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Técnico em

Enfermagem
Módulo III
SAÚDE MENTAL
Introdução

 Esta disciplina tem o objetivo de desenvolver


competências, a fim de compreender as interações
humanas e os elementos relacionados à manutenção da
saúde mental das pessoas.
História e Evolução da Saúde
Mental no Brasil
Em grande parte da história da psiquiatria no Brasil os ditos
"Alienados Mentais" recebiam um tratamento mais moral do que
científico, eram castigados, presos a grilhões de ferro, sem tomar sol
e muitas vezes espancados. O cuidado, ou a assistência ficava a
cargo das freiras, tanto na Santa Casa de Misericórdia, quanto no tal
primeiro hospício da Praia Vermelha.

Até então, não existiam psiquiatras, só os médicos "alienistas", os


médicos gerais do asilo, só a partir de meados do século XX é que os
médicos conseguiram assumir o poder da assistência, que pertencia
a Igreja e tinha um cunho caritativo e misericordioso. Os primeiros
psiquiatras brasileiros se formaram na França e na Alemanha
História e Evolução da Saúde
Mental no Brasil
 Os grandes passos na Reforma Psiquiátrica Brasileira na
seguinte ordem:

• Construção do hospício na Praia Vermelha, na primeira metade


do século XIX;
• Transformação, na primeira metade do século XX, dos asilos e
hospícios em manicômios sob total responsabilidade dos
psiquiatras;
• Revolução da psicofarmacologia, com a introdução de
neurolépticos e dos tricíclicos, possibilitando a redução do tempo
de internação;
• Reunião de outros profissionais, que se deu nos anos 60/70,
quando iniciou o movimento da antipsiquiatria;
História e Evolução da Saúde
Mental no Brasil
 Os grandes passos na Reforma Psiquiátrica Brasileira na
seguinte ordem:

• Mobilização de setores sociedade, nos anos 80 para desenvolver


uma ação conjunta visando uma legislação no campo da Saúde
Mental que só veio a acontecer 21 anos depois.
• Assinatura da Lei 10216 de 2001. Este foi, de fato, o principal
marco da Reforma Psiquiátrica Brasileira, pois defende os direitos
de cidadania dos portadores de Transtornos Mentais e
redireciona as ações no campo da assistência.
Transtornos Mentais e de
Comportamentos
 Há uma tendência natural em julgar a sanidade das pessoas de
acordo com seu comportamento, de acordo com sua adequação
às conveniências socioculturais como, por exemplo, a obediência
aos familiares, o sucesso no sistema de produção, a postura
sexual, etc.

 Medicamente, entretanto, Doença Mental pode ser entendida


como uma variação mórbida do normal, variação esta capaz de
produzir prejuízo na performance global da pessoa (social,
ocupacional, familiar e pessoal) e/ou das pessoas com quem
convive.
Transtornos Mentais e de
Comportamentos
 Organização Mundial de Saúde diz que o estado de completo
bem estar físico, mental e social define o que é saúde, portanto,
tal conceito implica num critério de valores, já que, lida com a
ideia de bem-estar e mal-estar.

 Existem vários sistemas de classificação das psicopatologias, que


são periodicamente revistos. Cada um deles atende a distintos
sistemas fenomenológicos e a diversas escolas ou tendências
teóricas.
Transtornos Mentais e de
Comportamentos
 A classificação mais difundida é a proposta pela Associação
Psiquiátrica Americana. Outras de influência são a britânica e a
da Organização Mundial de Saúde. A maioria dessas
classificações coincide em distinguir alterações provocadas por
deterioração das funções cerebrais e alterações psicogênicas.

 As de origem cerebral podem ser agudas -- provocadas por


infecções, intoxicações, traumatismos, perturbações
circulatórias, perturbações do metabolismo etc. ou crônicas,
causadas por fatores constitucionais inatos ou de causas
semelhantes às que provocam as perturbações agudas. Também
se incluem nesse grupo as alterações provocadas por tumores
cerebrais e as oligofrenias ou deficiências mentais.
Transtornos Mentais e de
Comportamentos
 Dentro das alterações psicogênicas, costuma-se distinguir entre
alterações psicóticas (psicose maníaco-depressiva, esquizofrenia,
paranoia), viscerais, psiconeuróticas (fobias, estados de
ansiedade, etc.) alterações prolongadas da personalidade
(compulsão, inadaptação, vício e dependências de drogas) e
alterações transitórias (como a provocada pelo estresse).
Diferença entre Neurose e Psicose

 Neuroses:

• Qualquer que seja o fato ou acontecimento introduzido em


nossa consciência receberá sempre uma maquiagem pessoal
oferecida por nossa afetividade.

• Portanto, os fatos de nossa vida, sejam presentes, passados ou


perspectivas futuras, serão sempre coloridos por ela e a estes
chamamos de Vivências, que terão sempre caráter individual e
particular em cada um de nós, de acordo com as particularidades
de nossos traços afetivos.

• Os fatos podem ser os mesmos para várias pessoas, as vivências


desses fatos, porém, serão sempre diferentes.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Neuroses:

• Tais vivências são capazes de determinar uma resposta


emocional na pessoa sob a forma de sentimento e aos
sentimentos produzidos pelas vivências podemos chamar de
Reações Vivenciais. Para que uma reação vivencial possa ser
considerada normal, deve-se observar ter 3 elementos:

1. Uma relação causal;


2. Uma relação proporcional;
3. Uma relação temporal.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Neuroses:

• Devido à complexidade do ser humano, nem sempre uma ação


determina uma reação previsível e pré-estabelecida. Cada pessoa
pode manifestar uma sensibilidade bastante individual aos fatos
vividos, portanto a valorização de sua vida será sempre
concordante com sua sensibilidade afetiva.

• Como a afetividade é um atributo da personalidade, então os


fatos e seus valores dependerão sempre da personalidade de
cada um, mais que dos fatos em si.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação Neurótica Aguda:

• Fosse permitido construir uma analogia didática para


compreender a Reação Neurótica Aguda e diferenciá-la da
Personalidade Neurótica, citaria, por exemplo, o caso da alergia.
Há indivíduos que, em contato com um determinado alérgeno,
como por exemplo o mofo, reagem espirrando, com coriza e
lacrimejando.

• Depois de algum tempo e distante do alérgeno, tudo volta ao


normal. Isto é o que acontece com quase todas as pessoas mas,
por outro lado, há indivíduos que vivem cronicamente com
alergia e de maneira inespecífica.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação Neurótica Aguda:

• Estão sempre com coriza, espirrando ou lacrimejando, nas mais


variadas situações e diante dos mais insuspeitados alérgenos. No
primeiro caso temos um exemplo da Reação Aguda e no segundo
de uma configuração da Personalidade.

• No primeiro caso da analogia descrita acima, podemos dizer que


o indivíduo teve uma alergia e, no segundo, que ele é alérgico.
Pois bem, tendo em vista a conceituação tradicional de Neurose,
que fala em doenças da personalidade como um estado
permanente e duradouro, será fácil deduzir que apenas a
Personalidade Neurótica representa, realmente, aquilo que
queremos dizer como Neurose. .
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação Neurótica Aguda:

• Já a denominação de Reação Neurótica Aguda poderia ser


entendida como, um tropeço emocional na vida do indivíduo.

• Insistimos na denominação de Reações Neuróticas Agudas,


devido, apenas, à similaridade sintomática e etiológica com as
neuroses em geral, assim como em benefício da compreensão
sobre o psicofisiologismo das reações emocionais às vivências.
Entretanto, deve ficar claro que o neurótico, propriamente dito, é
aquele portador da Personalidade Neurótica.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• A CID-10 fala da Reação a Estresse Grave e Transtorno de


Ajustamento como sendo um transtorno transitório que ocorre
em indivíduos de qualquer idade e sem nenhum transtorno
emocional pré-existente.

• A condição básica para a classificação deste quadro é que,


supostamente, tenha surgido como reação direta a estresse
agudo ou a um trauma continuado.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• Portanto, estes transtornos podem ser considerados como


respostas mal adaptadas às exigências ambientais estressoras e,
por interferirem nos mecanismos adaptativos, tais situações
acabam interferindo no funcionamento social.

• Estas atitudes neuróticas agudas, reativas a estressores


vivenciais, são relativamente circunscritas ou específicas à
determinadas situações e geralmente são reversíveis.
Comumente elas se relacionam de perto, no tempo e no
conteúdo, a estados de estresse, como por exemplo, à perda de
ente querido, outras perdas, migração ou separação.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• O termo de Ajustamento é muito sugestivo, tendo em vista o


fato da Reação Neurótica representar uma espécie de falência
emocional diante de uma circunstância vivencial que exige uma
atitude adaptativa.

• Não existem razões clínicas para diferenciar estas Reações de


Ajustamento das Reações Vivenciais Anormais, uma vez que
ambas dizem respeito às dificuldades de ajustamento a alguma
vivência e que resultam em atitudes mal adaptadas.

• Vem daí a importância em compreender-se o conceito das


Reações Vivenciais para melhor entendimento das neuroses.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• Nas Reações Neuróticas Agudas figuram, em primeiro plano, as


situações conflitivas atuais, relacionadas aos estados que se
seguem a traumatismos psíquicos mais evidentes e recentes.

• Nestes casos, a baixa tolerância às frustrações e às vivências


percebidas como desagradáveis determinam uma falência da
capacidade de ajustamento à vida. Esta condição é suficiente
para o surgimento de verdadeiras tempestades emocionais.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• Conforme comentários da CID-10, a vulnerabilidade individual e


a capacidade de adaptação de cada um desempenham um papel
muito relevante na ocorrência e na gravidade destes rompantes
emocionais.

• Portanto, embora a vivência traumática seja indispensável para a


Reação Neurótica Aguda, por si só não é suficiente sem uma
predisposição pessoal.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• Existem três situações clínicas englobadas pelo quadro de


Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento segundo a
CID-10:

• Reação Aguda a Estresse


• Transtorno de Estresse Pós-Traumático
• Transtorno de Ajustamento
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• Reação Aguda a Estresse - Os sintomas emocionais aparecem


dentro de minutos ou horas após a vivência causadora e
desaparecem, também, em questão de alguns dias ou mesmo
horas. Há como uma espécie de atordoamento, diminuição da
atenção, incapacidade para integrar todos os estímulos e até um
estado de desorientação. Para que se caracterize uma Reação
Aguda ao Estresse, é indispensável haver uma conexão temporal
entre os sintomas emocionais e o impacto do estressor
psicossocial. Nesta espécie de choque psíquico pode haver,
concomitante ao atordoamento e desorientação, um quadro de
depressão, angústia, ansiedade, raiva e desespero.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• Transtorno de Estresse Pós-Traumático - A resposta é mais


tardia ou protraída a um evento ou situação estressante. Poderá
ser de longa ou curta duração. Há um certo embotamento
emocional, afastamento social, sonhos frequentes com a
situação causadora, diminuição do interesse para com o
ambiente, diminuição do prazer ou sua abolição total (anedonia)
e evitação de situações recordativas do trauma. Com frequência
há também uma hiperexitação, hipervigilância e insônia,
ansiedade e depressão.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• Transtorno de Estresse Pós-Traumático (Cont.) - Como


complicação podemos encontrar, nestes casos, um abuso
excessivo de bebidas alcoólicas. Para o diagnóstico do
Transtorno de Estresse pós-Traumático há necessidade de que o
quadro tenha surgido dentro de até 6 meses após um evento
traumático de excepcional gravidade. O curso deste transtorno é
flutuante, porém, seu prognóstico costuma ser favorável para a
grande maioria dos casos.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento:

• Transtorno de Ajustamento - É cogitado quando existe uma


angústia ou perturbação emocional interferindo com o
funcionamento e desempenho sociais, a qual tenha surgido
como consequência aos esforços adaptativos a uma mudança
significativa na vida da pessoa. A característica essencial de um
Transtorno de Ajustamento é o desenvolvimento de um quadro
psicoemocional significativo em resposta a um ou mais
estressores psicossociais identificáveis. No Transtorno de
Ajustamento os sintomas desenvolvem-se, normalmente, dentro
de um período de 3 meses após o início do estressor ou
estressores.
Diferença entre Neurose e Psicose

 A Reação Vivencial no Transtorno de Ajustamento é


caracterizada por um acentuado sofrimento, o qual excede o
que seria estatisticamente esperado pela natureza do estressor
e resulta em prejuízo significativo no funcionamento social ou
profissional.

 Os sintomas principais são: humor deprimido, ansiedade,


preocupação, sentimentos de incapacidade em adaptar-se,
sensação de perspectivas sombrias do futuro, dificuldade no
desempenho da rotina diária. Em crianças podemos observar
comportamentos regressivos.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Os sintomas podem persistir por um período de até mais de 6


meses, principalmente se são em resposta a um estressor
crônico, como por exemplo, uma doença crônica ou a um
estressor breve mas de consequências prolongadas, como por
exemplo as dificuldades sociais, financeiras, separações
conjugais, etc.

 O estressor pode ainda ser um evento isolado (fim de um


relacionamento romântico) ou pode haver múltiplos estressores
(dificuldades acentuadas nos negócios e problemas conjugais).
Os estressores podem ser recorrentes (associados com crises
profissionais cíclicas) ou contínuos (viver em uma área de alta
criminalidade).
Diferença entre Neurose e Psicose

 Os estressores podem afetar um único indivíduo, toda uma


família, um grupo maior ou uma comunidade (em um desastre
natural). Alguns estressores podem acompanhar eventos
evolutivos específicos (ingresso na escola, deixar a casa paterna,
casar-se, tornar-se pai/mãe, fracasso em atingir objetivos
profissionais, aposentadoria).

 A organização da Personalidade e os valores culturais do grupo


contribuem para estas respostas desproporcionais, assim como
também podem advir de uma somatória de pequenos
estressores menos importantes.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Personalidade Neurótica:

O entendimento da Personalidade Neurótica depende dos


seguintes aspectos:

• Das disposições pessoais;


• Do arranjo peculiar dos traços no interior do eu;
• Da modelagem afetiva no desenvolvimento da personalidade;
• Da história biológica e existencial do indivíduo e
• Das exigências adaptativas que a vida solicita.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Personalidade Neurótica

• Podemos dizer que o indivíduo possui uma Personalidade


Neurótica quando ele reage neuroticamente diante dos eventos
de uma forma habitual e isto passa a caracterizar sua maneira
de existir.

• Podemos dizer ainda que ele é neurótico quando sucumbe


cronicamente diante de seus conflitos, sucumbe não apenas aos
conflitos atuais mas, também e sobretudo, aos conflitos
remanescentes do passado.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Personalidade Neurótica

• Podemos ainda arriscar a considerar neurótico quando suas


pulsões inconscientes dominam suas atitudes conscientes,
quando constatamos uma falha crônica em seus mecanismos de
defesa, enfim, quando sua adaptação emocional à vida é
constantemente problemática.

• Sempre que as Reações Vivenciais Anormais ou os Distúrbios


Adaptativos, ou ainda e também sinônimo, as Reações de
Ajustamento não são acontecimentos fortuitos e ocasionais,
mas constituem uma maneira perene e constante de relacionar-
se com a realidade, estamos diante de uma Personalidade
Neurótica.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Personalidade Neurótica

• A grande polêmica entre as diversas tendências da psicologia, da


psiquiatria e da psicopatologia diz respeito à etiologia desta
miopia existencial ou emocional.

• Nós sabemos, por exemplo, que a introdução de adrenalina no


organismo resulta sempre num estado de franca ansiedade, da
mesma forma como a cocaína, sabidamente uma droga capaz de
aumentar a concentração de neurotransmissores (dopamina) na
fenda sináptica, produz um estado afetivo euforizante.
Diferença entre Neurose e Psicose

 Personalidade Neurótica

• Há inúmeras condições bioquímicas igualmente demonstrativas


do relacionamento entre a neurofisiologia e os estados afetivos
e que serviram de sustentação para uma maior compreensão
dos efeitos das drogas psicotrópicas utilizadas na atualidade.

• Em relação à Personalidade Neurótica, bem como na atividade


emocional global do ser humano, o bom senso recomenda que a
disposição peculiar do indivíduo em relacionar-se com o mundo
objetual não deve ser considerada exclusivamente um produto
dos eventos sinápticos, nem tampouco um produto exclusivo da
história de vida.
Classificação das Neuroses

 Reconhecer que o indivíduo é um neurótico implica numa visão


conceitual, estatística e valorativa, onde o relacionamento
sujeito-objeto (pessoa-mundo) está prejudicado e o observador,
quase intuitivamente, percebe esta não-normalidade até sem
muita dificuldade.

 Classificar este tipo de relacionamento neurótico, entretanto,


exige uma atitude clínica criteriosa. Os procedimentos de
diagnóstico, cada vez mais internacionalizados, favorecem uma
maior homogeneidade denominativa e uma maior
especificidade de diagnóstico nosográfico.
Classificação das Neuroses

 A tendência classificatória atual é de especificar


minuciosamente cada expressão sintomática, proporcionando
umas visões mais abrangentes de estados mórbidos básicos.
Vejamos a questão da ansiedade, por exemplo, considerada uma
ocorrência psíquica universalmente experimentada pelos seres
humanos.

 Do ponto de vista clínico e psicopatológico, não interessa muito


saber se o indivíduo experimenta ansiedade ou não, mas
interessa, sobretudo, o que ele faz exatamente com sua
ansiedade, ou seja, se ele apresenta sintomas de pânico, se seu
distúrbio é fóbico, generalizado, somatizado e assim por diante.
Classificação das Neuroses

 Entretanto, as crescentes sistematizações propostas pela


psiquiatria e psicopatologia modernas não dispensam, em
absoluto, os conhecimentos conceituais e as linhas gerais de
conhecimento psicopatológico propostas pelos grandes
tratadistas.

 O conceito de neurose, apesar da substituição desejável deste


termo por Transtorno e apesar da complexa classificação atual,
deve permanecer fundamentada em conhecimentos
psicopatológicos tradicionais, de forma a fornecer a base de
entendimento necessária para todos eventuais avanços de
classificação futuros.
Classificação das Neuroses

 Seria muito difícil compreender o significado do termo


agorafobia sem distúrbio do pânico, se não conhecêssemos,
antes, as concepções tradicionais do acontecimento neurótico
concebidas progressivamente pela psiquiatria formal.
Classificação das Neuroses

 A classificação dos Transtornos Neuróticos pela CID.10


(Classificação Internacional de Doenças) é a seguinte:

• Transtornos Neuróticos.
• Transtornos Relacionados com o Estresse.
• Transtornos Somatoformes.
Classificação das Neuroses

 Este agrupamento contém as seguintes categorias:

• Transtornos Fóbico-Ansiosos.
• Transtornos Ansiosos.
• Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
• Reações ao Estresse Grave e Transtornos de Adaptação.
• Transtornos Dissociativos [de Conversão].
• Transtornos Somatoformes.
• Transtornos Neuróticos.
Transtornos Fóbico-ansiosos

 Há autores que define a era moderna como a Idade da


Ansiedade, associando a este acontecimento psíquico a agitada
dinâmica existencial da modernidade; sociedade industrial,
competitividade, consumismo desenfreado e assim por diante.

 Diz-se que a simples participação do indivíduo na sociedade


contemporânea já preenche, por si só, um requisito suficiente
para o surgimento da ansiedade. Portanto, viver ansiosamente
passou a ser considerado uma condição do homem moderno ou
um destino comum ao qual todos nós estamos, de alguma
maneira, atrelados.
Transtornos Fóbico-ansiosos

 Com certeza, até por uma questão biológica, podemos dizer que
a ansiedade sempre esteve presente na jornada humana desde
a caverna até a nave espacial.

 A novidade é que só agora estamos dando atenção à


quantidade, tipos e efeitos dessa ansiedade sobre o organismo e
sobre o psiquismo humanos, de acordo com as concepções da
prática clínica, da medicina psicossomática e da psiquiatria.

 A fobia é um sentimento de medo, injustificado e


desproporcional, que se intromete persistentemente no campo
da consciência e se mantém ali, independentemente do
reconhecimento de seu caráter absurdo.
Transtornos Fóbico-ansiosos

 A característica essencial da fobia consiste num temor


patológico que escapa à razão e resiste a qualquer espécie de
objeção, temor este dirigido a um objeto (ou situação)
específico.

 O medo fóbico é específico e, na maioria das vezes, se projeta


para o exterior através de manifestações próprias do organismo,
as quais, normalmente, tocam ao Sistema Nervoso Autônomo
(neurovegetativo), tais como: vertigens, pânico, palpitações,
distúrbios gastrintestinais, sudorese e perda da consciência
(lipotímia).
Transtornos Fóbico-ansiosos

 Esses sintomas vegetativos e autossômicos determinados pela


fobia surgem sempre que o paciente se depara com o objeto (ou
situação) fóbico.

 O pensamento fóbico é tão automático quanto o pensamento


obsessivo e o paciente tem plena consciência do absurdo de
seus temores ou, ao menos, sabe que são completamente
infundados na intensidade que se manifestam.

 Resistem, esses temores, a qualquer argumentação sensata e


lógica, aliás, o medo só será fóbico em duas circunstâncias;
quando for considerado injustificável e absurdo pelo próprio
paciente e, em segundo, quando for capaz de produzir sintomas
comandados pelo sistema nervoso autônomo.
Transtornos Fóbico-ansiosos

 O medo na fobia ataca de modo incontrolável diante de objetos


e circunstâncias de todo naturais e, diante das quais, mesmo o
paciente reconhecendo como ridículas, não poderá dominar-se.

 A denominação das fobias diversas guarda uma relação


etimológica com as situações desencadeadoras: Agorafobia
(espaços abertos ou sair de casa); Claustrofobia (lugares
fechados); Acrofobia (alturas); Ailerofobia (gatos); Antropofobia
(gente); Zoofobia (animais); Xenofobia (estranhos); e assim por
diante.
Transtornos Fóbico-ansiosos

 As fobias podem ocorrer juntamente com qualquer outro


sintoma psiquiátrico, podem fazer parte de variados graus de
ansiedade e de depressão ou ainda, em várias neuroses e
psicoses. De fato, não se trata de nenhum sintoma
patognomônico de algum quadro psicopatológico específico.
Características dos Transtornos
Fóbico-ansiosos
 Grupo de transtornos nos quais uma ansiedade é desencadeada
exclusiva ou essencialmente por situações nitidamente
determinadas que não apresentam atualmente nenhum perigo
real. Estas situações são, por esse motivo, evitadas ou
suportadas com temor.

 As preocupações do sujeito podem estar centradas sobre


sintomas individuais tais como palpitações ou uma impressão de
desmaio, e frequentemente se associam com medo de morrer,
perda do autocontrole ou de ficar louco. A simples evocação de
uma situação fóbica desencadeia em geral ansiedade
antecipatória.
Características dos Transtornos
Fóbico-ansiosos
 A ansiedade fóbica frequentemente se associa a uma depressão.
Para determinar se convém fazer dois diagnósticos (ansiedade
fóbica e episódio depressivo) ou um só (ansiedade fóbica ou
episódio depressivo), é preciso levar em conta a ordem de
ocorrência dos transtornos e as medidas terapêuticas que são
consideradas no momento do exame.
Agorafobia

 Grupo relativamente bem definido de fobias relativas ao medo


de deixar seu domicílio, medo de lojas, de multidões e de locais
públicos, ou medo de viajar sozinho em trem, ônibus ou avião. A
presença de um transtorno de pânico é frequente no curso dos
episódios atuais ou anteriores de agorafobia. Entre as
características associadas, acham-se frequentemente sintomas
depressivos ou obsessivos, assim como fobias sociais.

 As condutas de evitação comumente são proeminentes na


sintomatologia e certos agorafóbicos manifestam pouca
ansiedade dado que chegam a evitar as situações geradoras de
fobia. Ela pode se apresentar de duas maneiras: Agorafobia sem
antecedentes de transtorno de pânico ou Transtorno de pânico
com agorafobia.
Fobias Sociais

 Medo de ser exposto à observação atenta de outrem e que leva


a evitar situações sociais. As fobias sociais graves se
acompanham habitualmente de uma perda da autoestima e de
um medo de ser criticado.

 As fobias sociais podem se manifestar por rubor, tremor das


mãos, náuseas ou desejo urgente de urinar, sendo que o
paciente por vezes está convencido que uma ou outra destas
manifestações secundárias constitui seu problema primário.

 Os sintomas podem evoluir para um ataque de pânico.


Exemplo: Antropofobia
Fobias Específicas (Isoladas)

 Fobias limitadas à situação altamente específicas tais como a


proximidade de determinados animais, locais elevados, trovões,
escuridão, viagens de avião, espaços fechados, utilização de
banheiros públicos, ingestão de determinados alimentos,
cuidados odontológicos, ver sangue ou ferimentos.

 Ainda que a situação desencadeante seja inofensiva, o contato


com ela pode desencadear um estado de pânico como na
agorafobia ou fobia social.
Exemplo: Acrofobia, Claustrofobia, Fobia(s) (de): Animais
Simples
Transtornos do Espectro Histérico
(Histriônico)
 O termo histeria escapou, há tempos, do âmbito da medicina e
passou ao uso popular. Na realidade xinga-se de histérico e não
se diagnostica histérico. Essa postura cultural descaracteriza a
histeria doença, influindo inclusive no médico não psiquiatra, o
qual também acaba vendo o histérico como o “malandro” da
medicina.

 Surpreendo tanto aos médicos quanto aos leigos, essa


misteriosa “doença” pode apresentar sintomas sem qualquer
substrato físico, sintomas que mudam segundo a época, os
costumes e as conveniências, sintomas que podem desaparecer
como em um passe de mágica.
Transtornos do Espectro Histérico
(Histriônico)
 E se procurarmos os motivos pelos quais os histéricos recorrem
a esses sintomas, bem como o sucesso que se consegue com
eles, é bem possível nos deparamos com uma inquietante
dúvida: “teremos todos somos um quê de histéricos?”.
A Personalidade Histérica

 Em psicopatologia, as anormalidades da personalidade se


reportam, principalmente, à possibilidade que se tem de
classificar determinada personalidade como sendo desta ou
daquela maneira de existir.

 Desta forma, diante da possibilidade de se destacar um traço


marcante, específico e característico numa determinada pessoa,
ou seja, diante do fato desta personalidade ser caracterizada por
um determinado traço, torna-se possível sua classificação.
A Personalidade Histérica

 Caso ainda esta característica responsável por sua classificação


(traço), subtraia desta pessoa (personalidade) a liberdade
necessária para que ela seja livre e desimpedida de qualquer
estigma limitador de sua maneira de reagir ao mundo (prejuízo),
aí então, ao invés de estarmos apenas diante de um certo tipo
de personalidade, estaremos diante de um Transtorno de
Personalidade.

 No histérico, o traço prevalente e mais unanimemente


reconhecido entre diversos investigadores é o “histrionismo”. A
palavra, que significa teatralidade, surge na Roma antiga para
designar como histrião o comediante que representava papeis.
A Personalidade Histérica

 Portanto, o histrionismo do histérico é representado por seu


caráter afetado, exagerado, exuberante como se estivesse
fingindo. Sua representação sempre varia de acordo com as
expectativas da plateia. É um comportamento caracterizado por
colorido dramático, extrovertido e eloquente, com notável
tendência em buscar contínua atenção. Trata-se dos únicos
distúrbios de personalidade mais frequentes no sexo feminino.

 Os pacientes histriônicos tendem a exagerar seus pensamentos


e sentimentos, apresentam acessos de mau humor, lágrimas e
acusações sempre que percebem não serem o centro das
atenções ou quando não recebem elogios e aprovações.
A Personalidade Histérica

 São pessoas frequentemente animadas e dramáticas, tendendo


sempre a chamar atenção sobre si mesmas. De início elas
costumam encantar as pessoas com quem travam
conhecimento, principalmente devido ao seu entusiasmo, à
aparente franqueza e fragilidade ou, simplesmente, devido à
exímia capacidade de sedução.

 Tais qualidades, contudo, perdem sua força à medida que esses


indivíduos passam a exigir continuamente o papel de "dono da
festa". Representar papéis é a especialidade mais meritosa da
histérica, assim, com muita propriedade ela representa a
mulher. Vem daí a ideia de que essas pacientes costumam ser
pseudo-hiper-sexuais, retrato superficial de sua pseudo-
hiperfeminilidade.
A Histeria nos Homens

 A análise etimológica da palavra histeria nos traz ecos das


superstições do passado. Como vimos, não foram poucos os que
disseram que só mulheres poderiam ser histéricas e que era
rematado absurdo falar-se em histeria masculina, uma vez que,
etimologicamente, o vocábulo vem de "hyster", Grego para
"útero".

 Durante muitos séculos, a histeria não era somente uma queixa


feminina. Ela foi atribuída a uma espécie de manifestação da
fraqueza moral da mulher, como parte de sua habilidade em
mentir, sua imaturidade, seus caprichos e lágrimas e
necessidade de chamar a atenção.
A Histeria nos Homens

 Prefere-se estudar a histeria na esfera da mente, independente


do gênero, podendo, assim, falar de homens histéricos. O
vocábulo claramente perdeu qualquer relação com o significado
etimológico de seus componentes e, embora o caráter histérico
seja mais frequente nas mulheres, os homens também podem
ser acometidos pelo histrionismo.

 Por estar atrelada ao sexo frágil, passou a ser um verdadeiro


insulto rotular um homem de histérico. Assim sendo, o chamado
sexo forte passou a esconder sua histeria em sintomas diferente
da teatralidade feminoide.
A Histeria nos Homens

 Para os homens, parece que a necessidade de alguma vivência


desencadeadora do rompante histérico é imprescindível. Quanto
mais traumática for à vivência pré-surto histriônico, mais
aliviado o histérico se sente em seus pruridos masculinos.

 A etiqueta diagnóstica do Transtorno de Estresse Pós-Traumático


parece atender alguns casos de histeria masculina, onde os
sintomas podem ser muito parecidos aos da histeria feminina,
incluindo as paralisias, anestesias, etc.
A Histeria nos Homens

 Estes sintomas masculinos seriam ainda acrescidos de honrosas


preocupações hipocondríacas, com medos de afecções
cardíacas, palpitações, dores diversas e vertigens.

 Há também no histérico masculino uma preocupação pela boa


aparência, um zelo especial para com os gestos, com o modo de
falar, comportamento, roupas, penteados, da mesma forma que
na mulher. O desejo de agradar a todos domina sua vida e é
inconsciente. Isso o torna tão sedutor como a histérica mulher.
Transtornos Somatomorfos x Doenças
Psicossomáticas
 A diferença entre os Transtornos Somatomorfos e as Doenças
Psicossomáticas está não fato dessas últimas comportarem,
junto com a queixa, realmente alguma alteração orgânica
constatável clinicamente, enquanto a somatização, não.

 Assim sendo, havendo confirmação de alterações orgânicas e,


sendo a doença em pauta influenciável (determinada ou
agravada) por razões emocionais, estamos diante de Doenças
Psicossomáticas.

 Alguns poucos exemplos desses transtornos podem ser: asma


brônquica, hipertensão arterial essencial, psoríase, retocolite
ulcerativa, entre muitas outras.
Histeria e Depressão

 A associação dos quadros histéricos com a depressão é cada vez


mais contundente. A depressão é um dos diagnósticos
psiquiátricos mais comumente associados à histeria nas últimas
pesquisas. Estima-se em que seja em torno de 38% o número de
pacientes histéricos do tipo conversivo que sofrem de
depressão.

 Esta relação é ainda maior quando o transtorno histérico é do


tipo somatização. Chega em torno de 90% o número de
pacientes com esse quadro que desenvolverão um episódio de
depressão maior ao longo da vida.
Histeria e Depressão

 Para entender melhor como ocorre à concordância entre


depressão e histeria, vamos considerar o seguinte: os quadros
do espectro histérico (conversão, dissociação, somatização, etc.)
podem ser todos considerados como tendo origem reativa, ou
seja, aparecem como uma reação a eventos, sentimentos e
emoções.

 Mas, para se manifestar, a histeria necessita previamente de um


marcante traço histriônico de personalidade.

 Um ingrediente para a histeria seria um traço histriônico de


personalidade, juntamente com uma reação emocional
exuberante a alguma vivência.
Histeria e Depressão

 Isso significa que não basta o traço histriônico para fazer


aparecer o quadro histérico, se não houver uma reação vivencial
exuberante, se não houver uma vivência emocional
exageradamente significativa (para a pessoa).

 A pessoa não terá uma crise histérica se não reagir


exageradamente ao estímulo, ela não reagirá exageradamente
ao estímulo se não tiver uma grande sensibilidade afetiva a esse
estímulo e não terá uma crise histérica se não tiver um traço
histriônico em sua personalidade.

 Assim sendo, podemos considerar a histeria como uma das


manifestações depressivas em personalidades cujo traço
histriônico seja proeminente.
Quadro Clínico da Histeria

 A histeria tem, ao longo dos tempos, colocado em questão


saberes e instituições. É conhecida a forma como eram tratadas
as "feiticeiras" e "possuídas" nos tempos medievais.

 Desafiavam a religião constituída, ousavam desobedecer os


preceitos divinos, davam vazão à sexualidade, etc. As punições
por ser histérica eram terríveis, culminando, em geral, na morte,
após muito sofrimento.
Quadro Clínico da Histeria

 A expansão do saber médico acabou retirando a natureza


demoníaca da histeria, mas não conseguiu integrá-la
adequadamente em suas classificações nem em sua seriedade
clínica.

 A histeria desafiou e continua desafiando a semiologia médica:


seus sinais e sintomas não respeitam sequer a fisiologia da
medicina, quanto mais a patologia.
Quadro Clínico da Histeria

 Do ponto de vista descritivo e psicopatológico, a histeria é vista


como uma neurose. Manifesta-se por sintomas variados,
incomuns, bizarros e, muitas vezes, transitórios.

 Mais comumente é representada por perturbações sensoriais,


como a cegueira, surdez, afonia, dores ou anestesias localizadas,
enxaquecas, contraturas musculares, e alterações motoras,
através de dificuldades para andar, paralisias variadas, etc.
Quadro Clínico da Histeria

 A Histeria, em suas variadíssimas formas de expressão, pode se


manifestar através de traços (histriônicos) marcantes de
personalidade, através de Transtornos Histéricos da
Personalidade e através dos Transtornos Histéricos
propriamente ditos, como por exemplo, Transtornos
Conversivos, Dissociativos, Hipocondria, etc.

 De modo geral as classificações internacionais de doenças


mentais consideram incluídos nos Transtornos Histéricos ou
Histriônicos os seguintes quadros: Amnésia Psicogênica, Fuga
Psicogênica, Personalidade Múltipla, Despersonalização,
Síndrome de Ganser, Transtorno de Somatização ou
Somatoforme, Transtorno Conversivo, Transtorno Doloroso,
Transtorno Dismórfico e Personalidade Histriônica.
Quadro Clínico da Histeria

 Um dado muito curioso no quadro clínico da histeria é que a


cultura tem um papel extremamente importante no
aparecimento e na forma dos sintomas. O histérico, por ser
muito sugestionável, idealiza sintomas de acordo com aquilo
que representa de verdadeiro.

 Isso significa que a doença é intencional e involuntária ao


mesmo tempo; há algum planejamento (inconsciente), mas a
pessoa não consegue libertar-se dele voluntariamente.
Quadro Clínico da Histeria

 Há muito tempo se conhecem as dificuldades encontradas pelos


médicos no manejo clínico com essa clientela curiosa; os
pacientes não doentes. Essas dificuldades se expressam de
diferentes formas, com um traço comum relacionado à sensação
de impotência, de desafio, de má fé e manipulação que eles
despertam nos médicos.

 Uma característica quase universal do paciente histérico é sua


dificuldade e relutância em reconhecer a participação do
componente emocional no processo de seu adoecimento. Sua
tendência natural, assim como ocorre com uma parte expressiva
dos médicos clínicos, é localizar a doença no corpo.
Quadro Clínico da Histeria

 Nos serviços de saúde os histéricos tendem a se tornar


dependentes de psicofármacos e analgésicos, bem como
responderem parcialmente às abordagens psicoterápicas usuais.
Parece que quando eles sentem que podem, de fato, se
curarem, insistem em abandonar o tratamento para manter
presentes seus sintomas.

 Essa característica de relutância em entenderem-se


emocionalmente adoecidos faz com que muitos profissionais os
consideram inabordáveis. Normalmente eles sentem o
encaminhamento para a saúde mental como uma desistência
por parte dos médicos clínicos, como se a equipe não
acreditasse na veracidade de suas queixas e lhes dificultassem a
permanência no sistema de saúde.
Quadro Clínico da Histeria

 Muitas vezes, diante da constatação clínica de que esses pacientes


não têm nada medicamente palpável, o encaminhamento para a
saúde mental funciona como uma espécie de “vingança” do clínico
contra o “corruptor” da ordem médica.

 Esse encaminhamento é como se o profissional se libertasse do


sentimento desagradável de impotência despertado pelo
paciente.

 Na prática clínica estes pacientes são encaminhados aos


ambulatórios de saúde mental sob o diagnóstico de poliqueixosos,
somatizadores crônicos, portadores de queixas múltiplas ou
doentes psicossomáticos.
Quadro Clínico da Histeria

 Outro sintoma que pode acompanhar pacientes histéricos,


notadamente conversivos e dissociativos, e responsável pela
antipatia que eles causam nos médicos e em funcionários da
saúde, é a Mitomania.

 Trata-se de ficções criadas pelos histéricos, muitas vezes


facilmente percebidas pelos outros, nas quais eles próprios podem
acreditar.

 Ainda dentro das características dos histéricos que contribuem


para a reserva com que são recebidos pelos serviços de saúde,
está a sensação que eles transmitem de perturbarem a ordem dos
serviços.
Quadro Clínico da Histeria

 Não é incomum que façam complôs com outros enfermos, que


promovam intrigas e semeiem discórdia entre o pessoal do
serviço de saúde. De fato, a personalidade histérica ameaça e
provoca e, apesar de sedutora, não se pode confiar, pois mente
e frustra as expectativas dos médicos, do cônjuge, do amante,
dos parentes, etc.

 A dificuldade de classificação médica desses pacientes começou


desde que o diagnóstico de neurose histérica, onde se inclui a
maioria desses pacientes, foi desmembrado pelas classificações
internacionais (CID.10 e DSM.IV). Desde então, ainda não se
obteve uma uniformidade quanto á classificação desses casos.
O Lucro (Emocional) da Histeria

 O fenômeno do benefício emocional, primário e secundário,


observado em todas as neuroses, é particularmente notável na
histeria. Portanto o meio cultural mais exuberantemente
impregnado de superstições, crenças mágicas, possessões e
demônios, pecados e castigos, e toda sorte de elementos
sobrenaturais irá influenciar enormemente na proliferação dos
sintomas da histeria.
O Lucro (Emocional) da Histeria

 Na histeria, sempre que o sintoma servir para o alívio da


ansiedade há um mecanismo ao qual chamamos de Lucro
Emocional Primário. Diante de um conflito, normalmente
proporcionado pela discrepância entre aquilo que o histérico
quer fazer com aquilo que ele deve fazer, ou ainda, com aquilo
que ele consegue fazer ou com a situação que está acontecendo,
o sintoma histérico aparece para proporcionar algum alívio.
O Lucro (Emocional) da Histeria

 Uma adolescente conversiva, por exemplo, diante de uma


situação vivencial potencialmente ansiosa, como pode ser o
caso de uma briga entre seus pais, recorre à uma síncope
conversiva (desmaio). Com isso, certamente estará se afastando
da situação traumática e se protegendo da ansiedade provocada
pela briga.

 Também um soldado com Transtorno Conversivo, diante da


ansiedade produzida pelo conflito entre o medo do combate e a
vergonha da fuga, poderá apresentar uma paralisia ou qualquer
outra limitação neuromuscular; sendo um deficiente físico, não
terá que experimentar a ansiedade de saber-se um covarde já
que, infelizmente, a natureza impediu sua participação no
combate através de uma doença limitante de sua mobilidade.
O Lucro (Emocional) da Histeria

 Num outro mecanismo, a pessoa histérica obtém um Lucro


Emocional Secundário, ou seja, conquista um suporte de
aprovação, complacência ou compaixão do ambiente para com
sua eventual falha ou para a não realização da atividade que lhe
é avessa.

 A mesma adolescente que manifestou uma síncope ao


presenciar a briga de seus pais, citada no exemplo anterior,
despertará sentimentos de remorso nas pessoas responsáveis
pela sua crise, juntamente com uma compaixão pelo seu estado
deplorável e, inevitavelmente, receberá uma boa dose de
carinho em seguida.
Dependência Emocional e
Centro das Atenções
 Observa-se em algumas pessoas histéricas uma acentuada
dependência emocional de outra(s) pessoa(s) íntimas, seja do
companheiro(a), do(s) filho(s) ou dos pais.

 Por causa dessa característica a pessoa histérica condiciona seus


sintomas, crises e queixas ao estado da pessoa de quem
dependem emocionalmente.
Dependência Emocional e
Centro das Atenções
 Percebendo que existem riscos da pessoa de quem dependem
envolver-se com outras preocupações que não a pessoa do
histérico, essa pode entrar em crise. É o que acontece com
muitas mães histéricas ao perceberem que não estão sendo os
alvos principais de atenção dos filhos, quando esses planejam
sair de casa, casar-se, viajar, etc.

 Acontece também quando percebem que o(a) esposo(a) não


tem-lhes dado a atenção pleiteada.
Dependência Emocional e
Centro das Atenções
 Notamos também essa característica de dependência das
pessoas histéricas em relação aos outros, quando elas parecem
despojar-se de qualquer pensamento ou decisão pessoal.

 O discurso dessas pessoas dá-nos a impressão que elas são


marionetes nas mãos dos demais (quando na realidade é
exatamente o contrário); “...eles acharam que eu deveria
procurar um médico...”, “...eles me levaram ao pronto socorro...”,
“...eles me acharam doentes...”. Sempre são “eles” quem
tomam decisões, parecendo que o histérico está imune e à
margem de seu destino.
Sugestionabilidade e Teatralidade

 Sem dúvida, a sugestionabilidade é um dos traços mais


marcantes da personalidade histérica. É sobejamente sabido da
atração que as profissões médicas ou paramédicas exercem
sobre os histéricos.

 Muitas vezes ouvimos de pessoas histéricas frases do tipo:


“...doutor, o senhor tem uma das profissões mais bonitas. Eu
sempre quis estudar medicina...”, “... doutor, só de falar com o
senhor já sinto alívio...”
Sugestionabilidade e Teatralidade

 Os histéricos, de um modo geral, são extremamente


sugestionáveis, demonstrando com isso seu clássico infantilismo
e falta de maturidade da personalidade.

 Eles têm os afetos e as relações interpessoais pueris, com


predomínio da vida em fantasia como tentativa de negar uma
realidade frustrante e penosa.
Sugestionabilidade e Teatralidade

 No campo terapêutico, essa característica pode ser benéfica, já


que esses pacientes se tornam dependentes de seu médico e
sujeitos a verdadeiras curas milagrosas que ocorrem por pura
sugestão.

 O lado ruim, é que podem sentir todos os efeitos colaterais dos


medicamentos, complicando a adesão ao tratamento.
Sugestionabilidade e Teatralidade

 A marcante teatralidade e sugestionabilidade dos histéricos,


juntamente com a divulgação frequente feita pela literatura e
pelo cinema sobre temas médicos, fazem com que a medicina
ofereça sempre um valioso suporte alternativo para os
fracassos, angústias, carências e fantasias da histeria.

 Essa teatralidade é muito marcante, fazendo com que eles


estejam sempre ensaiando e interpretando papéis que
acreditam adequados à si próprios. Por mais que lhe sejam
dispensados carinhos a atenções, estes nunca são suficientes.
Insistentemente as pessoas histéricas estão a reclamar que
ninguém as entende.
A Indiferença aos Sintomas

 Nesta indiferença o histérico pode relatar, tranquilamente, que


está cego. A intencionalidade do histérico com essa indiferença
sobre seu estado é no sentido de, sendo vítima, aceitar
placidamente esse destino cruel.

 O paciente se comporta, às vezes, como se falasse dos sintomas


de outra pessoa. Após queixar-se deles com veemência passa a
abordar outros acontecimentos de sua vida atual ou passada,
como se tivesse esquecido o início da conversa e de seu sintoma
principal.
A Indiferença aos Sintomas

 Quanto mais o médico se desvia dos sintomas físicos mais a


pessoa histérica o acompanhará e, ao contrário, quando retorna
a abordar os sintomas e lhes damos muita atenção, observa-se
um agravamento dos mesmos.

 Um dos propósitos desse sintoma na histeria é fazer com que a


pessoa assuma o papel de vítima indefesa diante da situação,
provocando sentimentos de dó, pena e complacência dos
outros.

 De fato, um dos males viciosos da histeria é o fato da pessoa ir


incorporando este sentimento de fragilidade interior, o qual fará
com que vá se sentindo cada vez mais fraca e incapaz.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 Há uma grande dificuldade de nomenclatura e classificação dos
quadros onde o componente histérico é evidente. Para facilitar,
didaticamente vamos considerar essas situações todas como
fazendo parte dos quadros do espectro histérico.

 Tanto os transtornos somatoformes, quanto os fenômenos


dissociativos e conversivos, podem ser considerados transtornos
psicorreativos, ou seja, aparecem sempre em resposta ou reação
a algum evento de vida, a alguma emoção. Trata-se de uma
resposta emocional a uma vivência traumática.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 De modo geral, o transtorno de somatização se caracteriza pelo
salto do psíquico para o orgânico, com predominância de
queixas relacionadas aos órgãos e sistemas (cardiovascular,
digestivo, respiratório, etc.), na conversão existe igualmente um
salto do psíquico para o orgânico, mas, com repercussão no
“sistema de comunicação” da pessoa com o mundo, ou seja, em
sua mímica, seus cinco sentidos, sua mobilidade e coordenação
motora.

 Nos distúrbios de dissociação há um salto do psíquico, porém,


um salto do psíquico para o próprio psíquico. Aqui são afetadas
a consciência e integração da pessoa com a realidade.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 Todos esses sintomas do espectro histérico são reversíveis e não
obedecem à realidade orgânica ou fisiologia médica conhecida.
Eles obedecem sim, a uma representação emocional que o
sujeito tem de seus conflitos, de seu corpo e de seu
funcionamento.

 Assim podemos observar uma perda total da visão em paciente


histérico, sem que o reflexo foto-motor se encontre alterado.
Vale acrescentar que não se trata de simulação, os sintomas
simbolizam a nível corporal, um conflito inconsciente.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 Enquanto o transtorno de somatização se caracteriza pela
predominância de queixas relacionadas aos órgãos e sistemas
(cardiovascular, digestivo, respiratório, etc.), no distúrbio de
conversão estão comprometidas a funcionalidade dos órgãos e a
capacidade de comunicação corporal social.

 Os problemas de somatização normalmente envolvem a clínica


médica devido ao comprometimento dos diversos órgãos,
enquanto os transtornos conversivos guardam uma grande
semelhança com os problemas neurológicos.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 Assim sendo, na conversão os sintomas aparecem sob a forma
de perda da função de um ou de vários atributos necessários à
vida de relação.

 Isso significa que a musculatura estriada e os órgãos sensoriais


são afetados, podendo fazer surgir paralisias, anestesias,
afonias, cegueira, crises convulsiformes, contraturas, desmaios,
etc. Há uma perda parcial ou completa da integração normal da
consciência.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 Esta perda do controle da consciência foi anteriormente
denominada de Histeria de Conversão. Atualmente prefere-se a
denominação de Conversão e Dissociação (CID.10) para os
fenômenos onde o indivíduo fica, repentinamente, dissociado
dos estímulos internos e externos.

 Trata-se da expressão de um conflito ou necessidade psicológica,


onde os sintomas da perturbação não são voluntariamente
produzidos e não podem ser explicados, após investigação
apropriada, por qualquer mecanismo clínico conhecido.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 Classicamente o transtorno conversivo se manifesta por
sintomas que sugerem uma doença neurológica, tais como
paralisias, afonia, convulsões, perturbações da coordenação,
acinesias, discinesias, cegueira, anestesias e parestesias.

 Como principal característica psíquica associada ao distúrbio de


conversão, funcionando como uma espécie de personalidade
pré-mórbida ou pré-requisito para a doença, está o transtorno
histriônico (ou Histérico) da personalidade.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 É muito importante fazermos uma boa diferenciação entre
sintomas conversivos e sintomas psicossomáticos, embora seja
bom sabermos que essas duas manifestações também podem
ocorrer num mesmo paciente histérico. Quando vivenciamos
algum acontecimento, nossa percepção da realidade vem
sempre acompanhada de um determinado afeto.

 Posteriormente, a evocação do ocorrido em nossa memória


(representação) virá sempre acrescida do afeto que lhe foi
peculiar à época da vivência.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 Na conversão e somatização, a representação da realidade
vivenciada, quando penosa, desagradável ou traumática é
reprimida para o inconsciente e seu afeto, ou sua energia
psíquica, é deslocado para uma zona do corpo, geralmente
implicada na cena traumática, convertendo-se em sintoma.

 Isso pode ser o que acontece, por exemplo, numa paciente que
chega torta (contratura) ao consultório, após ter participado de
algumas práticas sexuais com o namorado, caso essa situação
estivesse em choque com seus valores morais. Nesses casos não
existem lesões orgânicas, embora sempre exista a queixa do
sofrimento.
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 Essas queixas conversivas, ou alterações funcionais, independem
da anatomia real do corpo, ao contrário dos casos
psicossomáticos, onde há sempre uma correspondência física. Na
doença psicossomática existe, de fato, alteração orgânica, embora
seja desencadeada, determinada ou agravada por razões
emocionais.

 Outra diferença se refere aos órgãos implicados quando se trata


de fenômeno conversivo. Na Doença Psicossomática o Sistema
Nervoso Autônomo (SNA) é que seria mais atingido.

 Alguns autores aceitam a ideia de que, na Doença Psicossomática,


o afeto seria suprimido devido alguma dificuldade para
reconhecer e verbalizar sentimentos e emoções (alexitimia).
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
 Resumindo, a maneira mais didática de entender essa sucessão
de termos parecidos e confusos pode ser assim:

TERMO SIGNIFICADO

Somatiforme ou
Toda patologia psíquica que se faz representar no orgânico ou físico
Somatoforme

Quando a parte física envolvida diz respeito aos órgãos e sistemas (coração,
Somatização
muscular, respiratório, vagina...)

Quando a parte física envolvida diz respeito à comunicação corporal da pessoa


Conversão
(cinco sentidos, musculatura, coordenação...)

Quando a parte envolvida diz respeito ao próprio psiquismo (confusão mental,


Dissociação
delírios, desorientação...)

Doenças determinadas, agravadas ou desencadeadas por razões emocionais com


Psicossomática alterações orgânicas constatáveis (asma, hipertensão, dermatites, diabetes...)

Termos e seus significados


Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
• Critérios de Diagnóstico para Transtornos Conversivos DSM-IV;
• Um ou mais sintomas ou déficits afetando a função motora ou
sensorial voluntária, que sugerem uma condição neurológica ou
outra condição médica geral;
• Fatores psicológicos são julgados como associados com o sintoma
ou déficit, uma vez que o início ou a exacerbação do sintoma ou
déficit é precedido por conflitos ou outros estressores;
• O sintoma ou déficit não é intencionalmente produzido ou
simulado (como no Transtorno Factício ou na Simulação);
• O sintoma ou déficit não pode, após investigação apropriada, ser
completamente explicado por uma condição médica geral, pelos
efeitos diretos de uma substância ou por um comportamento ou
experiência culturalmente sancionados;
Conversão, Dissociação, Somatização e
Outros Nomes Complicados
• O sintoma ou déficit causa sofrimento clinicamente significativo
ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras
áreas importantes da vida do indivíduo, ou indica avaliação
médica;
• O sintoma ou déficit não se limita a dor ou disfunção sexual, não
ocorre exclusivamente durante o curso de um Transtorno de
Somatização, nem é mais bem explicado por outro transtorno
mental.
• Especificar tipo de sintoma ou déficit:
• Com Sintoma ou Déficit Motor;
• Com Sintoma ou Déficit Sensorial;
• Com Ataques ou Convulsões;
• Com Apresentação Mista.
Transtorno Doloroso e Hipocondria

 O diagnóstico de Transtorno Doloroso veio satisfazer a


necessidade de classificar os pacientes com queixas dolorosas
inconsistentes e de difícil entendimento médico, relacionadas a
estados emocionais.

 De fato, é como se fosse uma somatização mais específica, ou


seja, enquanto na somatização as queixas são muitas e variadas,
no Transtorno Doloroso a dor costuma ser uma só.

 Para o diagnóstico de Transtorno Doloroso a dor deve causar


sofrimento significativo e algum prejuízo sócio-ocupacional,
sendo suficientemente severa para indicar uma atenção médica.
Transtorno Doloroso e Hipocondria

 A dor pode perturbar severamente vários aspectos da vida


diária, como por exemplo, no emprego ou na escola, assim
como causar problemas de relacionamento, tais como desajuste
conjugal e mudanças no estilo de vida (desemprego, isolamento
social, problemas financeiros, etc.).

 Esses pacientes costumam usar frequentemente o sistema de


saúde, transformar a dor em um foco importante de sua vida,
usar exageradamente medicamentos analgésicos e anti-
inflamatórios.

 Não é raro, portanto, que tais pacientes desenvolvam


dependência ou abuso de opioides e/ou benzodiazepínicos.
Transtorno Doloroso e Hipocondria

 Os fatores psicológicos, para esse diagnóstico, devem exercer


um papel importante no início, na gravidade, na exacerbação ou
na manutenção da dor e, nunca é demais ressaltar que a dor
não é voluntariamente produzida ou simulada, como
culturalmente se acredita, e esse aspecto involuntário é que
diferencia o Transtorno Doloroso do Transtorno Factício ou da
Simulação.

 O longo itinerário médico das pessoas com transtorno doloroso


deve-se à convicção que eles têm de que deve existir, em algum
local, um médico que tenha a "cura" para sua dor. Eles podem
gastar tempo e dinheiro na busca de um árduo objetivo.
Transtorno Doloroso e Hipocondria

 Muitíssimo semelhante é o Transtorno Hipocondríaco. Aqui


existe uma preocupação, medo ou crença persistente de estar
com algum transtorno somático grave e progressivo. De modo
geral a atenção do paciente se concentra em um ou dois órgãos
ou sistemas.

 Pode acontecer também dos pacientes manifestarem queixas


somáticas persistentes ou preocupação duradoura com a
aparência física. Sensações e sinais físicos normais ou triviais são
frequentemente interpretados pelo sujeito como anormais ou
perturbadores.
Transtorno Doloroso e Hipocondria

 De um modo geral, tanto o Transtorno Doloroso quanto o


Hipocondríaco, parecem estar associados com outros
transtornos emocionais, especialmente a Transtornos
Depressivos e de Ansiedade.

 Pacientes cuja dor está associada à severa depressão e aqueles


cuja dor se relaciona a uma doença terminal, mais notadamente
câncer, parecem estar em risco aumentado de suicídio.
Transtorno Neurovegetativo

 No transtorno neurovegetativo o paciente atribui seus sintomas


a um transtorno somático de um órgão ou sistema controlado
pelo sistema nervoso autônomo (ou neurovegetativo).

 A diferença, se é que existe e vale a pena fazer, entre o


transtorno neurovegetativo e o transtorno de somatização é que
nesse último existem as queixas mas não existem alterações
clinicamente constatáveis, como seria o broncoespasmo da
asma ou a vasoconstricção arterial da hipertensão.

 No transtorno neurovegetativo, por sua vez, existem alterações


funcionais sem lesão ou alteração morfológica, como ocorre no
transtorno psicossomático.
Transtorno Neurovegetativo

 Normalmente as queixas neurovegetativas dizem respeito de um


funcionamento alterado, a um hiper ou hipofuncionamento,
como por exemplo palpitações, transpiração, ondas de calor ou
de frio, tremores, assim como por expressão de medo e
perturbação com a possibilidade de uma doença física.

 No sistema cardiovascular, por exemplo, pode haver aceleração


da frequência sem nenhuma correspondência clínica. Para
ilustrar melhor as diferenças de classificação podemos dizer que,
se fosse uma Somatização no sistema cardiovascular, teríamos
uma palpitação sem aumento da frequência ou uma dor sem
alterações orgânicas.
Transtorno Neurovegetativo

 Se fosse um Transtorno Psicossomático do sistema


cardiovascular teríamos uma extrassistolia de fundo emocional
eletrocardiologicamente constatável. No transtorno
neurovegetativo, por sua vez, teríamos um aumento da
frequência sem causa clínica aparente.

 No sistema gastrintestinal o transtorno psicossomático pode se


manifestar como aerofagia, flatulência, cólon irritável, diarreia,
dispepsia, piloroespasmo, etc.
Transtorno Neurovegetativo

 Se fosse um Transtorno Psicossomático teríamos a úlcera


digestiva, a retocolite ulcerativa, etc. No sistema respiratório
costuma haver hiperventilação, suspiração, soluços, tosse
persistente.

 O transtorno psicossomático nesse sistema seria representado


pela asma brônquica (com broncoespasmo constatável).

 Na parte urogenital os sintomas neurovegetativos dizem


respeito à disúria, polaciúria, nictúria, urgência miccional, etc
Transtorno Dismórfico Corporal

 O transtorno dismórfico corporal é definido como uma


preocupação com algum defeito imaginário na aparência física
numa pessoa com aparência normal.

 O DSM.IV diz que a característica essencial do transtorno


dismórfico corporal (historicamente conhecido como
Dismorfofobia) é uma preocupação com um defeito na
aparência, sendo este defeito imaginado ou, se houver uma
ligeira anomalia física de fato, a preocupação do indivíduo é
acentuadamente excessiva e desproporcional.
Transtorno Dismórfico Corporal

 Entretanto, para ser doença, essa preocupação deve causar


sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social ou
ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.

 Os quadros mais comuns envolvem, principalmente,


preocupações com defeitos faciais, mas pode também incluir
preocupações com outras partes do corpo, cheiro corporal e
aspectos da aparência.

 Essa preocupação é, em geral, uma crença que não assume


proporções delirantes. Quando isso ocorre o quadro pode ser de
Esquizofrenia.
Transtorno Dismórfico Corporal

 As queixas do paciente com transtorno dismórfico corporal


geralmente envolvem falhas imaginadas ou leves na face ou na
cabeça, tais como perda de cabelos, acne, rugas, cicatrizes,
marcas vasculares, palidez ou rubor, inchação, assimetria ou
desproporção facial, ou pelos faciais excessivos.

 Outras preocupações comuns incluem o tamanho, a forma ou


algum outro aspecto do nariz, olhos, pálpebras, sobrancelhas,
orelhas, boca, lábios, dentes, mandíbula, queixo, bochechas ou
cabeça.
Transtorno Dismórfico Corporal

 De um modo geral, qualquer outra parte do corpo pode ser o


foco de preocupação, notadamente os genitais, seios, nádegas,
abdômen, braços, mãos, pés, pernas, quadris, ombros, espinha,
regiões corporais maiores, ou tamanho geral do corpo. A
preocupação pode concentrar-se simultaneamente em diversas
partes do corpo.

 O mais comum é que a queixa do paciente com transtorno


dismórfico corporal seja específica, como por exemplo, lábio
"torto" ou nariz "chato". Por vezes essa queixa pode ser vaga, do
tipo "face caída" ou olhos "inadequadamente fixos".
Transtorno Dismórfico Corporal

 Em vista do seu embaraço com essas preocupações, algumas


pessoas com esse transtorno evitam descrever seus "defeitos"
em detalhes, podendo referir-se apenas à sua "feiúra" geral.

 A maior parte das pessoas com transtorno dismórfico corporal


experimenta acentuado sofrimento por sua suposta
deformidade, em geral descrevendo suas preocupações como
"extremamente dolorosas", como "um tormento pior que a
morte" ou "devastadoras".

 Em consequência dessa supervalorização, frequentemente elas


passam horas por dia pensando em seus "defeitos", a ponto de
esses pensamentos poderem vir a dominar suas vidas.
Transtorno Dismórfico Corporal

 Um prejuízo significativo em muitas áreas do funcionamento


geralmente ocorre. Os sentimentos de desconforto com seu
"defeito" podem levá-los a evitar o trabalho ou situações
públicas.

 As cansativas verificações no espelho e exames do "defeito" em


outras superfícies refletoras disponíveis, como vitrines de lojas,
para-brisas de automóveis, vidros dos mostradores de relógios,
etc., acabam consumindo horas intermináveis.

 Consequentemente, alguns pacientes evitam espelhos, às vezes


cobrindo-os ou removendo-os de seu ambiente. Uma situação
clínica que frequentemente acompanha o transtorno dismórfico
corporal em homens é a Vigorexia
Transtorno Dismórfico Corporal

 As pessoas com este transtorno frequentemente pensam que os


outros podem estar observando (ou certamente estão) com
especial atenção sua suposta deficiência, talvez falando dela ou
ridicularizando-a. Essa postura caracteriza ideias de referência,
ou persecutórias que elas podem apresentar concomitante ao
transtorno dismórfico corporal.

 Esses pacientes podem estar sempre tentando disfarçar ou


camuflar seu "horrendo defeito", e fazem isso deixando crescer
a barba para encobrir cicatrizes faciais imaginadas, por exemplo,
ou usando chapéu para esconder uma imaginada perda de
cabelos, ou ainda colocar enchimentos em cuecas para
aumentar um pênis "pequeno".
Transtorno Dismórfico Corporal

 O sofrimento e a disfunção frequentemente associados a este


transtorno, podem provocar repetidas hospitalizações e ideação
suicida, tentativas ou suicídio completo.

 O transtorno dismórfico corporal pode estar associado com


Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Delirante Persistente,
Fobia Social e Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Transtorno Dissociativo

 O Transtorno Dissociativo se caracteriza, principalmente, por


uma perturbação das funções integrativas da identidade,
memória e consciência de origem psicorreativa, normalmente
de forma súbita e transitória. De origem psicorreativa significa
um quadro que aparece como reação à alguma vivência.

 Semelhante ao quadro de conversão, onde há um salto das


emoções para o orgânico ou físico, na forma de sintomas que
afetam órgãos e sistemas corpóreos, na dissociação também há
um salto, entretanto, trata-se de um salto do psíquico para o
próprio psíquico.
Transtorno Dissociativo

 É como se fosse um enlouquecer psicológico. Anteriormente tal


transtorno era denominado de Neurose Histérica do Tipo
Dissociativo. A Amnésia Psicogênica é uma das apresentações
desta neurose, assim como a Fuga Psicogênica, o Distúrbio de
Personalidade Múltipla e o Distúrbio de Despersonalização.

 Neste distúrbio, como dissemos, ao invés do arremesso das


emoções para o orgânico, elas são refletidas no próprio
psiquismo por meio de uma ruptura efervescente com a
realidade.
Transtorno Dissociativo

 Conceitualmente, como os afetos podem se traduzir por


sintomas em praticamente todos os órgãos e sistemas, no caso
em pauta o sistema afetado é o próprio sistema psíquico.

 Ao invés de considerarmos os cinco subtipos de Dissociação


como se fossem doenças próprias, preferimos entender esses
subtipos como sendo sintomas diferentes de uma mesma
doença.
Transtorno Dissociativo

 Juntamos aqui a classificação da CID.10 e do DSM.IV, com


intenção de tornar a questão mais completa e didática. A
classificação dos Transtornos Dissociativos pode ser feita da
seguinte forma:

• Amnésia;
• Fuga;
• Person.
• Múltipla;
• Despersonalização;
• Síndrome de Ganser.
Amnésia Psicogênica ou Dissociativa

 Define-se Amnésia Psicogênica (CID.10) ou Dissociativa (DSM.IV)


como sendo uma súbita incapacidade para lembrar informações
pessoais importantes e anteriormente armazenadas na
memória.

 Trata-se de algo muito mais profundo que um esquecimento


simples e, para que possamos dar esse diagnóstico, deve ocorrer
na ausência de outro transtorno cerebral concomitante, como
por exemplo, traumatismos cranianos, estados pós-convulsivos,
etc.
Amnésia Psicogênica ou Dissociativa

 Não podemos afastar a possibilidade deste sintoma tratar-se de


uma exacerbação patológica do Mecanismo de Defesa
denominado Negação. Na Amnésia Psicogênica há angústia
patológica suficiente para produzir o Transtorno Dissociativo sob
a forma de esquecimento (lacunar) daquilo que “precisa” ser
esquecido. De fato, pode ser o próprio Mecanismo de Defesa
(Negação) exibido de maneira patológica.

 Na prática, a Amnésia Psicogênica pode seguir-se aos acidentes


catastróficos, como por exemplo, a guerra, acidentes aéreos,
etc., ou a fatos vivenciais traumáticos e/ou moralmente muito
condenáveis.
Amnésia Psicogênica ou Dissociativa

 Há uma incapacidade de recordar informações pessoais


importantes, em geral de natureza traumática ou estressante,
demasiadamente extensa e delimitada para ser explicada pelo
esquecimento normal.

 Nesse transtorno o prejuízo da memória pode ser de natureza


reversível. Normalmente a amnésia tem início súbito e o
paciente tem boa noção de que perdeu parte de sua memória,
isso quando não há outro comprometimento da consciência
superposto.

 A Amnésia Histérica se apresenta como uma lacuna bem


delimitada no tempo, normalmente referida como acontecendo
a partir de tal momento e durando até tal instante.
Amnésia Psicogênica ou Dissociativa

 Algumas pessoas com esse tipo de histeria podem ter amnésia


para episódios, por exemplo, de automutilação, de ataques
violentos ou de tentativas de suicídio. Outras vezes a amnésia se
apresenta de modo bastante súbito em tempos de guerra ou em
resposta a um desastre natural.

 Quando a amnésia é bem definida e localizada no tempo, a


pessoa não consegue recordar eventos que ocorreram durante
um período limitado de tempo, em geral durante as primeiras
horas (de 2 a 36, em média) após um evento perturbador.

 Isso é o que pode acontecer, por exemplo, com sobreviventes de


sérios acidentes automobilísticos, principalmente quando
houver perda de algum membro da família.
Amnésia Psicogênica ou Dissociativa

 Pode haver ainda, uma espécie de amnésia seletiva, quando


então a pessoa consegue recordar alguns, mas não todos,
eventos durante um período limitado de tempo.

 É o que pode acontecer, por exemplo, com um veterano de


guerra capaz de recordar apenas algumas partes de uma série
de experiências de um episódio de combate violento.

 Há ainda três outros tipos de amnésia, menos comuns que as


duas anteriores; a generalizada, contínua e a sistematizada. Na
amnésia generalizada, o fracasso em recordar abrange toda a
vida da pessoa.
Amnésia Psicogênica ou Dissociativa

 Os indivíduos com este raro transtorno em geral se apresentam à


polícia, às salas de emergência ou aos serviços de psiquiatria de
hospitais gerais.

 A amnésia contínua é definida como uma incapacidade de


recordar eventos subsequentes a um momento específico
(inclusive) até o presente. Finalmente, a amnésia sistematizada
representa a perda de memória para certas categorias de
informações, tais como todas as recordações envolvendo a própria
família ou uma determinada pessoa.

 Os indivíduos que exibem esses últimos três tipos de Amnésia


Dissociativa ou Psicogênica podem por fim receber um diagnóstico
de uma forma mais complexa de Transtorno Dissociativo.
Amnésia Psicogênica ou Dissociativa

 Além dos sintomas relacionados à memória, na Amnésia


Dissociativa podem existir também sintomas depressivos,
despersonalização, estados de transe, anestesias e regressão
etária espontânea.

 É uma condição muito propícia às encenações das “vidas


passadas”. Outros problemas que ocasionalmente acompanham
este transtorno incluem disfunção sexual, prejuízo no trabalho
ou nos relacionamentos interpessoais, automutilação, impulsos
agressivos, impulsos e atos suicidas.

 Os indivíduos com Amnésia Dissociativa também podem ter


sintomas que satisfazem os critérios para Transtorno Conversivo,
Transtorno do Humor ou Transtorno da Personalidade.
Fuga Psicogênica

 Neste tipo de alteração o distúrbio predominante consiste num


afastamento súbito e inesperado de casa ou do local de trabalho
e a incapacidade de se recordar de seu passado, portanto, é um
sintoma superposto à Amnésia Psicogênica.

 Há, na Fuga Dissociativa ou Psicogênica, essencialmente, um


desejo incontido de se afastar de experiências emocionalmente
dolorosas mas, durante o período em que o paciente está
foragido, pode se comportar de modo aparentemente normal
ao julgamento dos outros.

 O principal diagnóstico diferencial para a Fuga Psicogênica é o


comportamento do Estado Crepuscular, que pode acontecer na
epilepsia do lobo temporal.
Fuga Psicogênica

 Normalmente a Fuga Dissociativa é acompanhada por confusão


acerca da identidade pessoal ou mesmo adoção de uma nova
identidade. Essa “viagem” pode variar desde breves
afastamentos, por períodos relativamente curtos de horas ou
poucos dias, até roteiros complexos, geralmente discretos, por
períodos mais longos de semanas ou meses.

 Há relatos de casos onde pessoas com Fuga Dissociativa cruzam


fronteiras e viajam milhares de quilômetros. Durante uma fuga,
os indivíduos em geral parecem não ter psicopatologia e não
despertam atenções.
Fuga Psicogênica

 Em algum momento o indivíduo é levado ao atendimento


médico, geralmente por causa de amnésia para eventos
recentes, estado confusional ou falta de consciência da
identidade pessoal. Retornando ao estado pré-fuga, a pessoa
pode não recordar o que ocorreu durante a fuga.

 A maioria das fugas não envolve a formação de uma nova


identidade mas, quando isso ocorre, a nova identidade assumida
durante a fuga é caracterizada por traços mais gregários e
desinibidos do que aqueles que caracterizavam a identidade
anterior.
Fuga Psicogênica

 A pessoa com esse quadro pode assumir um novo nome, uma


nova residência e envolver-se em atividades sociais complexas e
bem integradas, que não sugerem a presença de um transtorno
mental. Juntamente com o quadro de Fuga Dissociativa pode
haver sintomas de depressão, disforia, tristeza, culpa, estresse,
conflitos, impulsos suicidas e agressivos.
Síndrome de Personalidade Múltipla

 O Transtornos de Personalidade Múltipla ou Transtorno


Dissociativo de Identidade é outro sintoma que também pode
estar presente no Transtorno Dissociativo. Alguns autores
consideram a personalidade múltipla mais frequente que se
imaginava antes, principalmente em adolescentes do sexo
feminino.

 Esse quadro se caracteriza pela existência de duas ou mais


personalidades distintas e separadas numa mesma pessoa, e
cada uma delas determinando comportamentos, atitudes e
sentimentos próprios. Quando o paciente manifesta uma
determinada personalidade, há amnésia em relação à outra.
Síndrome de Personalidade Múltipla

 A transição de uma personalidade para outra é,


frequentemente, súbita e dramática. As personalidades
assumidas podem representar identidades criadas
subjetivamente e que atendem anseios subterrâneos do
indivíduo, bem como entidades sobrenaturais e possessivas.

 Normalmente o Transtorno Dissociativo de Identidade, ou de


Personalidade Múltipla, reflete um fracasso psíquico em integrar
vários aspectos da identidade, memória e consciência. Cada
estado de personalidade pode ser vivenciado como se possuísse
uma história pessoal distinta e própria, autoimagem e
identidade próprias, inclusive com nomes diferentes.
Síndrome de Personalidade Múltipla

 Segundo o DSM.IV, nos casos de Personalidade Múltipla existe


em geral uma identidade primária, portadora do nome correto
do indivíduo. Com frequência essa identidade costuma ser
passiva, dependente, culpada e depressiva.

 As identidades alternativas, ao contrário, têm nomes e


características que contrastam com a identidade primária, como
por exemplo, hostilidade, participação ativa e controle dos
outros, etc. Outras identidades particulares podem emergir
quando a pessoa se vê em circunstâncias específicas e altamente
exigentes em termos emocionais.
Síndrome de Personalidade Múltipla

 As pessoas com este transtorno experimentam frequentes falhas


de memória para a história pessoal, tanto remota quanto
recente. As evidências desses episódios de amnésia podem ser
reveladas por relatos de outras pessoas que testemunharam o
comportamento negado pelo paciente, como por exemplo,
compras realizadas e não recordadas pela pessoa.

 As transições entre identidades frequentemente são ativadas


pela tensão emocional e estresse, e o tempo necessário para a
mudança de uma para outra identidade é uma questão de
segundos.
Síndrome de Personalidade Múltipla

 O número de identidades relatadas varia de 2 a mais de 100.


Metade dos casos relatados inclui indivíduos com 10 ou menos
identidades.

 Os indivíduos com Transtorno Dissociativo de Identidade


frequentemente relatam a experiência de severo abuso físico e
sexual, especialmente durante a infância.

 Kaplan refere estudos que apontam uma incidência de 80% em


vítimas de abusos sexuais na infância em pacientes com
Transtornos de Personalidade Múltipla, e 25% dos casos com
esse quadro apresenta epilepsia concomitante.
Transtorno de Despersonalização
e Desrealização
 Muito semelhante à Personalidade Múltipla é a forma de
histeria denominada Despersonalização, caracterizada por
alteração persistente ou recorrente na percepção de si mesmo,
como a experiência de sentir-se separado do próprio corpo, de
agir mecanicamente ou de estar num sonho.

 Ao invés de sentir-se “possuído” por uma outra personalidade


há, aqui, uma sensação de irrealidade para com o próprio corpo.
Entre as causas orgânicas que mais apresentam o sintoma da
Despersonalização está a Epilepsia, a qual deve ser prontamente
distinguida do Transtorno Dissociativo. Normalmente a
despersonalização é acompanhada de grande sensação de
ansiedade.
Transtorno de Despersonalização
e Desrealização
 As características essenciais do Transtorno de Despersonalização
consistem de episódios persistentes ou recorrentes de sensação
de distanciamento ou estranhamento de si próprio. A pessoa
pode se sentir como um autômato ou como se estivesse num
sonho ou filme.

 Pode haver uma sensação de ser um observador externo de si


próprio, dos próprios processos mentais, do próprio corpo ou de
partes do próprio corpo. Vários tipos de anestesia sensorial, falta
de resposta afetiva e uma sensação de não ter o controle das
próprias ações, incluindo a fala, frequentemente estão presentes.
Pacientes com Transtorno de Despersonalização mantêm um bom
juízo de realidade, ou seja, têm consciência de que isto é apenas
uma sensação e de não ser realmente um autômato
Transtorno de Despersonalização
e Desrealização
 A Despersonalização costuma ser uma experiência comum na
psiquiatria, devendo-se fazer este diagnóstico apenas se os
sintomas forem suficientemente severos para causar sofrimento
acentuado ou prejuízo no funcionamento.

 Uma vez que o sintoma despersonalização é um fenômeno


associado a muitos outros transtornos emocionais, e não apenas
à histeria, o diagnóstico de Transtorno de Despersonalização não
deve ser considerado se houver qualquer outro transtorno
mental, como por exemplo, Esquizofrenia, Transtorno de Pânico,
Transtorno de Estresse Agudo ou outro estado não histérico.
Transtorno de Despersonalização
e Desrealização
 As pessoas com despersonalização mas que não sejam
histéricas, frequentemente podem ter dificuldade em descrever
seus sintomas, bem como temer e recear que essas sensações
possam ser interpretadas como sinais de loucura.

 A Desrealização também pode estar presente, sendo vivenciada


como um sentimento de que o mundo externo é estranho ou
irreal. A pessoa com desrealização pode perceber também uma
alteração insólita no tamanho ou forma dos objetos,
percebendo-os maiores do que são (macropsia) ou menores
(micropsia), assim como podem parecer estranhas ou mecânicas
as pessoas à sua volta.
Transtorno de Despersonalização
e Desrealização
 Tanto a Despersonalização quanto a Desrealização podem estar
associadas à quadros de intensa ansiedade, à episódios
depressivos, principalmente do tipo grave (ou maior) e à
transtornos relacionados ao uso de substâncias.

 Também é comum encontrar nesses pacientes quadros de


ruminação obsessiva de ideias, preocupações somáticas
exageradas e Hipocondria.

 Os sintomas de Despersonalização e a Desrealização são


muitíssimo frequentes durante os Ataques de Pânico.
Síndrome de Ganser

 A Síndrome de Ganser pode ser considerada a apoteose das


histerias. Nesse caso, se fosse nominalmente possível, o termo
mais correto seria Loucura Histérica. Trata-se de um Transtorno
Dissociativo que se manifesta por uma produção voluntária de
sintomatologia psiquiátrica muito severa, exuberante e
inusitada.

 No exame desses pacientes podemos perceber respostas


incoerentes e discurso despropositado, cujo objetivo é
convencer solidamente o observador de que o paciente, de fato,
está louco.
Síndrome de Ganser

 Perguntando-se há essas pessoas quanto é dois mais um,


costumam responder quatro, ou a cor de uma parede verde ele
diz ser preta. São elementos da realidade intelectual e
sensoperceptiva que não se alteram em nenhuma espécie de
loucura. Caso esse paciente estivesse desorientado de fato, diria
não sei para as duas perguntas.

 A Síndrome de Ganser pode fazer parte de um quadro


dissociativo, juntamente com os demais sintomas histéricos. Há
aqui, evidentemente, uma perturbação nas funções
habitualmente integradas da consciência, memória, identidade
ou percepção do ambiente.
Transtornos Somatoformes

 A característica principal dos Transtornos Somatoformes é a


presença de sintomas físicos que sugerem alguma doença
orgânica ou física. A base do quadro clínico diz respeito à
presença repetida de sintomas físicos associados à busca
persistente de assistência médica.

 Apesar dos médicos nada encontrarem de anormal nos


pacientes com Transtorno Somatoforme, as queixas persistem. E
quando há alguma alteração orgânica, esta normalmente não
justifica a queixa.
Transtornos Somatoformes

 Somatização a rigor, significa passar para o somático, físico ou


corpóreo, somatizar. Normalmente essa expressão não deve ser
tomada exclusivamente como se tratasse de alguma categoria
diagnóstica específica.

 A somatização aparece na medicina em geral e na psiquiatria,


em particular, muito mais como um sintoma, encontradiço em
muitos estados emocionais, do que como uma doença
específica.
Transtornos Somatoformes

 Quem trabalha em saúde está familiarizado com aquele tipo de


paciente que apresenta queixas múltiplas, imprecisas, confusas
e difusas. Normalmente começam dizendo “... não sei nem por
onde começar doutor.” Essas pessoas costumam se sentir
inconformadas com resultados negativos dos muitos exames
que se submetem.

 Com frequência essas pessoas somatiformes procuram vários


especialistas e em diversos serviços e hospitais, sem que se
sintam efetivamente melhoradas. Em resumo, somatizar
significa expressar o sofrimento emocional sobre forma de
queixas físicas, portanto, somatização é uma forma de histeria,
embora não seja a única.
Transtornos Somatoformes

 A categoria diagnóstica dos Transtornos Somatoformes e suas


subdivisões (Transtorno de Somatização, Somatoforme de Dor,
Disfunções Neurovegetativas, etc.) abrangem uma série de
pacientes cujos sintomas correspondem a respostas somáticas,
indicadoras de alterações emocionais e super valorizadas
através de ampliações das sensações corporais.

 A característica principal do Transtorno de Somatização é a


elaboração de múltiplas queixas somáticas pelo paciente,
queixas essas recorrentes e clinicamente significativas. Uma
queixa é considerada clinicamente significativa quando resulta
ou acaba determinando algum tratamento médico.
Transtornos Somatoformes

 Também pode ser considerada clinicamente significativa quando


é capaz de causar algum prejuízo no funcionamento social ou
ocupacional da pessoa.

 No Transtorno de Somatização normalmente há uma história de


dor incaracterística e de difícil explicação médica que acomete,
predominantemente a cabeça, as costas, articulações,
extremidades, tórax, e/ou uma história de comprometimento
nas funções de órgãos, como por exemplo, em relação às
menstruações, ao intercurso sexual, digestão, funcionamento
intestinal, etc.
Transtornos Somatoformes

 As queixas do Transtorno de Somatização usualmente levam o


paciente a frequentes exames médicos, radiográficos,
tomográficos e mesmo a cirurgias exploratórias desnecessárias.

 Como as pessoas portadoras do Transtorno de Somatização são


previamente histeriformes, em geral elas descrevem suas
queixas em termos dramáticos, eloquentes e exagerados ou,
curiosamente, ao extremo contrário, ou seja, completamente
indiferentes à sugerida gravidade do problema.
Transtornos Somatoformes

 Frequentemente as pessoas portadoras do Transtorno de


Somatização têm um longo histórico de hospitalizações e
extensa trajetória médica, muitas vezes buscando tratamento
com vários médicos ao mesmo tempo.

 Concomitantemente, sintomas proeminentes de ansiedade e


humor depressivo são muito comuns, podendo ser até a razão
principal para o atendimento médico. Os Transtornos Depressivo
e de Pânico podem estar associados, assim como os Transtornos
de Personalidade dos tipos Histriônica e Borderline.
Transtornos Somatoformes

 Existem numerosos sintomas físicos e variados, contínuos e


queixados no dia-a-dia que caracterizam mais a maneira desse
paciente ser do que uma maneira nervosa dele estar. Assim
sendo, os somatoformes são pacientes poliqueixosos, com
sintomas sugestivos de muitos problemas de saúde, mas que
não se confirmam pelos exames médicos habituais.

 Os sintomas da somatização podem aparecer como quadros


dolorosos incaracterísticos, transtornos cardíacos e circulatórios
que não se confirmam por exames especializados, distúrbios
digestivos e respiratórios, enfim, por queixas que refletem
alterações em qualquer sistema funcional, mas raramente se
confirmam por exames clínicos ou de laboratório.
Transtornos Somatoformes

 Nota-se sempre, inclusive com reconhecimento pelo próprio


paciente, de variação na intensidade das queixas conforme
alterações emocionais, embora a maioria deles insista em
discordar do ponto de vista médico que aponta para a
possibilidade psíquica dos sintomas.

 Nas características psicológicas associadas ao Distúrbio de


Somatização encontramos com frequência o humor depressivo
e, em segundo lugar, o Transtorno Histriônico da Personalidade.
Transtornos Somatoformes

 Habitualmente os sintomas iniciam-se entre os 10 e 20 anos e,


nas mulheres, é comum que os problemas menstruais
(Dismenorreia) seja a primeira queixa.

 Mesmo diante da suspeita do Transtorno de Somatização o


médico deve, obrigatoriamente, excluir a existência de alguma
doença orgânica real. Não deve ser negligenciada a
possibilidade, mais que comum, dos pacientes somatizados
clássicos portarem, simultaneamente, algum outro transtorno
clínico orgânico.
Transtornos Somatoformes

 Desta forma, ressalta-se para o diagnóstico do Transtorno


de Somatização puro a existência de alguma patologia
orgânica real. Depois deste procedimento clínico podemos
observar uma extensa lista de sintomas possíveis de refletir
uma somatização, como podemos ver a seguir:
Transtornos Somatoformes

Sintomas do Transtorno de Somatização:


Vômitos Ardência nos Dor nas Dor miccional
órgãos genitais extremidades
Palpitações Vômitos durante a
Diarreia Impotência gravidez
Dor abdominal
Indiferença sexual Dor lombar Dor inespecífica
Dor torácica
Intolerância Dismenorreia Falta de ar
Náuseas alimentar
Dor articular
Tonturas Dor durante o ato
sexual Outras queixas
Flatulência menstruais
Transtornos Somatoformes

 Para o diagnóstico do Transtorno Somatização é importante que


os sintomas causem sofrimento significativo ou prejuízo no
funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas
importantes.

 A representação subjetiva e psíquica dos sintomas sentidos pelo


paciente refletem sempre seu perfil sociocultural. Em camadas
menos diferenciadas da população notamos queixa de sintomas
muito simples, como por exemplo, a menstruação que sobe para
a cabeça, o sangue sujo, uma dieta pós-parto mal conduzida, a
consequência desastrosa de olhar no espelho depois da
refeição, uma mistura fatal de manga com leite, sustos capazes
de provocar paralisias e assim por diante.
Transtornos Somatoformes

 A manifestação emocional somatizada não respeita a posição


sociocultural do paciente, como podem suspeitar alguns, não
guarda também relação com o nível intelectual, pois, como se
sabe, a emoção é senhora e não serva da razão. O único fator
capaz de atenuar as queixas é a capacidade da pessoa expressar
melhor seus sentimentos verbalmente.

 Quanto maior a capacidade do indivíduo se ao referir seu mal-


estar através de discurso sobre suas emoções, como por exemplo,
relatando sua angústia, sua frustração, depressão, falta de
perspectiva, insegurança, negativismo, pessimismo, carência de
carinho e coisas assim, menor será a chance de representar tudo
isso através de palpitações, pontadas, dores, falta de ar, etc.
Transtornos Somatoformes

 Um dos primeiros passos para o tratamento dos pacientes com


somatização deve ser conscientizá-los sobre a importante
participação dos fatores emocionais na sintomatologia queixada,
tentar uma mudança no significado cultural de suas doenças e
incentivar maior honestidade pessoal sobre sua natureza
emocional.

 O inimigo natural desta iniciativa tem sido sempre o aspecto


depreciativo das ocorrências histéricas, ou o caráter ficcioso que
a sociedade empresta aos componentes psicogênicos dos
sintomas, ou ainda, à falsa ideia de que toda ocorrência psíquica
depende da boa vontade do paciente.
Transtornos Somatoformes

 Entre os próprios médicos ainda é muito forte a ideia de que o


paciente somatizador tenta enganá-los ou procede de má-fé. Às
vezes e intimamente, o médico se aborrece porque as queixas
somatiformes não obedecerem o que ele aprendeu nos livros
tradicionais de medicina e, tão diferentes assim eles passam a
representar um desafio a seus conhecimentos científicos e
fisiopatológicos.

 O Transtorno Somatização é um transtorno crônico e flutuante


mas raramente apresenta remissão ou cura completa. É raro
passar um ano sem que o indivíduo busque algum atendimento
médico, normalmente levado por queixas somáticas
medicamente inexplicáveis.
Transtornos Somatoformes

 Entre os próprios médicos ainda é muito forte a ideia de que o


paciente somatizador tenta enganá-los ou procede de má-fé.

 Às vezes e intimamente, o médico se aborrece porque as


queixas somatiformes não obedecerem o que ele aprendeu nos
livros tradicionais de medicina e, tão diferentes assim eles
passam a representar um desafio a seus conhecimentos
científicos e fisiopatológicos.

 O Transtorno Somatização é um transtorno crônico e flutuante


mas raramente apresenta remissão ou cura completa.
Transtornos Somatoformes

 É raro passar um ano sem que o indivíduo busque algum


atendimento médico, normalmente levado por queixas
somáticas medicamente inexplicáveis.

 Os critérios de diagnóstico tipicamente são satisfeitos antes dos


25 anos mas os sintomas iniciais frequentemente estão
presentes desde adolescência. Os sintomas sexuais
frequentemente estão associados com desajuste conjugal.
Transtornos Somatoformes

 Recomendações para diagnóstico dos Transtornos de


Somatização, segundo o DSM-IV:

 Uma história de muitas queixas físicas com início antes dos 30


anos, que ocorrem por um período de vários anos e resultam
em busca de tratamento ou prejuízo significativo no
funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas
importantes de funcionamento do indivíduo.

 Cada um dos critérios a seguir deve ter sido satisfeito, com os


sintomas individuais ocorrendo em qualquer momento durante
o curso do distúrbio.
Transtornos Somatoformes

 Quatro sintomas dolorosos: uma história de dor relacionada a


pelo menos quatro locais ou funções diferentes (cabeça,
abdômen, costas, articulações, extremidades, tórax, reto,
menstruação, intercurso sexual ou micção).

 Dois sintomas gastrintestinais: uma história de pelo menos dois


sintomas gastrintestinais outros que não dor (náusea, inchação,
vômito outro que não durante a gravidez, diarreia ou
intolerância a diversos alimentos).
Transtornos Somatoformes

 Um sintoma sexual: uma história de pelo menos um sintoma


sexual ou reprodutivo outro que não dor (indiferença sexual,
disfunção erétil ou ejaculatória, irregularidades menstruais,
sangramento menstrual excessivo, vômitos durante toda a
gravidez).

 Um sintoma pseudoneurológico: uma história de pelo menos um


sintoma ou déficit sugerindo uma condição neurológica não
limitada a dor (sintomas conversivos tais como prejuízo de
coordenação ou equilíbrio, paralisia ou fraqueza localizada,
dificuldade para engolir ou nó na garganta, afonia, retenção
urinária, alucinações, perda da sensação de tato ou dor, diplopia,
cegueira, surdez, convulsões; sintomas dissociativos tais como
amnésia ou perda da consciência outra que não por desmaio).
Transtornos Somatoformes

 Após investigação apropriada, nenhum dos sintomas pode ser


completamente explicado por uma condição médica geral
conhecida ou pelos efeitos diretos de uma substância (droga de
abuso, medicamento).

 Quando existe uma condição médica geral relacionada, as queixas


físicas ou o prejuízo social ou ocupacional resultante excedem o
que seria esperado a partir da história, exame físico ou achados
laboratoriais. Os sintomas não são intencionalmente produzidos
ou simulados (como no transtorno factício ou na simulação).
Transtornos Psicóticos

 Uma psicose (ou transtornos psicóticos) é definida como a


incapacidade de distinguir entre a experiência subjetiva e a
realidade externa, ou seja, existe uma perda de contato com a
realidade.

 Existem vários subtipos de psicoses, no entanto, de uma forma


geral a pessoa que atravessa uma crise psicótica pode ter
alucinações, delírios, mudanças comportamentais e pensamento
confuso. O grau desta perda de contato com a realidade depende
da intensidade da psicose.
Esquizofrenia

 Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam em geral por


distorções fundamentais e características do pensamento e da
percepção, e por afetos inapropriados ou embotados.
Usualmente mantém-se clara a consciência e a capacidade
intelectual, embora certos déficits cognitivos possam evoluir no
curso do tempo.

 Os fenômenos psicopatológicos mais importantes incluem o eco


do pensamento, a imposição ou o roubo do pensamento, a
divulgação do pensamento, a percepção delirante, ideias
delirantes de controle, de influência ou de passividade, vozes
alucinatórias que comentam ou discutem com o paciente na
terceira pessoa, transtornos do pensamento e sintomas
negativos.
Esquizofrenia

 A evolução dos transtornos esquizofrênicos pode ser contínua,


episódica com ocorrência de um déficit progressivo ou estável,
ou comportar um ou vários episódios seguidos de uma remissão
completa ou incompleta.

 Não se deve fazer um diagnóstico de esquizofrenia quando o


quadro clínico comporta sintomas depressivos ou maníacos no
primeiro plano, a menos que se possa estabelecer sem equívoco
que a ocorrência dos sintomas esquizofrênicos fosse anterior à
dos transtornos afetivos.
Esquizofrenia

 Além disto, não se deve fazer um diagnóstico de esquizofrenia


quando existe uma doença cerebral manifesta, intoxicação por
droga ou abstinência de droga. Os transtornos que se
assemelham à esquizofrenia, mas que ocorrem no curso de uma
epilepsia ou de outra afecção cerebral deve ser codificado; os
transtornos que se assemelham à esquizofrenia, mas que são
induzidos por drogas psicoativas devem ser classificados em
com quarto caractere comum.
Esquizofrenia Paranoide

 A esquizofrenia paranoide se caracteriza essencialmente pela


presença de ideias delirantes relativamente estáveis,
frequentemente de perseguição, em geral acompanhadas de
alucinações, particularmente auditivas e de perturbações das
percepções.

 As perturbações do afeto, da vontade, da linguagem e os


sintomas catatônicos, estão ausentes, ou são relativamente
discretos.
Esquizofrenia Hebefrênica

 Forma de esquizofrenia caracterizada pela presença


proeminente de uma perturbação dos afetos; as ideias
delirantes e as alucinações são fugazes e fragmentárias, o
comportamento é irresponsável e imprevisível; existem
frequentemente maneirismos. O afeto é superficial e
inapropriado. O pensamento é desorganizado e o discurso
incoerente. Há uma tendência ao isolamento social.

 Geralmente o prognóstico é desfavorável devido ao rápido


desenvolvimento de sintomas "negativos", particularmente um
embotamento do afeto e perda da volição. A hebefrenia deveria
normalmente ser somente diagnosticada em adolescentes e em
adultos jovens.
Esquizofrenia Catatônica

 A esquizofrenia catatônica é dominada por distúrbios


psicomotores proeminentes que podem alternar entre extremos
tais como hipercinesia e estupor, ou entre a obediência
automática e o negativismo. Atitudes e posturas a que os
pacientes foram compelidos a tomar podem ser mantidas por
longos períodos. Um padrão marcante da afecção pode ser
constituído por episódios de excitação violenta.

 O fenômeno catatônico pode estar combinado com um estado


oniroide com alucinações cênicas vívidas, quadro este
caracterizado na fase aguda geralmente em regime de
internação hospitalar. Caracterizada pela ocorrência de
Catalepsia, Catatonia, Flexibilidade Cérea, Estupor Catatônico.
Esquizofrenia Indiferenciada

 Afecções psicóticas que preenchem os critérios diagnósticos


gerais para a esquizofrenia mas que não correspondem a
nenhum dos subtipos incluídos na classificação ou que exibam
padrões de mais de um deles sem uma clara predominância de
um conjunto particular de características diagnósticas.
Caracterizada por uma Esquizofrenia atípica.
Depressão Pós-esquizofrênica

 Episódio depressivo eventualmente prolongado que ocorre ao


fim de uma afecção esquizofrênica. Ao menos alguns sintomas
esquizofrênicos "positivos" ou "negativos" devem ainda estar
presentes mas não dominam mais o quadro clínico. Este tipo de
estado depressivo acompanha um maior risco de suicídio.

 Se o paciente não apresenta mais nenhum sintoma


esquizofrênico, deve-se fazer um diagnóstico de episódio
depressivo. Se os sintomas esquizofrênicos ainda são aparentes
e proeminentes, deve-se manter o diagnóstico da forma clínica
apropriada da esquizofrenia.
Esquizofrenia Residual

 Estágio crônico da evolução de uma doença esquizofrênica, com


uma progressão nítida de um estágio precoce para um estágio
tardio, o qual se caracteriza pela presença persistente de
sintomas "negativos" embora não forçosamente irreversíveis,
tais como lentidão psicomotora; hipoatividade; embotamento
afetivo; passividade e falta de iniciativa; pobreza da quantidade
e do conteúdo do discurso; pouca comunicação não-verbal
(expressão facial, contato ocular, modulação da voz e gestos),
falta de cuidados pessoais e desempenho social medíocre.
Esquizofrenia Simples

 Transtorno caracterizado pela ocorrência insidiosa e progressiva


de excentricidade de comportamento, incapacidade de
responder às exigências da sociedade, e um declínio global do
desempenho.

 Os padrões negativos característicos da esquizofrenia residual


(por exemplo: embotamento do afeto e perda da volição) se
desenvolvem sem serem precedidos por quaisquer sintomas
psicóticos manifestos.
Outras Esquizofrenias

 Ataque Esquizofreniforme.
 Esquizofrenia Cenestopática.
 Psicose Esquizofreniforme.
 Transtorno Esquizofreniforme.
Episódio Maníaco

 Todas as subdivisões desta categoria se aplicam exclusivamente


a um episódio isolado. Um episódio hipomaníaco ou maníaco
em indivíduo que já tenha apresentado um ou mais episódios
afetivos prévios (depressivo, hipomaníaco, maníaco, ou misto)
deve conduzir a um diagnóstico de transtorno afetivo bipolar.
Hipomania

 Transtorno caracterizado pela presença de uma elevação ligeira


mas persistente do humor, da energia e da atividade, associada
em geral a um sentimento intenso de bem-estar e de eficácia
física e psíquica. Existe frequentemente um aumento da
sociabilidade, do desejo de falar, da familiaridade e da energia
sexual, e uma redução da necessidade de sono; estes sintomas
não são, entretanto, tão graves de modo a entravar o
funcionamento profissional ou levar a uma rejeição social.

 A euforia e a sociabilidade são por vezes substituídas por


irritabilidade, atitude pretensiosa ou comportamento grosseiro.
As perturbações do humor e do comportamento não são
acompanhadas de alucinações ou de ideias delirantes.
Mania sem Sintomas Psicóticos

 Presença de uma elevação do humor fora de proporção com a


situação do sujeito, podendo variar de uma jovialidade
descuidada a uma agitação praticamente incontrolável. Esta
elação acompanha um aumento da energia, levando à
hiperatividade, um desejo de falar e uma redução da
necessidade de sono.

 A atenção não pode ser mantida, e existe frequentemente uma


grande distração. O sujeito apresenta frequentemente um
aumento do autoestima com ideias de grandeza e
superestimativa de suas capacidades. A perda das inibições
sociais pode levar a condutas imprudentes, irrazoáveis,
inapropriadas ou deslocadas.
Mania com Sintomas Psicóticos

 Presença, além do quadro clínico descrito, de ideias delirantes


(em geral de grandeza) ou de alucinações (em geral do tipo de
voz que fala diretamente ao sujeito) ou de agitação, de atividade
motora excessiva e de fuga de ideias de uma gravidade tal que o
sujeito se torna incompreensível ou inacessível a toda
comunicação normal.
Transtornos da Alimentação

 Os Transtornos Alimentares caracterizam-se por severas


perturbações no comportamento alimentar. Estas podem
ser causadas por fatores metabólicos ou psicológicos.
Anorexia Nervosa

 Anorexia nervosa é um transtorno caracterizado por perda de


peso intencional, induzida e mantida pelo paciente. O
transtorno ocorre comumente em mulheres adolescentes ou
jovens, mas pode igualmente ocorrer em homens adolescentes
ou jovens, em crianças próximas à puberdade ou em mulheres
de mais idade até na menopausa.

 A doença está associada a uma psicopatologia específica,


compreendendo um medo de engordar e de ter uma silhueta
arredondada, intrusão persistente de uma ideia supervalorizada.
Os pacientes se impõem a si mesmos um baixo peso.
Anorexia Nervosa

 Existe comumente desnutrição de grau variável que acompanha


modificações endócrinas e metabólicas secundárias, e
perturbações das funções fisiológicas.

 Os sintomas compreendem uma restrição das escolhas


alimentares, a prática excessiva de exercícios físicos, vômitos
provocados e a utilização de laxantes, de anorexígenos e de
diuréticos.
Anorexia Nervosa Atípica

 Transtornos que apresentam algumas das características da


anorexia nervosa mas cujo quadro clínico global não justifica tal
diagnóstico.

 Por exemplo, um dos sintomas-chave, o temor acentuado de ser


gordo ou a amenorreia, pode estar ausente apesar de uma
acentuada perda de peso e de um comportamento para
emagrecer.

 Este diagnóstico não deve ser feito na presença de transtornos


físicos conhecidos associados à perda de peso.
Bulimia Nervosa

 A bulimia é uma síndrome caracterizada por acessos repetidos


de hiperfagia (exacerbada ingestão de alimentos) e uma
preocupação excessiva com relação ao controle do peso
corporal conduzindo a uma alternância de hiperfagia e vômitos
ou uso de purgativos. Este transtorno partilha diversas
características psicológicas com a anorexia nervosa, dentre as
quais uma preocupação exagerada com a forma e peso
corporais.

 Os vômitos repetidos podem provocar perturbações eletrolíticas


e complicações somáticas. Nos antecedentes encontra-se
frequentemente, mas nem sempre, um episódio de anorexia
nervosa ocorrido de alguns meses a vários anos antes.
Bulimia Nervosa Atípica

 Transtornos que apresentam algumas características da bulimia


nervosa mas cujo quadro clínico global não justifica tal
diagnóstico.

 Por exemplo, pode haver acessos repetidos de hiperfagia e de


uso exagerado de laxativos sem uma alteração significativa de
peso ou então a preocupação típica e exagerada com a forma e
peso corporais pode estar ausente.
Hiperfagia psicogênica

 O comer excessivo como uma reação a eventos estressantes tais


como luto/acidente, parto, que pode ser associado a outras
perturbações psicológicas.
Vômitos Associados a Outros
Distúrbios Psicológicos
 Vômitos repetidos que podem ocorrer nos transtornos
dissociativos e hipocondríacos e que não são exclusivamente
imputáveis a uma das afecções classificadas.

 Pode-se também empregar este código em suplemento a


(hiperemese na gravidez) quando fatores emocionais
predominam entre as causas das náuseas e vômitos recorrentes
no curso da gravidez.
Transtornos Específicos da
Personalidade
 Trata-se de distúrbios graves da constituição caracterológica e
das tendências comportamentais do indivíduo, não diretamente
imputáveis a uma doença, lesão ou outra afecção cerebral ou a
um outro transtorno psiquiátrico.

 Estes distúrbios compreendem habitualmente vários elementos


da personalidade, acompanham-se em geral de angústia pessoal
e desorganização social; aparecem habitualmente durante a
infância ou a adolescência e persistem de modo duradouro na
idade adulta.
Personalidade Paranoica

 Transtorno da personalidade caracterizado por uma


sensibilidade excessiva face às contrariedades, recusa de
perdoar os insultos, caráter desconfiado, tendência a distorcer
os fatos interpretando as ações imparciais ou amigáveis dos
outros como hostis ou de desprezo; suspeitas recidivantes,
injustificadas, a respeito da fidelidade sexual do parceiro; e um
sentimento combativo e obstinado de seus próprios direitos.
Pode existir uma superavaliação de sua autoimportância,
havendo frequentemente autorreferência excessiva.
Personalidade Paranoica

 Características da personalidade paranoide:

 Expansiva paranoide.
 Fanática.
 Paranoide.
 Querelante.
 Sensitiva paranoide.
Personalidade Esquizoide

 Transtorno da personalidade caracterizado por um retraimento


dos contatos sociais, afetivos ou outros, preferência pela
fantasia, atividades solitárias e a reserva introspectiva, e uma
incapacidade de expressar seus sentimentos e a experimentar
prazer.
Personalidade Dissocial

 Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das


obrigações sociais, falta de empatia para com os outros. Há um
desvio considerável entre o comportamento e as normas sociais
estabelecidas. O comportamento não é facilmente modificado
pelas experiências adversas, inclusive pelas punições.

 Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de


descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma
tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações
plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a
entrar em conflito com a sociedade.
Personalidade Dissocial

 Características da personalidade dissocial:

 Amoral.
 Antissocial.
 Associal.
 Psicopática.
 Sociopática.
Transtorno de Personalidade com
Instabilidade Emocional
 Transtorno de personalidade caracterizado por tendência nítida
a agir de modo imprevisível sem consideração pelas
consequências; humor imprevisível e caprichoso; tendência a
acessos de cólera e uma incapacidade de controlar os
comportamentos impulsivos; tendência a adotar um
comportamento briguento e a entrar em conflito com os outros,
particularmente quando os atos impulsivos são contrariados ou
censurados.
Transtorno de Personalidade com
Instabilidade Emocional
 Dois tipos podem ser distintos: o tipo impulsivo, caracterizado
principalmente por uma instabilidade emocional e falta de
controle dos impulsos; e o tipo Borderline, conhecido por
transtorno de personalidade limítrofe, é uma doença psicológica
grave que provoca oscilação de humor, medo de ser
abandonado pelos amigos e comportamentos impulsivos, como
gastar dinheiro de forma descontrolada ou consumo exagerado
de comida, por exemplo.
Transtorno de Personalidade com
Instabilidade Emocional
 Caracterizado além disto por perturbações da autoimagem, do
estabelecimento de projetos e das preferências pessoais, por
uma sensação crônica de vacuidade, por relações interpessoais
intensas e instáveis e por uma tendência a adotar um
comportamento autodestrutivo, compreendendo tentativas de
suicídio e gestos suicidas.
Transtorno de Personalidade com
Instabilidade Emocional
 Características da personalidade com instabilidade emocional:

• Agressiva.
• Borderline.
• Explosiva.
Personalidade Histriônica

 Transtorno da personalidade caracterizado por uma afetividade


superficial e lábil, dramatização, teatralidade, expressão
exagerada das emoções, sugestibilidade, egocentrismo,
autocomplacência, falta de consideração para com o outro,
desejo permanente de ser apreciado e de estar no centro das
atenções e tendência a se sentir facilmente ferido.
Personalidade Histriônica

 Características da personalidade histriônica:

• Histérica.
• Psicoinfantil.
Personalidade Anancástica

 Transtorno da personalidade caracterizado por um sentimento


de dúvida, perfeccionismo, escrupulosidade, verificações, e
preocupação com pormenores, obstinação, prudência e rigidez
excessivas.

 O transtorno pode se acompanhar de pensamentos ou de


impulsos repetitivos e intrusivos não atingindo a gravidade de
um transtorno obsessivo-compulsivo.
Personalidade Anancástica

 Características da personalidade anancástica:

• Compulsiva.
• Obsessiva.
• Obsessiva-compulsiva.
Personalidade Ansiosa

 Transtorno da personalidade caracterizado por sentimento de


tensão e de apreensão, insegurança e inferioridade. Existe um
desejo permanente de ser amado e aceito, hipersensibilidade à
crítica e à rejeição, reticência a se relacionar pessoalmente, e
tendência a evitar certas atividades que saem da rotina com um
exagero dos perigos ou dos riscos potenciais em situações
banais.
Personalidade Dependente

 Transtorno da personalidade caracterizado por: tendência


sistemática a deixar a outrem a tomada de decisões,
importantes ou menores; medo de ser abandonado; percepção
de si como fraco e incompetente; submissão passiva à vontade
do outro (por exemplo, de pessoas mais idosas) e uma
dificuldade de fazer face às exigências da vida cotidiana; falta de
energia que se traduz por alteração das funções intelectuais ou
perturbação das emoções; tendência frequente a transferir a
responsabilidade para outros.
Personalidade Dependente

 Características da personalidade dependente:

• Astênica.
• Inadequada.
• Passiva.
Outros Transtornos Específicos
da Personalidade
 Eles representam desvios extremos ou significativos das
percepções, dos pensamentos, das sensações e particularmente
das relações com os outros em relação àquelas de um indivíduo
médio de uma dada cultura.
Outros Transtornos Específicos
da Personalidade
 Características da personalidade:

• Excêntrica.
• Imatura.
• Narcísica.
• Passivo-agressiva.
• Psiconeurótica.
• Haltlose (egoístas, irresponsáveis e hedonista).
Outros Transtornos Específicos
da Personalidade
 Como já foi visto na disciplina Saúde Coletiva, o atendimento às
pessoas portadoras de transtornos mentais no Brasil é feito em
CAPS – Centros de Atenção Psicossocial - Residências
Terapêuticas, Ambulatórios, Hospitais Gerais, Centros de
Convivência; As internações, quando necessárias, são feitas em
hospitais gerais ou nos CAPS/24 horas. Os hospitais psiquiátricos
de grande porte estão sendo progressivamente substituídos.
Álcool e Drogas

 De um modo geral, as ações de enfermagem desenvolvidas


junto a usuários de álcool e outras drogas caracterizam-se pela
recepção e identificação da clientela, desenvolvimento de ações
educativas, busca de alianças junto à comunidade e
encaminhamentos a outros locais de tratamento.

 Constatou-se que poucos enfermeiros prestam orientações a


estes usuário durante a consulta de enfermagem, costumam
abordá-los durante as atividades dos demais programas do
Ministério da Saúde na atenção básica, realizam busca ativa na
comunidade, prestam esclarecimentos com a finalidade de
redução de danos decorrentes do uso abusivo de drogas,
orientam e direcionam o usuário para o tratamento.
Álcool e Drogas

 No que se refere à porta de entrada nos serviços de saúde, os


enfermeiros apontaram a necessidade de um redirecionamento,
devendo ser realizado por captação da clientela na área adstrita
e por meio da conscientização dos profissionais médicos e
enfermeiros do pronto atendimento.
Dependência Química: Adicção,
Drogadicção, Drogadicto
 A dependência química não é uma doença aguda. Trata-se de
um distúrbio crônico e recorrente. E essa recorrência é tão
contundente, que raramente ocorre abstinência pelo resto da
vida depois de uma única tentativa de tratamento.

 As recaídas da drogadicção são a norma. Portanto, a adicção


deve ser abordada mais como uma doença crônica, como se
fosse diabetes ou hipertensão arterial.
Dependência Química: Adicção,
Drogadicção, Drogadicto
 Considerando a dependência química como um distúrbio
recorrente e crônico, alguns autores mais realistas consideram
como um bom resultado terapêutico, tal como se deseja no
tratamento da hipertensão arterial, asma brônquica,
reumatismo, diabetes, etc., uma redução significativa do
consumo da droga, e longos períodos de abstinência, supondo a
ocorrência de recaídas ocasionalmente.

 Muitos acham que este seria um padrão razoável de sucesso


terapêutico, da mesma forma que em outras doenças crônicas,
ou seja, o controle da doença, mas não a sua cura definitiva.
Dependência Química: Adicção,
Drogadicção, Drogadicto
 Vamos chamar de psicoativas as drogas psicotrópicas, portanto,
com efeito sobre o Sistema Nervoso Central.
Convencionalmente, vamos chamar ainda de psicoativas as
drogas de caráter ilícito, cujo efeito por ela produzido é de
alguma forma agradável ao usuário.

 Pois bem. Quando se usa uma droga psicoativa, o efeito


proporcionado por ela adquire para a pessoa um caráter de
recompensa prazerosa.
Dependência Química: Adicção,
Drogadicção, Drogadicto
 A maioria das definições de adicção a drogas ou dependência de
substâncias inclui descrições do tipo "indivíduo completamente
dominado pelo uso de uma droga (uso compulsivo)" e vários
sintomas ou critérios que refletem a perda de controle sobre o
consumo de drogas.

 As pesquisas, hoje em dia, caminham através da Psiquiatria e da


Psicologia Experimental, juntamente com a Neurobiologia. Todas
estas áreas se esforçam para identificar os elementos
emocionais e biológicos que contribuem para alterar o equilíbrio
do prazer (homeostase hedonista), alterações esta que dá
origem àquilo que se conhece como drogadicção (droga-
adicção). A palavra "adicção", em português, é um neologismo
técnico que quer dizer, de fato, "drogadicção".
Dependência Química: Adicção,
Drogadicção, Drogadicto
 Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que,
introduzida no organismo modifica suas funções. As drogas
naturais são obtidas através de determinadas plantas, de
animais e de alguns minerais. Exemplo a cafeína (do café), a
nicotina (presente no tabaco), o ópio (na papoula) e o THC
tetrahidrocanabiol (da maconha). As drogas sintéticas são
fabricadas em laboratório, exigindo para isso técnicas especiais.

 O termo droga, presta-se a várias interpretações, mas


comumente suscita a ideia de uma substância proibida, de uso
ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando as suas funções,
sensações, humor e comportamento.
Dependência Química: Adicção,
Drogadicção, Drogadicto
 As drogas estão classificadas em três categorias: as estimulantes,
os depressores e os perturbadores das atividades mentais. O
termo droga envolve os analgésicos, estimulantes, alucinógenos,
tranquilizantes e barbitúricos, além do álcool e substâncias
voláteis.

 As psicotrópicas, são as drogas que tem tropismo e afetam o


Sistema Nervoso Central, modificando as atividades psíquicas e
o comportamento. Essas drogas podem ser absorvidas de várias
formas: por injeção, por inalação, via oral, injeção intravenosa
ou aplicadas via retal (supositório).
Intoxicação Aguda

 É uma condição transitória seguindo-se a administração de


álcool ou outra substância psicoativa, resultando em
perturbações no nível de consciência, cognição, percepção,
afeto ou comportamento, ou outras funções ou respostas
psicofisiológicas.
Uso Nocivo

 É um padrão de uso de substância psicoativa que causa danos à


saúde. O dano pode ser físico (como no caso de hepatite
decorrente da administração de drogas injetáveis) ou mental
(episódio depressivo secundário a um grande consumo de
álcool).
Toxicomania

 A toxicomania é um estado de intoxicação periódica ou crônica,


nociva ao indivíduo e à sociedade, determinada pelo consumo
repetido de uma droga, (natural ou sintética).

Suas características são:


• Irresistível desejo causado pela falta que obriga a continuar
a usar droga.
• Tendência a aumentar a dose.
• Dependência de ordem psíquica (psicológica), às vezes física
acerca dos efeitos das drogas.
Síndrome de Dependência

 É um conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e


cognitivos, no qual o uso de uma substância ou uma classe de
substâncias alcança uma prioridade muito maior para um
determinado indivíduo, do que outros comportamentos que
antes tinham mais valor.

 Uma característica central da síndrome da dependência é o


desejo (frequentemente forte e algumas vezes irresistível) de
consumir drogas psicoativas as quais podem ou não terem sido
prescritas por médicos.
Síndrome de Dependência

• As primeiras 4 horas de abstinência:

Ansiedade, comportamento de procura da droga.

• As primeiras 8 horas de abstinência:

Ansiedade, procura da droga, lacrimejamento, coriza intensa,


bocejos frequentes, sudorese excessiva, adinamia (fraqueza
muscular), fraqueza geral.
Síndrome de Dependência

• As primeiras 12 horas de abstinência:

Ansiedade, procura da droga, lacrimejamento, coriza intensa,


bocejos frequentes, sudorese excessiva, adinamia, fraqueza
geral, dilatação das pupilas, tremores musculares, ondas de frio,
ondas de calor, ereção dos pelos cutâneos, dores ósseas, dores
musculares.
Síndrome de Dependência

• As primeiras 18-24 horas de abstinência:

Ansiedade, procura da droga, lacrimejamento, coriza


intensa, bocejos frequentes, sudorese excessiva, adinamia,
fraqueza geral, dilatação das pupilas, tremores musculares,
ondas de frio, ondas de calor, ereção dos pelos cutâneos,
dores ósseas, dores musculares, insônia, náusea, vômitos,
muita inquietação, aumento da frequência respiratória,
pulso rápido, aumento da profundidade da respiração,
aumento da pressão arterial, hipertermia (febre), dor
abdominal:
Síndrome de Dependência

• As primeiras 24-36 horas de abstinência:

Ansiedade, procura da droga, lacrimejamento, coriza intensa,


bocejos frequentes, sudorese excessiva, adinamia, fraqueza
geral, dilatação das pupilas, tremores musculares, ondas de
frio, ondas de calor, ereção dos pelos cutâneos, dores ósseas,
dores musculares, insônia, náusea, vômitos, muita
inquietação, aumento da frequência respiratória, pulso rápido,
aumento da profundidade da respiração, aumento da pressão
arterial, hipertermia (febre), dor abdominal, diarreia,
ejaculação espontânea, perda de peso, orgasmo espontâneo,
sinais de desidratação clínica, aumento dos leucócitos
sanguíneos, aumento da glicose sanguínea, acidose
sanguínea, distúrbio do metabolismo ácido-base
Síndrome de Dependência

 Síndrome de Abstinência no Recém-nascido:

Ansiedade, procura da droga, lacrimejamento, coriza intensa,


Costuma ocorrer após 48 horas do parto de uma gestante viciada
em narcóticos com as características: Febre, tremor, irritabilidade,
vômitos, hipertonicidade muscular, insuficiência respiratória,
convulsão, choro agudíssimo, muitas vezes pode ocorrer à morte
do recém-nascido
A Dependência Química e o
Transtorno Mental
 Consideramos a dependência de qualquer substância química,
lícita ou ilícita, como um transtorno mental. Hoje praticamente
todos os adolescentes são expostos às drogas mas os que se
tornarão dependentes são uma minoria.

 Podemos afirmar que a diferença entre os que se tornam


dependentes e os que não se tornam está na personalidade, nas
condições mentais da pessoa. Uma vez estabelecido o hábito do
uso de drogas, estas se tornarão causas de outros transtornos
mentais, pela destruição das células do cérebro, os neurônios.
A Dependência Química e o
Transtorno Mental
 Mesmo com esta destruição e todos os prejuízos causados à vida
familiar, social, de estudos, de trabalho o indivíduo afetado pela
dependência não para o uso da droga, uma vez que perdeu a
liberdade de escolha. É muito difícil que ele saia sozinho desta
situação sem um tratamento, sem o apoio de um grupo.

 A droga mais comum em nosso país é o álcool e constitui o maior


problema de saúde pública que temos. Mais da metade dos leitos
dos nossos hospitais estão ocupados por alcoolistas, seja pelas
consequências diretas ou indiretas do álcool (doenças físicas,
acidentes de trabalho, acidentes automobilísticos,
atropelamentos, etc.).

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