante considerar tanto a responsabilidade
ética na utilização do conhecimento científico quanto a distinção entre saber
sobre e saber como.
Considerando a perspectiva do Behaviorismo Radical para esses fatos,
vale destacar que para Skinner (1953), é essencial utilizar o conhecimento
científico de maneira responsável e ética, evitando seu mau uso. E anda de
acordo com Baum (2005), o ChatGPT pode fornecer informações valiosas para
a produção de conhecimento, mas não deve ser visto como uma substituição
para o desenvolvimento de habilidades práticas através da prática e da
experiência. Ou seja, é fundamental que a utilização do ChatGPT na produção
de conhecimento seja guiada por princípios éticos e responsáveis, de forma a
garantir que os benefícios da ciência sejam maximizados e os riscos
minimizados. Além disso, é importante reconhecer que o conhecimento científico
é uma ferramenta poderosa que pode ser utilizada para melhorar a vida das
pessoas, mas que também requer habilidades práticas e experiência para ser
aplicado de forma efetiva (Baum, 2005; Skinner, 1953). As aplicações do uso da
inteligência artificial na Psicologia sejam guiadas por princípios éticos e
responsáveis, levando em consideração tanto o potencial quanto os possíveis
riscos e desafios. Diante do exposto, a IA é uma ferramenta poderosa que pode
ajudar a melhorar a eficiência e a personalização e raciocino clínico, mas que
também requer um cuidadoso equilíbrio entre as habilidades práticas e a
experiência (Baum, 2005) e o conhecimento científico guiado por princípios
éticos (Skinner, 1953).

Referências Bibliográficas:
Baum, W. M. (2005). Compreender o behaviorismo. Artmed Editora.
Li, C., Lu, X., & Dai, H. (2021). A systematic review of research on artificial
intelligence applications in education: 2010-2019. Computers & Education,
166, 104186.
Shanmugam, A., & Perumal, P. (2021). Ethical Issues and Challenges in Artificial
Intelligence in Education. In Handbook of Research on Artificial Intelligence
Applications in the Education Sector (pp. 1-28). IGI Global.
Skinner, B. F. (1953). Ciência e comportamento humano (J. C. Todorov & R.
Azzi, Trans.). Brasília, DF: Editora da UnB.

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