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Ficha de leitura - A saúde mental dos refugiados: um olhar sobre estudos qualitativos - Vivian

Fadlo Galina(a) Tatiane Barbosa Bispo da Silva(b) Marcelo Haydu(c) Denise Martin(d).

Por Renatta Gorga

Os autores, logo no resumo, explicitam os objetos de estudo: periódicos internacionais


de 1993 a janeiro de 2016, com foco na saúde mental de refugiados adultos, adolescentes e
crianças; bem como no cuidado em saúde dos refugiados. Na introdução, eles complementam
que a ideia é contribuir com os debates sobre a saúde mental de pessoas em condição de
refúgio.

O tema é contextualizado. Explicam-se que o “crescimento exponencial de migrantes


forçados em todo o mundo se justifica pelas crescentes ocorrências catastróficas no aspecto
humanitário, como: crises, conflitos políticos e sociais, guerras e desastres naturais. Em 2015,
migrações forçadas alcançaram 65,3 milhões de pessoas no final do ano.” (GALINA, DA SILVA,
HAYDU, MARTIN, 2017.p.2).

É importante destacar que as pessoas refugiadas costumam ter uma carga emocional
difícil. Como explicam os autores, “As experiências que levam pessoas de diversas
nacionalidades a solicitarem refúgio, abandonando seus países de origem, geralmente
envolvem fatores com potencial de desencadear desordens mentais, como: Depressão e
Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT), entre outros distúrbios3,4. Violências diversas,
tortura, massacres, morte de parentes e amigos são circunstâncias traumáticas às quais muitos
refugiados são expostos. Fome e perdas de bens também são frequentes nessa população,
além do choque sociocultural no país de refúgio5.” (GALINA, DA SILVA, HAYDU, MARTIN, 2017.
P.2). - 3. Marshall GN, Schell TL, Elliott MN, Berthold SM, Chun CA. Mental health of cambodian
refugees 2 decades after resettlement in the United States. JAMA. 2005; 294(5):571-9. DOI:
http://dx.doi.org/10.1001/jama.294.5.571.

4. Kolassa IT, Ertl V, Eckart C, Kolassa S, Onyut LP, Elbert T. Spontaneous remission from
PTSD depends on the number of traumatic event types experienced. Psychol Trauma. 2010;
2(3):169-74. DOI: http://dx.doi.org/10.1037/a0019362.

5. Martins-Borges L. Migração involuntária como fator de risco à saúde mental.


REMHU. 2013; 21(40):151-62

Os autores complementam: Segundo Martins-Borges5 , pelo caráter involuntário e


repentino de seu deslocamento, os refugiados transportam consigo muito pouco do que até
então caracterizava sua identidade; e essas partidas são frequentemente relacionadas a um
sofrimento psicológico ligado ao traumatismo ao qual foram submetidos no período pré-
migratório e migratório.

O artigo também explica, na Introdução, qual foi a forma de coleta de dados, quais
foram os sites onde pesquisaram os periódicos que seriam analisados, quais filtros de pesquisa
usaram, quantos periódicos foram selecionados.

Como pontuam os 4 autores, muitas vezes, os refugiados não encontram, no país de


refúgio, um lugar acolhedor ou pessoas que compreendam sob qual situação eles chegaram.
“Fragilizados pelo temor de perseguição ou real perseguição – própria ou de suas famílias – nos
países de origem, encontram, na maior parte das vezes, um ambiente hostil e inadequado nos
países de refúgio.” ((GALINA, DA SILVA, HAYDU, MARTIN, 2017. P.5). Sendo assim, a saúde
mental desses indivíduos fica ainda mais comprometida. Algo que pode ser ampliado no caso
de o refugiado ter filhos. No caso em questão, três, todos crianças e, levando-se em
consideração que a mãe dessas crianças e então esposa do refugiado tinha perdido a vida em
um incêndio na Grécia. Em um vídeo, ele aparece com os filhos e fala sobre a perda dessa
esposa, das dificuldades que – à esta altura – já enfrentava, como a de não encontrar trabalho.
Diz que já havia entrado em contato com instituições de apoio, como a ACNUR (Agência das
Nações Unidas para Refugiados), mas que só o mandavam esperar.

Abdul também não tinha ainda conseguido trabalho. “A falta de recursos financeiros e
culturais dos familiares de crianças e adolescentes refugiados os deixam relativamente
desamparados acadêmica e socialmente, o que resulta em situações psicossocialmente
estressantes24,28”: (GALINA, DA SILVA, HAYDU, MARTIN, 2017. P.6)

24. Betancourt TS, Frounfelker R, Mishra T, Hussein A, Falzarano R. Addressing health


disparities in the mental health of refugee children and adolescents through communitybased
participatory research: a study in 2 communities. Am J Public Health. 2015; 105Supl 3:475-82.

28. Brough M, Gorman D, Ramirez E, Westoby P. Young refugees talk about well-being: a
qualitative analysis of refugee youth mental health from three states. Aust J Soc Issues. 2003;
38(2):193-208.

Um ponto muito importante que os autores trazem à tona é que “Alguns estudos
evidenciam, ainda, que as particularidades da condição social dos refugiados em geral
dificultam a experiência do cuidado24,38,39.” (GALINA, DA SILVA, HAYDU, MARTIN, 2017. P.7).
Nesse caso em específico, o suspeito recebia cuidados e auxílio do centro ismaeli, mas, por
alguma particularidade, assassinou duas mulheres que eram funcionárias do centro e
prestavam-lhe auxíilio.

Ainda durante o artigo, os autores apontam “a necessidade de que seja estabelecida


uma discussão e aberto o diálogo entre serviços e membros da comunidade, para garantir que
as respostas à saúde sejam sensíveis à diversidade cultural, necessidades e crenças dos
refugiados sobre saúde”. .” (GALINA, DA SILVA, HAYDU, MARTIN, 2017. P.8).

Eles finalizam ao dizer que uma das limitações é não abordar toda a diversidade
presente nos estudos descritos por eles.

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