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relato de pesquisa
CONHECIMENTO TÁCITO:
um estudo de caso aplicado a uma Empresa
do Ramo Metalúrgico
Claudio R. Rosário*
Liane Mahlmann Kipper**
Rejane Frozza***
O
do conhecimento é fator inicial para esta
conhecimento tornou-se um dos proposição. Para Silva (2004), e Kim (2011),
fundamentais recursos para as conhecimento explícito é formal, pode ser
organizações, desde o momento em que comunicado e partilhado, já o conhecimento
ocorreu a troca de uma economia industrial tácito está relacionado com os modelos mentais,
para uma economia global extremamente crenças e perspectivas dos indivíduos de forma
competitiva (DALFOVO et al., 2010). Diante cognitiva. Sabe-se que as organizações têm
disto, desenvolver formas e metodologias para o desafio de abstrair o conhecimento tácito
seu gerenciamento é vital para a determinação dos seus funcionários, tornando-o o mais
da vantagem competitiva de uma organização. decodificado possível, próximo do explícito
Não se pode gerenciar aquilo que não se (MIRANDA et al., 2008). Os mesmos autores
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to na organização é necessário que seja convertido que auxilia a descoberta das causas de um
de tácito para explícito e vice e versa, por meio de problema utilizando o conhecimento das
quatro modos: socialização, externalização, inter- pessoas sobre o assunto em estudo. Destina-se
nalização e combinação. A partir dessas conver- à geração de ideias/sugestões que permitam
sões, cria-se um novo tipo de conhecimento: na so- avanços significativos na busca de soluções de
cialização cria-se o conhecimento compartilhado; problemas. Khanna (2009) e Banford; Greatbanks
na externalização, o conhecimento conceitual; na (2005) acrescentam ainda que esta técnica pode
internalização, o conhecimento operacional, e na ser entendida como um processo de grupo em
combinação, origina-se o conhecimento sistêmico. que os indivíduos emitem ideias de forma livre,
A externalização de conhecimento tácito em co- em grande quantidade, sem críticas e no menor
nhecimento explícito utiliza de metáforas, analo- espaço de tempo possível.
gias, conceitos, hipóteses ou modelos como ferra- Neste trabalho o Brainstorming foi
mentas de apoio para tal conversão. Neste sentido, utilizado durante as reuniões com os mecânicos
Leite (2007) ressalta o aspecto relacionado à ma- de produção juntamente com as técnicas de
neira informal de comunicação ou explicitar o co- elicitação do conhecimento.
nhecimento tácito ou intangível. Segundo o autor,
a comunicação informal possui características que
2.2.2 Gráfico de Pareto
a permitem veicular o conhecimento tácito, porém
sem indicar em que dimensão. Acrescenta-se ain- É uma ferramenta gráfica e estatística
da o que comenta Miranda et al. (2008) reforçan- que organiza e identifica os dados de acordo
do que entre o tácito e o explícito, não existe um com suas prioridades, como, por exemplo, pela
conhecimento mais importante que o outro, mas decrescente ordem de frequência (CHILESHE,
sim é importante determinar métodos de integrá- 2007; HAGEMEYER; GERSHENSON;
-los em um ciclo dinâmico de produção do conhe- JOHNSON, 2006). Para Ramos (2000), o gráfico
cimento vital para o bom funcionamento de uma de Pareto é usado quando é preciso dar atenção
organização. aos problemas de uma maneira sistemática e,
também, quando se tem um grande número de
2.2 Ferramentas da qualidade problemas e recursos limitados para resolvê-
los. O gráfico construído corretamente indica as
Utilizadas para desenvolver, implementar, áreas mais problemáticas, seguindo uma ordem
monitorar e melhorar os preceitos da qualidade de prioridades, tais prioridades podem recorrer
nas organizações, os programas e as ferramentas entre 70 a 80% do problema em sua totalidade.
da qualidade representam aparatos necessários Para Kume (1993), existem duas formas
para que os Sistemas de Gestão da Qualidade de trabalhar com o gráfico de Pareto, gráfico
obtenham máxima eficiência e eficácia de Pareto por defeito e gráfico de Pareto por
(BAMFORD; GREATBANKS, 2005; ALSALEH, causa. Para o estudo optou-se por trabalhar
2007). Para Kume (1993), vários métodos devem o gráfico de Pareto por defeito. O gráfico
ser aplicados conjuntamente na resolução por defeito apresenta o efeito causado pelo
de problemas, sendo a combinação de um problema. No presente estudo de caso, o efeito
gráfico de Pareto, seguido da aplicação de um é o defeito causado na embalagem ao detectar
Brainstorming para elaboração de um diagrama seu vazamento. O gráfico por causa é mais
de Ishikawa (causa-e-efeito) particularmente útil complexo, ele é elaborado após a detecção do
para o entendimento do conhecimento que flui defeito e investigação da sua causa.
em um processo. Seguem as definições sobre O gráfico de Pareto foi utilizado no
as três ferramentas utilizadas neste trabalho estudo em questão para definir que tipos de
para auxiliar no processo de elicitação do conhecimentos deveriam ser elicitados, uma
conhecimento. vez que o objetivo é atuar sobre os defeitos
mais frequentes ocorridos no processo. Elicitar e
2.2.1 Brainstorming explicitar os conhecimentos coletivos necessários
para investigar as causas dos defeitos foram os
Para Brassard (1985), Oliveira (1995) e primeiros passos para a resolução de problemas
Aguiar (2002), Brainstorming é uma ferramenta de forma padronizada.
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alguns fatores relevantes à transferência de falar quase livremente sobre seu domínio de
conhecimento tácito em organizações, tais trabalho, podendo se estender em tópicos que
como, gerenciamento individual do tempo, não são importantes, esse tipo de entrevista
linguagem comum, confiança mútua, rede de não deve ser utilizado além das fases iniciais de
relacionamento, hierarquia, reconhecimento e identificação do conhecimento e de ambientação
recompensa, tipo de treinamento, transmissão do pesquisador com o domínio.
de conhecimento, poder, nível interno de
questionamento, tipo de conhecimento 2.3.2 Entrevista estruturada
valorizado e mídia. São fatores que podem
influenciar no resultado de um processo de Neste tipo de entrevista, as perguntas
elicitação de conhecimento. são preparadas para serem relevantes à
No presente trabalho, tais fatores tarefa sobre a qual se está adquirindo o
influenciaram positivamente no processo de conhecimento. O pesquisador planeja e direciona
elicitação de conhecimento, visto que a empresa a conversa utilizando as questões como um guia
objeto do estudo se enquadra na maioria dos (HOFFMAN, 1987). Sabe-se também que o ser
fatores. Quanto à estratégia de transferência humano tem a tendência em trazer a entrevista
de conhecimento, Lemos e Joia (2012) apontam para sua zona de conforto, para assuntos que
dois tipos: codificação e personalização. A geram maior confiabilidade para as respostas.
codificação trabalha sobre o conhecimento Por isso é uma vantagem definir previamente
padronizado, codificado e armazenado em questões gerais sobre o domínio estudado.
sistemas de informações. Já a estratégia de Schreiber et al.(2000) descrevem que
personalização leva em conta o processo de as entrevistas estruturadas são preparadas
transferência de conhecimento tácito de uma para serem específicas sobre o domínio em
pessoa para a outra. O propósito deste trabalho questão, por isso, é difícil encontrar guias para
é unir as duas estratégias, estruturar e codificar esse processo de entrevista, de modo que o
os conhecimentos em forma de regras de mais importante é a capacidade de análise
produção, por meio de técnicas de elicitação de e comunicação do pesquisador. Algumas
conhecimento. perguntas genéricas devem ser empregadas na
entrevista estruturada, tais como, “Porque você
faria isso?”, “Como você faria isso?”, “Quando
2.3.1 Entrevista não estruturada
você faria isso?”, “Só existe esse caso?”.
Corresponde à técnica inicial de qualquer
projeto de Engenharia de Conhecimento, onde 2.3.3 Classificação de Conceitos ou Fichas (Card
o pesquisador conversa diretamente com o Sorting)
especialista, questionando diversos aspectos
envolvidos na solução de problemas do domínio Segundo Wright e Ayrton (1987) a técnica
escolhido. Entrevista não estruturada apresenta de classificação de fichas visa à identificação
poucas restrições. Isso significa que não existe e organização de termos ou conceitos e seus
uma ordem ou sequência pré-definida de relacionamentos num domínio particular, tais
perguntas ou do rumo da conversa. O objetivo como a classificação dos objetos, as hierarquias, a
não é a aquisição de conhecimento específico, similaridade entre os conceitos e outras descrições
mas sim explorar do especialista uma visão geral estáticas dos objetos do domínio, segundo a visão
e ampla do domínio em questão, por isso, elas do especialista. Uma lista de termos do domínio é
iniciam com o pesquisador perguntando “Como obtida a partir das entrevistas iniciais ou extraída
você resolve esse problema?” (LIOU, 1990). da análise de protocolo. O nome dos objetos é
Segundo Schreiber et al.(2000), esta escrito em cartões apresentados ao especialista,
abordagem deve ser usada quando for necessário que é instruído a classificar os cartões que possui
que o especialista e o pesquisador estabeleçam alguma similaridade ou que são do mesmo tipo
um bom relacionamento. Além disso, essa é a em pilhas, formando categorias de conceitos e
técnica ideal para que o especialista descreva nomeando-as sempre que possível. As cartas
o domínio da maneira que lhe é familiar. são embaralhadas novamente e o especialista
Entretanto, pelo fato do especialista poder deve reagrupá-las, utilizando outros critérios,
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de forma a criar novas categorias. Durante a indicar a razão pela qual diferenciou os três
classificação, o especialista irá tirar alguns objetos conceitos. Essa informação será usada como uma
por serem sinônimos ou irrelevantes, e irá incluir nova dimensão ou atributo associada aos objetos
outros conceitos, que segundo seu critério, e que serão usadas para diferenciar outros
estão ausentes. Esse processo se repete várias objetos do domínio. As dimensões eliciadas por
vezes, mas podem ser feitas algumas variações. essa técnica podem ser usadas em conjunto com
O resultado da aplicação da classificação de outras técnicas para eliciar mais informações.
conceitos é um grupo de componentes que Segundo Johnson (1992), o pesquisador deve ter
compartilham atributos comuns. muito cuidado na escolha dos três conceitos a
Segundo Schreiber et al.(2000), além de ser serem apresentados para o especialista, pois pode
fácil de ser aplicada e analisada pelo pesquisador, haver alguma influência na comparação e no
essa técnica pode levar o especialista a perceber agrupamento. Comparar objetos com contrastes
certa estrutura no domínio da qual ele mesmo explícitos, por exemplo, pode induzir o agente
não estava consciente. Em geral, na primeira a não escolher um atributo de comparação ao
separação, o especialista gera imediatamente as tão óbvio, mas que, por esse mesmo motivo,
informações mais importantes para fazer tomada poderia ser mais importante para a coleta de
de decisão. Costumam ser dois critérios, entre os conhecimento. E a menos que o número de
quais eles separam a maior parte dos conceitos, objetos no domínio do problema seja pequeno,
e um critério chamado de lixo, utilizado para um grande número de comparações precisa ser
agrupar os conceitos que não se adequaram nos feito, o que torna esse processo muito demorado
últimos dois critérios. Como o especialista pode para algumas tarefas específicas.
adicionar novas fichas, é adequado escrever as
originais a mão, para não inibi-lo de adicionar
2.3.5 Grades de Repertório
novos conceitos também escritos à mão. Outra
boa prática é utilizar números nas fichas, para Essa técnica tem sua origem em um
facilitar anotações das organizações formadas ou modelo do pensamento humano chamado
então fotografar as classificações. teoria dos construtos pessoais, desenvolvida por
Os resultados obtidos com a técnica de Kelly (1955), na qual conceitos ou elementos são
classificação de termos são o reconhecimento categorizados sobre uma dimensão dicotômica.
da hierarquia do domínio, a obtenção de termos De forma similar à técnica de classificação
não evidenciados através de entrevistas, o de conceitos, as grades permitem criar um
reconhecimento de conceitos que são sinônimos mapeamento conceitual do domínio, onde o
(um objeto mencionado com dois nomes objetivo principal é observar se há similaridade
diferentes) além de uma melhor compreensão entre os domínios.
global do domínio. A técnica é particularmente Para adotar essa técnica, é necessário
útil em domínios onde os métodos de solução que o pesquisador já tenha identificado muito
de problemas são especialmente de classificação. dos principais componentes de conhecimento
Mesmo nesses casos, a aplicação torna-se difícil associados à tarefa (usando elicitação triádica,
para os domínios muito complexos onde um por exemplo). O especialista estabelece então
número excessivamente grande de termos pode uma escala bipolar de valores para esse
inviabilizar o uso de cartões. construto (em geral, uma característica e seu
oposto). Segundo diversos autores esta técnica
2.3.4 Comparação Triádica é utilizada para aquisição de conhecimento com
mínima atuação do pesquisador, em função
Em geral essa técnica é usada em conjunto das dificuldades em traduzir a linguagem do
com a técnica mostrada a seguir, as grades de especialista, bem como as incoerências entre
repertório, empregada para eliciar as dimensões. os agentes do conhecimento. Para Mastella
O pesquisador apresenta para o especialista et al (2005) a grade de repertório é baseada
todas as possíveis tríades de objetos do domínio, na descrição e caracterização de atividades
uma por vez. Para cada tríade, o especialista executadas por um especialista humano,
deve escolher dois conceitos como “similares” e buscando identificar entidades e os seus
um como “diferente” do grupo. Após, ele deve atributos e relacionamentos entre entidades.
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Entrevista estruturada X X
Entrevista não estruturada X X
Classificação de Fichas X X X
Comparação Triádica X X
Grades de Repertório X X
Técnica de Observação X X
Limitação de Informação X X
Relatórios Verbais X
Análise de protocolo X X
Fonte: Adaptado de Cairo (1998), Wagner (2003), Mastella et al.(2005), e Kim et al. (2011)
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Regra de produção
SE Linha de Produção = 65 VAA
E Dureza da folha = Entre 54 e 62 HR T3 Laminação normal
E Corrente elétrica de Soldagem = Abaixo de 25 A
E Estanhagem da Folha = Maior que 2,35 g/m²
E Espessura da Folha = Entre 0,17 e 0,21 mm
E Pressão de Mola = Entre 50 e 52 mm
E Transpasse de Solda = Entre 0,40 e 0,50 mm
ENTÃO CAUSA(S) DO(S) DEFEITO(S) = Corrente elétrica baixa
3 METODOLOGIA 3.1
Metodologia para elicitação do
conhecimento tácito
O método empregado na pesquisa foi clas-
sificado como exploratório, pois foi realizado um A partir dos estudos realizados e da aplicação
estudo preliminar com a finalidade de melhor ade- da técnica de sistemografia, foi elaborada uma meto-
quação da metodologia para mapeamento e elicita- dologia para elicitação do conhecimento tácito. A Fi-
ção de conhecimento tácito à realidade que se pre- gura 3 representa a metodologia empregada para pro-
tende conhecer, Gil (1991). A metodologia, segundo mover uma sequência de atividades sistematizadas,
Santos (2000), pode ser classificada também como a fim de mapear e tornar o conhecimento tácito em
pesquisa-ação, pois o pesquisador é um dos agen- explícito no processo produtivo estudado. Na figura,
tes que participou do fenômeno estudado. Segundo “A” é utilizar a Ferramenta de Qualidade Brainstor-
Miguel et al.(2010), é por meio da observação parti- ming e “B” é utilizar a Ferramenta de Qualidade Dia-
cipante que o pesquisador pode interferir no objeto grama de Ishikawa, como Ferramentas de apoio.
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Técnicas de elicitação de conhecimento tácito
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1.2 Classificação de fichas (Cards Sorting)
Nesta seção, demonstra-se a aplicação
da metodologia proposta para elicitação de A técnica de card sorting não foi aplicada na
conhecimento tácito, desde o mapeamento íntegra. Utilizou-se o conceito da técnica e adaptou-
do tipo de conhecimento a ser adquirido até -se à realidade da metodologia de elicitação de co-
a elaboração de regras de produção, forma nhecimento elaborada, na parte em que há a classi-
escolhida para representação formal e explícita ficação de conceitos. Os mesmos foram classificados
dos conhecimentos tácitos. dentre os 6 Ms (Mão-de-Obra, Máquina, Método,
Materiais, Meio Ambiente e Meio de Medição) do
Diagrama de Ishikawa. No contexto deste trabalho,
4.1 Adequação das técnicas de elicitação de conceitos são características de possíveis causas.
conhecimento à realidade do trabalho
desenvolvido
4.1.3 Limitação de informação ou focalizando o
Apresenta-se a seguir as ligações existentes contexto
que cada forma de elicitação de conhecimento
pesquisada possui com as ferramentas utilizadas A técnica de limitação de informações ou
no trabalho. focalizando o contexto não foi aplicada na ínte-
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Técnicas de elicitação de conhecimento tácito
Figura 5 - Gráfico de Pareto representando o retrabalho por motivo de parada de linha de produção.
110,00 100,0
97,1 99,8
100,00 92,7
87,4
90,00 75,8 82,2
69,9
80,00
70,00
60,00 45,6
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
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Técnicas de elicitação de conhecimento tácito
4.5 Etapa 5: validação das regras através da foram descritas na base de conhecimento do
técnica de observação sistema desenvolvido. Antes da aplicação
da metodologia, por exemplo, parte dos
As regras de produção foram avaliadas mecânicos usavam as palavras calor e solda fria
de forma amostral através da técnica de para definir um defeito de solda. Atualmente
observação. O Engenheiro do Conhecimento, utilizam alta amperagem e baixa amperagem,
o qual fez parte do processo de Elicitação dos respectivamente, demonstrando a existência de
Conhecimentos, foi quem validou as regas de padronização de conceitos.
produção, observando as ocorrências de defeitos Observa-se mudança no comportamento
e as conclusões referentes à causa dos mesmos dos mecânicos em relação aos inspetores de
pelos mecânicos. qualidade, uma vez que para responder as
perguntas do Sistema Especialista desenvolvido
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS para o chão de fábrica, notou-se que ambos os
profissionais estavam atuando em parceria.
Os mecânicos também estão usando o Sistema
A partir do estudo realizado
Especialista como base para a requisição de
sobre diferentes formas de elicitação do
manutenção corretiva e preventiva nas máquinas.
conhecimento, a fim de tornar o conhecimento
As consultas sobre a estanhagem da folha e
tácito, advindo da experiência de
dureza da folha aumentou significativamente
especialistas humanos da área de mecânica,
com o uso do Sistema Especialista.
em conhecimento explícito, armazenado
A partir do estudo de caso observou-se
em uma base de conhecimento, foi possível
que a metodologia de elicitação de conhecimento
na prática validar que este processo pode
tácito por meio da proposição de uma sequência
ocorrer. A proposição de uma modelagem
de atividades lógica e sistemática para elicitar o
e desenvolvimento de um sistema baseado
conhecimento tácito de um grupo de mecânicos
em conhecimento ou sistema especialista
de produção e representá-lo por regras de
basedo em regras de produção, que auxilia na
produção obteve êxito, pois uma base de
investigação de causas de defeitos durante o
conhecimento explícito foi desenvolvida, o que
processo produtivo e embalagens metálicas foi
antes não existia na organização.
um dos resultados encontrados por meio desta
pesquisa.
O uso de Inteligência Artificial,
especificamente os Sistemas Especialistas,
apresenta-se ainda como um assunto
emergente na indústria de manufatura quando
comparado com outras áreas de atuação. Além
disto, o uso da sistemografia, estudando o
conjunto de elementos e propondo as suas
relações demonstrou-se eficiente e eficaz,
relacionando ferramentas e técnicas que antes
eram empregadas pela empresa, mas de forma
isolada.
A partir da disseminação do Sistema
Especialista desenvolvido para o processo
produtivo do ramo de embalagens metálicas
de uma Empresa do Sul do país, observou- Agradecimentos: A UNISC – Universidade
se uma redução de diversidade na descrição de Santa Cruz do Sul pela concessão do FAP e à
das formas de parada de máquinas. As empresa BRASILATA pelo apoio na execução da
descrições estão sendo padronizadas conforme pesquisa.
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Keywords: Acquisition of knowledge, tacit and explicit knowledge, knowledge elicitation techniques.
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