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Nicolau Maquiavel

Nicolau Maquiavel foi um dos principais autores de sua época, o Renascentismo, que consiste em um intermédio
entre a Idade Média e a Modernidade. Defensor do absolutismo e de ações duras e austeras por parte de um
governante quando necessário, Maquiavel foi injustiçado ao entrar para a história como o patrono da expressão
“maquiavélico”, utilizada para designar alguém capaz de tudo pelo poder. Para Maquiavel, a conservação do poder nas
mãos de um bom governante, mesmo que em situações de maior controle, é condição necessária para a conservação da
ordem política.

Nicolau Maquiavel, em italiano, Niccoló di Bernardo dei Machiavelli, nasceu no dia 3 de maio de 1469, no berço do
renascimento das artes e da cultura europeia, a cidade de Florença. Apesar de entrar para a história como filósofo e
teórico político, foi na prática que Maquiavel construiu sua carreira: ele foi um destacado funcionário público
florentino em dois períodos completamente opostos da cidade, a república e a monarquia.

Quando Maquiavel era ainda uma criança, Florença era governada pela família Médici, que já sofria sucessivas
tentativas de golpes. Em 1498, Maquiavel foi nomeado, pela primeira vez, para um cargo público em Florença,
tornando-se segundo secretário da senhoria, crescendo, três meses depois, para chefe da segunda chancelaria, seguindo
carreira brilhante à frente da chancelaria da cidade nos negócios exteriores.

Em 1513 redigiu os primeiros esboços de O Príncipe.

Maquiavel dedicou a Lourenço a sua obra O Príncipe.

Maquiavel permaneceu com Lourenço, atuando como conselheiro e sendo enviado a algumas missões.

O filósofo, teórico político e funcionário público florentino faleceu em 21 de junho de 1527.

Apesar de ser uma república, Florença não era exatamente democrática. A teoria política de Maquiavel reflete o
que ele vivenciou: uma política não democrática em uma cidade cheia de conflitos internos e externos pelo poder,
além de sofrer a forte influência da Igreja Católica.

Em sua teoria política, Maquiavel destacou a importância de se manter o poder, ou seja, do governante manter-se no
governo, para que o Estado e a ordem social sejam preservados. Ele se destacou como um teórico do absolutismo,
mas é necessário observar o porquê: mais por conservação da ordem do que por concordar com qualquer formação de
privilégios políticos.

Assim como outros renascentistas, ele inovou ao separar o domínio religioso dos demais domínios. No
caso, Maquiavel foi importante por separar o domínio religioso do domínio político. Isso foi inaugurado pelos
humanistas cívicos que surgiram com o Renascimento. Conforme o professor João Aparecido Gonçalves Pereira:

“não significou somente uma recuperação do discurso filosófico greco-romano e dos assuntos que haviam sido
desconsiderados da pauta da filosofia cristã, mas também uma mudança de paradigma do pensamento em torno da
condição humana inserida no mundo empírico. Isto é, passou-se a considerar como importante a vida terrena dos
homens com os seus respectivos desdobramentos, como as atividades políticas e sociais.”|1|
Ora, a obra de Maquiavel demarcou essa mudança de paradigma do Renascimento no âmbito político, na vida política,
na vida pública, no âmbito jurídico, no funcionalismo público etc.

O Príncipe

O Príncipe é um manual para os governantes sobreviverem no poder. Nesse livro, Maquiavel apontou aquilo que é
necessário para que haja a conservação do poder e a consequente conservação do Estado em uma cidade.
CONQUISTAR E CONSERVAR

 Virtu e fortuna: VIRTU - FORÇA DO LEÃO E ASTÚCIA DA RAPOSA.

É melhor ter a virtu do que contar apenas com a fortuna, isto é, é melhor ter uma capacidade de provisão, uma
força e, em alguma tradução, até a virtude, do que contar apenas com a sorte. Virtu é toda a característica de bom
preparo do governante. Ter a boa sorte é bom, mas aquele que tem a boa sorte, e está preparado para a sorte ruim,
permanece no poder.

 Os fins justificam os meios: Maquiavel não disse essa frase, mas ela foi atribuída à sua obra por estar alinhada
com o seu pensamento. Um bom governante, para manter o governo e a ordem social, precisa tomar medias
impopulares e até cruéis às vezes. Em nome da ordem, essas medidas são justificáveis.

 Ser amado é bom, mas é preferível ser temido: o temor impede a revolta. O amor é inconstante, e a confiança do
amor permite a revolta. Não é de todo ruim ter algum amor do povo, mas é melhor ser temido, pois o que teme não
se levanta contra.

 Ações populares e ações impopulares: as ações populares, aquelas que agradam ao povo, que são boas para o
povo, devem ser feitas lentamente. As ações impopulares devem ser feitas de uma vez. Essa tática visa a manter a
popularidade do governante. Ele sempre será lembrado como bom, caso venha de tempos em tempos soltando parte
do resultado de sua ação popular, e será rechaçado por um tempo (mas logo cairá no ostracismo), se tomar uma
medida impopular de uma vez.

Influências de Maquiavel
Maquiavel foi claramente inspirado por um espírito humanista renascentista que pegou as influências do mundo
clássico e as transformou para as deixar aptas à sua época. Com sua engenhosa teoria, ele acabou inaugurando uma
política moderna que ecoa até hoje em nosso mundo, inspirando estadistas, governantes e toda a classe política, que
encontra nessa teoria uma poderosa ferramenta política.

MONTESQUIEU

“todo aquele que detém o poder tende a abusar dele”

“só o poder freia o poder”

Montesquieu nasceu no ano de 1689 e morreu em 1755.

Abordando singelamente a biografia de Montesquieu, o filósofo francês nasceu em uma família nobre e, com 16 anos,
iniciou seus estudos no curso de Direito na Universidade de Bordeaux, quando passou a desenvolver um pensamento
crítico, especialmente em relação à monarquia absolutista.

"Montesquieu foi um dos principais intelectuais iluministas a sustentar teoricamente a Revolução Francesa, que
aconteceria em 1789, 34 anos após a sua morte. A principal contribuição do filósofo para a filosofia política que
fundamentou a revolução e para toda a organização política posterior foi a ideia de tripartição dos poderes do Estado."

"Apesar de ser um homem das ciências, Montesquieu não se dedicou aos abstratos estudos racionalistas e empiristas
comuns no século XVII. Seu interesse voltou-se para aquilo que o ser humano faz na coletividade: moral, costumes e
política. Montesquieu e outros franceses de sua época, como Voltaire e Rousseau, dedicaram-se a fundamentar novas
visões políticas, absolutamente contrárias ao absolutismo, ainda imperioso na França e em boa parte da Europa no
século XVIII e já obsoleto na Inglaterra e nos Estados Unidos.

Apesar de nobre, Montesquieu era completamente contrário ao absolutismo. Ele era a favor de um Estado
politicamente liberal, onde houvesse um corpo de leis que regesse a atuação daqueles que cuidam do Estado e dos
cidadãos em geral. Para que não houvesse abusos, o Estado deveria ser repartido em três esferas de poder. Ele era
completamente contra o poder despótico (o poder absoluto concentrado nas mãos de um tirano). Seu modelo defendia
o respeito à liberdade e à vida, além dos direitos políticos dos cidadãos. Havia, para Montesquieu, três formas de
governo centrais, sendo duas legítimas e uma ilegítima.

República: PRINCÍPIO ÉTICO - VIRTUDE

as repúblicas poderiam variar de acordo com a amplitude da participação cidadã. As repúblicas democráticas são
aquelas em que a cidadania e a participação política são estendidas a todos. As repúblicas aristocráticas têm uma
restrição do conceito de cidadania, que fica atribuída a um pequeno grupo. De qualquer forma, é marca da república a
divisão de poderes e a atribuição de um corpo de leis que regulamente a atuação de agentes públicos e de civis.

Monarquia legítima: PRINCÍPIO ÉTICO - HONRA

são regidas por um monarca (um rei), mas o poder desse rei não é irrestrito e absoluto. O monarca está submetido ao
poder das leis e existe um corpo legislativo (um Parlamento) que cria as leis. Esse corpo, apesar de atuar em conjunto
com o monarca, não pode ser por ele destituído, corrompido, dissolvido ou atacado, a menos que por justa causa.

Despotismo: PRINCÍPIO ÉTICO - MEDO

é a monarquia ilegítima, a monarquia absoluta. Os poderes do monarca nesse regime são irrestritos. O monarca
despótico é, como disse o rei da França Luís XIV, o Estado. Ele quem faz as leis e age como se estivesse acima delas.
Existiram pensadores, como o teórico político francês Jean Bodin e o filósofo inglês Thomas Hobbes, que defenderam
o absolutismo como forma legítima de governo. Os iluministas em geral defendiam maior liberdade e respeito ao
poder soberano do povo, o que implicaria quase que necessariamente a queda do absolutismo.

Tripartição do poder

Para Montesquieu, um governo legítimo e bem estruturado deveria ter um corpo de leis, e o poder estatal deveria ser
separado em três esferas. A defesa da separação dos poderes estava assentada na necessidade de um poder vigiar o
outro (verificar se a Constituição é cumprida) e garantir que não haja abusos de poder. Um poder é complementar ao
outro e nenhum pode se sobrepor ao outro. Para fazer uma analogia didática, a tripartição do poder é como um
triângulo equilátero, onde não há um lado maior que o outro e os três pontos de ligação entre as arestas do triângulo
têm tamanho igual e igual distância entre si|2|.

Os poderes do Estado e suas atribuições são os seguintes:

Legislativo: composto por legisladores (vereadores, deputados e senadores), o Poder Legislativo é aquele que cria as
leis, coloca os projetos de lei em discussão e em votação e fiscaliza a atuação dos outros poderes.

Executivo: é aquele que governa. É representado por prefeitos, governadores, primeiro-ministro (em repúblicas
parlamentares), presidente (em repúblicas presidencialistas), imperadores (em impérios) e reis (em monarquias). Esse
poder deve atuar em concordância com a legislação, implementando ações que sejam liberadas pelo Poder Legislativo.
Vez ou outra o Poder Executivo pode vetar a sanção de leis.

Judiciário: é composto pelo corpo de magistrados. O Poder Judiciário deve julgar aqueles que atentam contra a lei e
fiscalizar a atuação dos outros dois poderes."

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