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A construção da

modernidade
europeia

1.O método experimental e o progresso do


conhecimento do homem e da natureza
2. A filosofia das luzes
3.Iluminismo e despotismo iluminado em Portugal
• Até ao século XVII, o homem via o mundo
1.O método como um lugar hostil, onde o natural se
confundia com o sobrenatural e qualquer
experimental fenómeno era explicado ou pela intervenção
e o progresso de Deus, do diabo ou até pelo
posicionamento dos astros.
do
• O renascimento despertara em alguns
conhecimento eruditos uma mentalidade mais crítica.
do Homem e • Este interesse levou ao aparecimento de
da Natureza inúmeros gabinetes de curiosidades,  e à
criação de várias associações científicas.
A revolução científica

• Um conjunto de "filósofos experimentais" vem defender que só a


observação sistemática e direta dos fenómenos conduz ao
conhecimento da natureza; e que o conhecimento é passível de ser
construído e acumulado.
• Este mesmo grupo de filósofos vai protagonizar uma verdadeira
revolução científica, na qual se vão modificar as conceções existentes
sobre o homem e a natureza.
           O método experimental
(nova via para atingir o conhecimento)

• Os experimentalistas vão procurar desenvolver um método que os


guie com segurança nas suas pesquisas, de forma a evitar o erro ou as
conclusões precipitadas. 
• Deste modo, vão estabelecer as regras que devem dirigir à 
investigação científica. Foi a sistematização do método científico.
1620-Francis Bacon(filósofo)                               -
Novum organon-
-Fixa as etapas do método indutivo ou
experimental.                
• Observação precisa dos factos;                 
• Formulação de hipóteses explicativas;      
• Determinação da lei;

1637-
Réne Descartes(matemático)
Discurso do método-
-Concebe uma forma estruturada de
pensar aplicável , não só à ciência
como ao raciocínio em geral: é a
dúvida metódica.
O conhecimento do Homem
• Teatros anatómicos: no século XVII, a dissecação de cadáveres ainda
não era prática corrente, rodeando-se de algum mistério. 
• Circulação sanguínea : o médico e fisiologista inglês William
Harvey chegou á conclusão, em 1628, que o coração e as suas
contrações eram a origem de uma corrente de sangue que fluía pelo
corpo num circuito contínuo.
• Maior ligação entre a ciência e a prática médica: fim da distinção
entre médico e cirurgião.
• Progresso da ciência médica: o corpo passa a ser olhado como uma
máquina na qual todas as peças se interligam de forma harmoniosa.
O conhecimento do Universo
• Foi no campo da astronomia que Galileu Galilei
assumiu o papel de protagonista. Em 1609,
conseguiu introduzir a "luneta", com isto as suas
descobertas vieram a fortalecer a doutrina
heliocêntrica defendida anteriormente por
Nicolau Copérnio.
• Em 1633 publica o Diálogo entre os dois
principais sistemas do mundo: o de Ptolomeu e o
de Copérnio.
• Johannes Kepler reforça a teoria de Copérnio.
• Isaac Newton formula a lei da gravitação
universal. 
Nos inícios do séc.XVIII, a ciência já era uma
realidade:
• Assiste-se a um aumento do número de

A ciência academias científicas e de boletins periódicos


• Aparecimento de modernos laboratórios

do século equipados com instrumentos de observação e


medida. 

XVIII • O gosto pela experimentação, antes


circunscrito a meia dúzia de curiosos,
generalizou-se. 
• As razões de Fé deixam de ser aceites como
explicações credíveis dos factos. 
2.Filosofia das Luzes
• A apologia da razão e do progresso
• O direito natural e o valor do indivíduo 
• O contrato social e a separação de poderes
• Humanitarismo e tolerância
• Difusão do Iluminismo
A apologia da razão e do progresso

• Nos inícios do século XVIII, os progressos científicos tinham trazido a


convicção de que a razão, era um dom prodigioso com potencialidades
ilimitadas.
• Instala-se a crença na força da razão humana como motor de progresso e de
melhoria da existência material do Homem.
• Esta crença vai-se extravasar do campo científico para se aplicar à análise,
reflexão e crítica da sociedade, da política e da religião.
• A razão seria a luz que tiraria a humanidade das trevas e do obscurantismo e
que a guiaria em direção a um futuro de progresso, felicidade e bem-estar.
• Este século ficou assim conhecido por "o século das luzes", aplicando-se o
termo iluminismo e ao conjunto de ideias que marcam essa época.
Á semelhança dos cientistas, os iluministas, partindo da
condição natural do Homem tentaram formular os
chamados direitos naturais.  

O direito A certeza de que todos os homens eram adotados da razão,


refletiu-se na valorização da condição natural do homem e na

natural
convicção de que todos os indivíduos, possuíam á nascença,
determinados direitos e deveres que lhes eram inatos e que
eram da importância superior a qualquer lei. 

Foi o pensamento iluminista que definiu o conjunto básico


dos direitos increntes á natureza humana: direito á liberdade,
prosperidade, igualdade, julgamento justo, etc...
A moral natural 

Os iluministas estabeleceram a moral natural, uma moral independente de


preceitos religiosos, baseada na tolerância, na generosidade e no cumprimento
de deveres naturais. 

Fora um objetivo de garantir os direitos naturais do homem, preservar a moral


natural e alcançar a felicidade, que as sociedades tinham organizado o poder
político, pelo que este deveria cumprir essa função e não se tornar opressor. 
• Sendo todos os homens livres e iguais, todos são
igualmente depositários da soberania.

O contrato
-Soberania popular. 
• O poder politico, para ser legítimo, necessita de

Social 
um consenso entre governantes e governados,
que se manifesta através de um contrato
livremente assumido por ambos: Contrato social.
-Roseau, • É por esse contrato que o povo, confia/delega nos
governantes a autoridade necessária ao governo.
1762 • Quando o poder se torna tirânico isso traduz um
desrespeitoso pelos direitos naturais. Numa
situação destas, o poder deve ser legitimamente
derrubado pelo povo.          
• Montesquieu defende um governo monárquico,
moderado e representativo, em que o soberano se
rege pelas leis e vê as suas atribuições limitadas
pela separação de poderes.

A teoria da    Três poderes:


   Legislativo
divisão de    Executivo 
poderes      Judicial 

• Esta teoria veio a ter uma enorme influência


aquando das revoluções liberais, sendo adotada
como princípio político em todas as constituições.
• Humanitarismo  • Tolerância 
•  Era sobretudo visível no direito • As tentativas de impor uma só fé
penal, que continuava a recorrer a tinham desencadeado as guerras
cruéis práticas medievais, de que mais sangrentas; a Igreja fora
se destacavam os métodos de responsável pela intolerância, pelo
apuramento da verdade, fanatismo, pela superstição, pelas
sobretudo as sentenças bárbaras,
trevas em que a população vivia. 
em especial as execuções
aviltantes.  • Os iluministas iram defender:
      - a liberdade de consciência;
• Estas práticas foram condenadas
      -a religião como matéria     
pelos iluministas, que defendiam
um maior respeito pelo próximo.  do foro íntimo.
Difusão do iluminismo
• Os iluministas defendiam a generalização da instrução como meio de
desenvolver as capacidades naturais do homem.
• A crítica iluminista à sociedade, ao poder politico e à igreja
desencadeou uma severa repressão, dirigida pelos mais elevados
filósofos das luzes e movidas pelos poderes instituídos.
•  A racionalidade das novas doutrinas bem como o entusiasmo e o
brilhantismo com que foram defendidas granjearam-lhes inúmeros
admiradores, entre os quais importantes figuras régias.
• As propostas iluministas, foram ganhando
um público cada vez mais vasto e
diferenciado. Invadiram salões
aristocráticos, clubes privados e os cafés
mais populares.
Difusão do • O mais famoso meio de difusão das ideias
iluminismo iluministas foi a Enciclopédia, ou Dicionário
Racional das Ciências, Artes e Ofícios.
• Os seus artigos permitiam um contacto fácil
com os últimos avanços da ciência mas
sobretudo com os ideais iluministas.
3.Iluminismo e despotismo iluminado em
Portugal 
• O despotismo Iluminado
• A submissão das forças sociais
• O reordenameto urbano 
• A reforma do ensaio 
Despotismo Iluminado 
• As ideias iluministas atravessaram fronteiras e Portugal não foi exceção. No séc.XVIII, as
"luzes" chegaram a Portugal, onde se difundiram de forma moderada, cobrindo-se com a
forte tradição católica do país. 
• Desta forma, o iluminismo acabou por contribuir para o reforço do poder régio, trazendo-
lhe uma fundamentação racional. Já não se tratava, porém, do velho absolutismo, mas
de um novo, iluminado pela razão- o despotismo iluminado. 
• Foram déspotas esclarecidos: 
   - Frederico II da Prússia
   - Catarina a Grande da Rússia
   - José II da Áustria. 
• Em Portugal, esta filosofia de governo materializou-se na ação de Marquês de Pombal,
ministro de D. José I. 
A submissão das
forças sociais
• Sebastião José de Carvalho e Melo, foi uma
figura incontornável na História Portuguesa.
Foi um estadista de vulto, a quem se ficaram a
dever reformas profundas nas instituições do
Estado, novo vigor na indústria e no comércio,
a renovação profunda do ensino, a edificação
de uma Lisboa nova, entre outros. 
• No ano de 1758, um lamentável atentado
contra D.José forneceu ao ministro o
pretexto para uma repressão sem paralelo,
dirigida contra as principais casas nobres do
país. 
No processo que se seguiu,  os réus foram considerados
culpados e condenados á pena máxima. A violência e o
aparato com que foi executada a sentença encheu de
horror o país e a Europa, não mais de apagando da

A memória coletiva dos Portugueses.  

As convicções religiosas que sempre demonstrou não


submissão impediram Pombal de considerar inaceitável a
independência da Igreja face ao poder civil. O Alvo
das forças particular da animosidade do ministro foi a Companhia
de Jesus. 

sociais  Assim, o alto clero português adotou uma atitude de


obediência e respeito face ao poder temporal do
monarca, implicando o corte de relações com a Santa
Sé. 
• No calor da tragédia do terramoto que
arrasou Lisboa a 1 de novembro de 1755,
Pombal mostrou o seu valor e eficiência.

O ministro encarregou Manuel da Maia e


Eugénio dos Santos com a tarefa de

O reconstruir a cidade segundo um traçado


novo.

reordenamento O novo traçado urbano era do mais puro


racionalismo iluminista. Conciliava as mais

urbano
modernas conceções urbanísticas com as
recentes ideias de centralização política.

- A Lisboa que se ergueu dos


desabamentos constitui um dos mais
notáveis conjuntos urbanísticos da
Europa.
A reforma do ensino
• Os iluministas consideravam a ignorância a maior entrave ao progresso dos povos por
isso a filosofia iluminista colocou o ensino como centro das preocupações.
• Em Portugal foram tomadas medidas no sentido de alargar a rede de instrução pública e
renovar as antigas instituições.
• Procurava-se melhorar a preparação dos futuros servidores do Estado que se pretendiam
cultos e competentes.
• Este espírito chega a Portugal por via dos estrangeiros e das suas obras.
Ensino básico e secundário Ensino superior
• Criação de 500 vagas para "mestre de ler e • 1772, Reforma da Universidade de Coimbra,
escrever" e aparecimento da primeira rede de onde o ensino continuava bastante tradicional.
escolas públicas. • 1772, Novos Estatutos, previam novos,
• 1761, Pombal cria o Real colégio dos Nobres, novos planos curriculares e novos métodos de
destinados a jovens nobres, com o objetivo ensino segundo critérios racionalistas e
de preparar para o correto desempenho dos experimentais. 
altos cargos do Estado. 1. Duas novas faculdades: Matemática e filosofia
2. Novos espaços: Laboratório de química e
gabinete de física, jardim botânico,
observatório astronómico.
3. Reforma no curso de medicina que passava a
funcionar em estreita ligação com um hospital

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