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Sociologia

I. A emergência da sociologia como disciplina cientifica


 Contributo dos fundadores do pensamento sociológico (Comte,
Durkheim, Marx , weber)

Auguste Comte

 Autor francês (1798-1857) que inventou o termo “sociologia”, anteriormente


designado de “física social”.
 Viveu num tempo onde a Revolução Francesa de 1789 havia mudado
significativamente a sociedade francesa e o crescimento da industrialização estava a
alterar os modos de vida tradicionais da população. Procurou criar uma ciência que
explicasse as leis do mundo social da mesma forma que a ciência natural explicava o
funcionamento do mundo físico. Da mesma forma que a descoberta de leis no mundo
natural permite nos controlar e prever acontecimentos ao nosso redor, comte
afirmava que desvendar as leis que governam a sociedade humana poderia nos ajudar
a moldar o nosso destino e a melhorar o bem-estar da humanidade.
 Conceito de positivismo: defende que a ciência deve preocupar-se apenas com factos
observáveis que ressaltam diretamente da experiência. Baseia-se em dados empíricos
obtidos através da observação, da comparação e da experimentação.
 A lei dos três estádios de Comte refere que as tentativas humanas para compreender
o mundo passaram por três estádios: estádio teológico, metafisico e positivo.
 No estádio teológico, o pensamento era guiado pelas ideias religiosas e pela crença de
que a sociedade era uma expressão da vontade de Deus, explica os fenómenos de
maneira sobrenatural.
- Animismo- características semelhantes as dos seres vivos em objetos da natureza.
- Politeísmo – crença em vários deuses ex: Baco, Apolo ( Grecia Antiga e Imperio
Romano)
- Monoteísmo- crença em um único Deus (ex: Cristianismo)
 No estádio metafisico, que se afirmou pela época do Renascimento, a sociedade
começou a ser vista em termos naturais, e não sobrenaturais, explica-se a natureza tal
como ela é . Substitui-se as explicações sobrenaturais pela razão humana.
 No estádio positivo, desencadeado pelas descobertas de Copérnico, Galileu e Newton,
encorajou a aplicação de técnicas científicas ao mundo social, considera as ciências
socias como sendo uma ciência com leis que prevem os fenómenos, considera a
sociologia como uma ciência. (cientifico)
 Numa fase final da sua carreira, apelou à instituição de uma “religião da humanidade”,
que deveria abandonar a fé e o dogma em favor de um fundamento científico em que
a sociologia estaria no centro dessa nova religião.
 Come estava profundamente consciente do estado da sociedade na qual vivia ,
preocupado com as desigualdades que iam sendo produzidas pela industrialização e
com a ameaça que colocavam a coesão social. Ainda que a sua visão para a
reconstrução da sociedade nunca tenha se realizado , a sua contribuição para
sistematizar e unificar a ciência da sociedade foi importante para a profissionalização
posterior da sociologia como uma disciplina cientifica.
Émile Durkheim – “ O Facto social é anterior, exterior e coercivo ao individuo”. “ O homem é
um produto social”

 Este autor, também francês (1858-1917) teve um impacto mais duradouro na


Sociologia moderna do que Comte.
 O seu famoso princípio básico da sociologia era “estudar os factos sociais como
coisas”, ou seja, a vida social pode ser analisada com o mesmo rigor que analisamos
objetos ou fenómenos da natureza.
 Três dos principais temas que abordou foram: a importância da sociologia enquanto
ciência empírica; a emergência do individuo e a formação de uma ordem social; e as
fontes e o caráter da autoridade moral na sociedade.
 A principal preocupação da sociologia para este fundador reside no estudo dos factos
sociais;
 De acordo com este autor, os factos sociais são formas de agir, pensar ou sentir
externas aos indivíduos que possuem uma realidade própria exterior à vida e às
perceções das pessoas individualmente consideradas. Os factos sociais podem
condicionar a ação humanas de várias formas que vão de castigos puros e simples, à
rejeição social ou a um simples mal-entendido. Este também tem como característica
o facto de exercerem um poder coercivo sobre os indivíduos. Só podem ser
estudados através da análise dos seus efeitos e não podem ser observados de forma
direta.
 Na sua primeira grande obra A divisão social do trabalho (1893), Durkheim expôs
uma análise da mudança social, defendendo a emergência de um novo tipo de
solidariedade. Para isso, contrastou dois tipos de solidariedades distintas – a mecânica
e a orgânica.
Solidariedade orgânica: - Cidade Solidariedade mecânica: - Campo
 Maior divisão do trabalho  Culturas tradicionais com um nível
 Sociedades unidas pelos laços da reduzido de divisão de trabalho.
interdependência económica entre as  Maior parte dos membros da
pessoas e pelo reconhecimento da sociedade está envolvida em
importância da contribuição dos ocupações idênticas, ou seja, unidos
outros por uma experiência comum e crenças
 Relações de reciprocidade económica partilhadas.
e de dependência mútua em vez de  Força de natureza repressiva;
crenças partilhadas – consenso social  Consciência coletiva
 Socialização secundária  Socialização primaria (família, amigos,
vizinhança)

“Suicídio(1897)” (estudos de Durkheim): resultado de uma infelicidade pessoal extrema. Os


fatores sociais exercem uma influência fundamental no comportamento suicidário –
sendo a anomia uma dessas influências.
Mesmo um ato tão pessoal como o suicídio é influenciado pelo mundo social. As taxas de
suicídio, por exemplo, variam muito em função da região do mundo e, também varia entre
várias categorias de pessoas, por exemplo, mais entre os homens do que entre as mulheres,
mais entre os protestantes do que entre os católicos, mais entre ricos do que entre pobres,
mais entre solteiros do que casados, etc. Conceito de anomia: um sentimento de ausência de
objetivos ou de desespero provocados pela vida social moderna, produto das rápidas
transformações socias
Existem forças sociais externas ao individuo que influenciam as taxas de suicídio. O
autor relacionou a sua explicação com a ideia de solidariedade social e com dois tipos
de laços na sociedade – a integração social e a regulação social.
Foi então que identificou quatro tipos de suicídio, em função da presença ou ausência da
integração e da regulação.
 Suicídio egoísta:
- Caracteriza-se por uma fraca integração na sociedade
- Ocorre quando o individuo está sozinho, ou quando os laços que o prendem a um grupo
estão enfraquecidos ou quebrados
Exemplos: Baixas taxas nos católicos pela sua forte noção de comunidade social; o casamento
que integra o individuo num relacionamento social estável; Menor taxa nos períodos de guerra
pode ser vista como maior integração social face a um inimigo externo
 Suicídio altruísta:
-Ocorre quando um individuo se encontra “excessivamente integrado”
-Os vínculos sociais são demasiado fortes e valoriza mais a sociedade do que a si próprio
-Espécie de sacrifício por um “bem maior”
- Característico das sociedades tradicionais, onde prevalece a solidariedade Mecânica.
Exemplos: Pilotos kamikaze japoneses,“Bombistas suicidas” islâmicos, oexército (existe em
estado crónico)
 Suicídio anómico:
- Causado por uma ausência da regulação social
-Condições sociais da anomia (um sentimento de ausência de objetivos ou de
desespero provocados pela vida social moderna), em que as pessoas se vêm
sem normas em contextos de mudança súbita ou de instabilidade na sociedade.
- Perda de um ponto de referência fixo no que diz respeito às normas e aos desejos
Exemplos: Tempos de convulsões económicas; Conflitos pessoais como o divórcio – pode
perturbar o equilíbrio entre as circunstâncias de vida das pessoas e os seus desejos
 A importância atual da obra de Durkheim é enorme, visto que este ajudou a
estabelecer
a sociologia como uma disciplina com objeto próprio – o estudo dos factos sociais.
Além disso, o suicídio exige uma explicação sociológica.

Karl Marx - Materialista


 Viveu entre 1818 e 1883
 Tentou explicar as mudanças que ocorriam na época da Revolução Industrial
 Os seus escritos centram-se em questões económicas e na relação entre os
problemas económicos e as instituições sociais
 Para ele, as mudanças mais importantes estavam ligadas ao desenvolvimento do
capitalismo (um sistema de produção que contrasta de forma radical com todos os
sistemas económicos anteriores, implicando a produção de bens e serviços para
serem vendidos a uma grande massa de consumidores).
 Nas empresas capitalistas existem dois elementos fundamentais: o capital e o
trabalho assalariado. Os capitalistas constituem uma classe dominante, enquanto os
trabalhadores assalariados são a classe operária. Uma nova classe surge com os
camponeses que vieram para as cidades e formaram a classe operária industrial
urbana, o proletariado.
 Segundo Marx, o capitalismo é um sistema de classes em que as relações entre
classes são caracterizadas pelo conflito. Isto porque, embora, uns dependam dos
outros, esta dependência é extremamente desequilibrada, já que os trabalhadores
têm pouco ou nenhum controlo sobre o seu trabalho.
 A sua perspetiva assentava na conceção materialista da história que refere que a
mudança social é promovida acima de tudo por fatores económicos e que os conflitos
entre classes – teoria do conflito - são a motivação para o desenvolvimento histórico
– são o “motor da História”.
 Escreveu na sua obra “O manifesto comunista” – “toda a história humana é, até à
data, a história da luta de classes”
 Defendeu que os capitalistas seriam suplantados e uma nova ordem viria a ser
instalada: o comunismo - de acordo com esta nova ordem, as sociedades deixariam
de estar divididas entre uma pequena classe que monopoliza o poder político e
económico e uma grande massa de indivíduos que pouco benefício retiram da riqueza
gerada pelo seu trabalho e, portanto, assentaria na posse comum. Países inspirados
pelas ideias de Marx: União Soviética e os países da Europa do Leste.
 Teoria da mais valia e alienação do proletariado pelo patronado – Proletariado ( força
do trabalho); Burguesia (meios de produção), Pequena burguesia ( classe media)

 Praxis revolucionária – expropriação dos meios de produção- transição do capitalismo
para o socialismo e para o comunismo.

Marvin Harris – Organização dos sistemas socioculturais

Superestrutura( exclusão : artes, politica, simbólico…)

Estrutura (organização social)

Infraestrutura (organização económica)

Primado materialista da infraestrutura – Marx


Determinismo na infraestrutura, segundo esta teoria as questoes e influencias
económicas vao determinar a estrutura e a superestrutura,causam a mudança social,
a historia e a sociedade.
Idealismo – Weber
Determinismo na superestrutura, valores e às ideias culturais (crenças) que
contribuem para moldar a sociedade e as nossas ações individuais.

Max Weber – “ O individuo é um agente social “


Idealista
 Viveu entre 1864-1920, nasceu na Alemanha onde passou a maior parte da sua
carreira académica
 Tentou compreender a natureza e as causas da mudança social
 Rejeitou a conceção materialista da história, para weber os fatores económicos são
impotantes, mas as ideias e os valores tem exatamente o mesmo impacto na
mudança social. Weber acreditava que a sociologia deveria se concentrar na ação
social e não nas estruturas.
 Weber sustentava que as motivações e as ideias humanas são forças por tras das
mudanças – ideias, valores e crencas tem o poder de causar transformações.
 Na sua obra “A Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo”, Weber defende a ideia
de que os valores religiosos – puritanismo – tiveram uma importância fundamental
na criação de uma visão capitalista.
 Ética protestante – protestantismo – valores associados ao trabalho,
empreendorismo, ao progresso – terreno fértil para o capitalismo
 A visão do mundo capitalista não emergia apenas devido a mudanças económicas,
mas principalmente aos valores e às ideias culturais (crenças) que contribuem para
moldar a sociedade e as nossas ações individuais.
 Comparou os principais sistemas religiosos da China e da India com os do Ocidente e
concluiu que alguns aspetos das crenças cristãs influenciaram a ascensão do
capitalismo.
 Ideia de tipos ideais – modelos conceptuais ou analíticos que podem ser usados para
compreender o mundo. Tipo ideal não é algo de perfeito ou desejável, mas uma forma
“pura” de determinado fenómeno.
 Weber acreditava que as pessoas estavam a afastar-se das crenças tradicionais
baseadas na superstição, na religião e no costume e em hábitos enraizados e
estavam a envolver-se cada vez mais em cálculos racionais e instrumentais.
 Para Weber, o desenvolvimento da ciência, da tecnologia moderna e da burocracia
foi denominado de racionalização (organização da vida económica e social segundo
princípios de eficiência e tendo por base o conhecimento técnico.
 Contudo, este também tinha algum receio das consequências da racionalização,
principalmente dos efeitos sufocantes e desumanizastes da burocracia e as
implicações no destino da democracia.

 Noções básicas da analise sociológica: papel social e estatuto social, socialização,


controlo social, institucionalização e legitimação, grupos e organizações.

Papel social- Conceito que determina a função dos indivíduos na sociedade – Cada papel
social agrupa um conjunto de comportamentos, regras e deveres a serem cumpridas. Ao
longo da vida, os indivíduos pertencem a diferentes grupos, desempenhando neles funções
diferentes ( cada vez que o individuo desempenha uma função é esperado pela sociedade
que tenha um certo comportamento. Os papeis sociais surgem através dos processos de
socialização que permitem aos indivíduos aprenderem os modos de comportamento
esperados, associados a uma determinada função.
Qualquer instituição depende do comportamento dos atores sociais que desempenham um
determinado papel. Haverá reconhecimento não apenas de que um determinado ator
executa uma ação do tipo X, mas da ação do tipo X poder ser executada por qualquer ator a
quem possa ser imputada, com plausibilidade, a estrutura de relevância em questão. Por
exemplo, o papel da figura paterna que depende da cultura, no caso das sociedades
matrilocais e do avunculato por elas praticado (um pai vê um cunhado a surrar o seu filho,
no entanto nada faz porque é uma maneira própria de proceder entre outros pares de tios e
sobrinhos naquela sociedade).

Estatuto social- Cada individuo ocupa um determinado estatuto social, isto e, uma
determinada posição num grupo social no qual esta sujeito a deveres, direitos e normas

 Estatuto social atribuído: posição imposta ao individuo independemente da sua


vontade, isto o individuo não necessita de fazer nada para alcançar determinada
coisa porque já nasce com ele ( ex;sexo, raça, idade, etnia, class, religião)
 Estatuto social adquirido : posição adquirida pelo individuo, por opção e mérito
próprio, o individuo esforça-se para ter aquilo que quer (ex: escolaridade, profissão,
género, desporto…)

Uma pessoa pode ter diversos estatutos (posições) e também vários papeis
(comportamentos) associados : Estatuto E Pessoa Estatuto A (Mae)

( esposa )Estatuto D Estatuto B(Professora)

Estatuto C( filha)

Socialização-processo pelo qual as crianças, ou outros novos membros da sociedade


aprendem o modo de vida da sua sociedade, a socialização é o principal canal para a
tranmissao da cultura através do tempo e das gerações. Processo pelo qual a criança
indefesa gradualmente se torna uma pessoa autoconsciente e instruida, hábil nos modos da
cultura na qual ela nasceu. S socialização não é um tipo de programação cultural( em que a
criança absorve passivamente as influencias com as quais entra em contacto) mas sim um
processo que dura a vida inteira qm que o comportamento humano é continuamente
modelado pelas interações sociais , oermite que os indivíduos se desenvolvam a si próprios e
o seu potencial e consntante ajustes.

Agentes de socialização – grupos ou contextos sociais em que ocorrem processos


sognificatvos de socialização ( ex: família)

Socialização Primária – tempo que as crianças aprendem a língua e os padroes básicos de


comportamento que formam a base para a aprendizagem posterior.o individuo não nasce
membro da sociedade, nasce com predisposição para a sociabilidade e torna-se membro da
sociedade (Processo pelo qual a criança transforma-se em membro participante da sociedade),
ocorre desde o nascimento ate ao fim da sua infância. A socialização primaria é a primeira
socialização que o individuo exprimenta na infância e e virtude da qual se torna membro da
sociedade. ( a família é o principal agente de socialização)
Socialização secundária – tem lugar mais tarde na infância e na maturidade, outros agentes de
socialização assumem algumas das responsabilidades que antes eram da família(ex: escola,
grupos , organizações, media, trabalho), as interações socias nestes contextos ajudam as
pessoas a aprenderem valores, normas, crenças que constituem os padrões da cultura.
processos posteriores pelo qual o individuo faz a aprendizagem de novos papeis, desde a
adolescência até ao fim da idade adulta. A socialização secundaria é qualquer processo
subsequente que introduz um individuo, já socializado, em novos setores do mundo objetivo
da sua sociedade. É a aquisição do conhecimento de funções especificas, funções com raiz
direta ou indireta na divisão do trabalho. As limitações biológicas tornam-se cada vez menos
importantes nas sequências de aprendizagem que agora se estabelecem em termos de
propriedades intrínsecas do conhecimento a ser adquirido.

provocad

Controlo social- Todo o comportamento individual e coletivo é regulado por mecanismos de


controlo social que impõem um sistema de sanções positivas ou negativas. Mecanismos de
intervenção de uma sociedade ou grupo social, utilizados para que os indivíduos se
comportem de maneira desejável, de acordo com regras sociais.

Às normas vigentes são possíveis de receber recompensa (sanções positivas), assim como os
comportamentos contrários às mesmas normas, podem ser alvo de punição (sanções
negativas). Bom sucesso escolar, por exemplo, pode ser merecedor de palavras elogiosas do
seu professor e ainda ser premiado pelos seus pais. O trabalhador que atinge os objetivos
fixados pela empresa pode receber um prémio de produtividade ou o orador cujo discurso
agrada à plateia é aplaudido e convidado para outras sessões.

Pelo contrário, o condutor sinalizado por excesso de velocidade arrisca um conjunto de


sanções negativas que variam entre a multa e a inibição do direito de conduzir, assim como o
aluno que adota comportamentos violentos na escola, sujeita-se à expulsão desse
estabelecimento de ensino.

O controlo social informal, aquele que se exerce através das sanções informais ou não escritas
é, em geral mais utilizado e eficaz, uma vez que é interiorizado pelos indivíduos através do já
referido processo de socialização.

Nenhuma sociedade, sobretudo as mais organizadas e complexas, pode dispensar o controlo


formal, nomeadamente para fazer face aos comportamentos desviantes mais graves.

O desvio, consiste, pois, na adoção de modelos de comportamentos situados nas margens, ou


mesmo fora dos socialmente aceitáveis, assim se opondo ao conceito de conformidade, que
significa a adesão aos valores, normas e comportamentos predominantes na sociedade.

Os que não se adaptarem a esses valores e não agirem em conformidade com as suas normas,
podem ser objeto de sanções que visam condenar e, em última instância, corrigir os respetivos
comportamentos desviantes.
Institucionalização: o processo de implantar uma convenção ou norma na sociedade. Isso
acontece quando os hábitos se tornam normais ou realidade. Conceito de institucionalização
(segundo os autores): processo de/ocorre sempre que há uma tipificação recíproca, por tipos
de atores, de ações tornadas hábito. Qualquer uma dessas tipificações é uma instituição.
Acontece até com o homem solitário que vive na ilha deserta. Exemplo: acorda todos os dias a
tentar construir a canoa com pauzinhos e murmura “lá vou eu outra vez” ou o exemplo de o
professor ensina e o aluno aprende. A habituação traz consigo o importante ganho psicológico
de se limitarem as opções. Há, em teoria, centenas de formas de contruir a canoa com os
pauzinhos, no entanto, a habituação vai reduzi-las a uma única. A instituição pressupõe que
ações do tipo X serão executadas por atores do tipo X. A instituição tem um carácter
controlador e depende de um mecanismo de sanção. O somatório dos mecanismos de sanção
constitui o que se chama de controlo social. Aos aglomerados de instituições chamamos
sociedades. Qualquer instituição depende do comportamento dos atores sociais que
desempenham um determinado papel. Se ao homem da ilha se juntasse outro que tivessem X
competências, eles acabariam por começar a desempenhar papéis vis-à-vis um do outro,
mesmo que cada um continue a realizar ações diferentes. Embora ainda não haja aqui uma
institucionalização, pois só um indivíduo não forma tipologia de atores, mas o conceito já está
presente.

Instituição- mecanismo que regula a ordem social e o comportamento dos grupos e


organizações através de regras e normas, desde as formais a informais. (ex: família, governo)

Legitimação-justifica a ordem institucional dando dignidade normativa aos seus imperativos


práticos.

Grupo0s e organizações – Grupo social –organizações -associação de pessoas


desenvolvidas em rede impessoais e estabelecidas tendo em vista um determinado fim –
família e governo são ambos grupo e instituição, mas a família não é uma organização.
coletividade estruturada- conjunto de interações formais, estruturadas e continuas entre
agentes socias que desempenham papeis recíprocos, segundo determinadas normas,
interesses e valores socias para a consecução de objetivos comuns. Grupos sociais: família,
turma, grupo de amigos, grupo de escuteiros. Os grupos são unidades coletivas reais,
contínuas e ativas. A interação que se gera entre os membros de um grupo tem em vista, entes
de mais, a prossecução de um ou vários objetivos comuns, um conjunto de jovens que reúne
com o intuito de formar uma banda de garagem e um grupo musical. Dentro desse grupo
existirão funções e papeis diferenciados (entre os instrumentos e vocalistas, por exemplo, que
compõe música e quem escreve as letras, procura apoios e patrocínios e encontrar um local
adequado para os ensaios, etc… O grupo social apresenta as seguintes caraterísticas: é distinto
e distintivo, é estruturado, cada elemento ocupa uma posição específica relativamente aos
demais, através da distribuição específica relativamente aos demais, através da distribuição de
papéis sociais; promove interesses, objetivos e valores comuns; equaciona a relação entre
meios e fins; exerce um maior ou menor controlo social sobre os seus membros, tendendo par
a coesão. Um sujeito sente-se membro de um grupo por integração, a partilha de objetivos,
símbolos, rituais mas, igualmente, por diferenciação existem, físicas ou simbólicas, face aos
restantes grupos. Muitos deles têm como principal objetivo a convivialidade e a
expressividade, através de símbolos, modas, rituais, marcas e linguagens diversas.
Instituição- mecanismo regulador da ordem social e do comportamento dos grupos e
organizações através de regras e normas formais e informais.

Grupos- consciência de identidade comum e interação social

Organização – redes impessoais os com o objetivo de atingir um determinado fim

Interação social e a vida quotidiana


A interação social é o processo pelo qual agimos face aos que nos rodeiam e reagimos a ele.
Quando analisados detalhadamente, muitos aspetos aparentemente banais do nosso
comportamento quotidiano acabam por ser aspetos importantes e complexos da interação
social. Um exemplo é a contemplação – olhar fixamente para outras pessoas.

Na maior parte das interações, o contacto visual é relativamente fugaz. Olhar fixamente para
uma pessoa pode ser entendido como um sinal de hostilidade – ou, em algumas ocasiões, de
amor. O estudo da interação é uma área fundamental da Sociologia, esclarecendo muitos
aspetos da vida social.

• O estudo da vida quotidiana é revelador quanto à forma como os seres humanos podem agir
de modo a moldar a realidade.

• A realidade não é rígida ou estática – é uma criação das interações humanas (noção de
construção social da realidade – interacionismo simbólico).

• O estudo das interações face-a-face é geralmente denominado Microssociologia – por


oposição à macrossociologia, que se debruça sobre grandes grupos, instituições e sistemas
sociais. Na verdade, as análises micro e macro estão intimamente relacionadas e
complementam-se.

• A comunicação não-verbal consiste na troca de informação e sentido através de expressões


faciais, gestos e movimentos do corpo. A face humana transmite várias expressões diferentes.
É crença geral que há aspetos básicos da expressão facial das emoções que são inatos. Estudos
transculturais demonstraram a existência de grandes semelhanças entre membros de
diferentes culturas, tanto ao nível da expressão facial como da interpretação das emoções
registadas na face humana. Entendida de um modo mais lato, a “face” pode também referir-se
à estima que os outros têm por um individuo. De um modo geral, nas nossas interações com
outras pessoas, estamos preocupados em “salvar a face” –proteger a nossa autoestima.

• Há uma dimensão de género presente na comunicação não verbal. Nas interações do


quotidiano, alguns gestos e expressões – como estabelecer contacto visual ou olhar fixamente
– podem ser entendidos e expressos de formas diferentes por homens e mulheres.

• Podemos aprender bastante acerca da natureza da conversa através dos gritos de resposta
(exclamações) e do estudo dos lapsos de língua (quando as pessoas pronunciam ou aplicam
mal determinadas palavras ou frases). Os lapsos de língua são frequentemente divertidos, e
estão de facto relacionados psicologicamente com a graça e a brincadeira.

• “Sabedoria de rua” é quando as pessoas desenvolvem aptidões para lidar com o seu
sentimento de vulnerabilidade face à violência e ao crime.
• A interação não focalizada é a consciência mútua que indivíduos têm uns dos outros em
grandes concentrações de pessoas, quando não estão diretamente a conversar. A interação
focalizada, que pode por sua vez ser dividida em diferentes tipos de encontro – ou episódios
de interação – ocorre quando dois ou mais indivíduos estão diretamente com atenção ao que
o(s) outro(s) estão a dizer ou a fazer.

• Os marcadores servem para distinguir cada episódio de intervenção focalizada do anterior e


das interações não focalizadas que têm lugar no mesmo contexto.

• A interação social pode ser estudada de uma forma elucidativa aplicando-se o modelo
dramatúrgico – estudando a interação social como se as pessoas em causa fossem atores num
palco, com um cenário e adereços. Tal como no teatro, nos vários contextos da vida social
tendem a existir distinções claras entre as regiões da frente (o próprio palco – situações sociais
ou encontros onde os indivíduos desempenham papéis formais) e regiões da retaguarda (onde
os atores se preparam a cena, e no fim, relaxam – onde os indivíduos se preparam para
interação em contextos mais formais). As pessoas são sensíveis ao modo como são vistas pelos
outros, usando muitas vezes formas de gestão das impressões, de modo a assegurar que os
outros reagem da forma desejada.

• Por espaço pessoal, descreve-se a distância mantida por indivíduos envolvidos numa
interação social. As conceções de espaço pessoal diferem consoante as diferentes culturas.

• Toda a interação social se situa no tempo e no espaço. Podemos analisar o modo como as
nossas rotinas diárias são “delimitadas” pela combinação do tempo e do espaço, se
observarmos a forma como as atividades ocorrem durante determinados períodos e,
simultaneamente, implicam movimentos no espaço.

• As sociedades modernas caracterizam-se, em grande medida, por transações interpessoais


indiretas sem necessidade de qualquer tipo de copresença. Tal conduz ao que foi já designado
como compulsão da proximidade, a tendência para desejar uma presença face-a-face sempre
que possível. As situações de copresença fornecem uma informação muito mais rica acerca do
que as outras pessoas pensam e sentem, e do seu grau de sinceridade, do que formas indiretas
de comunicação.

 Entendimentos partilhados -conhecimentos partilhados, tácitos e complexos


convocados pelas partes envolvidas nos atos comuns da conversação, ex. talho!!! Ex. a
pele é muito boa. Oh atlântico (private joke)
 Modos de falar

A Construção social da realidade em relação à Interação social e a vida quotidiana:

As teorias partilham como pressuposto que a realidade social existe independentemente das
pessoas falarem acerca dela ou a viverem. No entanto, nem todos partilham deste
pressuposto e a abordagem teórica chamada construtivismo social defende que o que os
indivíduos e a sociedade concebem e entendem como realidade é uma criação da interação
social dos indivíduos e dos grupos. Por isso, os construtivistas sociais defendem que os
sociólogos devem documentar e analisar os processos pelos quais a realidade é construída e
não apenas o conceito de realidade social que originam.

Em A Construção social da realidade, o seu clássico publicado em 1966, os sociólogos Peter


Berger e Thomas Luckmann examinam o conhecimento do senso comum – aquilo que os
indivíduos tomam por realidade. Sublinham que esses factos “óbvios” da realidade social
podem não ser os mesmos para pessoas de culturas diferentes, e mesmo para diferentes
pessoas da mesma cultura. Há a análise dos processos pelos quais os indivíduos entendem o
que é “real” para eles como real.A interação entre os indivíduos contribui para a construção
social da realidade.

Importância do estudo da interação humana:

. rotinas do dia-a-dia – interações constantes com outras pessoas dao forma e estrutura ao que
fazemos, aprendemos sobre nos mesmos enquanto seres sociais e acerca da realidade social,
conjunto de hábitos, estáveis e regulares, padroes semelhantes de comportamento.

Familia, casamento e vida pessoal


A família, o parentesco e o casamento são termos que estão intimamente relacionados e são
de grande significado para a Sociologia e Antropologia. O parentesco abrange todos os laços
genéticos, como aqueles iniciados pelo casamento. Por sua vez, o casamento é uma ligação
entre duas pessoas que vivem juntas num relacionamento sexual socialmente aprovado. Uma
família é então um grupo de parentes responsáveis pela criação e educação de crianças.

Uma família nuclear é um agregado familiar em que um casal (ou apenas 1 progenitor) vive
com os seus filhos (biológicos ou adotados). Quando outros familiares fazem parte desse
agregado, falamos de uma família extensa. Importa também referir que, quando não há
casamento entre duas pessoas estamos perante uma união de facto.

Durante o sec. XX, o predomínio da família nuclear sofreu alterações, existindo atualmente
uma grande diversidade de formas familiares (ex: família de escolha - casamentos
homossexuais).

O estudo da família foi abordado de acordo com perspetivas teóricas opostas. Por um lado os
funcionalistas viam a família como uma das instituições fundamentais da sociedade, referindo-
se em especial ao seu papel na socialização das crianças. Por outro lado, as feministas
focaram-se nas desigualdades em áreas da vida familiar, incluindo a divisão doméstica do
trabalho, as relações desiguais de poder e as atividades de prestação de cuidados a cargo das
mulheres.

As taxas de divórcio têm vindo a aumentar desde o pós-guerra e o número de primeiros


casamentos tem vindo a diminuir. Os níveis de segundos casamentos são bastante elevados,
levando à formação de uma família recomposta - uma familia na qual, pelo menos um dos
adultos já tem filhos de alguma relação anterior. O casamento deixou de ser a base que
define a união entre duas pessoas. A coabitação (casal que vive junto numa relação sexual fora
do casamento) está cada vez mais espalhada pelos países industrializados. Assim como cada
vez há mais homens e mulheres homossexuais a viverem juntos como casais (alguns
conseguem obter o direito legal de ser definidos como família).

A vida familiar nem sempre é um retrato de harmonia e felicidade porque, por vezes, o
abuso sexual ( por exemplo, o abuso em crianças é praticado, maioritariamente, por homens)
e violência doméstica são frequentes.

Parece certo que vão continuar a existir diferentes formas de relacionamento social e sexual.
O casamento e a família continuam a ser instituições firma-mente estabelecidas, embora
submetidas a grandes pressões e tensões.
A evolução das classes sociais deu origem a novos tipos de família, tais como:

- Família nuclear: dois adultos que vivem juntos numa casa com os seus filhos, próprios ou
adotados.

- Família extensa: grupo de três ou mais gerações que vivem na mesma habitação - família
modificada

- Família de orientação: família em que o indivíduo nasceu

- Família de procriação: família em que o indivíduo cria como adulto e onde se cria uma nova
geração de filhos

- Padrão matrilocal: quando os casais se mudam para viver perto dos pais da noiva, ou em sua
companhia

- Padrão patrilocal: quando os casais se mudam para viver perto dos pais do noivo, ou em sua
companhia

- Padrão neolocal: os noivos estabelecem residência longe de ambas as famílias de orientação

- Monogamia: casamento que supõe apenas um cônjuge

- Poligamia: casamento que permite a um marido ou a uma mulher ter mais que um cônjuge

Familia nuclear – instituição privilegiada, prevalevem relações primarias , unidade básica da


sociedade. --- 2º vaga industrialização sec.XIX – países Europa Ocidental – êxodo rural -
mobilidade geográfica – vantagem adaptativa - mobilidade

Familia extensa – caracteriza-se pela maior mao de obra – setor economia predominante
agricultura – 1ºvaga – maior produção – sociedades não ocidentais

Familia extensa divide-se em varias família nuclear podem mobilizarem-se com mais facilidade

Família recomposta - Famílias [recomposta] de segundos casamentos ou de outros


ulteriores[futuros] (famílias em que pelo menos um dos adultos é padrasto ou madrasta)

Família com pais homossexuais

Família monoparental ( 1 conjugue)- patrifucal (pai assume família); matrifucal ( mae centro da
família)

Família fim de semana ( estatuto socioeconomico mais elevado)- duas pessoas adultas a
partida sem filhos passam o fim de semana juntos.

Família comuna ( ex: período académico) – viver junto da mesma casa com amigos, partilhar
casa

Família de escolha ( ex: viver so )

Familia transnacional ( associada ao processo de globalização)- quando um dos elementos da


família não esta presente no mesmo pais que o resto da família porque se encontra no
estrangeiro
Família de orientação – família que o individuo nasceu

Família de procriação – família em que o individuo se cria como adulto e onde cria uma nova
geração de filhos.

1º vaga – sociedades agrícolas, pre modernas .solidariedade mecânica , família extensa ex:
tradicional hindu ; 2ºvaga- sociedades industriais, sociedades modernas, solidariedade
orgânica, família nuclear; 3º vaga – sociedade pos industrializada, sociedade terciarizada,
sociedade pos modernas, contemporanesa , família nuclear .

Tipos de casamento – monogamia – sociedades ocidentais – casamento que supõe apenas um


cônjuge; - poligamia (sociedades tradicionais -mulçimanas): poligenia ( varias mulheres);
poliandria (vários maridos)- Casamento que permite a um marido ou a uma mulher ter mais do
que um cônjuge.

Género e sexualidade
Sexo(órgãos sexuais) vs género( identidade de género) vs sexualidade ( orientação
sexual)
Género - Todos os aspetos da nossa existência são construídos a partir do género, do
tom de voz aos gestos , dos movimentos as normas de comportamento---
reproduzimos socialmente fazemos e refazemos o género em milhares de pequenas
ações praticadas ao longo do dia. Diferenças psicológicas, sociais , culturais entre
indivíduos do sexo masculino e feminino. O género esta associado a noções
socialmente construídas de masculinidade e feminilidade, não é necessariamente um
produto direto do sexo biológico de um indi<viduo.

Sexo – diferenças anatómicas e fisiológicas que definem o corpo masculino e o corpo feminino.

As interpretações sociológicas das diferencas e desigualdesdes de género tem assumido


posições decontraste nesta questão do sexo e do género.

 Género e biologia: diferença natural – defende a existência de uma base biológica nas
diferenças de comportamento entre homens e mulheres;
Criticos dizem que esta teoria fundamenta-se em estudos sobre o comportamento
animal , em vez de partirem dos indícios antropológicos e históricos sobre o
comportamento humano, o qual varia no tempo e no espaço. Acrescentam o facto de
uma característica ser mais ou menos universal, não significa que seja de origem
biológica – poderão existir fatores culturais generalizados que originem estas
características.
 Socialização do género: teorias que dao particular importância á socialização e a
aprendizagem dos papeis de género. Aprendizagem dos papeis de genro com o apoio
dos agentes socias, tais como a família e os meios de comunicação – distinção entre
sexo biológico e género social – uma criança nasce com o primeiro e desenvolve-se
com o segundo. As crianças através do contacto com diversos agentes de socialização,
primários e secundários, interiorizam progressivamente as normas e expectativas
sociais que correspondem ao seu sexo. As diferencas de género não são determinadas
biologivamnete mas geradas culturalmente. Neste sentido existem desigualdades de
género, pois os homens e mulheres são socializadas em papeis diferentes.Rapazes e
raparigas são guiados neste processo por sanções positivas e negativas, forcas
socialmente aplicadas que recompensam ou restringem o comportamento.(ex:”es um
menino muito corajoso”; “ os meninos não brincam com bonecas”. Acompanhamentos
positivos e negativos ajudam rapazes a as raparigas na aprendizagem dos papeis
sexuais que se espera virem a desempenhar e a conformarem se com ele. Os agentes
de socialização ( família, escola,grupo de amigos) contribuem para a manutenção da
ordem social ao supervisionar a socialização natural do género nas novas
gerações.Este processo não é harmonioso estes agentes podem entrar em conflito
 Construção sexual do género e do sexo - Conceções dos estudiosos que pensam que
nem o género nem o sexo tem uma base biológica sendo totalmente construídos a
nível social.

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