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SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA

AULA 1
a) Apresentação da disciplina e de sua importância para o aluno de Direito. Bibliografia
básica e método de avaliação.

Bibliografia básica:
CHARON, J. Sociologia. São Paulo: Ed. Saraiva, 2002.
LEMOS Filho, Arnaldo et alii (org.). Sociologia Geral e do Direito. 2 ed. Campinas: Alínea,
2005
MARTINS, C.B. O que é Sociologia (Coleção Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense,
1982.
www.cpolitica.tk

b) O que é sociologia?

Bibliografia:
CHARON, J. Sociologia. São Paulo: Ed. Saraiva, 2002. (pág. 12-15)
MARTINS, C.B. O que é Sociologia (Coleção Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense,
1982.

Sociedade: é o grupo dentro do qual os homens vivem uma vida comum total, e não
somente uma organização limitada a um propósito ou a propósitos específicos. Em qualquer
sociedade podem encontrar-se grupos menores dentro de grupos maiores e os indivíduos
pertencem, simultaneamente, a vários grupos. Cada pessoa pode participar de uma família,
de um grupo de iguais, de uma empresa comercial ou de um sindicato ou organização
profissional. Uma sociedade, portanto, pode ser analisada em função de seus grupos
constituintes e suas relações recíprocas.
Somos parte de uma organização social, não só em certas ocasiões, mas o tempo todo. Boa
parte do que fazemos resulta da organização. Sendo assim, somos muito menos livres do
que imaginamos.

Sociologia: disciplina acadêmica que examina o ser humano como um ser social, resultado
de interação, socialização e padrões sociais. É uma perspectiva que se preocupa com a
natureza do ser humano, o significado e a base da ordem social, e as causas e
conseqüências da desigualdade social. Concentra-se na sociedade, organização social,
instituições sociais, interação social e problemas sociais. Em suma, a sociologia é uma
abordagem científica para compreender a vida social do homem.

A sociologia é uma disciplina científica:


1) o objetivo da ciência é compreender o universo de um modo cuidadoso, disciplinado;
2) a prova é a condição para a aceitação das idéias na ciência, e a prova tem de ser empírica
(observação empírica como base da prova);
3) a ciência deve ser entendida como uma comunidade de estudiosos que verificam o
trabalho uns dos outros, criticam, debatem e, juntos, constroem lentamente um conjunto de
conhecimentos;
4) a ciência é uma tentativa de generalizar;
5) a ciência é uma tentativa de explicar eventos, ou seja, de dizer por que as coisas
acontecem, quais são as causas e influências de uma determinada classe de eventos na
natureza. A ciência é uma tentativa de desenvolver idéias sobre relações de causa e efeito.

1
A neutralidade deve ser buscada e portanto a sociologia deve ser isenta de valores, ou seja,
conscientemente, tentar manter em xeque seus próprios valores ao realizar o trabalho
científico. Não existem verdades absolutas em ciência.

Os seres humanos são sociais

Bibliografia:
CHARON, J. Sociologia. São Paulo: Ed. Saraiva, 2002. (pág. 25-31)

Os seres humanos são sociais por que:


1. Desde o nascimento dependemos de outros para sobreviver;
2. Aprendemos com outros a sobreviver;
3. Passamos a vida inteira na organização social;
4. Muitas qualidades humanas dependem da vida social (linguagem);
5. Muitas de nossas qualidades individuais dependem de interação (idéias, valores,
objetivos = família e amigos incentivam e desincentivam caminhos a seguir);
6. Os seres humanos são atores sociais (gostando ou não geralmente ajustamos nossas
ações àqueles que nos cercam)

O caráter central dessa natureza social do ser humano é por onde a sociologia começa. O
sociólogo afirma que os seres humanos nascem em sociedade. A sociedade precede todos
nós. Não podemos conceber o ser humano separado da sociedade.

Os homens existem dentro de padrões sociais

Bibliografia:
CHARON, J. Sociologia. São Paulo: Ed. Saraiva, 2002. (pág. 25-31)

Socialização1 é o processo pelo qual a sociedade, comunidade, organização formal ou


grupo ensina seus costumes a seus membros. Uma pessoa socializada é aquela que, com
êxito, tornou-se membro de seu grupo, organização formal, comunidade e/ou sociedade.
Uma pessoa socializada controla-se, mas esse autocontrole provém de ter aprendido os
controles da sociedade.
O menino selvagem de Aveyron2 provavelmente é ocaso mais conhecido de criança
que cresceu sem contato humano e, portanto, não foi socializada. Ele foi encontrado
vagando pelas florestas e campos de Laune, na França, em 1797. Foi capturado, entregue
às autoridades governamentais e estudado por especialistas.
Tinha entre 11 e 12 anos; não possuía o “dom da fala”, usava apenas “gritos e sons
inarticulados”. Rejeitava roupas, não conseguia distinguir objetos reais de desenhos e
objetos refletidos no espelho.
A socialização é também a responsável pela aprendizagem dos padrões que nos
levam a criar uma identidade com determinada sociedade.
Crime, sucesso, valores, princípios morais, realizações e fracassos são vistos em
parte como conseqüência da socialização. As diferenças entre homens e mulheres estão
estabelecidas na socialização, assim como as diferenças de classe e grupos étnicos.

1
O filme Natureza Quase Humana é uma sátira bem humorada sobre o processo de socialização humano. Vale
a pena ser visto.
2
Os filmes Tarzan, Mogli o menino lobo e Nell são bons exemplos de seres humanos que não passaram pelo
processo de socialização tradicional.
2
AULA 2 – O Surgimento da Sociologia

Bibliografia:
LEMOS Filho (2005) (pp. 38-43)
MARTINS (1982) (pp. 10-33)

Industrial= poder da burguesia em ascensão e desenvolvimento da ciência (Séc.


XVIII); triunfo do capitalismo.
- Dupla Revolução
Francesa (1789-1799) = queda de Luís XVI; abolição da monarquia e
proclamação da República.

- Principais Impactos3:
1) crescimento das desigualdades sociais;
2) capitalismo que se desenvolve através da expropriação “legítima” da força de trabalho do
proletariado;
3) rompimento com os modos de vida tradicionais (moral, coletividade, individualização);
4) racionalização estrutural das sociedades (relações utilitaristas, burocratização do Estado e
laicização das instituições)

- Revolução Industrial = máquina à vapor e aperfeiçoamento dos métodos produtivos, fim do


artesão independente.

- Conseqüências econômicas:
1) destruição dos laços de servidão, desmantelamento da família patriarcal, desapropriação
dos pequenos proprietários rurais, longas jornadas de trabalho;
2) aumento da prostituição, suicídio, alcoolismo, infanticídio e criminalidade;
3) surgimento da proletariado e dos conflitos trabalhistas → sindicatos.

AULA 3 – Positivismo e conservadorismo

Bibliografia:
LEMOS Filho (2005) (pp. 43-51)

Positivismo: uma primeira forma de pensamento social.

Dentre as correntes sociológicas clássicas, o positivismo é a pioneira, isto é, o


positivismo representa a primeira forma de produção de conceitos e estabelecimento de
métodos sistemáticos a respeito da realidade social, é lógico que ao surgir, no século XIX, o
positivismo já demonstrava suas preocupações em relação a uma nova ordem social
instaurada pelas revoluções burguesas, uma ordem ainda precoce, marcada por falhas e
inquietações sociais depois efetivadas pela classe que vive do trabalho, como ocorre no
Ludismo e no Cartismo, movimentos sociais que expressam o descontentamento histórico da
classe trabalhadora. O momento histórico norteador do pensamento positivista é esse,
inauguração de uma ordem social descompensada institucionalmente, a desreferenciação
institucional ocorrida pela transição medievalidade-modernidade e o aparecimento de
possíveis articulações no interior do operariado inquieto com a sua submissão histórica.
É esse o panorama histórico da formação do Positivismo, que desde seu nascimento
histórico já demonstrava o seu caráter ideológico burguês, quando prega a necessidade da

3
Os filmes Oliver Twist, O Germinal, O Boi e Os Miseráveis são bastante ilustrativos desse período histórico.
3
manutenção da ordem, incompatível com a revolução violenta vislumbrada sob a forma do
caos absoluto.

Positivismo: uma abordagem teórico-metodológica.

O termo positivismo é extraído do sistema filosófico de Auguste Comte (1789-1857)


pensador francês que cria na possibilidade de uma ciência que pudesse explicar e controlar
os fenômenos sociais de forma positiva, isto é, de forma prática. A noção de ciência em
Comte é um tanto instrumental, pois a mesma está voltada para a função da higienização e
harmonização do social.
O pensamento de Comte, pode ser dividido em três etapas, que aqui serão discutidas
e apresentadas, respectivamente:

Primeira etapa (1820-1824)

-Obras:
*Opúsculos de filosofia social: uma apreciação sumária sobre o passado moderno.
*Prospectos científicos necessários para a reordenação do social.

-Temas centrais: - a fragmentação das instituições morais.


- a desordem social inaugurada pela modernidade.

Nesse período de formação intelectual, Comte demonstra a profunda influência das


ciências naturais na sua formação estudantil, tanto é que os temas iniciais são tratados de
forma naturalista e organicista, Comte, em 1838 troca o título “física social” por sociologia,
que á a ciência do coroamento evolutivo no mundo moderno, já que Comte trabalha com
conceitos tomados por empréstimo da física newtoniana e do evolucionismo darwinista, essa
marca metodológica está presente na tríade conceitual positivista, sob a forma do
organicismo, evolucioniosmo e darwinismo social.

Segunda Etapa (1830-1842)

-Obras: *Curso de filosofia positiva (sete volumes)

-Temas centrais:
-a afirmação da superioridade orgânica das sociedades européias.
-a afirmação da progressividade da história das sociedades.
-a apresentação da lei dos três estados.

Teológico Metafísico Positivo


 Monarquia militar; -  Cientista/indústria;
 Natureza é explicada  Natureza é explicada  Busca de leis –
pela presença de por entidades relação constante
seres sobrenaturais e abstratas: entre fenômenos
pessoas; espírito/força; observados;
 Imaginação.  Argumentação.  Observação.

Nessa outra etapa do pensamento de Comte, podemos notar a evolução e o


desdobramento dos conceitos colocados na primeira etapa, aqui, Comte desenvolve sua
visão evolucionista da história, ao confirmar que a história das sociedades segue uma lei
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imutável rumo ao fim da sua própria história, marcado pelo coroamento intelectual dos
homens no estado positivo.
Ele apresenta o processo de evolução, atravessando o estado teológico-fictício,
metafísico-abstrato e chegando ao topo, no estado positivo-científico.

Terceira etapa (1851-1854)

-Obras:
*Curso de política positiva necessário para a instauração da religião da humanidade.

-Temas centrais:
- a necessidade de uma reforma moral e intelectual dos homens nas sociedades modernas.
- a reforma institucional e a nova instituição das Providências (material, moral e intelectual).
- a divisão da Sociologia em duas partes: estática e dinâmica sociais.

A última etapa do pensamento de Comte é marcada por uma vontade quase


espiritualizada de transformar de forma messiânica, os novos rumos da sociedade industrial
que merece reparos institucionais, por isso a criação de um “consenso moral” e de um
“acordo de espíritos” é necessário para a retomada saudável da evolução, mas é claro, a
evolução só se justifica pela presença de uma estática social, ou seja, uma ordem orgânica
interna.

AULA 4 - Émile Durkheim (1858-1917)

Bibliografia:
LEMOS Filho (2005) (pp. 57-69)

- Contexto Histórico: pós-Revolução Francesa, I Guerra Mundial(1914); II Revolução


Industrial; Belle Époque; expansão do capitalismo monopolista e construção do socialismo
(CGT).

- Projeto de Durkheim:
1) estabelecer a sociologia como uma disciplina científica rigorosa;
- 1887-1902 → professor da primeira cátedra de sociologia → era preciso provar verdades
científicas através de métodos específicos → delimitar a especialidade do objeto da
sociologia → As Regras do Método Sociológico (1895).
2) proporcionar a base da unidade e unificação das Ciências Sociais;
- unificação das bases científicas e positivistas, a unidade do conhecimento científico se
completaria com a Sociologia.
3) proporcionar a base empírica, racional e sistemática da religião civil da sociedade
moderna.
- religião civil = substituir os ensinamentos cristãos tradicionais; o ensino se tornou gratuito e
obrigatório; ensino religioso deu lugar ao ensino de instrução moral e cívica.

- Função da Sociologia para Durkheim: “Tornar a sociologia uma Ciência capaz de curar e
estabilizar, uma Ciência que encontrará uma base vital para restabelecer o consenso social e
fomentar a integração societal”.

Método: histórico-comparativo

Divisão Social do Trabalho (1893)

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Conceitos Principais:

1) Consciência Coletiva: conjunto de crenças e sentimentos comuns (coerção)


2) Solidariedade social: dá forma à sociologia (laços que unem os Homens)
3) Solidariedade mecânica: semelhança
4) Solidariedade orgânica: diferenciação
5) Direito Repressivo: satisfação da consciência comum
6) Direito Restitutivo ou Cooperativo: estabelecimento do estado de coisas segundo a
justiça.

Idéias Principais:
1) A diferenciação social é a condição criadora da liberdade individual.
2) É necessário manter o mínimo de consciência coletiva, pois a falta da solidariedade
orgânica provocaria a desintegração social.

Fatos Sociais → objeto de estudo da Sociologia

Os fatos sociais existem antes do indivíduo e fora dele.

Conceito de fato social = “são maneiras de agir, de pensar, e de sentir que apresentam
propriedade marcante de existir fora das consciências sociais.” Exemplos: direito, costume,
moral e instituições sociais.
São exteriores aos indivíduos e dotados de um poder imperativo e coerctivo. São
constituídos por crenças, tendências e práticas do grupo tomadas coletivamente. O Fato
social é geral porque é coletivo.
A coerção externa pode ser observada com facilidade no caso do Direito, da Moral,
das Crenças e com maior dificuldade quando é indireto. Exemplos: grupos neonazistas, leis,
moda, idioma → socialização e padrões sociais.
Características Principais = exterioridade, coercitividade, objetividade e generalidade.

- É necessário estudar os fatos sociais como coisas exteriores e garantir a neutralidade do


estudo. Constância e regularidade são sintomas da objetividade dos fatos. Para isso, deve-
se:
1) definir as coisas de que se trata (objeto);
2) tomar por objeto um grupo de fenômenos previamente definidos por certos caracteres
exteriores que lhe são comuns. Exemplo: a punição não cria o crime, mas é por ela que
podemos identificá-lo e chegar a ele para depois compreendê-lo.
- Durkheim tenta caracterizar o que é normal (formas mais gerais) do que é patológico
(exceção no tempo e espaço).
Exemplo: o crime é normal, porém taxas muito elevadas tornam o crime, naquele momento,
algo patológico (seqüestro relâmpago em 2002/2003 na Grande São Paulo).
3) é preciso estudar os fenômenos médios (generalidade) e,
4) ao explicar um fenômeno social é preciso buscar separadamente a causa e a função que
desempenha → estabelecer relações de causalidade → método comparativo.

Suicídio

Durkheim interessou-se pelo estudo das taxas de suicídios por julgar que um estudo
assim ajudaria a alçar a sociologia à categoria de disciplina científica. Ele queria mostrar a
importância dos fatos sociais (padrões sociais). O suicídio sempre será uma escolha pessoal,

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e há todo tipo de razões psicológicas que levarão um ator e não outro a decidir suicidar-se.
Contudo, até mesmo nessa escolha extremamente individual atuam fatos sociais – a taxa
(alta ou baixa) de suicídios numa sociedade influencia a probabilidade de suicídio de um
indivíduo.
O que causa as taxas elevadas ou reduzidas de suicídio é um outro fato social
denominado de solidariedade social (o grau em que uma sociedade é integrada, unida,
mantida coesa por todo sólido). O oposto da solidariedade social elevada é o individualismo.
A baixa solidariedade social (individualismo) levará a uma taxa de suicídio elevada.
Durkheim teve acesso a dados sobre suicídios em registros governamentais de vários
países e províncias européias. Dividiu esses países e províncias em católicos e protestantes.
Hipóteses:
1) os países protestantes apresentariam taxas de suicídios mais elevadas.
2) As pequenas comunidades apresentariam taxas de suicídios mais baixas do que as
cidades grandes;
3) O grupo de pessoas casadas, do sexo feminino, com filhos e sem instrução superior
apresentaria taxas de suicídio mais baixas;
4) A comunidade judaica apresentaria uma taxa de suicídio mais baixa;

Resultados:
1) a existência de fatos socais (forças sociais, padrões sociais), influencia a ação
individual;
2) mostra como um cientista pensa e depois testa seu raciocínio de maneira criativa e
sistemática. Sistematiza seus resultados.

Tipos de suicídio
Ao ampliar sua teoria, demonstrou que a solidariedade social tem uma relação muito
mais complexa com a taxa de suicídios. Onde há pouquíssima solidariedade social ocorre
uma taxa elevada de suicídios egoístas. Por outro lado, níveis demasiado altos de
solidariedade social também levavam a taxas de suicídios altas, o que ele denominava de
suicídios altruístas.
A teoria de Durkheim é interessante, pois nos mostra que a relação entre
solidariedade social e taxas de suicídios é curvilinear, isto é, as taxas são mais elevadas nos
dois extremos da escala: em sociedades onde existem taxas muito elevadas ou muito baixas
de solidariedade social.
Analisando o grau de mudança da sociedade, verificou que onde os velhos padrões
não funcionam mais; o indivíduo terá de tomar cada vez mais decisões por conta própria,
com cada vez menos alicerce na vida social gera suicídios anômicos. (Revoluções e crises
financeiras).

AULA 5 – Max Weber (1864-1920)

Bibliografia:
LEMOS Filho (2005) (pp. 81-94)

- A observação da vida social revela uma multidão de ações humanas, cujo próprio caráter
social reside em seu significado interior, ou seja, no sentido objetivo que possuem para os
indivíduos que as praticam.

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- Weber tem como objetivo interpretar as ações sociais para explicá-las de forma causal. Seu
método é o compreensivo = captação do sentido subjetivo da ação.

- Tipo ideal = são generalizações tipológicas e portanto, são abstratas, são construções do
pesquisador → dados estatísticos que possibilitam comprovar a relação causal dos
fenômenos sociais.

- Ação Social = é social a ação cujo sentido visado subjetivamente se refere a ações dos
outros, de tal maneira que o seu sentido não seria o mesmo se – segundo a percepção do
sujeito - , os outros não agissem ou pudessem agir desta ou daquela maneira (subjetivo).
 Ação racional, visando fins = determinada por expectativas em relação ao
comportamento, tanto de objetos do mundo exterior quanto de outros homens, sendo
essas expectativas utilizadas como “condições” ou “meios” para alcançar fins próprios,
racionalmente avaliados e procurados. Exemplo: o agente ao comprar um tênis se
preocupa com o tipo ou o preço.
 Ação racional, visando aos valores = determinada pela crença consciente em um valor
(ético, estético, religioso ou qualquer outro) próprio de uma conduta específica, sem
relação alguma com o resultado, ou seja, baseada nos méritos desse valor. Exemplo: o
agente ao comprar um tênis se preocupa com a marca.
 Ação afetiva = especialmente emotiva, determinada por afetos e estados sentimentais.
Exemplo: o agente ao comprar um tênis se preocupa em escolher o que gosta mais.
 Ação tradicional = determinada por um costume arraigado. Exemplo: o agente compra o
tênis que está acostumado a comprar sempre.

- Relação Social = conduta de vários, referida reciprocamente conforme seu conteúdo


significativo. Os indivíduos se relacionam através de suas ações quando estas, por seu
sentido subjetivo, têm caráter recíproco.

Três tipos de dominação legítima

1) Dominação legal = baseada na legalidade e limitada pela ordem impessoal do Direito, os


cidadãos só devem obediência à essa ordem impessoal. Envolve regulamentos e registros
escritos → burocracia
2) Dominação tradicional = baseado na autoridade pessoal do governante investido por força
do costume, que é exercida nos limites da tradição → patrimonialismo
3) Dominação carismática = baseada no carisma, qualidade excepcional de liderança que se
manifesta como uma espécie de magnetismo pessoal mágico. Ruptura da dominação legal
ou tradicional

A ética protestante e o espírito do capitalismo

O capitalismo é um tipo de mentalidade, é um tipo de comportamento econômico


particular que se caracteriza pela procura de lucros cada vez maiores, graças à utilização
racional, calculada e metódica dos meios de produção.
Afirma que o surto econômico dos países protestantes da Europa e América do Norte
ocorreu porque sua religião valoriza o individualismo, o trabalho árduo, o êxito pessoal e a
acumulação de riquezas.
- Calvino = idéia da mesquinhez e pobreza total do Homem perante Deus;
- Trabalho como conduta ética oposta à preguiça, ociosidade e inação;
- Apoio ao desenvolvimento científico com vista a otimização da produção.

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AULA 6– Karl Marx (1818-1883)

Bibliografia:
LEMOS Filho (2005) (pp. 101-108)

A sociedade humana é o produto de uma luta entre a natureza e nossos remotos


ancestrais. O conteúdo concreto dessa luta é o trabalho. Para os marxistas, foi o trabalho
que, agrupando os nossos ancestrais na luta pela sobrevivência, deu origem às sociedades.
Foi o trabalho que fez a passagem do animal para o homem.

Modo de Produção: Modo de se conseguir os meios de vida materiais, necessários para a


sobrevivência dos homens e o desenvolvimento da sociedade. Historicamente, cada modo
de produção representa a unidade das forças produtivas e das relações sociais de produção,
o que pode ser visto numa dada Formação Histórica. Os Modos de Produção sucedem-se ao
longo da História, desde o Tribal, passando pelo Escravista, o Feudal, chegando ao
Capitalista, que, no seu desenvolvimento e esgotamento dará lugar ao Modo de Produção
Socialista .

Os homens para sobreviverem se baseiam em várias relações, como as relações


produtivas.
As relações de produção são as divisões do trabalho que movem as forças produtivas,
essa atividade é relacionada a propriedade e a posse dos meios de produção. Elas são a
estrutura econômica da sociedade, a base real à qual correspondem formas sociais
determinadas de consciência, a qual encontramos na superestrutura.
As forças produtivas são os meios de produção, ou seja, as ferramentas, as
máquinas, a terra. Dentro desse conceito está o homem interagindo com as ferramentas, as
máquinas e com a terra.
Quando as forças produtivas entram em contradição com as relações de produção,
têm-se uma revolução social. Isso ocorre porque a base econômica transtorna lenta ou
rapidamente, a superestrutura. Podemos notar esse fenômeno na transição do feudalismo
para o capitalismo, uma vez que as relações entre senhores feudais e servos deixou de
existir e em seu lugar apareceu a relação capitalista (detentora dos meios de produção) e o
proletário (detentor da força de trabalho). Sendo assim, a contradição fundamental se dá
entre as forças produtivas novas e as relações de produção envelhecidas.
Para Marx, as relações materiais formam a base para todas as demais relações. A
sociedade está dividida em infra-estrutura (base econômica) e superestrutura (base
ideológica). Assim, a infra-estrutura condiciona a superestrutura, pois toda atividade
produtiva faz com que as pessoas se relacionem de alguma forma.

Relação entre Infra-estrutura e Superestrutura: A infra-estrutura é o conjunto das relações de


produção que correspondem a um período determinado do desenvolvimento das forças
produtivas. A superestrutura é constituída pelas instituições jurídicas e políticas e por
determinadas formas de consciência social (ideologia). O marxismo atribui grande
importância à relação da infra-estrutura com a superestrutura. Quando se tem uma noção
justa dessa relação recíproca e dos vínculos que as unem à produção e às forças produtivas,
é possível descobrir as leis objetivas do desenvolvimento social e superar o subjetivismo no
estudo da história e da sociedade.

Método = Materialismo histórico dialético: contradição entre infra-estrutura (forças produtivas)


no processo de melhoria qualitativa e superestrutura (Estado, Leis) que levam à superação

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das leis e do Estado (relações mútuas, ação recíproca, modificações mútuas → nascimento,
desenvolvimento e decadência das coisas).
1) Tudo se relaciona;
2) Tudo se transforma;
3) Mudança qualitativa;
4) A luta dos contrários.

Marx fez duas grandes descobertas:


1) a infra-estrutura (base econômica) determina a superestrutura (base ideológica);
2) A origem do lucro é a mais valia.

Ideologia: A ideologia é o processo pelo qual as idéias da classe dominante se tornam idéias
de todas as classes sociais, se tornando idéias dominantes. Isto significa que:
1) a dominação de uma classe sobre a outra, faz com que só sejam consideradas válidas,
verdadeiras e racionais as idéias da classe dominante.
2) para que isso ocorra, é preciso que os membros da sociedade não se percebam como
estando divididos em classes;
3) para que todos os membros da sociedade se identifiquem com estas características
supostamente comuns a todos, é preciso que elas sejam convertidas em idéias comuns a
todos;
4) como tais idéias não exprimem a realidade real, mas representam a aparência social é
preciso inverter a relação fazendo com que a realidade concreta seja tida como a realização
dessas idéias.

Luta de classes : Existem contradições no capitalismo e é a partir daí que a luta de classes
se dá. A primeira contradição se dá entre as forças e as relações de produção. Apesar do
sistema capitalista produzir cada vez mais, as relações de propriedade a distribuição de
renda não acompanham esse ritmo. A segunda contradição diz respeito ao aumento das
riquezas e a miséria crescente da maioria. Essa contradição criará então uma crise
revolucionária. Através da consciência de classe, os proletários lutarão pelo poder e pela
transformação das relações sociais. A revolução proletária marcará assim o fim das classes
e do caráter antagônico da sociedade capitalista, criando uma sociedade sem classes.
Existem duas características cruciais no sistema capitalista:
1) Alienação4 = cria seus produtos com caráter de mercadoria, esse caráter é predominante
e determinante. Como o sistema capitalista cria mercadorias, o homem ao vender sua
força de trabalho, pois foi separado dos meios de produção pela divisão do trabalho,
transforma-se em mercadoria também, consequentemente o trabalhador aparece como
trabalhador livre assalariado e vira escravo do sistema capitalista.
2) Mais-valia: o capital produz capital e para isso tem que produzir mais valia. Para se obter
a mais valia deve reduzir-se o tempo de trabalho necessário para produção de uma
mercadoria. A mais valia funda a acumulação do capital, pois tem suas raízes na
exploração do proletariado. A mais valia aparece para o capitalista como lucro, como
riqueza adicional disponível. O lucro não é uma simples categoria de distribuição do
produto, entregue ao consumo individual. O trabalho assalariado não determina o valor e
sim o tempo social de trabalho. O trabalho humano é a única mercadoria que cria valor,
por isso tem um peso social tão grande.

Suponhamos que um trabalhador recebesse pela produção de 1 sapato por dia e o


capitalista o contratou para trabalhar 8 horas. Se o trabalhador demora 4 horas para produzir
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O filme Metrópolis de Fritz Lang e Tempos Modernos de Charles Chaplin são críticas ferrenhas ao capitalismo
que desumaniza os homens e suas relações.
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aquele 1 sapato e é contratado para trabalhar 8, conclui-se que nas quatro horas restantes
produziu mais 1 sapato e o lucro desse 1 sapato fica totalmente com o capitalista.
O capitalismo é considerado como um sistema social explorativo, pois separando o
homem dos meios de produção, o escravizou ao sistema para que ele pudesse sobreviver e
produzir mais valia, porque trabalha muito mais tempo do que o necessário para receber seu
salário.
O outro aspecto explorativo do sistema capitalista é a propriedade privada, que
causou a expropriação do trabalhador do solo.
Segundo Marx, quando o proletariado tivesse consciência de que é ele que produz o
capital através da mais valia, ele se libertaria da dominação burguesa.

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