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Diário de bordo - Cultura e Sociedade

Aula 01 - Conceitos Polissêmicos

Aula 01 - Conceitos Polissêmicos (17/05/22)

No dicionário: po-lis-se-mi-a (francês polysémie) substantivo feminino.

Linguística: propriedade de uma palavra ou locução que tem vários sentidos. Conjunto dos vários
sentidos de uma palavra ou locução.

"A ciência social será sempre uma ciência subjetiva e não objetiva com as ciências naturias; tem de
compreender os fenômenos sociais a partir das atitudes mentais e do sentido que os agentes
conferem às suas ações, para o que é necessário utilizar métodos de investigação e mesmo critérios
epistemológicos diferentes das correntes nas ciências naturais" (Boaventura Santos).

Nas Ciências Sociais - é bastante comum encontrarmos conceitos polissêmicos.

Ônus: pode ser pensado como imprecisão - principalmente se compararmos com os métodos das
ciências exatas ou naturais.

Bônus: flexibilidade - alargamento das perspectivas.

"Por outro lado, buscar um significado, sem ambiguidades e sem polissemias, para termos que
operam abstrações significativas nas Ciências Sociais nos parece improvável, senão impossível.
Improvável porque o que confere sentido aos termos abstratos, as generalizações, é a teoria, e esta,
nas Ciências Sociais, é inescapavelmente plural" (Cotanda, Fernando Coutinho. A Polissemia dos
Conceitos e suas implicações para a sociologia: os usos do termo "Sistema", 2014).

Conceitos Polissêmicos - reflexão importante: "dupla hermenêutica" das Ciências Sociais (Anthony
Giddens).

A sociologia reinterpreta os sentidos das ações dos agentes sociais a partir dos seus conceitos; não
só constrói um saber sobre a vida social, mas muitos de seus conceitos são incorporados na
linguagem cotidiana.

O conceito de Cultura:

"É conhecida a inexorável ambiguidade do conceito de cultura. Bem menos notória é a ideia de que
essa ambiguidade provém nem tanto da maneira como as pessoas definem a cultura quanto da
incompatibilidade das numerosas linhas de pensamento que se reuniram historicamente sob o
mesmo termo" (Bauman - ensaios sobre o conceito de cultura, p. 51).

Cultura como conceito hierárquico: cultura pensada como "cultivo" - busca de um "ideal" cultural.

- Na antiguidade: o ideal seria o homem capaz de desempenhar seus deveres cívicos;

- Na modernidade: ideal - civilização europeia;

- Evolucionismo.

Cultura como estrutura: sociedades desenvolvem estruturas sociais - que organizam as ações a longo
prazo - estruturas - religiosa, familiar, administrativas.

- Questão: relação indivíduo/estrutura. Não há espaço para transformação?

- Sociedade: simples reprodução?

Cultura como conceito práxis:

- Cultura: o que dá sentido a ação (comportamentos ligados ao sentido dado pela cultura);

- Questão: não há estruturas?

"Sendo assim, na proposição da Bauman, a cultura é especificamente humana, no sentido que só o


homem, como espécie, é capaz de desafiar sua realidade e produzir novos sigificados para sua vida.
Seja no plano individual ou no coletivo, somente o homem pode conquistar a liberdade para criar".

Aula 02 - Conceitos – Cultura e Sociedade (17/05/22)

- Durkheim: coesão social, solidariedades;

- Weber: reciprocidade, tipos de ação social;

- Marx: trabalho, alienação, luta de classes.

Durkheim: O que causa a coesão (ou consenso) social? - Solidariedade.

Dois tipos de solidariedade:

- Solidariedade mecânica: sociedades simples, pouco indivíduo, muito coletivo, pouca diferença
entre os indivíduos, mantém a coesão social;

- Solidariedade orgânica: sociedades complexas, muito indivíduo, diferenças individuais,


interdependência, mantém a coesão social.
Max Weber: A sociedade para Weber é um conjunto de indivíduos que praticam ações partindo dos
outros, ou seja, é a Ação Social - as ações são reciprocamente definidas (tem intenções/sentidos que
são reconhecidos pelos outros indivíduos do grupo).

Tipos puros: Simplificação e generalização da realidade.

Modelo:

"É possível analisar diversos fatos reais como desvios do ideal: tais construções (...) permitem-nos
ver se, em traços particulares ou em seu caráter total, os fenômenos se aproximam de uma de
nossas construções, determinar o grau de aproximação do fenômeno histórico e o tipo construído
teoricamente. Sob esse aspecto, a construção é simplesmente um recurso técnico que facilita uma
disposição e terminologia mais lúcidas" WEBER, apud BARBOSA; QUINTANEIRO, 2012, p. 113.

Tipos puros de ação social:

Irracionais:

- Afetiva: motiva pela emoção - vingança, paixão, medo, inveja;

- Tradicional: costumes ou hábitos tradicionais (rituais) - comer bolo no aniversário;

Racionais:

- Racional relativa a afins: busca atingir um objetivo - o fim (racionalmente definido) a partir disso se
definem as estratégias para atingir esse fim;

- Racional relativa a valores: O valor (ético, religioso, político, etc) e não o fim orienta a ação.

Karl Marx: Capitalismo - trabalho alienado - ser humano afastado (alienado, não consciente) de seu
processo produtivo - e do produto desse trabalho.

No capitalismo tudo é mercadoria, até mesmo o trabalho se torna uma mercadoria a ser vendida e
comprada no mercado.

Sociedade dividida entre proprietários (capitalistas - donos dos meios de produção) e proletários
(vendedores da força de trabalho, trabalhadores). Apropriação privada dos meios de produção -
aliena os seres humanos.

- Propriedade privada: causa as desigualdades sociais;

- Final da propriedade: revolução.

Aula 03 - O Iluminismo e suas Promessas (23/05/22)

O Liberalismo e o pensamento moderno


Iluminismo - movimento filosófico

Antecedentes - ascensão da burguesia - questionamentos aos fundamentos religiosos da


organização social.

- Ideias marcantes: razão como norteadora das ações humanas; a utilização da razão levaria a
humanidade à maturidade, emancipação e autonomia;

- Viabilidade do ser humano: "ser humano é bom por natureza" em oposição a posturas contrárias
anteriores, como, por exemplo, Hobbes;

Iluminismo

Ideia de progresso na história: a humanidade tem uma linha ascendente de progresso em seu
desenvolvimento.

- Pensamento científico: ciência e tecnologia resolveriam todos os problemas que a humanidade


enfrentava;

- Ruptura com os padrões de sociabilidade anterior: sociedade rural, pautada em estamentos,


orientada pelo pensamento religioso;

- Formulação dos liberalismos: tanto político como econômico;

- Ruptura com os entraves ao desenvolvimento do capitalismo.

Liberalismo Político

- Rompimento com o absolutismo;

- Poder nas mãos de um único governante;

- Pensamento filosófico: progressista, esclarecido, crítico com relação à igreja e ao clero, defesa da
liberdade de expressão.
Rousseau: bondade natural do homem, todos os homens nascem livres e iguais, acredita na
democracia, propõe a divisão de poderes.

Montesquieu: poder real limitado, divisão de poderes, conjunto de leis (constituição) ao qual todos
estariam submetidos.

Voltaire: defensor das liberdades civis (de expressão, religiosa e de associação), contrário à
monarquia absolutista, crítico da igreja e do clero, defensor do livre comércio (contrário à
intervenção do estado na economia);

Liberalismo Econômico

Acreditavam na não intervenção do Estado na economia (lembrar dos entraves ligadas às ligas de
ofício e a administração absolutista), aposta no livre mercado, na livre iniciativa.

- Adam Smith: mercado regido por leis próprias - mão invisível (oferta/procura) - livre mercado e na
sinergia causada pela procura por benefícios individuais;

- Thomas Malthus: preocupado com o crescimento populacional, afirmava que o Estado não deveria
intervir criando legislações protetivas aos mais pobres, necessidade de deixar a natureza atuar no
equilíbrio - trabalhadores deveriam receber apenas o suficiente para cobrir despesas básicas - assim
diminuiriam a tendência à procriação exagerada;

- David Ricardo: incentiva a produção industrial (a verdadeira produtora de riquezas de uma nação).
A agricultura já recebia incentivos ligados diretamente ao aumento da população - mais pessoas =
necessidade de mais alimentos.

Aula 04 - Em Busca do Espaço Público – A Política como Ação (23/05/22)

Nessa aula da disciplina Cultura e Sociedade, vamos estudar inicialmente a necessidade da


construção de um espaço público aonde possam ser discutidas e definidas as questões relativas à
construção coletiva do bem comum – princípio orientador dos Estados modernos democráticos,
para tanto a participação dos primeiros movimentos sociais ligadas as questões trabalhistas serão de
fundamental importância.

Ao final dessa unidade você terá condições de reconhecer como as sociedades burguesas (pós
revoluções burguesas) tiveram a necessidade da criação de espaços para a definição das
“prioridades” na construção do bem comum, bem como verificar a participação dos movimentos
sociais nesse processo.

- A Idade Média europeia: junção entre as esferas pública e privada na figura do senhor feudal;

- A autoridade do senhor feudal: poder privado sobre a família e seus vassalos e controle público
sobre a área de seu domínio;

- Capitalismo: início da troca de mercadorias e de informações;

- Primeiras cidades ou burgos: queda de poder dos senhores feudais - maior centralização do poder -
as monarquias absolutistas.

- Nova camada social - burguesia: posição de protagonista no processo histórico;

- Esfera pública burguesa: compreendida como uma instância de sujeitos reunidos em público;

- Os burgueses são pessoas privadas: não exercem funções públicas; pressão da burguesia contra o
estado;

- Trata-se da sociedade que se diferencia do estado e vai cobrar, principalmente, a não interferência
deste nas questões privadas. Os burgueses são críticos ao princípio de dominação do estado;

- Instutui-se uma polarização entre o setor privado (construído pela sociedade civil) e a esfera do
poder público (o estado);

- A tarefa política da esfera pública estava relacionada à regulamentação da sociedade civil;

- O privado também é entendido a partir de duas esferas: o privado ligado à ideia de mercado e o
privado que remete ao ambiente íntimo e familiar;

- Ponto central defendido pela burguesia: não intervenção do Estado nos assuntos privados;
- Estado Liberal de Direito: garantia dos princípios jurídicos de proteção ao livre mercado. "O Estado
de Direito enquanto Estado burguês estabelece a esfera pública atuando politicamente como órgão
do Estado para assegurar institucionalmente o vínculo entre lei e opinião pública" (HABERMAS,
1984, p. 101).

- Os burgueses: infiltram-se no estado para garantir seus privilégios;

- A burguesia passou a privatizar o público: apossar-se de bens públicos para atender a interesses
privados;

- Por outro lado, publicização do privado: os líderes políticos são avaliados pelos seus atributos
pessoais e não pelos atributos públicos;

- Entretanto, o espaço para a mediação estava posto: a esfera das discussões públicas estava posta;

- Imprensa: passa a ser utilizada para "propaganda" de ideias e panfletos;

- Mudanças sociais: novos sujeitos passam a usar esse espaço;

- Revolução industrial: movimentos operários;

- Necessidade de mediação nas relações de trabalho que se desenvolviam na sociedade;

- Liberalismo: organizava essas relações;

- Pressões: necessitavam de movimentos organizados, conquistas de direitos;

- Movimentos tradicionais ligados à conquista de direitos civis: voto, representação;

- Mudanças sociais da metade do último século: movimentos ligados a identidades sociais, direitos
humanos, problemas ambientais, etc.
Aula 05 - Uma Sociedade, Projetos Diferentes (26/05/22)

Em nossa aula de hoje na disciplina Cultura e sociedade vamos estudar a necessidade de mediação
entre dois “projetos” de sociedade que a contemporaneidade nos apresenta – um voltado cada vez
mais a individualização e outro que aposta em coletividades organizadas; para tanto iremos refletir
acerca da construção moderna da individualidade (pautada nas ideias liberais da busca individual e
na meritocracia), como também sobre a constituição da política como uma arena de disputa para a
construção das prioridades sociais, ao final discutiremos rapidamente as práticas, cada vez mais
comum, de judicialização e esvaziamento da esfera política.

Objetivos:

- Refletir sobre a construção do indivíduo como portador de direitos e na individualização desses


mesmos direitos;

- Entender a constituição da política e da participação social na construção das prioridades sociais.

- Refletir sobre as práticas contemporâneas de judicialização das questões sociais e do esvaziamento


da esfera política como um campo de atuação social;

Conteúdo:

- Modernidade e individualização;

- A esfera política como espaço de luta social;

- A judicialização e esvaziamento da política como espaço de luta.

Sociedade moderna: "criação" do indivíduo como sujeito portador de direitos;

Louis Dumont - indivíduo e pessoa:

- Pessoa: ligado a sociedade holistas - a sociedade é mais importante que as partes;

- Indivíduo: ser autônomo, independente - ligado a sociedades ocidentais.

Mudanças sociais ocorridas com a modernidade trazem a tona o indivíduo:


- Programática liberal-burguesa;

- Revolução Francesa;

- "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" pensados como valores universais com peso igual;

- A medida que as mudanças vão ocorrendo, a Fraternidade vai perdendo o valor e a Liberdade e
Igualdade passam a orientar os projetos sociais.

Lembrar dos pensadores liberais já estudados:

- Sociedade = Mercado;

- Homens livres e iguais no mercado disputando "espaços";

- Meritocracia: o processo de alavancamento profissional e social é uma consequência dos méritos


individuais de cada pessoa, ou seja, dos seus esforços e dedicações;

O pensamento liberal orientou as práticas sociais durante muito tempo, entretanto o século XX
conhece crises sociais cada vez mais graves, com as quais esse modelo não consegue administrar. As
políticas liberais orientavam as práticas políticas no período das duas grandes guerras.

Estado liberal se vê forçado a assumir pare da responsabilidade social criando uma série de medidas
com o objetivo de dar condições básicas de sobrevivência aos menos favorecidos e de garantir a paz
social.

Welfare State (Estado de bem estar social).

Movimentos sociais atuando desde a Revolução Industrial.

Garantia de direitos a todos os indivíduos -> desligamento da ideia de direito ao pressuposto de


privilégios;

Direitos sociais, econômicos e culturais e direitos civis e políticos -> Direitos Humanos;

Década de 70 (século XX): questionamento desses direitos -> Neoliberalismo;


Retirada do Estado da mediação entre capital e trabalho -> retorno da ideia de que a sociedade deve
ser pensada como um Mercado.

Contemporaneidade:

- Garantia de direitos;

- Ligada a justiça;

- Necessidade de acionar os mecanismos jurídicos para acessar os direitos mais básicos;

- Judicialização das relações sociais;

- Esvaziamento e "satanização" da esfera do político;

- Criminalização dos movimentos sociais.

Aula 06 - Um Mundo em Transformação (01/06/22)

Nessa aula da disciplina Cultura e Sociedade, vamos discutir acerca da construção de características
de nossa sociedade que hoje quase temos como “naturais” e, no entanto, são construção
socioculturais, quais seja, a democracia, cidadania, direitos e as resistências atuais a esse processo.
Veremos como, a partir dessa construção, novos atores sociais surgiram juntamente com novas
demandas sociais, e ao final, discutiremos a busca pela igualdade “em tempos virtuais”.

Ao final desta unidade você terá compreendido como a sociedade contemporânea gestou algumas
de suas características e a forma como essas características têm sido trabalhadas (mantidas ou não)
cotidianamente.

Refletir:

- Sobre a construção moderna dos ideais democráticos de cidadania e direitos;

- Sobre o neoliberalismo;

- Identificar o surgimento de novos atores;

- Sobre os rumos da democracia em "tempos virtuais";

- Construção da esfera pública - espaço de organização de demandas e disputas;

- Welfare State - Estado é o agente que promove e organiza a vida social e econômica,
proporcionando aos indivíduos bens e serviços esseniais durante toda sua vida (direitos sociais,
econômicos, políticos, culturais, etc).
Novos atores sociais:

- Tradicionalmente: movimentos trabalhistas - pressão sobre o Estado;

- Pouco a pouco as minorias vão se organizando;

- Movimentos raciais, movimento feminista, movimento LGBT, etc.

- Reinvindicações - pressão sobre o estado - reconhecimento e expansão de direitos para todos os


indivíduos.

"Nas sociedades globalizadas, multiculturais e complexas, as identidades tendem a ser cada vez mais
plurais e as lutas pela cidadania incluem frequentemente, múltiplas dimensões do self: de gênero,
étnica, de classe, regional, mas também dimensões de afinidades ou de opções políticas e de
valores: pela igualdade, pela liberdade, pela paz, pelo ecologicamente correto, pela sustentabilidade
social ambiental, pelo respeito à diversidade e às diferenças culturais, etc" (Scherer-Warren, Ilse.
DAS MOBILIZAÇÕES ÀS REDES DE MOVIMENTOS SOCIAIS In: Sociedade e Estado, Brasília, v.21, n.1, p.
109-130, jan./abr. 2006).

- Garantia de participação de todos - representatividade- novos mecanismos de participação;

- Organizações não-governamentais (ONGs), o terceiro setor, fóruns da sociedade civil.

- Novos atores sociais - novas demandas;

- Direitos culturais - reconhecimento a direito à culturas diversas - liberdade de expressão cultural;

- Movimento ambiental - demandas preservacionistas, políticas de manejo;

- Questões - limites para o capitalismo?

- Subalternos podem falar?

Novos atores sociais:

- Neoliberalismo: diminuição do Estado;

- Sociedade = Mercado: "retração" da esfera pública;

- Como se dá a mediação?

- Sociedade em rede - espaço virtual - lócus das demandas?

Finalizando:
- Welfare State: Estado protetivo dos direitos fundamentais (saúde, educação, segurança, trabalho);

- Sociedades complexas - diversidade demandas;

- Esfera pública - espaço de mediação;

- Espaço virtual - novo espaço de organização social?

Aula 07 - Modernidade e Pós-Modernidade (01/06/22)

Nessa aula relembraremos rapidamente dos projetos da modernidade e da crise vivida no pós-
guerra, e discutiremos a ideia de sua superação e do surgimento de uma pós-modernidade. Assim,
ao final desta unidade você será capaz de identificar as transformações socioculturais ocorridas nas
últimas décadas e a sua relação com o cenário atual.

- Identificar o projeto sociocultural da modernidade;

- Refletir acerca das transformações socioculturais das últimas décadas;

- Identificar os elementos constitutivos da pós-modernidade.

I) Modernidade: projeto de sociedade - Iluminismo - ciência e progresso - pressuposto organizativo -


razão;

II) Problemas: meados do século XX;

III) Exacerbamento do individualismo;

IV) Evidencialização da tendência destrutiva do projeto moderno (duas guerras mundiais);

V) Avanço científico = letalidade da ciência.

Utopias: projetos de sociedades idealizadas (movimento hippie, maio de 68, primavera de Praga).
Novos projetos utópicos, as sociedades idealizadas são retratos paradisíacos de igualdade,
fraternidade e liberdade.

Distopias: sociedades projetadas, autoritárias e assustadoras (1984, de Orwel, Admirável Mundo


Novo de Huxley). Obras apresentam a antítese das utopias - os mesmos elementos apontados como
emancipadores da humanidade (ciência e racionalidade) são os pontos focais do desenvolvimento
das distopias.
Hippies: apostavam na paz como política e no amor como instrumento de transformação. Opõe-se
às tradicionais formas de organização das instituições. Propriedades privadas impediam a
humanidade de gozar a liberdade. Contrários às guerras.

Primavera de Praga - 1968, Tchecoslováquia: tropas soviéticas invadem a Tchecoslováquia, reformas


internas que desagradam a URSS. As tropas soviéticas são recebidas nas ruas da capital Praga pela
população de forma pacífica.

Maio de 68, Paris - greve de estudantes, reformas urgentes na educação: greve geral na França - 10
milhões de trabalhadores entram em greve. Eleições legislativas, esvaziamento do movimento.
Reação violenta da polícia.

- Queda do muro de Berlim;

- Final do projeto alternativo;

- Final das grandes narrativas da sociedade - não há uma única direção a seguir, MAS...

- Para onde ir?

Finalizando:

- Modernidade: razão, ciência, antropocentro. Problemas: personalidade destrutiva (duas guerras


mundiais);

- Final das utopias: queda do muro - final das certezas;

- Pós-modernidade: fluidez, mudanças rápidas, efemeridade.

Aula 08 - Um Mundo sem Utopias (07/06/22)

O final das utopias e o reforço das distopias marca o final do século XX. Há um desencanto com a
sociedade - para onde ir?

Vejamos:

- Economia: anteriormente pensada como um elemento interno de uma nação;

- Esse cenário vem se alterando no último século;

- Crise econômica pós-primeira guerra: quebra do liberalismo.


Década de 1970 - uma nova crise econômica, agravamento 1974/74 - ligada às questões energéticas
e aos conflitos no Oriente.

Críticas aos mecanismos de proteção, elogios a processos que favoreçam a livre circulação.

Mundialização da economia - saída rápida do capital.

Apoiadores - mercado autônomo - agora desvinculado da nação.

Detratores - garante a sobrevivência do capital em detrimento da economia local.

Enfraquecimento do estado, nação - Neoliberalismo.

Novos atores sociais:

- Movimentos sociais: organizam manifestações, passeatas, comícios, ocupações, qualquer tipo de


evento que visibilize para o restante da população um tema, com o qual se identifiquem ou se
contraponham;

- Diversidade dos movimentos sociais orientados por diferentes demandas - podem ser culturais,
econômicas, ambientais, conservadores, etc;

- Movimentos históricos: os movimentos sociais surgem dentro de uma estrutura histórica e social
dada, portanto isso dá o horizonte de suas reinvindicações.

Lógica do mercado x Engajamento político.

Mudanças: envolvimento em ações políticas - objetivos localizados, curto prazo, mudanças


imediatas.

Bauman: "modernidade líquida".


Modernidade Líquida:

- Fluidez, mudança rápida, ausência de "raízes", são paradigmáticos desse momento;

- Para Bauman, ao nos libertarmos das "amarras" da sociedade, criamos indivíduos sem rumos, a
questão que se coloca é "o que escolher quando posso ter tudo"?

- Em detrimento do engajamento político, que orientava as práticas sociais da Modernidade -


marcado pelos grandes movimentos sociais - a contemporaneidade ou a modernidade líquida se
organiza a partir da lógica do mercado e do consumo.

Para a modernidade líquida, resta o mundo do descontrole, onde a individuação é a grande tônica.
Dissolvem-se as identidades de grupos, afirmam-se as identidades individuais cada vez mais
passageiras e construídas por meio do consumo que se torna o afirmador do "self".

Aula 09 - As Expressões da Violência (07/06/22)

Violência:

- Conceitos das ciências humanas/sociais marcados pela polissemia;

- Dificuldade em definir o que é violência;

- Para compreendê-la é preciso localizá-la: História, Cultura, Ambiente, Relação.

Violência é natural?

É possível eliminarmos totalmente a violência da sociedade?

Reflexões a respeito:

Freud - Mal-estar na Civilização:

A violência é uma cracterística de nossa espécie. O processo de construção da sociedade e sua


manutenção faz com que "domestiquemos" essa pulsão (que pode estar ligada à proteção ou à
sexualidade), mas isso tem custos psíquicos, por isso a civilização vive um sentimento de mal-estar.
Elias - O Processo Civilizador:

Tributário do pensamento freudiano - afirma que a sociedade está cada vez mais "pacificada". Se
temos uma percepção que parece contrariar isso é porque, na verdade, nossa sensibilidade à
violência vai ficando cada vez maior.

Finalizando:

- Fenômeno de difícil definição;

- Multicausal;

- Freud - característica natural - sociedade - controle - pulsional - mal estar.

- Elias - sociedade cada vez menos violenta - o que aumenta é a nossa sensibilidade para a violência.

Aula 10 - Violência como Representação Social (13/06/22)

Objetivos:

- Identificar as formas como a violência pode ser representada;

- Refletir sobre a possibilidade de se pensar na violência como uma expressão cultural.

Conteúdo:

- Diversidade das expressões e representações da violência;

- A violência como uma expressão da cultura.

Dificuldade em definir o que são expressões de violência - necessidade de contextualização -


histórica/cultural/ambiental/relacional.

Por isso, algo entendido como violência em um contexto pode ser aceito normalmente em outro.

Rituais de iniciação e/ou passagem - algumas culturas possuem.

"Certas etapas do ciclo de vida do ser humano são solenizadas em todas as sociedades por meio de
rituais. Chamam-se ritos de passagem as cerimônias que marcam a passagem de um indivíduo ou
grupo de uma fase do ciclo para outra. (...) Os rituais e cerimônias distinguem-se das demais
atividades societárias por serem realizados de maneira formal, seguindo padrões estabelecidos pela
tradição. Distinguem-se, também, por sua natureza simbólica e por se realizarem em ocasiões
específicas e períodos determinados" (BRETAS, 2008).

Quando descontextualizados, esses rituais podem parecer extremamente cruéis e até mesmo
violentos.

"Buracos escavados no corpo, agulhas atravessadas nas feridas, enforcamento, amputação, a última
corrida, carnes despedaçadas: os recursos das crueldades parecem inesgotáveis".

(E no entanto:)

"A impassibilidade, diria mesmo a serenidade, com a qual estes jovens suportavam o seu martírio
era mais extraordinária ainda do que o próprio suplício... Alguns dando-se conta de que eu
desenhava, chegaram mesmo a olhar-me nos olhos e a sorrir quando, ouvindo a faca ranger na sua
carne, eu não podia reter as lágrimas".

(CLASTRES, Pierre. Da tortura nas sociedades primitivas. In: . A sociedade contra o estado:
investigações de antropologia política. Porto: Edições Afrontamento. 1979).

Visões etnocêntricas:

"Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e
todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas
definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de
pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.
Perguntar sobre o que é etnocentrismo é, pois, indagar sobre um fenômeno onde se misturam tanto
elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e afetivos" (ROCHA, Everardo P.
Guimarães. O que é etnocentrismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988).

Relativismo Cultural:

"Na prática corrente do relativismo cultural pelos antropólogos, uma das ideias básicas é o
afundamento do universo do outro, a fim de extrair dele a verdade acerca das regras que o regem,
ou seja, do código alheio" (ZALUAR, Alba. Relativismo cultural na cidade? - Anuário
Antropológico/90. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1933).

Ponto para a reflexão:

Há limites para o "relativismo cultural"?


Ou

Qualquer coisa é válida, isso porque quase tudo pode ser explicado de forma "lógica" dentro da
cultura de certas populações ou agrupamentos sociais (ainda que você não entenda a lógica desse
outro grupo).

Dilema: direitos humanos, considerados universais, mas definidos e escritos por um conjunto
determinado de nações em um também determinado momento histórico.

Ponto para reflexão:

Direito de intervenção?

"De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, a mutilação genital é realizada
em cerca de 3 milhões de meninas e mulheres todos os anos e se concentra em 29 países entre o
continente africano e o Oriente Médio".

Ponto para reflexão:

Direito de intervenção?

"Quase cem anos depois, o Senado analisa uma proposta que pode criminalizar outro ritmo musical
brasileiro, o funk. A proposta foi enviada em janeiro por Marcelo Alonso, um webdesigner de 47
anos, morador de um bairro da zona norte de São Paulo. Teve 21.985 assinaturas de apoio".

Finalização:

- Contextualização necessária para definir violência;

- Etnocentrismo x Relativismo Cultural;

- Mediação?

Aula 11 - Sexualidade e Contemporaneidade (13/06/22)

Nessa aula vamos refletir acerca de como tem sido pensada a sexualidade na contemporaneidade,
partimos, para tanto das discussões foucaultianas acerca do tema, nos atendo principalmente a
compreensão da hipótese repressiva e construção da heteronormatividade.

Objetivo: refletir sobre as discussões foucaultianas sobre a sexualidade.


Conteúdo:

- Foucault: hipótese repressiva, sexualidade;

- Construção da heteronormatividade;

Michel Foucault: História da Sexualidade vol. 1 - A vontade de saber.

"Diz-se que no início do século XVII ainda vigorava uma certa franqueza. As práticas não procuravam
o segredo; as palavras eram ditas sem reticência excessiva e, as coisas, sem demasiado disfarce;
tinha-se como o ilícito uma tolerante familiaridade.

Eram frouxos os códigos da grosseria, da obscenidade, da decência, se comparados com os do século


XIX. Gestos diretos, discursos sem vergonha, transgressões visíveis, anatomias mostradas e
facilmente misturadas, crianças astutas vagando, sem incômodo nem escândalo, entre os risos dos
adultos: os corpos 'pavoneavam'".

(FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro, edições Graal,
1988)

HIPÓTESE REPRESSIVA:

Havia, historicamente, certa liberdade na fala sobre a sexualidade. Essa liberdade vai se perdendo à
medida que a modernidade avança (Era Vitoriana).

"A pudicícia imperial figuraria no brasão de nossa sexualidade contida, muda, hipócrita".

Para Foucault, talvez as coisas não tenham sido exatamente assim. A sexualidade passa a ser, cada
vez mais, um tema central nos discursos. O que ocorre é uma "qualificação" e "seleção" da fala e de
quem pode falar.

- Campos de saber dedicados ao tema;

- Incentivo à discursividade sobre o tema.

Discursos sobre o sexo: quem pode fazer?

- Igreja: confessionário; necessidade de confessar à Igreja tudo o que acontecia na intimadade;

- Exame de consciência: feito no confessionário - explicitação em pormenores dos pecados (em atos
ou pensamentos), desejos, deleites do corpo;

- Coação ao discurso: digo ao outro, mas também digo a mim mesmo.


Meados do século XVIII - incitamento à fala sobre o sexo:

Incitamento político, ecoômico, técnico - não se trata somente de um discurso moral, mas é preciso
inserir no tema uma "racionalidade" que torne o sexo "administrável".

"Deve-se falar dele como de uma coisa que não se tem simplesmente que condenar ou tolerar, mas
que gerir, que inserir em sistemas de utilidade, que regular para o bem de todos, que fazer funcionar
em ordem a um óptimo. O sexo não se julga apenas, administra-se. Ele tem a ver com o poder
público; exige processos de gestão; o sexo no século XVIII torna-se caso de polícia".

(Foucault. História da Sexualidade I)

- Problemas como natalidade, morbidade, demografia, fazem parte dessa "administração" da


sexualidade - uma "política econômica do sexo";

- Entre o século XVIII e XIX, um novo discurso se soma ao anterior - medicina e psiquiatria -
classificação - doenças e perversões sexuais;

- Em diálogo com a justiça penal, vão tipificando as condutas dentro de padrões - os atentados, os
ultrajes, perversões...

- Há que se separar e segregar os "pervertidos"; proteger e prevenir os puros - cada vez mais o sexo
vai sendo aliado à ideia de perigo;

- Interroga-se com sobriedade a sexualidade das crianças, a sexualidade dos loucos e dos criminosos.
Questionam-se aqueles que não gostam do outro sexo, classificam-se os seus devaneios, as
obsessões, as manias;

- Nem por isso deixam de ser condenadas, mas não escutadas.

Freud - Psicanálise:

- Refinamento do repertório acerca da sexualidade;

- A soma desses "saberes" legitima determinados comportamentos;


- Algumas práticas são consideradas "saudáveis", portanto legais e assim aceitas; outras, entretanto,
estão inseridas no campo do "anormal";

- São perversas, portanto ilegais, assim condenadas pela sociedade;

- Heteronormatividade;

- Amor romântico: família nuclear burguesa - duplo padrão de gênero.

Finalizando:

- Hipótese repressiva - modernidade cala a fala sobre o sexo (pensada como mais livre
anteriormente) - "nós os vitorianos!";

- Para Foucault, esse não é o processo. Na verdade, a modernidade incita o discurso sobre a
sexualidade e promove uma "especialização" do tema;

- Qualificação do discurso - áreas do conhecimento: religião, medicina, psiquiatria, direito,


psicanálise - todas envolvidas na construção de uma "política econômica do sexo";

- A sexualidade precisa ser analisada, catalogada, legislada, para que possa ser, por fim, governada;

- Heteronormatividade;

- Amor romântico: família nuclear burguesa - duplo padrão de gênero.

Aula 12 - Ainda existe amor? (15/06/22)

Amor líquido? Amor confluente? Afinal, ainda existe amor?

Nessa aula, vamos discutir a construção do amor na contemporaneidade. Superamos o amor


romântico? Estamos no amor líquido? Chegamos ao amor confluente? Ao final dessa unidade você
terá condições de compreender as diferenças entre essas novas formas de denominação do amor na
contemporaneidade.

Modernidade: construção do amor romântico; família burguesa; fidelidade; casamento


monogâmico;

Duplo padrão de gênero: normatividade ("restrita" às mulheres);

Mulheres: espaço privado;


Homens: espaço público;

Em decorrência: mulheres são as que mais idealizam do casamento e do amor;

Mudanças sociais das últimas décadas - radicalizadas a partir da década de 50 do século XX -


mulheres no espaço público;

Movimento feminista - anticoncepcional (desarticula o sexo da procriação);

Movimento hippie - amor livre;

Rompimento dos antigos padrões de sexualidade e afetividade;

Somos mais livres, mas... "o que fazer com essa liberdade?";

Bauman - "Amor líquido":

Modernidade líquida - fluidez das relações - superficialidade dos laços sociais - fragilidade nas
relações;

"O que escolher? E porque escolher quando se pode ter tudo?"

Sociedade da descartabilidade - tudo é descartável, até mesmo o amor;

O amor na contemporaneidade também é líquido;

Para o autor: necessitamos de um retorno à máxima moral "ama o próximo como a ti mesmo";

Para Bauman, o amor próprio é o resultado de ser amado. Quando o sujeito se percebe ouvido, que
sua opinião importa para alguém, que sua presença é desejada, ele compreende que é digno de
amor. Só o "outro" pode nos dar essa condição.

Giddens, autor do livro "A transformação da intimidade - sexualidade, amor e erotismo nas
sociedades modernas":
- Amor romântico: aprisionamento feminino em um ideal difícil de ser superado;

- Essa idealização supõe papéis e expectativas diferentes para homens e mulheres - "dialetos
diferentes" - homens e mulheres acabam tendo expectativas diferentes sobre o amor e casamento -
relação entra em crise.

Na contemporaneidade:

- Busca da mudança;

- Superação do amor romântico?;

- "Relacionamento puro - que privilegia o compromisso, a confiança, a intimidade e a integridade,


não se restringindo ao casamento heterossexual";

- Pautado no compartilhamento, não pressupõe o "para sempre";

(...) desenvolvimento de um relacionamento cuja continuação depende da intimidade. A abertura de


um em relação ao outro, condição para o que chamaremos de 'amor confluente', é de algum modo o
oposto da identificação projetiva, ainda que tal identificação, por vezes, estabeleça um caminho até
ele (GIDDENS, 1993, p. 72).

O amor confluente não é necessariamente monogâmico, não é exclusivo das relações


heterossexuais. Ele se pauta na aceitação pelos parceiros da transparência da relação e o
reconhecimento da diferença entre os parceiros. Está relacionado com a autoidentidade e a
autonomia pessoal.

Amor confluente = amor democrático.

Finalizando:

- Modernidade: construção do amor romântico, idealização de papéis, expectativas - "no amor há


felicidade eterna";

- Frustrações de ambas as partes, mudanças, rompimento do amor romantismo - o que fica no


lugar?

- Bauman: amor líquido, todas as relações têm a mesma lógica do mercado, troca e consumo rápido;
- Necessidade de fortalecimento do "amar ao próximo como a ti mesmo" - identificação;

- Giddens: amor romântico - frustrações, busca da construção do relacionamento puro e do amor


confluente.

Prova eletrônica Cultura e Sociedade - 21/06/22

1-a

iluminismo era antropocentrico

2-c

distopias são sociedades idealizadas onde ciencia e tecnologia exarcebaram suas funções

3-e

os novos atores sociais ainda tem um longo caminho a percorrer

4-e

a esfera pública é o espaço criado para manifestação e organização das demandas sociais

5-a

prática popularizada, tem como consequência o esvaziamento da esfera política como mediadora de
conflitos

6-a

busca em elementos como a ciencia e a razão as solução para os problemas

7-c

Durkheim explica a sociedade a partir da ideia de coesão social

8-a

são fluidas, rapidas e inconsistentes causando desconforto

9-e

polissemia é uma característica ligada a ciencias humanas e sociais

10 - a

marx explica a sociedade na forma como organizam sua produção

Pontuação 30 de 30

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