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Metodologias Ágeis
Uma Visão Prática
A
Sérgio Akio Tanaka
escolha da metodologia mais tos de interesse, identicando a presença
sergio.tanaka@audare.com.br
sergio.tanaka@audare.com.br
Especialista em Gestão Empresarial pelo Instituto adequada para o desenvolvimen- das metodologias ágeis no mercado, o es-
Superior de Ensino (ISE), em convênio com o IESE to de soware em uma organi- tado atual do movimento ágil e a pouca
de Barcelona; Mestre em Ciência da Computação zação não é uma tarefa trivial. As meto- disponibilidade de estudos de caso que
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Pós- dologias ágeis têm despertado o interesse possam ser usados como fonte sistemáti-
graduado pela Universidade Estadual de Londrina
nas áreas de Redes de Computadores e Banco de do mercado, apresentando evidências de ca de resultados para comparação.
Dados e em Análise de Sistemas pela UniFil. É Diretor melhoria na produtividade, mas, para que
e consultor certificado pela IBM Rational e Webs- possam ser efetivamente usadas em larga Introdução
phere na AUDARE
acadêmica, Engenharia
atua como de eSoftware.
Professor Na área
Coordenador de escala, precisam provar alguns de seus A maior parte dos projetos de desen-
Pós-Graduação da Universidade Filadélfia (UNIFIL) e pontos de vista. Neste artigo, procura-se volvimento de software pode ser des-
da área de Engenharia de Software do SENAI/SC. vericar quantitativamente alguns pon- crita simplesmente como “programar
METODOLOGIAS ÁGEIS
METODOLOGIAS ÁGEIS
Segundo uma pesquisa realizada pela indicando que 69% delas já utilizavam relação à metodologia de desenvolvi-
empresa DigitalFocus (www.digitalfocus. alguma metodologia ágil e mais 7% pre- mento que estão adotando. Partindo
com) e apresentada em um dos eventos tendiam fazê-lo no mesmo ano. de um universo de 1016 empresas, os
mais importantes da comunidade ágil, a Outro dado importante, apresentado na autores estipularam uma amostra rele-
Agile 2006, o interesse nas metodologias Figura 3 , é o de que
q ue o desenvolvimento vante de 100 empresas e, destas, che-
de desenvolvimento ágil está crescendo, ágil já passou a fase do “projeto piloto”, garam a 57 relevantes. Na Figura 4 , é
com 81% das empresas adotando uma com a maior parte das companhias ten- indicado o número de empresas que
metodologia ágil ou procurando por uma do reportado a execução bem-sucedida adotam cada metodol
metodologia,
ogia, descartados
oportunidade
WORK, 2006). para
Essa fazê-lo (PROJECTS@
pesquisa, a qual co- de umde
o uso número relevante
metodologias de projetos com
ágeis. osPode-se
valoresobservar
menos representativos.
que mais da metade
letou informações de 136 prossionais, Esse tipo de pesquisa possui como im- dessas empresas reportou a utilização
provindos de 128 empresas de diferentes portante limitação o fato de que sua amos- de um método próprio, ou nenhum mé-
portes, teve como objetivo identicar os tragem não se baseia em nenhum método todo denido, para o desenvolvimento
fatores chave envolvidos na adoção das cientíco, cando limitada ao perl de de so ware. No restante, esse levanta-
metodologias ágeis, sob o ponto de vista “prossionais que se interessam em res- mento imparcial aponta uma expressi-
técnico e gerencial. As principais coloca- ponder questionários on-line”. É razoável va presença do RUP e o destaque para
ções estão resumidas na Tabela 1. supor que os prossionais que estão des- o XP, o Scrum e o Microso Solutions
Outra pesquisa, bastante recente, foi contentes com uma dada metodologia não Framework (MSF). É importante comen-
conduzida por Ambler (2007), através freqüentem, da mesma forma como os de- tar que esse trabalho classi ca o MSF
de uma consulta on-line, executada em mais, o tipo de comunidade on-line consul- como uma metodologia “neutra”, con-
maio de 2007, a qual alcançou 781 pros- tada. Apesar disso, são importantes para sistindo tanto de técnicas ágeis como
sionais distribuídos nos mais diversos apontar as tendências do mercado. tradicionais, das quais
q uais o desenvol
desenvolvedor
vedor
papéis e em organizações de porte diver- Um estudo mais dirigido foi feito na pode adotar as que desejar, e posiciona
so. Nessa pesquisa, o autor arma que o o RUP no lado das metodologias tradi-
desenvolvimento ágil certamente já cru- Suécia, por Fransson
com o objetivo e Klercker
de mapear (2005),
as pequenas cionais. A Figura 5 apresenta o Eixo de
zou o “abismo” citado anteriormente. A e médias empresas de desenvolvimen- Agilidade usado pelos autores, no qual
Figura 2 apresenta o grau de adoção das to de software do país e levantar o g rau se observam diversas metodologias en-
técnicas ágeis nas empresas consultadas, de satisfação de cada uma delas, com contradas na bibliograa.
C a te g o r i a Nº. de fatores
alliance.org), a qual atingiu mais de 700
prossionais, com a mesma intenção de
1 – Me
Melh
lhor
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proc
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proje
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toss 15
determinar como os processos ágeis têm
2 – Influências internas na organizaç ão
ão (gerente, desenvolvedor sênior ou arquiteto) 11 sido implementados nas diversas orga-
3 – Fato r competitivo (prazo para colocação do produto no mercado) 10 nizações. Dos 722 prossionais pesqui-
4 – Influências externas à organização (treinamento o u consultoria ex terna) 8 sados, mais de 25% vinham de empresas
com mais de 250 pessoas, mas apenas
5 – Respos ta a requisitos em constante variação 5
18% deles trabalhavam em equipes de
6 – Acompanhamento de tendências tecnológicas e do mercado 2
7 – Downsizing da equipe e process o de desenvolvimento 2 mais
provamde que,
10 pessoas.
emboraEsses números com-
o desenvolvimento
Total 53 ágil possa ser adaptado para empresas
Tabela 2. Fatores de adoção de uma metodologia ágil. Fonte: adaptado de Grinyer (2007) de maior porte, a grande maioria dos
projetos é desenvolvida por pequenas
equipes (BARNETT
( BARNETT,, 2006).
Essa pesquisa
pesquis a aponta que o desenvolvi-
mento ágil tem garantido um signi can-
te retorno sobre o investimento para as
organizações que o adotam. Analisando
os fatores que levaram à adoção de uma
metodologia ágil, identicou os fatores
presentes na Figura 6.
Comparando esses resultados com os
da Tabela 2 , pode-se
pode-s e observar que o au-
mento da produtividade e da qualidade
do so ware, aliado à capacidade de ge-
renciar requisitos em constante variação,
é o grande motivador da adoção de uma
metodologia ágil de desenvolvimento,
seja essa qualquer uma das abordadas
no presente trabalho.
Com relação às barreiras para a adoção
Figura 6. Fatores de adoção de uma metodologia ágil. Fonte: adaptado de Barnett (2006)
do desenvolvimento ágil, Barne (2006)
comenta que, no início do Movimento
A partir disso, contam-se 11 empresas uma consulta feita a três listas de dis- Ágil, o principal motivo citado era a fal-
adotando uma abordagem tradicional, cussão populares na comunidade ágil, ta de apoio por parte das gerências e da
contra 6 adotando a abordagem ágil. Em- esse autor coletou 41 relatos, relacionan- organização como um todo. Agora, isso
bora diversos autores, como Kruchten do 53 fatores que levaram à adoção de não é mais tão importante. A falta de
(2001), Pollice (2001), Kohrell e Wonch uma metodologia ágil. Esses fatores fo- prossionais qualicados para o desen-
(2005), entre outros, defendam a idéia de ram organizados em 7 categorias, apre- volvimento ágil e a resistência dos pró-
que o RUP é um processo con gurável, sentadas na Tabela 2. prios desenvolvedores à mudança são
contendo os mesmos valores das meto- Grinyer (2007) menciona outro fato re- agora apontados como os principais fato-
dologias ágeis, deve-se lembrar que, para levante observado nesse levantamento: res, conforme observado na Figura 7.
ns de pesquisa, deve-se levar em conta nenhum dos estudos de caso reportou Esse resultado, somando 42% nos fa-
a forma como este está sendo efetiva- a aplicação de uma metodologia exata- tores relativos à formação da própria
mente aplicado. Nesse estudo, o RUP foi mente como descrita, mas sempre com equipe de desenvolvimento, é consisten-
percebido por seus participantes como alguma personalização ao contexto no te com as conclusões apresentadas pela
uma metodologia mais tradicional. qual foi aplicada. Deve-se apontar, tam- Projects@Workk (2006), na Tabela 1 , e com
Projects@Wor
bém, que nenhum dos estudos indicou as colocações feitas por Ambler (2007),
Casos de implantação das metodologias os motivos pelos quais as empresas que segundo o qual o desenvolvimento ágil
Um ponto interessante a se avaliar, adotaram uma nova metodologia acre- já cruzou o “abismo” citado na Curva de
destacado por Grinyer (2007), é a forma ditaram que essa mudança efetivamen- Adoção de Tecnologia. Isso se con rma
pela qual as organizações têm ses e decidi- te levaria à solução dos problemas apon- pela observação de que já existe grande
do pela adoção dos métodos ágeis, visto tados na Tabela 2 . apoio, por parte das gerências, na ado-
que, conforme já mencionado, não exis- Além desse levantamento documental, ção do movimento ágil. A iniciativa
tem indicações claras na literatura
l iteratura ou no deve-se destacar a pesquisa conduzida pela adoção de uma metodologia ágil
meio acadêmico. Em um estudo baseado pela VersionOne (www.versionone.net) e não está mais partindo unicamente dos
na análise da literatura disponível e em apoiada pela Agile Alliance (www.agile- “inovadores” (normalmente, apenas o
METODOLOGIAS ÁGEIS
Figura 8. Comparação dos resultados obtidos com o XP na Escrow.com. Fonte: Marchesi et al (2002,
(2002, p. 358)
Figura 9. Valores obtidos pela adoção de uma metodologia ágil. Fonte: adaptado de Barnett (2006)
um número crescente de empresas. Com so não possa garantir o sucesso de um quantitativamente, a presença das diver-
isso, um número maior de equipes pode projeto, certamente a adoção de um pro- sas metodologias ágeis no mercado de
passar a quanticar seus resultados. Es- cesso inadequado
i nadequado pode comprometê-lo. desenvolvimento de so ware, bem como
pera-se, para um futuro próximo, que in- Neste trabalho, foi mostrada a impor- as adaptações que se fazem necessárias
formações mais consistentes, relativas à tância da publicação de estudos de caso, e o grau de satisfação de seus usuários.
adoção das metodologias estudadas nes- como ferramenta indispensável para a Essa ausência é ainda mais sentida quan-
te trabalho, sejam levantadas e apresenta- adoção de metodologias inovadores nas do se procuram por dados referentes ao
das à comunidade de desenvolvimento. empresas. O movimento ágil ainda deve mercado nacional.
ser classicado como uma inovação, em-
Conclusões bora alguns dados já apontem para
pa ra um Dê seu feedback sobre esta edição! F eedb a
a c
da para o desenvolvimento de so ware to ágil está em um momento de in exão, A Engenharia de Software Magazine D o
s
b
tem que ser feita ao seu gosto. r
e
em uma organização, levando em consi- passando a ser defendido também na es- Para isso, precisamos saber o que você, t
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deração os inúmeros fatores envolvidos, fera gerencial das organizações. leitor, acha da revista!
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não é uma tarefa trivial. Por outro lado, Uma deciência importante, apontada Dê seu voto sobre este artigo, através do link:
é um fator preponderante para o sucesso por este trabalho, foi a ausência de da-
www.devmedia.com.br/esmag/feedback
da organização. Embora um bom proces- dos que possam ser usados para avaliar,
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Referências