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FACULDADE DE EDUCAÇÃO MEMORIAL ADELAIDE FRANCO

CURSO DE BACHAREL EM PSICOLOGIA

ERIKA SENA E SILVA, MIRIAN VALÉRIA COSTA SILVA E MARCOS GABRIEL


TEIXEIRA

ESTUDO DE CASO DO FILME:


´´AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL´´

PEDREIRAS- MA
2023
ERIKA SENA E SILVA, MIRIAN VALÉRIA COSTA SILVA E MARCOS GABRIEL
TEIXEIRA

ESTUDO DE CASO DO FILME:


´´AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL´´

Trabalho apresentado ao curso


de psicologia como requisito
para 2ª nota da disciplina de
psicopatologia II.

Orientadora:
Valquíria Sousa.

PEDREIRAS- MA
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 04

2. OBJETIVOS 05

3. REFERENCIAL TEÓRICO 06

3.1 TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO 06

3.2 ABUSO SEXUAL E O TEPT EM CRIANÇAS 07

4. ENREDO.............................................................................................................09

5. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 11

6. RESULTADOS 15

6.1 TRATAMENTO 15

6.2 ENCAMINHAMENTO 17

6.3 CONCLUSÃO 17

7. METODOLOGIA 18

8. ANEXOS 19

8.1 ANEXO A - ANAMNESE19

8.2 ANEXO B – TESTE PROJETIVO HTP 21

8.3 ANEXO C - ENCAMINHAMENTO 22

REFERÊNCIAS 23
1. INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como foco contextualizar e analisar o filme “As


vantagens de ser invisível", o qual discorre sobre o universo adolescente e trata sobre
temas como depressão, suicídio e abuso sexual. Tendo como objetivo analisar, o TEPT -
Transtorno de Estresse Pós-Traumático e o Transtorno Depressivo, vivenciados pelo
protagonista, à discussão será acrescentado o abuso sexual na infância como um dos
diversos fatores que conseguem desencadear o desenvolvimento desses quadros
psicológicos, conceituando-o, sobretudo, a partir do DSM-5.

Assim, o trabalho divide-se em: TEPT - Transtorno de estresse pós-


traumático e o abuso sexual; Modo de funcionamento do adolescente abusado
sexualmente; Transtorno depressivo; Tratamento e Considerações finais. O estudo visa a
contribuir para um entendimento mais claro sobre TEPT, suas fontes e consequências, e
os métodos para um tratamento eficaz que auxiliem na possibilidade de oferecer uma
melhor qualidade de vida ao indivíduo. Deste modo, agregando às literaturas existentes
que se interessam por esses fenômenos, a possibilidade de uma atuação conjunta para o
entendimento acerca dos quadros de vivências traumáticas, sobretudo na infância, das
quais o próprio sujeito já não se lembra mais.

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2. OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Trazer a luz uma análise psicológica do filme ´´As vantagens de ser invisível. ´´

OBETIVOS ESPECIFICOS

Apresentar a história do personagem principal do filme;


Correlacionar sinais e sintomas do objeto de estudo em questão a critérios diagnósticos
do DSM 5-TR;
Direcionar propostas de intervenção para a hipótese diagnostica em questão.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 TRANSTORNOS DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

Exposição a eventos traumáticos como situações de violência física, sexual,


urbana, desastres naturais e acidentes podem impactar tanto a saúde física quanto a
saúde mental. Os prejuízos mais significantes impactam nas funções executivas, como:
memória de trabalho, raciocínio, flexibilidade cognitiva, resolução de problemas,
planejamento e execução de tarefas e inibição da capacidade social (SOUZA, 2019). De
acordo com os critérios apresentados pelo Manual Diagnóstico e Estatísticos dos
Transtornos Mentais de 2023, a característica essencial do transtorno de estresse pós-
traumático (TEPT) é o desenvolvimento de sintomas característicos após a exposição a
um ou mais eventos traumáticos (American Psychiatric Association,2023, p.305).

O TEPT ainda é descrito como um transtorno de ansiedade e memória,


caracterizado pela incapacidade da pessoa de “integrar” o evento traumático na
consciência. Vários modelos, incluindo o gene-interação com o ambiente, a
vulnerabilidade ao estresse e as hipóteses de sensibilidade ao estresse, estão sendo
estudados para explicar a ligação entre trauma emocional e transtornos mentais futuros,
com ênfase na área cognitiva e mecanismos neurobiológicos (O. GIOTAKOS, 2020).

O trauma afeta o indivíduo não apenas no aspecto psicossocial, mas aliena a


existência do próprio corpo da vítima. O TEPT caracteriza-se pelo quadro clínico que
surge após a exposição ao evento traumático, o qual desencadeia sintomas de medo
intenso, horror ou impotência, a vítima também pode manifestar comportamento agitado
ou desorganizado, geralmente tem sonhos aflitivos e episódios de flashbacks com o
evento (RIBEIRO et al., 2018).

A natureza e duração da experiência influenciam no desenvolvimento ou não do


trauma. Fatores preexistentes produzem uma vulnerabilidade maior ao desenvolvimento
do TEPT, como por exemplo, depressão, ansiedade, exposição anterior a outras
situações traumáticas, histórico de abusos físicos ou graves psicopatologias hereditárias
(DE SOUZA, 2018).

De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (2023), as repercussões


comportamentais do Transtorno do Estresse Pós-traumático correspondem a diferentes
grupos: evitação e entorpecimento, excitabilidade aumentada, revivência, alterações no

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humor e alterações cognitivas. Sintomas físicos como taquicardia, hiperventilação,
formigamentos, sudorese, tonturas, dores abdominais, podem acompanhar as
lembranças e também os períodos de evitação (HABIGZANG).

Esses eventos e sintomas devem ter a duração mínima de um mês para


caracterizar o transtorno, conforme o DSM-5. Em crianças, essas repercussões trazem,
por sua vez, impactos no seu desenvolvimento, devido a prejuízos na capacidade de
socialização e de interação, fundamentais ao crescimento psicossocial, além de torná-las
mais vulneráveis para futuros traumas, uma vez que esse tipo de resposta emocional
proporciona disfunções biopsicológicas que dificultam a formação de mecanismos de
defesa.

Atualmente considera-se que os sintomas do TEPT podem ocorrer em qualquer


idade a partir do primeiro ano de vida. Os sintomas geralmente manifestam-se dentro
dos primeiros três meses seguidos do trauma, embora possa haver um atraso de meses,
ou até anos, antes de os critérios para o diagnóstico serem atendidos, o que pode
dificultar a associação dos sintomas ao evento traumático (APA, 2014).

3.2. ABUSO SEXUAL E O TEPT EM CRIANÇAS

A maioria dos transtornos de estresse pós-traumática (TEPT) é ocasionada por


abusos (principalmente na infância). (LIMA et al., 2022). O abuso sexual infantil
pode causar uma série de consequências ao desenvolvimento físico, emocional,
cognitivo e social e à integridade psicológica das crianças (HABGZANG). São
relatados como possíveis desordens, as dissociações, depressão, transtorno do déficit de
atenção e hiperatividade, transtornos alimentares e psicossomáticos, distúrbios de
comportamento, entre outras complicações que, no geral, podem ser associadas ao
Transtorno do Estresse Pós-Traumático (MARGIS e BORGES)

O abuso sexual é uma forma de violência, que pode ser definida como qualquer
contato ou interação entre uma criança ou adolescente com alguém em estágio
psicossexual mais avançado do desenvolvimento, na qual a criança ou adolescente está
sendo usado para estimulação sexual do perpetrador (PLAT, et al., 2018).

O TEPT é considerado por diversos autores como o quadro psicopatológico que


mais se relaciona com as consequências do abuso sexual contra crianças. Esse tipo de

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abuso inclui uma série de ações de cunho sexual, que extrapolam as ações físicas.
(BORGES).

O trauma envolve lembranças intrusivas e recorrentes, que podem ocorrer sob a


forma de sonhos aflitivos e pesadelos, sendo carregadas de forte componente afetivo e
associadas a angústia e sofrimento intenso do paciente (GADINI; JUNIOR;
FEIJÓ,2018). As memórias do evento traumático se tornam indeletáveis, por não serem
adequadamente processadas, se tornando dissociadas, com diversos fatores e gatilhos
espalhados em outras áreas cerebrais. Dessa forma acabam sendo excessivamente
consolidadas, por um resgate constante com conotação emocional, ou seja, ligado a
essas áreas límbicas, que as tornam mais fortes e possibilitam uma generalização de
situações evocativas (MAIA, et al., 2009 apud SOUZA et al., 2018)

Na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais


(DSM-5) foram incluídas como sinais do transtorno do estresse pós-traumático em
crianças pré-escolares: intrusão por meio de sonhos, reações dissociativas ou
psicológicas acentuadas, evitação persistente a estímulos relacionados ao trauma,
alterações cognitivas negativas e sintomas de excitabilidade. Esses sinais podem ser
expressos por meio de irritabilidade, comportamento agressivo e alterações de
concentração (APA, 2014).

Além das consequências já citadas associadas aos eventos traumáticos graves,


prolongados e repetidos como nos casos de violência sexual, a criança pode também
apresentar dificuldades na regulação de suas emoções, bem como para manter
relacionamentos interpessoais estáveis, ou ainda sintomas dissociativos (APA, 2014).
Tais sintomas podem ser associados às consequências ao nível cognitivo, uma vez que
indivíduos com TEPT podem ter cognições errôneas persistentes a respeito das causas
do evento traumático que as levam a se culpar ou a culpar os outros. Um estado de
humor negativo persistente surge ou piora depois da exposição ao evento traumático. O
indivíduo pode apresentar interesse ou participação notadamente menor em atividades
que antes eram prazerosas, sentindo-se alheio ou isolado de outras pessoas, ou
incapacidade persistente de sentir emoções positivas (especialmente felicidade, alegria,
satisfação ou emoções associadas a intimidade, ternura e sexualidade). Dessa maneira, o
sofrimento psicológico subsequente pode ser bastante variável. Em alguns casos, os

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sintomas podem ser bem entendidos em um contexto de ansiedade ou medo (APA,
2014).

4. ENREDO

Charlie e um jovem estudante de quinze anos, ingressando no primeiro ano do


ensino médio na década de 90, o rapaz possui uma personalidade introspectiva e tímida,
não consegue iniciar ou manter um diálogo e passa a maior parte do tempo sozinho em
seu quarto com a rara companhia de livros. É o filho mais novo depois de seu irmão
mais velho e sua irmã do meio.

Por meio de cartas Charlie relata suas aflições e felicidades sobre seu regresso a
escola. Após passar um período internado e consequentemente afastado do ambiente
educacional, ele retoma suas atividades descrevendo-se como alguém que não é popular
e que possui dificuldades em interagir socialmente. Em seus escritos relata sobre suas
perdas, como a morte da sua tia Hellen em um acidente de carro, quando estava a
caminho para buscar um presente para o garoto em seu aniversário de oito anos, o
falecimento de Michael seu único e melhor amigo que cometeu suicídio recentemente.
Deixando evidente sua tristeza recorrente, apresentando também sintomas de um quadro
depressivo.

O rapaz conta cada dia que lhe falta para terminar o ensino médio a começar
com 1385 dias, o que demonstra uma insatisfação em relação a sua condição naquele
ambiente. Enquanto lida com as adversidades de sua adolescência, precisa conviver com
os recorrentes flashbacks relacionados à morte de Hellen a quem ele refere-se como sua
pessoa favorita no mundo. Retrata seus pais como compreensíveis e presentes,
demonstrando preocupação acerca do bem-estar dele e dos seus irmãos, entretanto
percebemos um déficit no que diz respeito à confiança e comunicação entre os membros
de sua família, afinal Charlie esconde suas dificuldades em fazer novos amigos e como
isso tem lhe afetado profundamente, além do bullying que sofre na escola. Sua irmã
esconde as violências que sofre do namorado. Ele também demostra sentir saudade de
seu irmão mais velho com quem tem um bom relacionamento, mas que vê poucas vezes
já que ele teve de mudar para outra cidade por conta da faculdade.

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Charlie acaba fazendo novas amizades com Patrick e Sam. Os dois acabam
envolvendo-o em um novo grupo social. Enquanto começa a compreender as causas de
sua identidade silenciosa e deprimida. Para o telespectador é revelado ao longo do filme
de forma gradativa, que sua tia Hellen abusava sexualmente dele, acontecimento que vai
tomando forma ao longo dos flashbacks do garoto, e sua reação a ações que o lembram
do acontecido, como quando Sam encosta-se a sua perna ao beijá-lo.

Através do processo de anamnese é possível colher algumas informações


relevantes a respeito do passado de Charlie. O filme mante de forma nebulosa as
memórias dos fatos ocorridos, ao desenvolver da trama os flashes passam a apresentar
mais detalhes e esclarecimento de acordo com a vivencia do personagem. Charlie foi
abusado em sua infância por Helen que pedia para o garoto não contasse a ninguém pois
seria seu “segredinho”, após a morte da tia em um acidente de carro em quanto ia buscar
o presente dele, ele passa a culpar-se constantemente pelo ocorrido, reprimindo
completamente a memória dos abusos e mantendo consigo apenas o sentimento de
culpa, culpa essa nutrida nele também por desejar a morte da tia por conta dos abusos,
sentimento esse que era incompreendido por ser muito novo. Após esses incidentes
(assédio e morte de sua tia) não são retratados fatos de como foi sua infância.

O filme não apresenta situações que deixe claro se o personagem principal faça
ou não uso de psicotrópicos, no entanto feita a anamnese e colhida às informações
referentes à sua condição o encaminhamento ao psiquiatra deve ser feito visto à
necessidade da observação e cuidado médico especializado.

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5. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

O DSM-5 atualizado traz os critérios diagnósticos capazes de definir o


transtorno que acomete o paciente, no caso de Charlie a hipótese diagnostica de (TEPT)
Transtorno de estresse pós-traumático, essas características são:

A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência


sexual em uma (ou mais) das seguintes formas:
1. Vivenciar diretamente o evento traumático.
Charlie vivenciou diretamente o contexto de abuso pela tia de forma frequente e
repetidas vezes, de modo que lhe gerou um trauma que por conta de não compreender a
situação a qual foi colocado e os sentimentos que isso o despertou, acabou por reprimi-
los tornando inconsciente à medida que esses lhe geram danos psicológicos ao longo de
sua vida.

B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao


evento traumático, começando depois de sua ocorrência:

1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento


traumático.

3. Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age
como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente. (Essas reações
podem ocorrer em um continuum, com a expressão mais extrema na forma de
uma perda completa de percepção do ambiente ao redor.)

4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais


internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do
evento traumático.

5. Reações fisiológicas intensas a sinais internos ou externos que simbolizem ou


se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.

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Conforme vivencia as situações de violência ou semelhantes ao do trauma
Charlie tem flashbacks como se revivesse o momento do abuso ainda que incialmente
não se recorde por completo de tudo, o despertando sentimentos como, tristeza, culpa,
angustia e etc.

Na cena em que está com sua namorada Mary ele apresenta desconforto
inicialmente, pois aquilo lhe faz lembrar-se ainda que de forma inconsciente dos abusos.
Já em outro momento quando Sam coloca a mão em sua coxa como sua tia fazia,
Charlie revive por completo a memória e lembra-se de todo o ocorrido.

C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático,


começando após a ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou
ambos dos seguintes aspectos:

1. Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos


angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.

2. Evitação ou esforços para evitar lembranças externas (pessoas, lugares,


conversas, atividades, objetos, situações) que despertem recordações,
pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao
evento traumático.

Assuntos sensíveis como o falecimento de Hellen, de Michel e dos abusos são


pouco comentados pelo personagem, mesmo após fazer novos amigos e dividir com eles
alguns de seus sentimentos, Charlie revela sobre estar com dificuldades somente ao
ficar entorpecido por conta do consumo de substancias durante festas das quais era
convidado por seus amigos, assim o rapaz acaba contando sobre o suicídio de seu
melhor amigo, sua dificuldade nas relações sociais, podendo provir do medo e angustia
de ser violado novamente o uma insegurança derivada do trauma.

D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento


traumático começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme
evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos:

1. Incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático


(geralmente devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como
traumatismo craniano, álcool ou drogas).

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2. Crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si
mesmo, dos outros e do mundo (p. ex., “Sou mau”, “Não se deve confiar em
ninguém”, “O mundo é perigoso”, “Todo o meu sistema nervoso está arruinado
para sempre”).

3. Cognições distorcidas persistentes a respeito da causa ou das consequências


do evento traumático que levam o indivíduo a culpar a si mesmo ou os outros. 4.
Estado emocional negativo persistente (p. ex., medo, pavor, raiva, culpa ou
vergonha).

5. Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas.

6. Sentimentos de distanciamento e alienação em relação aos outros.

7. Incapacidade persistente de sentir emoções positivas (p. ex., incapacidade de


vivenciar sentimentos de felicidade, satisfação ou amor).

À medida que progredimos na observação do personagem é possível identificar


traços seus que se enquadrem nos critérios diagnósticos do transtorno de estresse pós-
traumático; apresentando dificuldade para lembrar-se dos eventos e nutrindo ainda
assim um sentimento de culpa a si por algo que não é de sua responsabilidade direta,
repetitivas situações onde são internalizadas crenças de desamor, desvalor e desamparo.

Após beijar Sam antes de sua partida e leva-la até o carro Charlie caminha para
sua casa onde aparenta estar desnorteado em um quadro dissociativo enquanto se
recorda de tudo o que ocorreu em sua infância do abuso a morte da tia. Conforme é
possível observar ele apresenta dificuldades nas relações sociais e não apresenta
interesse na maior parte das atividades do dia a dia sendo levado para uma festa por seus
amigos mesmo que inicialmente não gostasse da ideia, cedendo apenas para agradar os
colegas que o acolheram. Charlie nutre sentimentos de negatividade como de não
merecer ou de inferiorização.

Em certo momento ao estar exposto a um contexto violento Charlie parte para


cima de um rapaz que agredia seu amigo, porém toda a cena é cortada, em seguida
vemos apenas Charlie que não entende o que fez e não sabe ao certo o que aconteceu, a
cena nos revela apenas que os garotos que agrediam Patrick foram nocauteados, e Sam
revela que Charles havia salvado Patrick.

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É perceptível a presença de um ciclo de relações traumáticas e abusivas na
constituição familiar de Charlie, visto os critérios e suas semelhanças com as
informações colhidas a respeito do caso de Charlie a hipótese diagnostica obtida é a de
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), no entanto devido a fatos ocorridos após
o trauma inicial também se levanta a hipótese da existência de um transtorno depressivo
maior.

Testes como HTP podem ser utilizados para identificar traços da personalidade
que podem ser relevantes no processo diagnostico, analisando desde conceitos sobre sua
autoimagem como de seu círculo familiar e conflitos internos referentes à sua vivencia.

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6. RESULTADOS

6.1. TRATAMENTO

A psicoterapia é o principal tratamento para o TEPT, entretanto, não é o único, na


grande maioria dos casos se faz necessária uma intervenção medicamentosa uma vez que
o indivíduo acometido por esse transtorno tende a ter diversas áreas da sua vida afetada.
A curto e a longo prazo, as consequências para o indivíduo que sofre de abuso na infância
são diversas e inclusive podem permanecer na vida do mesmo, até ocasionar em
patologias definidas (SEGUNDO, 2019). Dentre estas consequências pode-se citar:
prejuízos cognitivos, alterações de sono e pesadelos, desordens alimentares e
gastrointestinais, maiores riscos de consumo de substâncias e álcool assim como de
tentativas de suicídio, problemas de cunho social como isolamento e problemas de
relação interpessoal e afetiva, fobias e disfunções sexuais e, no âmbito emocional pode
ocorrer medo generalizado, agressividade, culpa e vergonha, baixa autoestima, entre
outros.

Partindo desse pressuposto, no que diz respeito a psicoterapia, estudos trazem


que uma das abordagens mais efetivas no tratamento do TEPT é a Terapia Cognitivo
comportamental (TCC). Dentre as possíveis técnicas cognitivo-comportamentais
propostas por diversos autores, destacam-se:

1. Exposição: Em muitos casos, o transtorno pós-traumático envolve uma forma de


fobia, um medo excessivo de alguma coisa ou situação. Nesses casos, o primeiro
passo do tratamento é permitir que a pessoa se exponha a situações cotidianas
que normalmente acionam seu trauma, desenvolvendo recursos para controlar
suas reações e evitar que elas interfiram negativamente no seu dia a dia. Isso
permite que a pessoa retome algumas de suas atividades o quanto antes.
2. Dessensibilização sistemática: Trata-se de fazer com que uma determinada
situação se torne menos aversiva. Para isso, o paciente é exposto àquilo que

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desencadeia sua reação de estresse de forma gradual. Primeiro, ele se imagina na
situação e utiliza algumas técnicas para minimizar suas reações. Com o tempo,
ele será gradualmente colocado na situação real, utilizando os mesmos recursos
para evitar ter uma crise ou aprender a lidar com ela.
3. Relaxamento: Uma forma de minimizar seu impacto negativo é encontrar formas
de contrabalancear esse estresse. Para isso servem técnicas de relaxamento,
como exercícios de respiração, concentração e meditação. É um
método cognitivo bem eficaz para lidar com várias situações do dia a dia, sendo
aplicável para a maioria dos tratamentos. Além disso, a redução do estresse
permite que o tratamento seja aprofundado em outras áreas.
4. Enfrentamento do estresse: Em situações nas quais o indivíduo lida com muitos
problemas no dia a dia, é possível desenvolver formas de enfrentamento do
estresse, seja evitando a situação estressante, desenvolvendo processos para lidar
com o problema rapidamente ou contendo suas reações emocionais o suficiente
para que elas não sejam prejudiciais.
5. Parada do pensamento e autoinstrução: As técnicas de parada do pensamento e
autoinstrução, são, essencialmente, um esforço ativo para identificar
pensamentos negativos e afastá-los conscientemente. Porém, não é o mesmo que
simplesmente “não sentir mais isso”. É uma forma de enfrentamento e controle
das emoções negativas, sempre contando com o apoio de um profissional para
elaborar certas questões e assegurar o sucesso do tratamento.

No tocante a farmacoterapia, há um grande número de remédios que são úteis no


tratamento do TEPT, como, por exemplo, os antidepressivos. Entretanto, essa forma de
tratamento varia de acordo com a necessidade de cada paciente. Isto ocorre porque cada
organismo pode reagir de formas diferentes ao mesmo medicamento. Então,
o psiquiatra é responsável por avaliar qual é a medicação adequada e a dosagem
necessária para cada caso. Em alguns casos, apenas a psicoterapia é suficiente para
melhorar os danos que o TEPT causa. Porém, pode ser que seja necessário fazer terapia
e usar remédios, caso o impacto do TEPT na vida da pessoa seja muito grande. A união
dos dois torna o processo de cura muito mais rápido.

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6.2. ENCAMINHAMENTOS

Diante das queixas do paciente ou próprios familiares, é pertinente ao profissional


que está acompanhando o caso encaminha-lo a um psiquiatra, uma vez que o objeto de
estudo em questão, já apresenta um quadro de adoecimento mental severo, podendo não
ser amenizado sem uma intervenção medicamentosa.

6.3. CONCLUSÃO

A partir do estudo do caso em questão pode-se concluir que as sequelas em


pacientes expostos a tantos eventos traumáticos são inúmeras, podendo ir desde um
quadro de depressão a um quadro de TEPT, com ou sem comorbidades, mas em sua
grande maioria, com. Com base na história do personagem aqui apresentada, ficou
evidente que ele apresenta este prognóstico, com todos os sinais e sintomas exigidos pelo
DSM-5 TR. Entretanto, para o fechar o diagnóstico de tal transtorno, faz-se necessária
uma análise mais minuciosa, uma vez que as informações fornecidas no filme são
insuficientes para tal.
No que diz respeito ao tratamento, nota-se que diversos fatores podem contribuir
para a melhora e/ou piora da vítima. Psicoterapia e fármacos são de fato intervenções
cruciais, mas fica notório no filme que sua rede de apoio familiar e social contribuem de
maneira significativa para sua melhora.
Por fim, ressalta-se que a identificação precoce e intervenção imediata quando
identificado tais sinais e sintomas, torna-se crucial para o retrocesso desse quadro, como
também para prevenir que este acabe por agudizar para um TEPT crônico.

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7. METODOLOGIA

O trabalho proposto trata-se de um estudo de caso acerca do filme ´´As vantagens


de ser invisível´´, de 2002, com Stephen Chbosky como diretor e roteirista. Este se define
por uma investigação minuciosa acerca da história do personagem principal, o jovem
Charlie, que neste é interpretado por Logan Lerman.
Nesse sentido, os passos para a construção da pesquisa se deram em duas etapas,
sendo a primeira voltada para escolha e análise do filme, e as demandas trazidas por ele, e
a segunda focada na seleção dos materiais científicos para a fundamentação teórica.
(CAMPOS, COELHO, 2022).

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8. ANEXOS

8.1 ANEXO A – ANAMNESE

ANAMNESE PSICOLOGICA ADULTA

1. IDENTIFICAÇÃO

Nome:_______________________________________________________________________
Idade:_____ Data de nascimento:___/___/___ Sexo: F( ) M( ) Escolaridade:_________
Profissão:_____________________Telefone________________Religião:________________
Estado civil: Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo ( ) Outros: ____________
Nome do cônjuge: _________________________________________________ Idade: _____
Quanto tempo de casamento: ____________ Quanto tempo de separação: _____________
Filhos: Sim ( ) Não ( ) Quantos? _______ Nomes e Idades: ________________________

2. MOTIVO DA CONSULTA

Fez terapia anteriormente: Sim ( ) Não ( ) Quando? _____________________________


Qual a queixa? _______________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Quando se iniciou? ____________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Quais eventos e/ou fatores contribuem ou agravam? ________________________________
_____________________________________________________________________________
Está fazendo algum tipo de tratamento médico: Sim ( ) Não ( ) Qual?_______________
Faz uso de medicação: Sim ( ) Não ( ) Qual?____________________________________

Observação:

3. HISTÓRICO DE VIDA

Com relação aos pais: Vivos ( ) Falecidos ( ) Estado civil dos pais_________________
Com relação a infância: Recordações/ impressões: Boas ( ) Ruins ( ) Regulares ( )
Lembranças significativas: _____________________________________________________
____________________________________________________________________________
Com relação a adolescência: Recordações/ impressões: Boas( ) Ruins ( ) Regulares ( )
Lembranças significativas: _____________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Como são as relações sociais (família, amigos)? ____________________________________
_____________________________________________________________________________
Como é o relacionamento atual com seu(ua) parceiro(a) e a sua dinâmica de vida atual?
_____________________________________________________________________________
Vida sexual: _________________________________________________________________
Situação financeira atual: ______________________________________________________

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Alimentação: ________________________________________________________________
Sono: _______________________________________________________________________
Quais são as atividades de Lazer?_______________________________________________

4. HISTÓRICO CLÍNICO

Doença crônica: _____________________________________________________________


___________________________________________________________________________
Uso de medicamentos. Quais? __________________________________________________
Casos de internação: _________________________________________________________
Enfrentamento: _____________________________________________________________
Sintomas físicos e/ou psicológicos: _____________________________________________
Psicoterapia/fono/fisio/neuro/psiquiatra: ________________________________________

5. SUGESTÃO DE ENCAMINHAMENTO

Encaminhamento: ____________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

__________________________________________________
Assinatura do Profissional

20
8.2 ANEXO B – TESTE H-T-P

21
8.3 ANEXO C - ENCAMINHAMENTO

22
Nome, Especialidade e CRP do Profissional)

ENCAMINHAMENTO

De: (Nome do profissional) - Psicóloga Clinica


Para: Psiquiatria

Encaminho (Nome do cliente), para avalição e acompanhamento psiquiátrico. O


mesmo iniciou acompanhamento psicológico em (mês/ano), sendo necessário o
prosseguimento da psicoterapia, porém, concomitantemente ao tratamento psiquiátrico.
Encontro-me à disposição para quaisquer esclarecimentos e desde já agradeço a
atenção.

(Local, dia e ano)


__________________________________________________
Assinatura do Profissional
(Carimbo e Número de Registro no CRP)

REFERÊNCIAS

23
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5-TR. 5.ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2023

CAMPOS, COELHO, A. e G. Transtorno de estresse pós-traumático e depressão à


luz do filme as vantagens de ser invisível. Revista Multidisciplinar da Saúde (RMS),
v.04, n.02, ano 2022. Disponível em:
https://revistas.anchieta.br/index.php/RevistaMultiSaude/article/view/1944. Acesso em:
14 maio de 2023.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais


[recurso eletrônico] / Paulo Dalgalarrondo. – 3. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019.

TRATAMENTO PARA TEPT, QUAIS SÃO E COMO FUNCIONAM. Eurekka,


2022. Disponível em: https://blog.eurekka.me/tratamento-para-tept/. Acesso em: 14
maio 2023.

5 TÉCNICAS DA TCC PARA O TRATAMENTO DE ESTRESSE PÓS-


TRAUMÁTICO. Cognitivo Blog, 2020. Disponível em: https://blog.cognitivo.com/5-
tecnicas-da-tcc-para-o-tratamento-de-estresse-pos-traumatico/. Acesso em: 14 maio
2023.

PAZ, Fernanda; ARAÚJO, Natieli. A Terapia Cognitivo-Comportamental em pessoas


com transtorno de estresse pós-traumático vítimas de abuso sexual na infância–uma
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