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INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA – 1° PERÍODO PSICOLOGIA

1.1. A PALAVRA SOCIOLOGIA

A palavra sociologia foi criada pelo pensador francês Augusto Comte em 1839 em seu
curso de filosofia positiva. A palavra sociologia é híbrida, isto é, ela é formada por duas
línguas diferentes: Sócio do latim significa social ou sociedade, logia do grego significa
estudo, formando assim, o “estudo do social” ou “estudo da sociedade”.

1.2. CONCEITOS DE SOCIOLOGIA

A sociologia possui uma infinidade de conceitos para identificá-la e explicá-la,


diferenciando-a de outras ciências ou tipos de conhecimentos. Vejamos alguns conceitos
segundo alguns sociólogos: para Durkheim “a sociologia é a ciência das instituições”; para L.
Ward e W. G. Summer “a sociologia é a ciência da sociedade”; para F. H. Gilddings “a
sociologia é a ciência dos fenômenos sociais”. Ela também já foi definida por Robert Park
como “ciência do comportamento coletivo”, por Small de “ciência das relações humanas”.
Para Weber a “sociologia é a ciência que procura uma compreensão interpretativa da
ação social para chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos”.
Para alguns sociólogos brasileiros como Carlos Benedito Martins a “sociologia é o
resultado de uma tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente novas criadas
pela então sociedade capitalista”; para Costa Pinto a “sociologia é o estudo científico da
formação, organização e transformação da sociedade humana”.

1.3. OBJETIVO, OBJETO, CAMPO DE ESTUDO E IMPORTÂNCIA.

O objetivo da sociologia é aumentar ao máximo o conhecimento do homem e da


sociedade através da investigação científica.
O objeto de estudo da sociologia é os fenômenos sociais, isto é, tudo aquilo que se
refere às relações entre as pessoas, suas questões nos seus grupos sociais ou entre os
grupos dinamizando a sociedade como um todo.
O campo de estudo da sociologia é a sociedade como um todo, envolvendo todas as
suas particularidades, sejam em características políticas, econômicas, sociais, culturais,
históricas, etc.
A sociologia é importante porque nos permite compreender melhor a sociedade em
que vivemos e consequentemente, explicar e buscar soluções para a complexidade das
questões sociais. Assim a sociologia vem se tornando uma ciência imprescindível para o
conhecimento do mundo atual.

1.4. A SOCIOLOGIA E AS DEMAIS CIÊNCIAS SOCIAIS

Com a complexidade do mundo social e o avanço do conhecimento, tornou-se


necessária uma divisão das ciências sociais em diversas disciplinas, com a finalidade de
produzir um conhecimento mais rigoroso e criterioso, facilitando a sistematização do estudo
e das pesquisas. Assim podemos destacar algumas ciências sociais que contribuem para os
estudos sociológicos e o entendimento do mundo social:

Economia – estuda as atividades ligadas à produção, distribuição, circulação de bens e


serviços;

Ciência política – estuda a distribuição de poder nas sociedades, bem como a formação e o
desenvolvimento das diversas formas de governos;

Antropologia – estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os vários


agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas.

1.5. O CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO

A sociologia se baseia no conhecimento científico, por isso, utiliza-se das regras


metodológicas da ciência social como a pesquisa, a objetividade, a observação, as
entrevistas e questionários.

1.6. O SER SOCIOLÓGICO E O SER BIOLÓGICO

Observando a sociedade, percebemos que as pessoas caminham, correm, dormem,


respiram – isso é biológico (orgânico). Mas as pessoas também cooperam umas com as
outras no trabalho, recebem salários, descontam cheques, entram em greve, estudam,
namoram, casam e etc – isso é sociológico (superorgânico); são essas atividades que fazem
do homem um ser sociológico e, que merecem toda a atenção da sociologia enquanto
ciência que busca a compreensão e explicação dos diversos tipos de relações sociais.

1.7. PRINCIPAIS TEMAS SOCIOLÓGICOS

Como a sociedade é formada pelos diversos tipos de relações sociais, a sociologia se


interessa por essas relações que dinamizam a sociedade, por isso, seus principais temas se
envolvem e se confundem dentro da complexidade das relações sociais - dentro dos grupos
sociais: da família, de amigos, do trabalho, da cultura, da ideologia, da cidadania, da política,
da economia, isto é, em todos os níveis de relações sociais.

1.8. A SOCIOLOGIA EM NOSSO COTIDIANO

A sociologia convive constantemente em nosso dia-a-dia. Vivemos em sociedade,


estamos sempre nos relacionando com outras pessoas através dos grupos sociais, quando
não estamos em casa com o nosso grupo familiar, estamos na rua com o grupo de amigos ou
na escola nos relacionando com os colegas, enfim estamos sempre nos relacionando
socialmente.
Fazemos parte de um sistema estrutural e conjuntural no qual precisamos
compreender e descobrir que muitos fatos (“problemas”) que ocorrem em nossa vida diária
esta ligada às condições sociais. É neste conjunto de ralações sociais que a sociologia busca
compreender e explicar a sociedade, nossa complexidade, antagonismo, harmonia, crises,
etc.
2.1. HISTÓRIA DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

A busca de compreensão e explicação da sociedade já existia desde a Antiguidade,


passando pelo Período Medieval e Idade Moderna, mas este pensamento não tinha uma
base sociológica, pois os filósofos dessa época acreditavam que Deus e a natureza
controlavam a sociedade, teorizavam modelos de sociedades ideais requisitando às pessoas
que seguissem esses modelos, por isso, durante todos esses períodos o pensamento sobre o
social estava influenciado por um caráter normativo (estabelecer regras para vida social) e
finalista (objetivo de uma organização social ideal), impedindo um entendimento científico
da realidade social. Outro fator que contribuiu para a inexistência da sociologia foi o fato de
que as sociedades pré-capitalistas eram relativamente estáveis, o ritmo e o nível das
mudanças eram razoavelmente lentos, não se percebendo a sociedade enquanto um
“problema” merecedor de análises e investigação minuciosa (científica).

2.2. TEORIAS QUE INFLUENCIARAM NA FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA

Para a sociologia se consolidar como ciência ela teve que abandonar seu caráter
normativo e finalista. Por isso, ela sofreu a influência de teorias e métodos das ciências
biológicas e naturais: a teoria evolucionista de Charles Darwin (1809-1882), onde diz que ao
longo de milhões de anos todas as espécies de seres vivos evoluíram; A biologia foi outra
ciência que influenciou na cientificidade sociológica, através de Herbert Spencer (1820-
1903), que criou uma sociologia organicista onde se fazia uma analogia do organismo vivo
com a sociedade. Neste contexto foi fundamental aceitar a idéia de que os fenômenos
sociais obedecem a leis naturais, embora produzidas pelos homens, esta foi a importância
do positivismo que deu os primeiros passos para a cientificidade da sociologia. Foi, por isso,
também, que logo no seu início, a sociologia recebeu outros nomes como fisiologia social
(por Saint-Simon), ou física social (por Augusto Comte).
Outros teóricos fizeram suas interpretações sociais buscando dar à sociologia um
caráter de ciência, buscando a consolidação definitiva sobre um conhecimento verdadeiro e
importante para a sociedade; estes desenvolveram um conhecimento científico-social onde
abrange todos os aspectos da sociedade, utilizando-se de outras ciências sociais como a
economia (produção material), política (relações de poder), antropologia (aspectos culturais)
e outras. Neste processo foram importantes as contribuições de Karl Marx, Emile Durkheim
e Max Weber.

2.3. FATORES HISTÓRICOS

Os fatores ou transformações históricas que contribuíram para a consolidação do


capitalismo e o surgimento da sociologia estão relacionados ao contexto geral da transição
do feudalismo para o capitalismo, onde podemos destacar:

Os fatores históricos que vinham ocorrendo desde o século XVI como: Reforma Protestante
(mudança religiosa), Formação dos Estados Nacionais e o Absolutismo (mudança política e
territorial), Grandes navegações (mudança geográfica), Humanismo/Renascimento
(mudança cultural), Revolução científica (mudança na ciência), Iluminismo (mudança
ideológica).
As transformações socioeconômicas do século XVIII provocadas pela dupla revolução:

Revolução Francesa representou a mudança política-jurídica na história das sociedades


ocidental, baseado nos ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, a burguesia
que já dominava o poder econômico reivindicava agora o poder político, o que aconteceu
durante a revolução francesa. Assim adotaram novo regime político de representatividade
política e sistemas econômicos favoráveis aos seus interesses.

Revolução Industrial representou as transformações de mudança socioeconômicas, com o


surgimento das máquinas, com maior divisão técnica do trabalho, com o aumento da
produção, da urbanização, do êxodo rural; a sociedade torna-se mais complexa e dinâmica,
agravando-se também as questões sociais como: crescimento acelerado do desemprego,
miséria, alcoolismo, prostituição e etc.

2.4. A RELAÇÃO DO CAPITALISMO COM A SOCIOLOGIA

O surgimento, a formação e o desenvolvimento da sociologia estão relacionados


diretamente com a consolidação do capitalismo a partir da Revolução industrial e da
Revolução francesa do século XVIII, que criaram novas condições socioeconômicas e político-
ideológico, que caracterizam a sociedade capitalista, como o surgimento da indústria, da
relação entre burguesia e operário, de regimes políticos e leis burguesas.
O sistema capitalista possui uma estrutura social inédita na história da humanidade,
que nos instiga a uma reflexão sobre este sistema, suas transformações, suas crises, seus
antagonismos.
É dentro desse contexto que surge a necessidade de se compreender e explicar essa
nova realidade. Por isso, precisou-se de uma ciência que estivesse voltada para essas
transformações. A sociologia constitui em certa medida uma resposta intelectual às novas
situações geradas pela nascente sociedade capitalista industrial.

2.5. AS CORRENTES SOCIOLÓGICAS

A existência de interesses opostos na sociedade capitalista penetrou e invadiu a


formação da sociologia, impedindo um entendimento comum por parte dos pensadores, por
isso, a sociologia se dividiu ideologicamente entre a conservação e a transformação do
status quo, dando margem ao nascimento de diferentes tradições sociológicas (correntes
sociológicas) que representam as diferentes tendências ideológicas de compreensão e
explicação da sociedade capitalista. Assim, temos as primeiras teorias sobre as
transformações provocadas pelo capitalismo:

Profetas do passado – representados pelos pensadores Edmund Burk (1729-1797), Joseph


de Maistre (1753-1821) e Louis de Bonald (1754-1840). Estes eram conservadores e
tradicionalistas, tinham um pensamento reacionário: condenavam o iluminismo e a
revolução francesa, culpavam pelo caos social, desorganização da família, da religião, das
corporações. Estes ideólogos eram apaixonados pelo equilíbrio das instituições religiosas,
monárquicas e aristocráticas da época feudal. Por isso, defendiam a ordem e o equilíbrio da
sociedade, preocupou-se com o controle, integração, posição, hierarquias sociais e também
com os rituais da sociedade.
Socialismo utópico (ou romântico) – representado por Saint-Simon (1760-1825), Charles
Fourier (1772-1837), Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), Louis Blanc (1811-1882) e Robert
Owen (1771-1858). Estes eram transformadores, mas românticos, pois acreditavam que os
ricos capitalistas voluntariamente abririam mão de suas riquezas partilhando com os pobres;
apelavam para a natureza boa do ser humano que foi pervertida pelo sistema capitalista.
Eram utópicos porque criticavam o capitalismo e anunciavam os princípios de uma
sociedade futura ideal, mas sem indicar os meios para torná-la real.

Positivismo – O positivismo é uma matriz teórico-filosófica que deu origem a uma sociologia
conservadora e afirmadora da sociedade capitalista. Representado por Augusto Comte
(1798-1857) e Emile Durkheim (1858-1917). Estes se dedicaram em buscar a estabilidade
social, preocuparam-se com os problemas da manutenção da ordem capitalista, queriam
estabelecer o bom funcionamento desta sociedade, pretendiam solucionar os problemas
sociais através da coerção física e da educação moral, esta seria a função da sociologia
enquanto ciência positiva.

Socialismo científico – representado por Karl Marx (1818-1883) e Frederic Engels (1820-
1895). As ideias marxistas eram de base estritamente econômica, assim, todas as questões
sociais tinham origem na desigualdade econômica entre as classes proprietárias e as não
proprietárias dos meios de produção. Por isso, pretendiam realizar mudanças radicais nesta
sociedade através de uma revolução socialista do proletariado, introduzindo a sociedade
comunista como uma sociedade justa e igualitária. Essa perspectiva despertou um
pensamento sociológico crítico e negador da sociedade capitalista.

Funcionalismo – representa uma teoria reprodutora e conservadora da sociedade


capitalista. O principal representante do funcionalismo é Emile Durkheim (1858-1917), este
pensador estabelece uma analogia entre a sociedade e o organismo biológico humano.
Assim a sociedade funciona graças a seu sistema orgânico, onde cada instituição ou pessoa
faz parte de relações funcionais, fazendo uma organização social de dependência e
complementaridade das atividades sociais, assim a sociedade é um todo organizado e
harmônico.

Marxismo – corresponde às várias interpretações e continuação complementares das


teorias de Karl Marx e Engels. Entre seus principais representantes podemos destacar: Lênin
(1870-1924), Rosa Luxemburgo (1871-1919), Gramsci (1891-1937) e outros. Baseado no
socialismo científico e nas novas conjunturas e contexto em que viviam, estes pensadores
desenvolveram novas perspectivas teóricas e práticas, implementando assim o socialismo
real, diferente do socialismo ideal (proposto por Marx).

Escola de Chicago – fundada em 1892, seus principais representantes são George Homans
Cooley (1846-1929), Talcott Parsons (1902), Robert K. Merton (1910). Estes foram
influenciados pelo positivismo e o funcionalismo do francês Durkheim, do polonês
Malinowski (1884-1942), e do italiano Vilfredo Pareto (1848-1923). Assim a sociologia
chegou aos E.U.A, através da escola de Chicago que desenvolveu a investigação de campo,
de dados empíricos neutros e objetivos, com procedimentos quantitativos e estatísticos,
foram pioneiros nos métodos ecológicos e etnográficos; desvinculando-se da realidade
concreta de sua época, construíram vários conceitos arbitrários e artificiais, dedicando-se a
casos isolados e irrelevantes como as relações sociais em outras sociedades e outros
momentos. A sociologia norte-americana pretendia neutralizar os ideais e teorias do
socialismo marxista, entretanto, também romperam com o estilo dos clássicos que se
dedicaram a uma significação histórica como a formação do capitalismo e a totalidade da
vida social.

Escola de Frankfurt – fundada em 1923, sob o nome de Instituto de Pesquisa Social, seus
principais representantes são: Max Horkheimer (1895-1973), Walter Benjamin (1892-1940),
Theodor W. Adorno (1906-1969), Herbert Marcuse (1898-1979) e Jurgem Habermas (1929).
Sua filosofia também é conhecida como Teoria crítica. Os frankfurtianos criticam a
dominação da natureza para fins lucrativos colocando a ciência e a técnica a serviço do
capital. Os frankfurtianos querem recuperar a razão não repressora, capaz de autocrítica e a
serviço da emancipação humana. Esses pensadores reutilizam o conceito de iluminismo em
sentido mais amplo – um pensador iluminista sempre combate as supertições, o arbítrio do
poder e defende o pluralismo e a tolerância.

2.6. OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA

Os primeiros pensadores que testemunharam as transformações sociais que ocorriam desde


o século XVIII e que se preocuparam em compreender e explicá-las, não eram homens de
ciência ou sociólogos que viviam desta profissão. Eram antes de tudo homens voltados para
a ação, que desejavam introduzir determinadas modificações na sociedade. Participavam
ativamente dos debates ideológicos em que se envolviam as correntes liberais,
conservadoras e socialistas. Eles não desejaram introduzir um mero conhecimento sobre as
novas condições de vida geradas pela revolução industrial, mas procuravam extrair dele
orientações para a ação, tanto para manter, como para reformar ou modificar radicalmente
a sociedade de seu tempo. Entre esses pensadores podemos destacar: Comte, Marx,
Durkheim e Weber. Estes são considerados clássicos da sociologia, pois seus pensamentos
ainda têm poder explicativo, sua vitalidade teórica e explicativa ainda alcança a era
contemporânea, embora apresente limitações.

COMTE, MARX, DURKHEIM e WEBER

3.1. VIDA E OBRA: Comte

Isidore Augusto Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático francês, nasceu
em Montpelier a 19 de janeiro de 1798. Foi fundador do positivismo foi ele também que
batizou com o nome de sociologia uma nova ciência que antes ele chamava de “física social”.
Augusto Comte foi importante para a sociologia, pois, através de sua perspectiva positivista
que deu os primeiros passos para a cientificidade da sociologia, mas ainda confundida com
uma filosofia social e religiosidade de tipo ideologicamente conservadora. Suas principais
obras são: Curso de Filosofia Positiva e Sistema de Política Positiva.
OS TRÊS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO POSITIVISMO COMTEANO

I – Prioridade do todo sobre as partes: significa que, para compreender e explicar um


fenômeno social particular devemos analisá-lo no contexto global a que pertence.
Considerava que tanto a sociologia estática (estudo da ordem das sociedades em
determinado momento histórico) quanto à sociologia dinâmica (estudo da evolução das
sociedades no tempo) deveriam analisar a sociedade, de uma determinada época,
correlacionando-a a sua história e a história da humanidade (a sociologia de Comte é, na
realidade, sociologia comparada, tendo como quadro de referência a história universal);

II – O progresso do conhecimento é característica da sociedade humana: a sucessão de


gerações, com seus conhecimentos permitem uma cumulação de experiências e de saber
que constitui um patrimônio espiritual objetivo e liga as gerações entre si, existe uma
coerência entre o estágio dos conhecimentos e a organização social;

III – O homem é o mesmo por toda à parte e em todos os termos: em virtude de possuir
idêntica constituição biológica e sistema cerebral.

3.3. A LEI DOS TRÊS ESTADOS

1°. Estado teológico ou fictício – na fase inicial da evolução histórica, o mundo, a vida, os
fenômenos em geral são explicados através dos recursos das forças sobrenaturais, mágicas
dos deuses, primeiramente é a forma de feiticismo no monoteísmo.
A esta forma de conhecimento, corresponde uma forma de organização sociopolítica: o
Governo Monárquico em que o poder real absoluto é legitimado pelo direito divino. Aqui se
explicam os diversos fenômenos através de causas primeiras, em geral personificadas nos
deuses. O estado teológico subdividiu-se em:

a). Fetichismo, em que o homem confere vida, ação e poder sobrenaturais a seres
inanimados e a animais.
b). Politeísmo, quando atribui às diversas potências sobrenaturais ou deuses certos traços da
natureza humana (motivações, vícios e virtudes).
c). Monoteísmo, quando se desenvolve a crença num Deus único.

2º. Estado metafísico ou abstrato – nesta fase assim como na anterior a sociedade ainda
busca explicações de caráter absoluto. A diferença é que a divindade é substituída por
conceitos como a “essência” e substância (a coisa em si), “causas primárias” (origem
absoluta), “causas finais” (destinado absoluto), que embora produzidos pela razão, não pode
ser comparadas objetivamente. A organização sociopolítica própria a esta fase é a República
liberal, fundamentada em suposições metafísicas, ou seja, nos direitos humanos.
As causas primárias são substituídas por causas mais gerais – as entidades metafísicas – ,
buscando nestas entidades (ideias) explicações sobre a natureza das coisas e a causa dos
acontecimentos.

3°. Estado positivo ou científico – é o último estágio da evolução humana, em que a


sociedade atinge o conhecimento científico, isto é, verificável, objetivo e que se expressa em
termos de leis naturais. A filosofia de Comte é justamente uma análise do estado positivo. O
homem tenta compreender as relações entre as coisas e os acontecimentos através da
observação científica e do raciocínio, formulando leis; portanto, não mais procura conhecer
a última das coisas e as causas absolutas.

O CONHECIMENTO POSITIVO

Segundo Comte, o único conhecimento válido é que se baseia em fatos. Por isso, a
imaginação deve estar completamente subordinada a observação da realidade sensível e
manipulável pela técnica. Constantemente, abandona-se qualquer tentativa de
conhecimento absoluto ou pelas causas, o objetivo é chegar às leis, ou seja, as relações
constantes que os fatos possuem entre si.
Para Comte, somente a filosofia positivista, livre das teologias e da metafísica,
poderia superar as contradições da humanidade, levando a alcançar o seu destino de
progresso.

A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS

Comte classificou as ciências segundo dois critérios interdependentes:

a) O critério de generalidade decrescente e complexidade crescente;


b) O critério histórico, a ordem histórica das ciências: matemática, astronomia, física,
química, biologia e sociologia.

A POLÍTICA POSITIVISTA

O fundamento da política positiva é: “o amor por princípio, a ordem por base e o


progresso por fim”. Só pode haver progresso social na medida em que o governo mantém a
ordem, reprimindo as manifestações críticas, sufocando revoltas, garantindo desta forma a
paz, a ordem e o progresso.
Para Comte, o governo deve ser ditatorial, para poder instaurar a nova moral
positiva, subordinando os interesses individuais ao coletivo, garantir a ordem social a
qualquer custo.

A RELIGIÃO DA HUMANIDADE

Comte propôs uma religião positivista, cujo objeto de culto é a própria humanidade,
através da veneração dos motivos, principalmente os filósofos e cientistas. Essa religião seria
a base da política positiva, na medida em que seus sacerdotes, os sábios deveriam inculcar
na sociedade os princípios morais.

3.2 VIDA E OBRA : Marx

Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de maio de 1818 em Trier cidade situada na fronteira
da Prússia Renana com a França. Marx foi um dos principais pensadores do século XIX, ele foi
fundador do socialismo científico e grande ativista a favor da revolução proletária, apesar de
não ser um sociólogo de profissão, suas teorias despertaram a consciência de uma sociologia
crítica. Uma das principais características do pensamento de Marx é a Práxis, isto é, não foi
um teórico de gabinete ele aliava teoria e prática, participando dos movimentos sociais e
revolucionários. Era um pensador de tendência ideológica transformadora, pretendia
transformar a sociedade capitalista em uma sociedade comunista através da revolução
socialista proletária. Entre suas principais obras podemos destacar: A Sagrada Família (1845),
A Ideologia Alemã (1845-1846), Miséria da Filosofia, Manifesto do partido comunista,
As lutas de classe na França (1850/59), o 18 Brumário de Luis Bonaparte (1852/55), Crítica
da economia política (1859) e O capital.

INFRAESTRUTURA (BASE) E SUPERESTRUTURA

Marx considerava que não se pode pensar a relação individuo e sociedade


separadamente das condições materiais em que essas relações se apoiam. Para ele, as
condições materiais de toda sociedade condicionam as demais relações sociais. Em outras
palavras, para viver, os homens têm de, inicialmente transformar a natureza, ou seja, caçar,
construir abrigos, utensílios, etc., sem o que não poderiam existir como seres vivos. Por isso,
o estudo de qualquer sociedade deveria partir justamente das relações sociais (de produção)
que os homens estabelecem entre si e no processo de produção. Essas relações sociais de
produção são a base (infraestrutura) – é o modo de produção, a maneira básica como a
sociedade organiza a produção de bens. A superestrutura repousa sobre a base e tem que
refletir sua forma, na produção da vida os homens geram também outra espécie de
produtos que não têm forma material: as ideologias políticas, concepções religiosas, códigos
morais e estéticos, sistemas legais, de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e
científico, representações coletivas de sentimentos, ilusões, modos de pensar e concepções
de vida diversa e plasmada de um modo peculiar.
Para Marx, portanto, a produção é a raiz de toda a estrutura social. Na sociedade
antiga, por exemplo, a relação social básica era a relação senhor x escravo. Não podemos,
segundo Marx, entender a política ou a cultura dessa época sem primeiramente estudar essa
relação básica que condicionava todo o resto da sociedade.

CLASSES SOCIAIS E LUTA DE CLASSES

Para Marx, o modo de produção capitalista se caracteriza pela divisão da sociedade


em classes, na exploração do trabalhador e na alienação, gerando assim uma sociedade
desigual, antagônica, injusta, irracional e anárquica que deve ser substituída pelo socialismo
através da revolução proletária.
Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem duas
grandes classes: de um lado, os capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem os meios
de produção (máquinas, ferramentas, capital, etc) necessários para transformar a natureza e
produzir mercadorias; do outro lado, os trabalhadores, também chamados, no seu conjunto,
de proletariados, aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e sua disposição para
trabalhar. Assim o conceito de classe em Marx estabelece um grupo de indivíduos que
ocupam uma mesma posição no processo de produção e nas relações de produção, em
determinada sociedade. A classe a que pertencemos é que condiciona de maneira decisiva
nossa atuação social. Neste sentido, é principalmente a situação de classe que condiciona a
existência do individuo e sua relação com o resto da sociedade: podemos compartilhar
idéias, amizades e comportamentos de indivíduos de outras classes, mas no momento de
conflito, como nas greves ou mesmo no mercado (consumo), as diferenças irão aparecer de
acordo com a classe a que pertencemos. Nessa relação de classes surge a “classe em si” e
“classe para si”:

- “Classe em si” – quando o individuo não tem consciência de classe, ele encontra-se em
qualquer posição (status) na estrutura econômica;
- “Classe para si” – quando a pessoa tem consciência de classe, ele assume uma posição
político-ideológica.

MODO DE PRODUÇÃO E RELAÇÕES DE PRODUÇÃO

Ao viverem em sociedade, as pessoas participam diretamente da produção, da


distribuição e do consumo de bens e serviços, ou seja, participam da vida econômica da
sociedade. Para Marx, a produção é um processo de transformação da natureza da qual
resultam bens que vão satisfazer as necessidades do homem. Portanto, produzir é dar uma
nova combinação aos elementos da natureza. O processo de produção compõe-se de três
elementos associados: trabalho, matéria-prima e instrumentos de produção:

• Matéria-prima + instrumentos de produção = meios de produção.


• Meios de produção + trabalho = forças produtivas.
• Relações de produção + forças produtivas = modo de produção.

No processo produtivo, os homens estão ligados entre si e dependem uns dos outros.
O trabalho é um ato social, no sentido de que é realizado na sociedade. As relações que se
estabelecem entre os homens na produção, na troca e na distribuição dos bens são relações
de produção. Essas relações existem em todos os processos de produção, no caso capitalista,
ela ocorre antagonicamente entre os proprietários dos meios de produção e os
trabalhadores.
O modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços,
como os utiliza e como os distribui. Assim, numa determinada época histórica, uma
sociedade tem uma certa maneira de se organizar para produzir e para distribuir sua
produção. Nesta teoria as relações de produção são o centro organizador de todos os
aspectos da sociedade.
Para Marx, as forças produtivas alteram-se no percorrer da história, antes se
produzia com instrumentos simples hoje se utiliza instrumentos complexos. Ao longo da
história, os homens têm produzido aquilo de que necessitam de vários modos e se
organizado também.
Por isso, segundo a dialética marxista e seu materialismo histórico, pode-se afirmar
que a história da humanidade é a história da transformação da sociedade humana pelos
diversos modos de produção: modo de produção primitivo, modo de produção escravista,
modo de produção asiático, modo de produção feudal, modo de produção capitalista e
modo de produção socialista.

O CAPITAL E A MAIS-VALIA

Na obra O capital, Marx analisa detalhadamente as condições do sistema capitalista,


expõe suas contradições e limites. Neste livro, Marx usa os princípios e categorias da
dialética (filosofia) em uma questão econômica, para que a classe trabalhadora tenha
melhores instrumentos em sua luta (prática social). Nesta obra ele desvenda a complexidade
das relações entre a acumulação capitalista e a força de trabalho.
Para entender o processo da acumulação capitalista precisamos conhecer os
conceitos de mercadoria, dinheiro, capital, mais-valia, lucro, salário, força de trabalho e
como esses elementos se relacionam neste processo:

• Mercadoria = é tudo aquilo que se produz para ser vendido ou trocado no mercado,
ela possui dois valores, valor de uso (serve para satisfazer necessidades pessoais) e
valor de troca (serve para gerar dinheiro/lucro/capital) um bem só se torna
mercadoria quando passa a ter valor de troca;

• Força de trabalho = é a energia física e mental utilizada para produzir bens ou


serviços. A fonte de valor da mercadoria é a força de trabalho, o valor da mercadoria
é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la, sem
trabalho os objetos não tem valor de troca, logo não podem ser mercadorias;

• Dinheiro = é uma mercadoria especial que pelo costume ou lei monopoliza o posto
de equivalente geral capaz de comprar outras mercadorias que satisfazem algumas
necessidades humanas (tem valor de uso);

• Capital = é a riqueza (dinheiro, máquinas, matériaprima) destinada a obter lucro que


é reinvestido na obtenção de mais riquezas;

• Lucro = é uma parte variável (depende das condições de mercado) da mais-valia


derivada das vendas das mercadorias;

• Salário = é o valor pago para o trabalhador (força de trabalho) que não corresponde
a riqueza gerada por ele, mas a penas ao suficiente para sua manutenção e de seus
filhos (alimentação, roupas, habitação);

• Mais-valia = é o valor a mais, criado pelo trabalhador no processo produtivo e que


não é repassado para ele; é a diferença entre o valor da produção total e o valor pago
pelo trabalho, é o excedente da produção, tudo que é produzido além do valor do
salário. Para Marx, o processo de produção e de relação social na sociedade
capitalista se realiza de maneira desigual e de exploração, pois nesse processo de
produção e na relação capitalista é que surge a mais-valia.

Existem dois tipos básicos de mais-valia:

• Mais-valia absoluta – cresce simplesmente prolongando a jornada de trabalho;

• Mais-valia relativa – cresce em relação ao aumento do sobre-trabalho e à


correspondente diminuição do tempo de trabalho necessário que ocorre através do
uso de tecnologia.
ALIENAÇÃO

A palavra alienação vem do latim (alienare, alienus) significa “que pertence a um


outro”. Alius é o outro. Portanto, sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio, transferir
para outrem o que é seu. Para Marx, a alienação ocorre no processo produtivo e nas
relações sociais de produção capitalista. A alienação não é puramente teórica, manifesta-se
na vida real, a partir da divisão do trabalho, quando o produto do trabalho deixa de
pertencer a quem o produziu; a divisão do trabalho na sociedade capitalista torna o homem
um ser incompleto e não realizado. O operário que trabalha em uma fábrica e produz
determinado objeto não escolhe seu próprio salário, o seu horário ou ritmo da produção,
isso é determinado por forças que lhe são estranhas. Além de tudo isso, o produto
produzido pelo operário não lhe é reconhecido e nem lhe pertence, pois devido à divisão do
trabalho ele executou apenas uma parte da produção e recebeu um salário para tanto. Esta
divisão do trabalho gera também certa indiferença entre os trabalhadores que executam
atividades diferentes, ficando estranhos entre si. A alienação no processo produtivo gera:

- Fetichismo da mercadoria – ocorre quando a mercadoria passa a ser considerada mais


importante que o individuo que produziu. Ocorre quando o valor de troca (o que a
mercadoria vale no mercado) se torna superior ao valor de uso (o que a mercadoria vale por
sua utilidade) determinando as relações humanas.

- Reificação do trabalhador – ocorre quando o trabalhador se torna um mero instrumento


produtor de mercadoria, quando a força de trabalho da pessoa se torna mercadoria e pode
ser vendida e comprada em troca de um salário. “É a humanização da mercadoria e a
desumanização da pessoa”.

IDEOLOGIA

No seu livro A ideologia alemã, Marx se refere à ideologia como um sistema


elaborado de representações e de idéias, que correspondem a formas de consciência que os
homens têm em determinada época. Essas representações e ideias são qualificadas como
quimeras, formas imaginárias, ilusão, sonho, enfim, algo que esta em oposição às condições
materiais da vida real. Aparece ai também a concepção de que a ideologia é a inversão da
realidade, no sentido de reflexo, como na câmara fotográfica, onde a imagem aparece
“invertida”. Marx diz que: “a existência condiciona a consciência”, ou seja, não é consciência
que determina a vida, é a vida que determina a consciência.
Para Marx, a ideologia é “um sistema de crenças ilusórias relacionadas a uma classe
social determinada”. Por isso, ele diz: “as idéias dominantes de uma época representam as
ideias da classe dominante”.
Percebe-se nas teorias de Marx, que o tema ideologia veicula uma relação
fundamental que é a oposição entre o falso (ideologia) e o verdadeiro (saber científico). O
falso representa a ideologia e o verdadeiro é representado pela ciência, que libertará o
proletariado da dominação burguesa.
Segundo as teorias marxistas, a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e
coerente de representações (idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que
indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem
pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem
sentir, o que devem fazer e como devem fazer. A ideologia é, portanto, tem as seguintes
características: é um corpo explicativo (representações) e prático (normas, regras, preceitos)
de caráter prescritivo, normativo, regulador.

A FUNÇÃO DA IDEOLOGIA

A função da ideologia é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma
explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais
diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera da produção.
Busca camuflar as diferenças de classes sociais antagônicas e de fornecer aos
membros da sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos referenciais
identificadores de todos e para todos, como, por exemplo: a Humanidade, a Liberdade, a
Igualdade, a Nação, o Estado, a Pátria, o Progresso, a Família e etc.

A DIALÉTICA MATERIALISTA e MATERIALISMO HISTÓRICO

Em termos de método, Marx enfatiza que o pesquisador não deve se restringir à


descrição da realidade social, mas deve também se ater á análise de como essa realidade se
produz e se reproduz ao longo da história. Por exemplo, em relação às classes na sociedade
capitalista não basta a descrição das duas classes sociais existentes – a capitalista e a dos
trabalhadores –, mas é preciso mostrar a maneira como essas classes surgiram na história,
como o conflito entre elas se mantém e quais as possibilidades de transformação dessas
relações de classe no futuro. Mostrando as possibilidades de transformação da realidade
social, o cientista social pode desempenhar um papel político revolucionário, ao tomar
partido da classe trabalhadora. Por isso, em Marx, a ciência tem um papel político
necessariamente crítico em relação à sociedade capitalista, devendo ser um instrumento
não só de compreensão, mas também de transformação da realidade. A metodologia
sociológica de Marx baseia-se na aplicação do seu materialismo dialético (concepção
filosófica) aos fenômenos sociais, que por sua vez, teve mérito de fundar uma teoria
científica de inegável alcance explicativo: o materialismo histórico (concepção científica). A
teoria da dialética materialista se resume em: tese, antítese e síntese. E as características de
sua dialética são: tudo se relaciona, tudo se transforma, mudança qualitativa e luta dos
contrários.

A CONCEPÇÃO DE ESTADO

Marx relacionou a existência do Estado às condições das classes sociais existentes na


sociedade. Assim, em vez do Estado imanente e superior, acima dos homens (como
pensavam os filósofos Hobbes, Locke e Rousseau), Marx apresenta-o como um instrumento
da classe dominante. A gênese do Estado reside, portanto na divisão da sociedade em
classes, sendo sua principal função conservar e reproduzir esta divisão, garantindo os
interesses da classe que domina as outras classes.
3.3. VIDA E OBRA: Durkhein

David Émile Durkheim, sociólogo francês nasceu em Épinal em 15 de abril de 1858,


estudou na Ecole Normale de Paris, tendo-se doutorado em filosofia. Em 1885 foi estudar na
Alemanha, sendo muito influenciado pelas idéias do positivismo de Wilhelm Wundt.
Durkheim é um dos principais clássicos da sociologia, foi responsável pela introdução
da sociologia nas universidades como disciplina e ciência acadêmica. De tendência ideológica
conservadora, ele corresponde a uma corrente sociológica funcionalista, cuja teorias e
metodologia de caráter comparativas consolidaram a sociologia como ciência social. Entre
suas principais obras podemos destacar: A divisão do trabalho social (1893), As regras do
método sociológico (1894), O suicídio (1897).
O sistema sociológico de Durkheim baseia-se em quatro princípios fundamentais:

• A sociologia é uma ciência independente das demais ciências sociais e da filosofia;


• A realidade social é formada pelos fenômenos coletivos considerados como “coisas”;
• A causa de cada fato social deve ser procurada entre os fenômenos sociais que
antecedem. Para explicar um fenômeno social deve-se procurar suas causas;
• Todos os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, formando uma realidade
especifica.

A DIVISÃO DO TRABALHO E A SOLIDARIEDADE

Durkheim possuía uma visão otimista da nascente sociedade capitalista industrial.


Considerava que a crescente divisão do trabalho que estava ocorrendo a todo vapor na
sociedade europeia e acarretava, ao invés de conflitos sociais, um sensível aumento da
solidariedade entre os homens.
De acordo com ele, cada membro da sociedade, tendo uma atividade profissional
mais especializada, passava a depender cada vez mais do outro. Julgava, assim que o efeito
mais importante da divisão de trabalho não era o aspecto econômico, ou seja, o aumento da
produtividade, mas sim, o fato de que ela tornava possível a união e a solidariedade entre os
homens (de maneira funcional.). A origem da divisão do trabalho está na densidade
dinâmica ou moral, é o aumento das dimensões absolutas ou do volume da sociedade que
determina o processo da divisão do trabalho, que é o fator preponderante de integração
social na sociedade moderna. O progresso da divisão do trabalho é o fio condutor do
processo evolutivo que liga as formas de sociedade mais simples às mais complexas, numa
evolução de estrutura segmentar a uma estrutura organizada – a divisão do trabalho
progride quanto mais existem indivíduos que estejam suficientemente em contato para
poder agir e reagir uns sobre os outros.

SOLIDARIEDADE MECÂNICA E SOLIDARIEDADE ORGÂNICA


(da sociedade tradicional à sociedade moderna)

Inspirado em ideias de Spencer e em um método analógico (comparação), Durkheim


desenvolveu a teoria no qual acreditava que as espécies sociais à semelhança das espécies
vivas podem ser classificadas numa escala evolutiva das mais simples às mais complexas:
caracterizou-se dois tipos de sociedade que corresponderiam ao inferior e superior da escala
evolutiva, ou seja, de uma sociedade simples/tradicional à uma sociedade
complexa/moderna; tais tipos consistem em duas formas de solidariedade social – dois
princípios de integração entre indivíduos e grupos no interior das sociedades: solidariedade
mecânica e a solidariedade orgânica.

» solidariedade mecânica: ocorre quando a consciência coletiva exerce um papel


preponderante como princípio de integração social. A sociedade se apresenta como um
conjunto mais ou menos organizado de crenças e sentimentos comuns a todos os indivíduos
(membros do grupo) é a semelhança de crenças e sentimentos que mantêm os indivíduos e
grupos unidos nesse tipo de sociedade todos exercem aproximadamente as mesmas
atividades, dividem os mesmos deuses. São sociedades primitivas (tribais), onde existe a
homogeneidade econômica e cultural. As consciências individuais são subordinadas à
consciência coletiva. O direito é repressivo, para manter a coesão social.

» solidariedade orgânica: a integração social é realizada a partir da diferenciação entre


indivíduos e grupos no interior da sociedade, existe um sistema de funções diferentes e
especiais, que unem relações definidas, trata-se da solidariedade produtiva pela divisão do
trabalho, que supõe precisamente a diferenciação e a complementaridade de funções com
forma de cooperação e entre os membros da sociedade. São sociedades modernas que
possuem uma organização complexa. O direito é restitutivo, não é tanto para punir as
condutas desviantes, mas impor a separação dos prejuízos causados pelo descumprimento
das obrigações profissionais ou funcionais (juridicamente seria o direito civil, comercial,
processual, administrativo).

QUESTÃO PATOLÓGICA E ANÔMICA DA SOCIEDADE

Durkheim é também admirado pelo estudo dos problemas da personalidade,


realizado em sua obra O suicídio (1897), em que a divisão do trabalho é tratada como um
desenvolvimento normal da sociedade humana, que propicia o aumento da iniciativa
pessoal em detrimento da autoridade exercida pela tradição. Entretanto, o número
crescente de suicidas nas sociedades desenvolvidas foi por ele considerado como um traço
patológico na organização social. Nesse sentido, Durkheim descreve três tipos de suicídios:

* Altruísta – quando o individuo fortemente ligado a um grupo não distingue entre seus
próprios interesses e os do grupo, sendo capaz de sacrificar-se por ele. É o caso de soldados
que se sacrificam para salvar companheiros. Esse tipo de suicídio também pode ser levado a
efeito pelo individuo que deixa de satisfazer os padrões do grupo: a morte é, então,
preferível a qualquer outra coisa;

* Egoísta – é o suicídio que ocorre quando o individuo não está envolvido com ninguém nem
com nenhuma causa, faltando-lhe laços emocionais que lhe tornem a vida digna de viver;

* Anômico – é o suicídio que se manifesta quando o individuo participa de uma sociedade


caracterizada pela anomia (ausência de regras, sem normas), sendo comum em épocas de
depressão econômica.
A importância de O suicídio está intimamente relacionada aos esclarecimentos que
presta quanto ao relacionamento humano, tanto no que se refere aos grupos quanto ao que
diz respeito às normas dos grupos.

O MÉTODO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA

Em sua obra As regras do método sociológico (1894), Durkheim propõem alguns


procedimentos aos pesquisadores: o método de uma ciência consiste no conjunto de regras
que o pesquisador deve seguir para realizar, de maneira correta, suas pesquisas. Como
Durkheim enfatiza o caráter exterior e coercitivo dos fatos sociais, ele colocará como regra
básica de seu método que o pesquisador deve analisar os fatos sociais como se eles fossem
coisas, isto é, como se fossem objetos que existem independentemente de nossas ideias e
vontades. Com isso, Durkheim enfatiza como fundamental para uma pesquisa científica a
posição de neutralidade e objetividade que o pesquisador deve descrever a realidade social,
sem deixar que suas ideias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais.

FATO SOCIAL

Para Durkheim, na relação individuo e sociedade, ele destaca que a sociedade


prevalece sobre o individuo. A sociedade é, para esse autor, um conjunto de normas de
ação, pensamento e sentimento que não existem apenas na consciência dos indivíduos, mas
que são construídos exteriormente. Isto é, fora das consciências individuais. Em outras
palavras, na vida em sociedade o homem defronta com regras de conduta que não foram
diretamente criadas por ele, mas que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo
ser seguidas por todos. Sem essas regras, a sociedade não existiria e é por isso que os
indivíduos devem obedecê-las. Os fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um
grupo social. O modo de vestir, a língua, o sistema monetário, a religião e uma infinidade de
outros fenômenos são considerados fatos sociais.
As leis são um bom exemplo do raciocínio de Durkheim. Em toda sociedade existem
leis que organizam a vida em conjunto. O individuo isolado não cria leis nem pode modificá-
las.
São as gerações de homens que vão criando e reformulando coletivamente as leis.
Essas leis são transmitidas para as gerações seguintes na forma de códigos, decretos,
constituições, etc. como indivíduos isolados, têm de aceitá-las; sob pena de sofrer castigos
por viola-las.
Seguindo essas ideias, Durkheim afirmara que os fatos sociais, ou seja, o objeto de
estudo da sociologia, é justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos
indivíduos em sociedade. Tais fatos sociais são diferentes dos fatos estudados por outras
ciências por terem origem na sociedade, e não na natureza (como nas ciências naturais) ou
no individuo (na psicologia).

CARACTERÍSTICAS DO FATO SOCIAL

Esses fatos sociais têm três características básicas que permitirão sua identificação na
realidade, elas são: gerais, exteriores e coercitivos.

1ª. Generalidade – o fato social é comum aos membros de um grupo;


2ª. Exterioridade – o fato social é externo ao individuo, existe independentemente de sua
vontade. Isto é, consistem em ideias, normas ou regras de conduta que não são criadas
isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora de nós
quando nascemos.

3ª. Coercitividade – os indivíduos veem-se obrigados a seguir o comportamento


estabelecido porque essas ideias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da
sociedade; se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira
pelo resto do grupo.

É justamente a educação um dos exemplos preferidos por Durkheim para mostrar o


que é um fato social. O individuo, segundo ele, não nasce sabendo previamente as normas
de conduta necessárias para a vida em sociedade. Por isso, toda sociedade tem de educar
seus membros, fazendo com que aprendam as regras necessárias à organização da vida
social. As gerações adultas transmitem às crianças e aos adolescentes tudo aquilo que
aprenderam ao longo de sua vida em sociedade. Com isso, o grupo social é perpetuado, a
pesar da morte dos indivíduos.
O que a criança aprende na escola? Ideias, sentimentos e hábitos que ela não possui
quando nasce, mas que são essenciais para a vida em sociedade. A linguagem, por exemplo,
é aprendida, em grande medida, na escola. Ninguém nasce conhecendo a língua de seu país.
É necessário um aprendizado, que começa já nos primeiros dias de vida e se prolonga
no decorrer dos muitos anos na escola, para que a criança consiga se comunicar de maneira
adequada com seus semelhantes. Sem o aprendizado da linguagem, a criança não poderia
participar da vida em sociedade.

INSTITUIÇÃO

Outro conceito importante para Durkheim é o de instituição. Para ele, uma


instituição é um conjunto de normas e regras de vida que se consolidam fora dos indivíduos
e que as gerações transmitem uma às outras. Há ainda muitos outros exemplos de
instituições: família, Estado, Igreja, Exército, etc. Assim, para Durkheim é a sociedade, como
coletividade, que organiza, condiciona as ações individuais. O individuo aprende a seguir
normas e regras de ação que lhes são exteriores. Ou seja, que não foram criadas por ele, e
são coercitivas, pois limitam sua ação e prescreve punições para quem não obedecer aos
limites sociais. A função das instituições é socializar os indivíduos, fazer com que eles
assimilem as regras e normas necessárias à vida em comum.

3.4. VIDA E OBRA: Weber

Nascido em Erfut, a 21 de Abril de 1864, Max Weber tornou-se um dos sociólogos e


economistas político mais importante da Alemanha nos séculos XIX e XX. Max Weber foi um
dos mais importantes clássicos da sociologia, pois suas teorias contribuem até hoje para a
análise da vida social. Filho de uma abastada família de comerciantes formou-se em direito e
economia nas Universidades de Berlim e de Heidelberg respectivamente. Mais tarde
trabalhou como professor nas Universidades de Berlim (1893), Freiburg (1894), Heidelberg
(1897), Viena (1917). Pode-se afirmar que a vida de Max Weber foi totalmente dedicada aos
estudos, à pesquisa e à participação ativa na política alemã de seu tempo, principalmente
mediante suas intervenções em conferências, seus artigos para jornais e revistas e seus
escritos publicados em vida e postumamente. Max Weber é um pensador de tendência
ideológica conservadora e suas análises têm características histórico-comparativa. Entre
suas principais obras podemos destacar: A ética protestante e o espírito do capitalismo e
Economia e sociedade.

A METODOLOGIA E A NEUTRALIDADE CIENTÍFICA

A sua insistência em compreender as motivações das ações humanas levou-o a


rejeitar a proposta do positivismo de transferir para a sociologia a metodologia de
investigação utilizada pelas ciências naturais. Não havia, para ele, fundamento para esta
resposta, uma vez que o sociólogo não trabalha sobre uma matéria inerte, como acontece
com as cientistas naturais.
Weber diz que o ponto chave de uma investigação sociológica é o individuo e sua
ação, é a compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das “instituições sociais” ou
“grupo social” que vai nos permitir entender a sociedade. Para compreender as instituições
temos que partir das intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam estas situações
sociais.
Ao contrário do positivismo, que dava maior ênfase aos fatos, à realidade empírica,
transformando geralmente o pesquisador num mero registrador de informações, a
metodologia de Weber atribuía-lhe um papel ativo na elaboração do conhecimento.
A intenção de conferir à sociologia uma reputação científica encontra na figura de
Max Weber, um marco de referência. Durante toda a sua vida, insistiu em estabelecer uma
clara distinção entre o conhecimento científico, fruto de cuidadosa investigação, e os
julgamentos de valor sobre a realidade. Com isso, desejava assinalar que um cientista não
tinha o direito de possuir, a partir de sua profissão, preferência políticas e ideológicas. No
entanto, julgava ele, sendo todo cientista também um cidadão, poderia ele assumir posições
apaixonadas em face dos problemas econômicos e políticos, mas jamais deveria defende-los
a partir de sua atividade profissional. Essa posição de Weber, que tantas discussões têm
provocado entre os cientistas sociais, constitui, ao isolar a sociologia dos movimentos
revolucionários, um dos momentos decisivos da profissionalização dessa disciplina. A idéia
de uma ciência social neutra seria um argumento útil e fascinante para aqueles que viviam e
iriam viver da sociologia como profissão. Ela abria a possibilidade de conceber a sociologia
como um conjunto de técnicas neutras que poderiam ser oferecido a qualquer comprador
público ou privado. Vários estudiosos da formação da sociologia têm assinalado, no entanto,
que a neutralidade defendida por Weber foi um recurso utilizado por ele na luta pela
liberdade intelectual, uma forma de manter a autonomia da sociologia em face da
burocracia e do Estado alemão da época.

CIENTISTA x POLÍTICO

A busca de uma neutralidade científica levou Weber a estabelecer uma rigorosa


fronteira entre o cientista, homem do saber, das análises frias e penetrantes; e o político,
homem de ação e de decisão comprometido com questões práticas da vida. O que a ciência
tem a oferecer a esse homem de ação, segundo Weber, é um entendimento claro de sua
conduta, das motivações e das consequências de seus atos.
A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e sua ação como ponto
chave da investigação. Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da
sociologia era a compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das “instituições
sociais” ou de “grupos sociais”, tão enfatizadas pelo pensamento conservador. Com essa
posição, não tinha a intenção de negar a existência ou a importância dos fenômenos sociais,
como o Estado, a empresa capitalista, a sociedade anônima, mas tão somente a de ressaltar
a necessidade de compreender as intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam
estas situações sociais.
A ciência não pode propor fins a ação prática: “uma ciência empírica não está apta a
ensinar a ninguém aquilo que ‘deve’, mas, sim, apenas aquilo que ‘pode’ – em certas
circunstâncias – aquilo que ‘quer fazer’”. O domínio da ciência empírica deve ser definida
como o dos meios e não como o dos fins.

A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO

Vivendo em uma nação retardatária quanto ao desenvolvimento capitalista, Weber


procurou conhecer a fundo a essência do capitalismo moderno. Ao contrário de Marx,
Weber não considerava o capitalismo um sistema injusto, irracional e anárquico. Para ele, as
instituições produzidas pelo capitalismo, como uma grande empresa, constituíam clara
demonstração de uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um
padrão de precisão e eficiência. Exaltou em diversas oportunidades a formação histórica das
sociedades inglesa e norte-americana, ressaltando a figura do empresário, considerado às
vezes um verdadeiro revolucionário. De certa forma, o seu elogio a seu caráter
antitradicional do capitalismo inglês, especialmente do norte-americano, era a forma
utilizada por ele para atacar os aspectos retrógrados da sociedade alemã, principalmente os
latifundiários prussianos.
Em sua obra: “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber procurou
demonstrar que a formação do capitalismo europeu não seguiu apenas causalidades
econômicas como propôs Karl Marx em suas teorias estritamente economicistas. Para
Weber, as ideias religiosas e éticas foram de importância fundamental na formação do
capitalismo, buscou também esclarecer os caracteres específicos do capitalismo como um
regime econômico de grande desenvolvimento, principalmente nos países protestantes,
especialmente naqueles em que predominava o calvinismo. Para ele, não havia fundamento
em admitir o principio de que a economia dominasse as demais esferas da realidade social.
Esse estudo o levou a pesquisar também a história religiosa e social da Índia, da China
e do povo judeu. O resultado desse trabalho foi publicado em três volumes sob o titulo
Estudos Reunidos sobre a Sociologia das Religiões. Assim Weber fundou uma nova
ramificação da sociologia que foi a: Sociologia da religião.

TIPO IDEAL

É o instrumento principal da compreensão. Corresponde a um processo que


representa o primeiro nível de generalização de conceitos absolutos e correspondendo as
exigências lógicas da prova, então intimamente ligados à realidade concreta e particular (de
relações sociais).
Corresponde a um processo de conceituação que abstrai de fenômenos concretos o
que existe de particular, construindo assim um conceito individualizante ou como diz o
próprio Weber: “um conceito histórico concreto”.
É um procedimento metodológico que incorporam relações sociais abstratas,
características universais da ação social e conjuntura histórica definida.
O tipo ideal não deve ser aceito somente como generalizações, proposições,
definições e hipóteses.

AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL

A ação é definida por Weber como toda conduta humana (ato, omissão, permissão)
dotada de um significado dado por quem a executa e que orienta essa ação. Quando tal
orientação tem vista a ação – passada, presente, ou futura – de outro ou de outros agentes
que podem ser “individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos
indeterminados e completamente desconhecidos” – o público, a audiência de um programa,
a família do agente etc – a ação passa a ser definida como social. A ação é determinada pelas
intenções, motivações e expectativas de outros.
A relação social se refere à conduta de múltiplos agentes que se orientam
reciprocamente em conformidade com um conteúdo específico (conflito, hostilidade,
amizade, competição, atração sexual etc) do próprio sentido das suas ações.
As relações sociais podem ser de natureza transitória, assimétrica: quando não há o
mesmo sentido subjetivo e se expõe atitudes diferentes sem reciprocidade, mas
mutuamente orientado à mesma expectativa; simétrica: quando a relação corresponde em
suas expectativas o mesmo significado para todos envolvidos.

AÇÃO SOCIAL

Para Weber a sociologia é a ciência que procura uma compreensão interpretativa da


ação social para a partir daí chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos.
Para Max Weber, a análise sociológica estará centrada nos atores e em suas ações. O
agente individual é a unidade da análise sociológica, a única entidade capaz de conferir
significado às suas ações. A sociedade não é algo exterior e superior aos indivíduos; a
sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente
referidas. Por isso, Weber define como objeto da sociologia a ação social, que é qualquer
ação que o individuo faz orientando-se pela ação de outros. Toda vez que se estabelecer
uma relação significativa, isto é, algum tipo de sentido entre várias ações sociais, terá então
relações sociais. Só existe ação social quando o individuo tenta estabelecer algum tipo de
comunicação a partir de suas ações com os demais. Nem toda ação, desse ponto de vista,
será social, mas apenas aquelas que impliquem alguma orientação significativa visando
outros indivíduos.

TIPOS DE AÇÃO SOCIAL

Weber afirma que podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-os
de acordo com o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações. Assim ele estabelece
quatro tipos de ação social:
1º. Ação tradicional – que é determinada por um costume ou um hábito arraigado;
2º. Ação afetiva – aqueles determinados por afetos ou estados sentimentais;
3º. Ação racional com relação a valores – determinada pela crença consciente num valor
considerado importante, independente do êxito desse valor na realidade;
4º. Ação racional com relação a fins – determinada pelo cálculo racional que coloca fins e
organiza os meios necessários.

Weber admite não existir ação pura todas são possíveis de misturas.

TEORIA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: CLASSES, ESTAMENTOS E PARTIDOS.


No estudo das relações sociais, Weber percebeu que nas sociedades a existência de
diferenças sociais pode ter vários princípios explicativos, sendo que o critério de classificação
mais relevante é dado pela dominância, em cada unidade histórica, de uma forma de
organização ou pelo peso particular que cada uma das diversas esferas da vida coletiva
possa ter, essas esferas são: econômica, religiosa, política, jurídica, social, cultural – cada
uma com sua lógica particular de funcionamento. Assim Weber, destacou as três esferas
(dimensões) da sociedade, sendo que cada esfera possui sua ordem de estratificação
própria:

▪ Classes – refere-se a ordem econômica, o interesse econômico é fator que cria uma classe,
podendo-se até considerar que as classes estão estratificadas segundo suas relações com a
produção e a aquisição de bens; a estratificação econômica é, portanto, representada pelos
rendimentos, bens e serviços que o individuo possui ou de que dispõe.

▪ Estamentos (status) – refere-se a ordem social, onde os grupos de status estratificam-se


em função do principio de consumo de bens, representados por estilos de vida específicos, a
estratificação social é, portanto, evidenciada pelo prestigio e honra desfrutados.

▪ Partidos – refere-se a ordem política, que manifesta-se através do poder; a estratificação


política é assim observada através da distribuição do poder entre grupos e partidos políticos,
entre indivíduos no interior dos grupos e partidos, assim como entre os indivíduos na esfera
da ação política.

A CONCEPÇÃO DE ESTADO

Segundo Weber, o Estado é uma instituição social que mantém o monopólio do uso
legitimo da força física dentro de determinado território, para que este estado exista é
preciso que sua autoridade seja reconhecida como legitima. Neste sentido, o Estado é
definido por sua autoridade para gerar e aplicar poder coletivo. Como acontece com todas
as instituições sociais, o Estado é organizado em torno de um conjunto de funções sociais,
incluindo manter a lei, a ordem e a estabilidade, resolver vários tipos de litígios através do
sistema judiciário, cobrar impostos, censo, identificação e registro da população,
alistamento militar, encarrega-se da defesa comum e cuidar do bem-estar da população de
maneira que estão além dos meios do indivíduo, tal como implementar medidas de saúde
pública, prover educação de massa etc.
DOMINAÇÃO E AUTORIDADE

Para Weber, os conceitos de dominação e autoridade possibilitam a explicação da


regularidade do conteúdo de ações e das relações sociais ligadas à determinada obediência
dentro de determinados grupos sociais. Segundo Weber, dominação é um estado de coisas
pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos dominadores influi sobre
os atos de outros (do dominado ou dos dominados), de tal modo que, em um grau
socialmente relevante, estes atos têm lugar como se os dominados tivessem adotado por si
mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo do mandato (obediência). Assim destaca-
se três tipos de dominação legitima justificadas por motivos (fontes) de submissão ou
princípios de autoridades distintas:

* Racional-legal – se baseia na racionalidade das leis, é um empreendimento contínuo de


funções públicas, empreendimento este que envolve regulamentos e registros escritos, bem
como um corpo de funcionários especializados. A dominação legal apresenta como
característica a noção mais ou menos disseminada de direito. Weber focaliza o problema de
que a autoridade dos governantes, baseada na legalidade, é limitada pela ordem impessoal
do direito, e que os governados (cidadãos) só devem obediência a essa ordem impessoal. A
mais típica forma de domínio legal é a burocracia.

* Tradicional – é baseado na autoridade pessoal do governante, investida por força do


costume, é uma autoridade discricionária, não submetida a princípios fixos e formais.
Pertencem ao domínio tradicionais tipos de dominação gerontocrática, tais como
patrimonialismo, patriarcalismo, sultanismo.

* Carismático – é baseada no carisma (emoção), qualidade tida como excepcional de


liderança, que se manifesta como uma espécie de magnetismo pessoal mágico e que leva a
pessoa carismática a ter certa preponderância sobre as demais. Assim o carisma pode estar
presente num demagogo ou num ditador, num herói militar ou num líder revolucionário. É o
carisma encarnado na pessoa do chefe que leva os liderados a se entregar emocionalmente
a essa liderança pessoal.

Para Weber, o Estado é uma instituição social que mantém o monopólio do uso
legitimo da força física dentro de determinado território, para que este estado exista é
preciso que sua autoridade seja reconhecida como legitima. Neste sentido, o Estado é
definido por sua autoridade para gerar e aplicar poder coletivo. Como acontece com todas
as instituições sociais, o Estado é organizado em torno de um conjunto de funções sociais,
incluindo manter a lei, a ordem e a estabilidade, resolver vários tipos de litígios através do
sistema judiciário, cobrar impostos, censo, identificação e registro da população,
alistamento militar, encarrega-se da defesa comum e cuidar do bem-estar da população de
maneira que estão além dos meios do indivíduo, tal como implementar medidas de saúde
pública, prover educação de massa etc.

4. POLÍTICA: ORIGEM E SIGNIFICADOS

A palavra política tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em
Cidades Estado chamadas “pólis”, nome do qual se derivaram palavras como “politiké”
(política em geral) e “politikós” (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que estenderam-
se e ao latim “politicus” e chegaram as línguas européias modernas através do francês
“politique” que, em 1265 já era definida nesse idioma como “ciência do governo do Estado”.
O termo política é derivado do grego antigo πoλτєіa (politéia), que indicava todos os
procedimentos relativos à pólis ou Cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto
Cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à
vida urbana.
O termo política, que se expandiu graças à influência de Aristóteles, para este
filósofo, política significava funções e divisão do Estado e as várias formas de governo, com a
significação mais comum de arte ou ciência do Governo; desde a origem ocorreu uma
transposição de significado das qualificadas como político, para a forma de saber mais ou
menos organizado sobre esse mesmo conjunto de coisas.
Na época moderna, o termo política perdeu seu significado original, substituído
pouco a pouco por outras expressões como ciência do Estado, doutrina do Estado, ciência
política, filosofia política, passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou
conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou
seja, o Estado.

CIÊNCIA POLÍTICA: ESTUDO DO PODER E DO ESTADO

O termo “Ciência Política” foi cunhado em 1880 por Herbert Baxter Adams, professor
de história da Universidade Johns Hopkins. A Ciência Política é o estudo da política – dos
sistemas políticos, das organizações políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da
estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo – ou qualquer sistema
equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis.
Política é ciência, porque estuda o comportamento humano e assim se torna possível
estabelecer cientificamente algumas regras sobre a vida humana em sociedade e sobre
como os seres humanos deveriam reagir em cada situação.
Os cientistas políticos estudam as instituições governamentais ou não
governamentais (ONGs) como corporações (ou empresas), uniões (ou sindicatos,
associações), igrejas, ou outras organizações cujas estruturas e processos de ação se
aproximem de um governo, como partidos políticos em complexidade e interconexão.
Em uma concepção ampla, política é o estudo do poder, por que a tomada de
decisões de interesses da coletividade (comum) é sempre um ato de poder. Nesta
concepção consideram se as relações de dominação seja através da política, da economia ou
da ideologia, como relações de dominação de uma pessoa sobre a outra.
Na concepção restrita, política é ciência do Estado, por que atualmente a capacidade
de tomar decisões, de interesse de toda a sociedade está nas mãos do Estado ou depende
dele.

OS TIPOS DE PODER

Poder Econômico – é o que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados


como tais, numa situação de necessidade, para controlar aqueles que não os possuem.
Quem possui abundância de bens é capaz de determinar o comportamento de quem não os
tem pela promessa e concessão de vantagens.
Poder Ideológico – este se refere na influencia que as ideias da pessoa investida de
autoridade exercem sobre a conduta dos demais: deste tipo de conhecimento nasce a
importância social daqueles que sabem, quer os sacerdotes das sociedade arcaicas, quer os
intelectuais ou cientistas das sociedade evoluídas. É por estes, pelos valores que difundem
ou pelos conhecimentos que comunicam que ocorre a socialização necessária à coesão e
integração do grupo.

Poder Político – este se baseia na posse dos instrumentos (institucionais) com os quais se
exerce a autoridade legal do uso da força. A possibilidade de recorrer à força distingue o
poder político das outras formas de poder. A característica mais notável é que o poder
político detém a exclusividade do uso da força em relação à totalidade dos grupos sob sua
influência.

TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO

As concepções que destacaremos aqui se referem às várias ideias que alguns


pensadores têm sobre o Estado, bem como, sua origem e suas características:

- TEORIAS CONTRATUALISTA: Essas teorias foram elaboradas entre os séculos XVII e XVIII
pelos pensadores iluministas: Thomas Hobbes John Locke Jean-Jacques Rousseau (1588-
1679) (1632-1704) (1712-1778) Tais teorias surgem para tentar explicar como se fundam o
Estado. Cindindo com o surgimento do Estado Moderno, o contratualismo refere-se a toda
teoria política que veem a origem da sociedade e o fundamento do poder político num
contrato. Segundo Hobbes: “o homem é lobo do próprio homem” e para coexistir com os
outros precisa da paz e da organização dentro de um Estado forte e absoluto.
O Estado é visto como organizador controlador e defensor das leis e dos direitos
individuais dos cidadãos, o Estado é construído pelos homens mediante um contrato. Para
os contratualistas, os homens viviam inicialmente em um estado de natureza, ou seja, antes
da fundação do Estado (concebido de forma diferente em cada teoria contratualistas),
contrario a esse Estado de natureza seria o Estado de civilização, ou seja, com a fundação do
Estado.
As teorias contratualistas de Hobbes e Locke explicitam em comum a interpretação
individualista, dado o contrato ser um ato firmado entre indivíduos conscientes e
deliberados que abrem mão em parte ou em todo de seu arbítrio para que outrem o exerça.
Esse é o exercício estatal, ao prescrever condutas que devem ser observadas e
seguidas de forma heterônoma e externa pelos indivíduos sob a sua tutela. O contrato, ou o
consentimento, é a base do governo e da fixação dos seus limites.
De fato, a sociedade civil nasce quando, para uma melhor administração da justiça,
os habitantes acordam entre si delegar esta função a determinados funcionários. Assim o
governo é instituído por meio de um contrato social, sendo os seus poderes limitados,
envolvendo obrigações recíprocas, sendo que estas obrigações podem ser modificadas ou
revogadas pela autoridade que as conferiu.
A principal diferença entre esses teóricos é que, enquanto para Hobbes, o pacto
concede o poder absoluto e indivisível ao soberano, para Locke o poder legislativo é poder
supremo, ao qual deve se subordinar tanto o executivo (soberano) quanto o federativo
(encarregado das relações exteriores) e, segundo Rousseau o poder supremo emana do
povo através das leis por ele proposta e sancionada, e todo governante deve segui-la, se não
substituído pelo próprio povo.

- TEORIAS NÃO-CONTRATUALISTA: Segundo essas teorias, o Estado desde o princípio das


primeiras civilizações está relacionado com as necessidades de cada sociedade, essa
instituição política surgiu em muitos contextos históricos diferentes e por muitas razões: as
necessidades da guerra, de administração das obras públicas, o aumento do tamanho e da
diversidade da população, novos problemas que exigiam uma ação organizada da sociedade
como um todo. O Estado tomava forma à maneira que grupos e indivíduos dentro da
sociedade entendiam ser de seu interesse centralizar a autoridade, estabelecer métodos
para solucionar disputas e empregar a força para a conformidade a algumas normas sociais.
Teoria de Aristóteles (384 – 322 a.c) – Origem familiar ou patriarcal: Para Aristóteles
o homem é um animal político que vive em grupo e é naturalmente social. A própria família
já é uma espécie de sociedade (sociedade doméstica), onde já surge uma autoridade, a
quem cabe estabelecer as regras. Assim surge o Estado, pelo fato de ser o homem um
animal naturalmente social, político, ele se organiza para o bem comum. O Estado provê,
inicialmente, a satisfação daquelas necessidades materiais, negativas e positivas, defesa e
segurança, conservação e engrandecimento, de outro modo irrealizável. Mas o seu fim
essencial é espiritual, isto é, deve promover a virtude e, consequentemente, a felicidade dos
súditos mediante a ciência.

- TEORIA NATURAL – Origem em atos de força: Baseia-se na imposição de regras de um


grupo por meio da coerção física. É a "lei do mais forte" típica do Estado de natureza. A
natureza humana diferencia os seres dentro de suas condições naturais fisiológicas, assim
muitas sociedades primitivas deram origem a suas organizações estatais. Quando a
organização social se baseia no uso da força, da coerção por aqueles que são mais fortes
fisicamente e impõe aos mais fracos suas ordens.

- TEORIA DURKHEIMIANA – Origem no desenvolvimento interno da sociedade: esta teoria é


possível interpretá-la dentro dos estudos de solidariedade mecânica e orgânica do sociólogo
Emile Durkheim. Localiza o aparecimento do órgão estatal como efeito da complexidade de
relações sociais estabelecidas pelo homem. Com o desenvolvimento da sociedade simples
para uma sociedade mais complexa, surge a necessidade de um conjunto de instituições que
organize as relações sociais e suas complexidades.

O ESTADO

O termo Estado parece ter origem nas antigas Cidades-Estados que se desenvolveram
na antiguidade, e em várias regiões do mundo; atualmente podemos conceituar Estado
como o conjunto das instituições que formam a organização político-administrativa de uma
sociedade, com um governo próprio e uma população em um território determinado, o
Estado é formado pelo governo, força policial, forças armadas, escola públicas, prisões,
tribunais, hospitais públicos, bem como todos aqueles que fazem parte dessas instituições
que são chamados de funcionários públicos – desde um gari ao presidente da República –
exercem atividades estatais, pois servidores do Estado, ou melhor, servidores da sociedade.

ESTADO, NAÇÃO E GOVERNO


Uma nação é um conjunto de pessoas que se identificam pela língua, pelos costumes,
pelas tradições e por uma história em comum, como os ciganos, os armênios etc; um povo
nem sempre vivem em território fixo. Povo é anterior ao Estado, podendo existir sem ele;
por outro lado, um Estado pode compreender várias nações. Há nações sem Estado, como
acontecia com os judeus antes da criação do Estado de Israel, e ainda acontece com os
ciganos. E há Estado que tem várias nações, como o Reino Unido (formado pela Escócia,
Irlanda, Pais de Gales e Inglaterra). Teoricamente não existe nação dentro de nação, podem
existir povos diferentes dentro de um mesmo Estado - Nação.
O governo é cúpula, a parte dominante do Estado. Por isso, muitas vezes
confundimos Estado com governo, pois se trata de termos relacionados. A diferença é que o
governo – mesmo sendo decisivo, o que comanda – é somente uma parte do Estado, este é
mais amplo e, como vimos, engloba outros setores, além de compreender todos os níveis de
governo – Federal, Estadual e Municipal – e todas as atividades a eles ligadas.
O Estado é, portanto, a nação com um governo. Porém, Estado é diferente de
governo. O Estado é uma instituição permanente, e governo um elemento transitório do
Estado. Assim dizemos: “muda o governo e o Estado continua”. Como o Estado é uma
entidade abstrata, que não tem “querer” nem “agir” próprio, o governo (grupo de pessoas)
age em seu nome.

FUNÇÃO DO ESTADO

Todo e qualquer Estado possui obrigações para com os cidadãos, no que lhe dá o
sentido e a importância de existir, assim as principais funções de um Estado moderno são:
Garantir a soberania, ou seja, o direto que cada Estado tem de manter seu próprio governo,
elaborar suas próprias leis e de administrar os negócios públicos sem a interferência de
outros Estados, manter a ordem interna e a segurança externa (defender o território das
ameaças externas), integridade territorial e poder de decisão. Embora o poder e a
autoridade possam ser encontrados nas funções e relações sociais, em diferentes campos da
vida social, centralizam no Estado. Dado o seu legitimo monopólio da força, o governo,
evidentemente, detém o poder supremo na sociedade. O reconhecimento da independência
de um Estado em relação aos outros, permitindo ao primeiro firmar acordos internacionais,
é uma condição fundamental para o estabelecimento da soberania.
Manter a ordem, o Estado se diferencia das demais instituições por ser o único que
se encontra investido de poder coercitivo, proibindo uma série de atos ou obrigando os
cidadãos a agir de uma ou de outra maneira adequando-se às leis, ou serão usados o poder
coercitivo do uso da força física. A coerção tem como objetivo propiciar um ambiente de
ordem, preservando os direitos individuais e coletivos. As leis estabelecem, portanto, o que
deve ou não ser feito, o que pode ser feito, e prescrevem as punições por sua violação. O
Estado é, pois, a instituição autorizada a decretar, impor, administrar e interpretar as leis na
sociedade moderna. É por tudo isso que o estado exerce um grande controle sobre a vida
das pessoas.
Promover o bem estar social, isto é, propiciar à população de um Estado além da
ordem interna e externa, a paz, o respeito às leis, provendo a justiça, dispor de meios
suficientes para atender as necessidades humanas em seus diferentes aspectos: físico,
moral, espiritual, psicológico e cultural; organizando serviços básicos à população: educação,
saúde, aposentadoria, segurança, justiça e etc. manter a ordem social através de leis
existentes ou redigindo novas, que reajustem a própria ordem, quando as condições de
mudanças exigirem.

5. Pensamento político contemporâneo

A partir do século XVIII as transformações socioeconômicas e político-ideológico


aceleraram as sociedades modernas ou pós-modernas se organizavam baseada em
estruturas legais e racionais onde as dicotomias entre consenso e conflito representavam a
nova dinâmica deste contexto histórico. O mundo se globalizou e se modernizou, as
organizações políticas adaptaram-se em um mundo dinamizado pelo capitalismo técnico-
industrial e suas diversas faces.
O pensamento político deste período mergulhou nas mais imensuráveis questões
brotadas do âmago de sociedades que buscam perpetuar de forma organizada e
aperfeiçoando seus sistemas políticos institucionais. Neste sentido o pensamento político
encontra-se em lacunas abismosas criadas pelos próprios seres humanos: as dificuldades e
tentações de lidar com o poder e suas instituições políticas geram desequilíbrio e incertezas.
Dos vários teóricos deste período vamos destacar apenas: Max Weber que já vimos
anteriormente e Michel Foucault que veremos a seguir.

FOUCAULT (1926 – 1984)

Michel Foucault, em sua obra “Vigiar e punir”. Busca estudar as relações de poder
fora da concepção do Estado. Para ele o poder não seria propriedade de uma classe que o
teria conquistado. Para Foucault, o poder acontece em termos de relações de poder.
Segundo ele, a anatomia política desenvolve seus efeitos segundo três direções
privilegiadas: o poder, o corpo e o saber.
O poder estar nas relações sociais, através da micro-física do poder manifestada na
disciplina dos regulamentos, controles cotidianos, cada vez mais minuciosos e austeros,
disseminados nas diversas relações pessoais, onde as pessoas refletem toda a estrutura de
dominação, passando a serem seus próprios algozes: o professor sobre o aluno, o diretor
sobre o professor, o vigia sobre visitante, o pai sobre o filho, irmão mais velho sobre mais
novo, policia sobre o suspeito, etc.
Estamos sempre diante de mecanismos que transforma os corpos obedientes, uteis,
exercitados para o trabalho e inertes politicamente.
As ordens não precisam ser entendidas, apenas decodificadas. Todos devem ser
dóceis, subordinados e se entregar aos exercícios para conseguir a gratificação de estar
entre os melhores.
Esta é a sociedade do controle – onde a lei proíbe, isola e outras instituições
domesticam, adestram funcionam como meios de dominação. São instrumentos tão
aperfeiçoados de transformação e ação sobre os indivíduos como a escola, o exército ou o
hospital. Não é mais necessário impor penas e sanções aos vigiados para obter bom
comportamento; basta o temor de ter todos seus atos vistos e analisados. O indivíduo torna-
se seu próprio "carrasco".

Texto Complementar: a Biopolítica de Foucault


6. Instituições sociais

“Denominar-se-á instituição uma associação cujos ordenamentos estatuídos, dentro


de um domínio especificável, são impostos de modo (relativamente) eficaz a toda a ação
segundo determinadas características dadas” (Weber, 2000:80).
Lakatos cita Joseph Fichter (1995:166) apresentando o conceito de instituição social:
“uma estrutura relativamente permanente de padrões, papéis e relações que os indivíduos
realizam segundo determinadas formas sancionadas e unificadas com o objetivo de
satisfazer necessidades sociais básicas”.
As características das instituições são:

- Finalidade ou Função. Satisfação das necessidades sociais.


- Conteúdo relativamente permanente. Padrões, papéis e relações entre indivíduos da
mesma cultura.
- Serem estruturadas. Há coesão entre os componentes, em virtude de combinações
estruturais de padrões de comportamento.
- Estrutura unificada. Cada instituição, apesar de não ser completamente separada das
demais, funciona como uma unidade.
- Possuem valores. Código de conduta.

Todas as instituições devem ter função e estrutura. Função é a meta ou propósito do


grupo, cujo objetivo seria regular as necessidades. A Estrutura é composta de pessoal
(elementos humanos); equipamentos (aparelhagem material ou imaterial); organização
(disposição do pessoal e do equipamento, observando-se uma hierarquia-autoridade e
subordinação); comportamento (normas que regulam a conduta dos indivíduos).
Veja-se como exemplo a empresa industrial. Possui função, produz bens e serviços
para gerar lucros; e estrutura, que se subdividem em pessoal (direção, funcionários
administrativos e operários), equipamento ((1) imóveis, máquinas e equipamentos
materiais, e (2) marca e reputação (imateriais)), organização (democrática ou autocrática,
centralizada ou descentralizada) e comportamentos, normas para a constituição e
funcionamento, direitos e deveres regulados pelas leis vigentes e pelos estatutos.
As principais instituições sociais são a Família, a Igreja, o Estado, a Empresa e a
Escola.
A Família, em geral, é considerada o fundamento básico e universal das sociedades,
por se encontrar presente em todos os agrupamentos humanos. Igreja. Durkheim definiu a
religião como “um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto é,
a coisas colocadas à parte e proibidas – crenças e práticas que unem numa comunidade
única todos os que as adaptam” (Lakatos, 1995, 179).
Por Estado “entender-se-á uma função institucional política, quando e na medida em
que o seu quadro administrativo reclama com êxito o monopólio legítimo da coação física
para a manutenção das ordenações” (Weber, 2000:83).
Após a Revolução Industrial, a Família perde grande parte das suas funções
econômicas, que se transferem para uma variedade de outras organizações, como as
Empresas e Estado. Só a partir de então este adquire capacidade para intervir na atividade
econômica.
É inútil julgarmos que educamos os nossos filhos como pretendemos. É que somos
obrigados a seguir as regras que imperam no meio social em que vivemos. É a opinião quem
nos impõe essas regras, e a opinião é uma força moral cujo poder constrangedor não é
inferior ao das coisas físicas. (...) A Escola é o sistema educativo de um país numa época.
Cada povo tem o seu, como tem o seu sistema moral, religioso, econômico, etc. (Durkheim,
2001: 32).
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