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Para toda garota que teve o coração


partido:
Cara leitora meu nome é Joana!
Esse não é um daqueles contos românticos
onde tem um final perfeito e completamente
previsível (não que o final dessa história seja
imprevisível). Então te aviso, se o seu objetivo for
ler algo fofo e romântico por favor, leia outra coisa
que esteja na sua lista de leitura. Porém, se você
não tiver problema em ler um pouquinho da minha
história com uma pitada grosseira de realidade,
acomode-se e vamos lá. Afinal... São pouquíssimas
páginas pela frente.
Acredito que quase toda menina já teve o
coração partido. Já amou desesperadamente alguém
que não foi capaz de corresponder esse amor na
mesma intensidade e depois de sofrer uma grande
decepção. Teve aquela sensação de vazio no peito.
Sentindo-se incapaz de continuar a vivendo. O
problema que essa mesma dor que é ignorada por
muitos, roubam a vida de inúmeras pessoas no
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mundo todo que recorrem a única solução que


enxergam diante seus olhos: o suicídio. Mas,
calma... Eu sofri de amor, mas não me suicidei. E
te digo... Se tiver passando por isso nesse
momento: Suicidar-se não é a solução.
Minha primeira paixão foi aos treze anos de
idade. Com um Crush (acho que é assim que se
fala) do colégio. Ele era jogador do time de futebol
e o menino mais bonito que conheci no meu ensino
fundamental. Rodrigo. Nunca vou me esquecer
daqueles lindos olhos verdes que fazia qualquer
menina suspirar. Eu pensava que era imune ao
amor. Mas, quando ele sorriu para mim pela
primeira vez, meu coração disse o contrário eu me
apaixonei. Sim. Foi simples assim. Eu era a
estudante de matemática que usava óculos e
aparelho, tinha o rosto cheio de espinha, eu não
fazia tratamento no cabelo e nem usava aquelas
roupas caras como as outras meninas. Eu não era
uma menina geneticamente bonita. Uma amiga
minha acabou contando para o Rodrigo, na
esperança de que ficássemos juntos.
Quando ele me convidou para sair, eu me
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senti a menina mais sortuda do mundo. Lembro das


horas que passei olhando para o espelho me
sentindo incrível. Das músicas românticas que ouvi
e dos planos que fiz em minha mente. Era a
primeira vez que alguém me chamava para sair.
O problema foi que o Rodrigo não apareceu no
nosso primeiro encontro, nem no segundo... Eu
sempre ficava sentada na sorveteria nos horários
marcados esperando o meu príncipe encantado que
nunca aparecia. Meu coração se partiu ao meio pela
primeira vez, quando eu descobri que na verdade o
Rodrigo tinha feito uma aposta com os amigos de
que conseguiria roubar o meu trabalho para a feira
de ciências antes do final do semestre. E aquela foi
a primeira vez que senti o gostinho da decepção de
estar apaixonada por alguém que não valia a pena.
Eu não consegui um namorado, muito menos perdi
o meu BV com o “garoto dos meus sonhos”.
Aos quinze anos eu conheci o Diego... Ele era
um cara legal, dois anos mais velho que eu. Ele
tinha abandonado o ensino médio e trabalhava o dia
todo. Nós nos conhecemos na festa de aniversário
da minha prima e conversamos por quase três
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semanas antes de nos vermos pessoalmente de


novo... E o beijo aconteceu. Perdi meu BV. Não
posso dizer que foi bom, porque foi péssimo! Mas,
eu estava feliz. Dois dias depois ele me pediu em
namoro e eu aceitei. Senti que as feridas do meu
coração haviam sido cicatrizadas. Eu e Diego nos
casaríamos e teríamos dois filhos. Nós iriamos
morar em uma cidadezinha do interior e seriamos
felizes. Mas, aquela noite tudo mudou.
Ele disse que queria me apresentar a família
dele e eu me empolguei com a ideia. Afinal, todo
relacionamento sério necessita de um começo sério.
Mas, não foi assim... Faziam duas horas que eu
estava ali e os parentes não “chegavam do
mercado”. Foi então que o Diego teve a brilhante
ideia de me apresentar ao quarto dele. E foi lá que
tudo aconteceu.
Fazia alguns dias que tinha dado o meu
primeiro beijo. Eu era virgem. É claro que eu sabia,
o que acontecia... (Na teoria). Mas, eu estava muito
longe de estar preparada para perder a minha
virgindade. E ele não foi capaz de entender isso.
Ele queria ver o meu corpo. E disse que isso
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era uma forma de provar o meu amor. “ Eu... Eu


tenho vergonha...Eu”. “Cale a boca, Joana. Você
nunca me amou”. E eu tirei a blusa e cobri o corpo
com as mãos. Ele queria mais... Ele queria ver. Ele
queria tocar. E eu... Eu estava apavorada. Então, ele
tentou a força. E foi terrível.
Eu não perdi a virgindade aquela noite,
porque alguém chegou e chamou por ele. Eu fugi
pela janela, seminua e em lagrimas. O Diego me
ligou algumas vezes e eu decidi ignorá-lo para o
resto da minha vida, com o coração partido pela
segunda vez. Agora, me sentindo um objeto
humano;
Seis meses depois eu tive uma “paquera”.
Trocamos mensagem por dois dias no Facebook,
antes dele me pedir “Nudes” e ser bloqueado por
mim. Não que mandar fotos intimas nas redes
sociais seja algo que eu condene. Mas, não é certo
tentar conquistar uma garota dessa forma: “Você é
tão linda! Tem como mandar uma foto sem sutiã?
”.
Aos dezessete eu conheci eu conheci o Paulo.
Namoramos por três meses, mas não deu certo.
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Uma mulher não era o suficiente. Ele precisava


curtir e eu tinha que aceitar. “Joana, a traição faz
parte do instinto natural do homem. Se você deseja
se tornar uma boa esposa, precisa aceitar que esse
tipo de coisa é normal. Todo homem trai. ” – Essas
foram as palavras de minha mãe. Foi nesse
momento que me dei conta do porque ela aceitava
as coisas terríveis que meu pai fazia com ela, sem
direito a reclamações. Afinal... Segundo parte da
sociedade, você nasceu para ser um objeto de uso e
servir completamente as vontades masculinas. Eles
irão fazer sexo com você quando quiserem e você
não tem o direito de reclamar (é a sua obrigação
como mulher, então – silencio e abra as pernas)
você deve lavar, cozinhar, passar, - Sem direito a
descanso – Silencio é a sua obrigação de MULHER
e claro... Você não tem o direito de cobrar que ele
seja fiel. É SUA OBRIGAÇÃO COMO MULHER
aceitar a infidelidade de seu marido. E se você
pensa diferente disso tudo... VOCÊ É UMA PUTA!
Lembrando que: eu não tenha nada contra
você servir ao seu marido (se essa for a sua
vontade).

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Chega um momento que o seu coração está tão


machucado que você simplesmente desacredita no
amor e foi nesse momento que eu conheci o Carlos.
E droga! Me apaixonei.
O Carlos não era só meu melhor amigo, ele foi
o primeiro grande amor da minha vida. Diferente
de todos os outros, ele fez com que eu me sentisse
importante. Ele se tornou a chuva no meu deserto.
A paz que eu precisava. Éramos cumplices. Dois
loucos apaixonados que acreditavam que podíamos
ganhar o mundo. Foi com o Carlos que eu aprendi o
que era “beijar” de verdade. Foi nos lábios dele que
eu descobri que beijar era mais do que um ato
carnal, era a conexão de nossas almas apaixonadas.
“Ah! Como beijar é bom. O Carlos também foi o
meu primeiro homem. Ele me ensinou que perder a
virgindade era muito diferente do que eu pensava.
E que era possível “fazer amor” com alguém. Eu
não precisava me sentir um objeto. Eu também
podia me dar ao prazer de sentir.
O Carlos não foi um simples namorado. Ele foi
o homem com quem eu planejei me casar, durante
sete anos da minha vida ele foi dono dos meus
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pensamentos. Eu o amava. Eu o amava mais do que


qualquer coisa no mundo e eu pensei que poderia
ser feliz. Eu apenas pensei...
O Carlos tinha outros planos. Outros sonhos.
Outros objetivos... Outra pessoa. O Carlos
precisava dedicar o seu tempo a minha melhor
amiga. Ele passava as noites na cama dela,
enquanto eu me preocupava se ele estava dormindo
bem. E quando eu descobri... O meu coração se
partiu. O meu coração se partiu em tantos
estilhaços que dessa vez, foi impossível sonhar com
a felicidade de novo. Não era apenas o homem da
minha vida... Era minha amiga. Minha confidente.
Era o meu mundo sendo jogado ao chão e
estilhaçado por aqueles que não se preocuparam
com os meus sentimentos e o pior de tudo: Duas
pessoas que eu amava. Amava muito.
A dor que eu senti foi tão forte que eu chorei
por três dias sem parar. Bebi uma garrafa de vodca
e tomei dois frascos de remédio, desejando que a
morte me visitasse aquela noite. A dor que eu senti
foi tão forte que eu pensei que jamais conseguiria
sorrir novamente. A dor que eu senti foi tão forte
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que eu desisti de mim...


Eu pensei que ele fosse me procurar no
hospital. Pensei que ele fosse olhar nos meus olhos
e me pedir: “Me perdoe por tudo”. Mas, tudo o que
eu recebi aquela noite foi uma mensagem de celular
me dizendo: “ A culpa é sua. Eu lutei por nós. Você
apenas não foi capaz de perceber”.
Talvez você nunca consiga entender o que eu
senti. Talvez você pense que fui mais uma das
inúmeras garotas bobas existentes no mundo que
sofrem por alguém que não sabe dar valor “em
parte você tem razão. Eu sou apenas mais um
número... Um número de pessoas que amaram o
suficiente para confiar e acreditar”. Existe aquela
famosa frase – Não perde quem deu amor, perde
quem não soube receber – Mas, não é exatamente
assim que nos sentimos, pelo menos não foi assim
que eu me senti ao ser traída. Porque tudo o que
passava por minha mente é: “Eu não fui o
suficiente”. – Eu sou insuficiente.
E depois de um longo tempo desistindo da
vida... Eu amadureci. Amadureci o suficiente para
perceber que o erro nunca esteve em nenhum dos
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garotos que dediquei os meus sentimentos. O erro


estava em mim.
O erro estava em mim por ter dedicado a eles,
mais do que eu dedicava a mim mesmo. O erro
estava em mim por entregar tudo o que eu era nas
mãos de alguém e dar a esse alguém o poder de me
destruir “ E acredite... Ele conseguiu”. Acho que na
verdade, eles conseguiram. Foi gradual. Dor
acumula dor. Até que você se despedaça de vez.
Depois de um tempo eu me olhei de frente ao
espelho. Destruída. Acabada pelo tempo. E foi
nesse momento que me dei conta de que eu me
sentia tão inferior as outras pessoas que dei a elas o
poder de me tratarem como se eu fosse inferior. –
Mas, eu era forte, forte o suficiente para me tornar
a mulher que eu tanto queria ser.
Nós passamos a vida inteira acreditando que
um dia irá encontrar o príncipe encantado e teremos
uma vida perfeita. Beijamos tantos sapos esperando
que se tornem o homem perfeito e nos levem para
morar em um castelo. Mas, príncipes encantados
não existem! O máximo que você conseguirá é
encontrar um homem fisicamente bonito “se você
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tiver sorte” e alguém que faça com que você se


sinta especial demais para que te torne “Uma
princesa”. Mas, não se iluda... Esse mesmo homem,
será cheio de defeitos – Assim como você – E você
precisa aprender a lidar com cada um deles para ser
feliz “Bem-vinda a vida! ” Descarte agora mesmo
qualquer fantasia que você tenha aderido à sua
adolescência, aqui você não precisará delas.
Ame a si mesma!... E apenas depois pense em
entregar o seu coração a alguém. Conheça os seus
limites, conheça os seus medos e se fortaleça. Você
é forte o suficiente para renascer entre as cinzas.
Depois de um tempo eu aprendi que... Eu tinha
tanto medo de ficar sozinha que eu me refugiava
nos braços de quem nunca me faria companhia, não
do jeito que eu precisava. É como um amigo meu
uma vez me disse: “ Não tenha medo de ficar só.
Esse medo te fará com que aceite pouco. E o
pouco... Te deixará sozinha quando mais precisar”.
Eu me dei conta de que eu precisava parar de
aceitar os garotos em minha vida acreditando que
eu não os merecia e precisava analisar se eles me
mereciam. Eu era a peça principal do jogo. Você é
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a peça principal. A vida é sua. Você é a


protagonista, não ele. Nem qualquer outra pessoa
que queira somar na sua vida.
Eu acabei descobrindo que eu era bonita, talvez
mais bonita do que a maioria das garotas que
estavam ao meu lado. Eu só precisava aceitar quem
eu era e me amar da maneira que eu merecia ser
amada. O garoto precisava ser... O complemento da
minha vida, não o meu mundo. Ele deveria ser
alguém para construir o meu futuro ao meu lado,
não o meu dono insubstituível.
Porque a única pessoa insubstituível nessa vida,
SOU EU. Não que eu tenha me transformado em
uma garota com a síndrome da mulher maravilha.
Mas, se eu morrer dentro de mim mesma, quem
poderá me substituir? – O pior não é morrer. É estar
morto e continuar vivendo. – Quem substituirá
você, caso um alguém que não merecia metade do
seu amor, mate tudo o que você significa?
Eu tenho um coração. Eu preciso cuidar dele.
Preciso analisar as minhas opções, para escolher a
pessoa certa. E mesmo que eu erre na minha
escolha, preciso ter consciência que sempre existe a
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chance de escolher novamente.


Eu vou te contar dois grandes segredos: Sim,
por mais clichê que essa frase possa parecer, a
pessoa certa existe. Ela está em algum lugar
esperando por você. E dois... Se ela não aparecer,
você pode ser perfeitamente feliz, sozinha (Isso
quase ninguém diz a você, porque se optar por essa
escolha, aquela mesma parcela da sociedade vai
chamar você de PUTA, mesmo que você não seja
uma garota de programa).
Mascarar a sua solidão para se envolver com
alguém toxico é um dos piores erros que cometerá
na sua vida. Aguentar um relacionamento abusivo,
com medo de não ter ninguém, é vender o seu
coração. Troca por troca. Com prazo de validade.
Ele vai usar você e uma hora você não servirá mais.
Então se você está vivendo um relacionamento
abusivo, saia dele o mais rápido possível. Se você
não sabe se está vivendo um relacionamento
abusivo (se você tem dúvida provavelmente esteja)
pesquise no Google e descubra agora mesmo tudo o
que puder a respeito, porque não quero que essa
carta que escrevi especialmente a você fique grande
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demais. Porém, vou resumir: relacionamento


abusivo – Ele é seu dono, ele te controla, você não
tem direito a escolha, você não pode reclamar. –
Cale-se. E em alguns casos o homem ainda acha
que tem o direito de agredir a SUA mulher.
Agressão nem sempre é física. Você não é a mulher
dele. Você é a SUA mulher, que vai estar com o
homem que escolheu pelo tempo que decidir.
Exceto se você sentir prazer em ser tratada como
uma propriedade.
Não é difícil sentar e fazer uma análise...
Colocar tudo na balança e saber o quanto vale a
pena... Mas, por favor... Não o tenha como o
centro do seu universo. Ele é substituível. Você
não.
Depois de uma grande analise cheguei à
conclusão de que eu era uma nova mulher. Eu tinha
o controle da minha vida. As cicatrizes no coração
continuam aqui, porque em algum momento da
vida, mentiram para você de que toda dor pode ser
curada. A minha não foi. As cicatrizes continuam
aqui. Mas, eu aprendi a conviver com ela, depois de
descobrir que na verdade, o amor que eu sentia por
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mim mesma era maior do que eu tinha sentido por


qualquer outro garoto.
E depois de ter recomeçado a minha vida, como
uma nova mulher... Eu conheci o Fred. Ele não era
o garoto mais bonito que eu tinha visto, não era
atlético e tinha umas manias chatas que me irritava
as vezes. Acho que o Fred, tem um milhão de
defeitos, das quais eu aprendi a lidar. O Fred trouxe
o amor para somar ao que eu já tinha. Nos casamos
em um dia qualquer... E sou feliz. Plenamente feliz
casada com o homem que amo.
E se um dia o Fred me deixar? Ah!!! Eu vou
chorar por dois dias e depois chegarei a conclusão
que ele perdeu todo amor que eu tinha para dar. E
depois eu serei feliz. Feliz o suficiente para
recomeçar. Outra vez.
Porque na vida, sempre é possível recomeçar.
Um beijo no coração,
Assinado: Joana!

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Esse conto retrata inúmeros acontecimentos


vivenciados por garotas do mundo todo.
Inúmeras mulheres cometem suicídio todos os dias.
Inúmeras mulheres são vítimas de assédio sexual a
cada minuto.
Inúmeras mulheres sofrem de relacionamentos
abusivos o tempo inteiro.
Não seja mais uma vítima!

Precisa conversar? Entre em contato, podemos


tomar uma xícara de chá.

Contato com a autora:


Instagram: Kes_Cremonezi
E-mail: Kescremonezi@gmail.com
WhatsApp: (62) 99344-7388.

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