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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA –

CAMPUS ALEGRETE
CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM INFORMÁTICA
DISCIPLINA DE HISTÓRIA

BRUNO MACHADO LOPES


DOUGLAS ISRAEL SIQUEIRA
EDUARDO BARBOSA BRANDOLT
EDUARDO CORRÊA PESSAMIGLIO
VICENTE SOARES LOPES

MONTESQUIEU

ALEGRETE – RS
2023
MONTESQUIEU

Montesquieu, um filósofo político francês do século XVIII, desempenhou um


papel significativo durante o período do Iluminismo. Vivendo nessa época, em que a
França passava por grandes transformações sociais e políticas, foi influenciado e
influenciou as ideais da época. Como membro da nobreza francesa, desfrutava dos
privilégios do antigo regime, mas também expressava críticas ao regime de monarquia
absoluta e buscava limitar o poder do monarca para garantir a liberdade, que é a
principal luta do Iluminismo.
O filósofo escreveu dezenas de tratados, ensaios e artigos, que versam, em
sua maioria, sobre política. No entanto, destaca-se duas publicações como principais
dentro de sua vasta obra:
• Cartas Persas: nessa obra literária, Montesquieu criou dois personagens
persas, Usbeque e Rica, que viajam pela Europa e chegam a Paris. Vivem
aventuras e desventuras e trocam cartas com conterrâneos contando seus
feitos. Cartas Persas foi escrito em tom cômico e satírico. É uma forte sátira
política, social e religiosa da França dos séculos XVII e XVIII e tornou o filósofo
Montesquieu conhecido na França.
• Espírito das Leis: Esse livro condensa toda a teoria política de Montesquieu.
Ele fala das leis e da necessidade de criação de um corpo de leis para garantir,
inclusive, a liberdade. Fala também da importância do governo e do Estado,
além de expor a teoria da tripartição do poder.
Sua obra mais famosa, "O Espírito das Leis", argumentava que a concentração
excessiva de poder nas mãos de uma só pessoa, no caso, do monarca ou de um único
órgão governamental, era prejudicial à liberdade individual e ao funcionamento
saudável de uma sociedade livre.
Segundo Montesquieu: “todo homem que tem o poder é tentado a abusar dele
[...] é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder”. Ele parte da
ideia de que apenas o poder pode frear o poder e, portanto, é necessário que cada
um dos três poderes (Executivo - responsável pela administração do território;
Legislativo - responsável pela elaboração das leis; Judiciário - responsável pela
fiscalização do cumprimento das leis) permaneça autônomo, não podendo ser
constituído pelas mesmas pessoas.
As ideias de Montesquieu tiveram um alcance global ao fornecer uma base
teórica para a limitação do poder e a promoção da liberdade individual. Influenciaram
outros pensadores, revolucionários e formuladores de políticas em diferentes partes
do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, os princípios da separação dos poderes
foram incorporados à Constituição Americana, destacando a influência duradoura de
Montesquieu no desenvolvimento das democracias modernas. Suas teorias são
estudadas e debatidas até hoje, deixando um legado duradouro na filosofia política e
na teoria democrática.

1. PODER EXECUTIVO

O poder executivo, assim como legislativo e o judiciário, foi criado por


Montesquieu e corresponde a uma das entidades governamentais, conforme fala a
“teoria da separação dos poderes”, criada também por Montesquieu. Esse poder, que
tem o nome bastante intuitivo, tem como função executar as leis, tal como a agenda
do estado.
De acordo com Montesquieu, esse poder seria conduzido pelo rei, com a
possibilidade de ser vetado pelo legislativo, que é formado pelo parlamento. Outrora
esse poder também, em um nível nacional dentro de um estado constitucional, seria
representado por somente um órgão, no caso a presidência da república.
Atualmente no Brasil, esse poder tem um ar de sistema presidencialista. Sendo assim,
exercido pelo presidente do país, com sustentação dos ministros do estado, que são
responsáveis pela coordenação e supervisão em suas respectivas áreas de atuação.
Esse poder é de natureza Federal e executado, como já citado anteriormente,
pelo presidente da república. Porém ele se faz presente em âmbito estadual, sendo
representado na forma de govenador do estado e seus secretários de estado, e no
âmbito municipal, sendo representado na forma de prefeito da cidade e seus
secretários municipais. Importante ressaltar que em todos as esferas, ou âmbitos,
onde habita o poder executivo e seu representante, também habita um vice
representante, sendo ele o vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito.
Se torna importante salientar que o poder executivo muda de país para país.
Sendo assim, em países presidencialistas (aqueles que possuem um presidente como
autoridade máxima), o presidente é o representante do poder. Em países
parlamentaristas (aqueles em que o governo é democrático e baseia a sua
legitimidade democrática a partir do poder legislativo, então, nesse tipo de governo,
os poderes legislativo e judiciário estão interligados) o representante do poder
executivo pode ser, caso o país com o sistema parlamentar seja uma monarquia
constitucional, o monarca é o chefe do estado e portanto o detentor do poder
executivo, enquanto o chefe de governo é uma pessoa diferente do chefe de estado,
que é algo que não acontece em países presidencialistas. Entretanto, se o país com
sistema parlamentar for uma república constitucional, onde o presidente da república
é o chefe de estado, e o chefe de governo, ou primeiro-ministro, é membro do
parlamento, o detentor do poder executivo seria o presidente da república.
Por fim, se torna lúcido destacar duas das várias vantagens disso, como a
relativa facilidade e agilidade para aprovar uma lei, e uma diminuição da chance de
corrupção, tendo em vista que o poder é mais diluído.

2. LEGISLATIVO

O poder legislativo, em sua visão é responsável pela criação de leis e um papel


na organização de uma sociedade. Considerado, por ele, o poder mais importante
dentre os três poderes, pois acreditava que a legislação era a forma mais autêntica
de ouvir a vontade do povo. Devendo ser exercida por uma assembleia representativa,
composta por membros eleitos pelo povo. Sendo ela capaz de elaborar, debater e
aprovar leis que fossem aceitas pelo povo, e ainda respeitando os direitos individuais
dos cidadãos.
Além disso ele falava sobre a importância do equilíbrio e separação dos três
poderes. Argumentando que o legislativo deveria atuar independente dos outros 2
poderes, judiciário e executivo, a fim de evitar possíveis abusos. essa separação
garantiria que cada poder servisse como um freio sobre os outros, para que não
houvesse nenhum poder se sobrepondo os outros dois, caso ao contrário
acontecesse, o cidadão que estaria praticamente indefeso, ou seja, estaria à mercê
de um juiz legislador.
Sobre essa perspectiva de Montesquieu, era necessário limitar o poder
legislativo, propondo que fosse dividido em diferentes câmaras ou órgãos garantindo
a representação de diferentes interesses e evitar leis maléficas, ou que não
representassem os direitos individuais do povo.

2.1. Na França

Nesse período em 1789, na França, diante a revolução francesa, a


implementação do legislativo passou por um processo de transformação e evolução,
no qual o sistema era monárquico absolutista, onde o rei tinha poder ilimitado sobre o
povo. Nessa época que ocorreu a implementação de suas ideias, em relação ao
legislativo. Já em 1791, a França estabeleceu uma nova constituição que estabelecia
um parlamento bilateral, composto pela Assembleia Nacional Legislativa e pelo
Senado. Sendo uma clara tentativa de implementar o conceito de um legislativo
separado e independente.
Posteriormente, em 1799, ocorreu o golpe de Estado liderado por Napoleão
Bonaparte, que deu origem ao período conhecido como Consulado e, logo após isso,
o Império Napoleônico. Nesse período o por legislativo perdeu grande parte de sua
independência e se tornou subordinado da vontade do imperador.

2.2. No Brasil

No Brasil, a implementação do poder legislativo foi influenciada por diferentes


períodos históricos e contextos políticos. Desde a sua independência, em 1822, até
os dias atuais, o país passou por diversas fases de desenvolvimento e transformações
políticas.
Logo após a independência, o Brasil adotou uma monarquia constitucional, com
a primeira Constituição em 1824. Nesse sistema, o poder legislativo era exercido pela
Assembleia Geral, que era composta por duas câmaras: a Câmara dos Deputados e
o Senado. Essas instituições tinham o poder de criar e aprovar leis, além de fiscalizar
o governo.
No entanto, o período monárquico no Brasil foi marcado por muitos desafios e
conflitos políticos. Com o fim da monarquia em 1889, deu-se início à República, e o
sistema político brasileiro passou por mudanças significativas.
Após um período de instabilidade política e golpes, em 1934 foi promulgada a
primeira Constituição da Era Vargas, que estabeleceu o sistema unicameral, com a
criação da Assembleia Nacional Constituinte. No entanto, esse sistema foi alterado
novamente em 1937, quando o Brasil passou a ser governado por um regime ditatorial.
A partir da redemocratização em 1945, o país retomou o sistema bicameral,
com a Câmara dos Deputados e o Senado. O poder legislativo brasileiro passou a ser
responsável pela criação de leis, aprovação do orçamento nacional, fiscalização do
governo e representação dos interesses dos cidadãos.
Atualmente, o poder legislativo brasileiro é composto pelo Congresso Nacional,
que envolve a Câmara dos Deputados e o Senado. Os membros dessas casas
legislativas são eleitos pelo voto popular, e seu papel é representar os interesses da
população, criar leis, fiscalizar o governo e participar do processo de tomada de
decisões políticas.
3. JUDICIÁRIO

Montesquieu, em sua obra "O Espírito das Leis", teorizou sobre a importância
de um sistema judiciário independente e imparcial como parte essencial da separação
dos poderes. Ele defendia que o poder judiciário deveria atuar como um contrapeso
aos poderes legislativo e executivo, garantindo a proteção dos direitos individuais e
evitando abusos de poder pelos demais.
Propôs que o poder judiciário fosse separado dos outros poderes e que os
juízes fossem independentes e imparciais em suas decisões. Ele argumentou que isso
garantiria a igualdade perante a lei e a proteção dos direitos individuais. Além disso,
Montesquieu defendeu que os juízes deveriam ser selecionados com base em suas
qualificações e competência, em vez de serem escolhidos por critérios políticos.
Uma das principais contribuições de Montesquieu foi a ideia de que o poder
judiciário deveria atuar como um "contrapeso" aos outros poderes. Ele acreditava que
os tribunais deveriam ter autoridade para revisar a constitucionalidade das leis e
impedir que o legislativo ou o executivo excedessem seus limites legais.
No entanto, é importante ressaltar que, embora Montesquieu tenha teorizado
sobre a separação dos poderes e a importância de um poder judiciário independente,
suas ideias não foram totalmente implementadas na França durante sua vida. O
sistema judiciário francês continuou a ser influenciado pela autoridade monárquica e
pela hierarquia social existente. Sob o regime napoleônico, o sistema judiciário foi
reorganizado, mas permaneceu subordinado ao poder executivo. Somente na
Terceira República, no final do século XIX, ocorreram reformas para fortalecer a
independência do judiciário. No entanto, ao longo do século XX, a independência do
sistema judiciário foi desafiada em alguns momentos.
No Brasil, as ideias de Montesquieu sobre a separação dos poderes e o sistema
judiciário também tiveram influência. Após a independência do país, em 1822, a
Constituição brasileira de 1824 estabeleceu a divisão dos poderes, incluindo o
Judiciário como um poder independente. No entanto, ao longo da história do Brasil,
houve momentos em que o sistema judiciário enfrentou desafios em sua
independência, com influências políticas e interferências em seu funcionamento
imparcial, principalmente durante o período da ditadura militar de 1964.
E atualmente, no Brasil, o Poder Judiciário brasileiro é constituído por
Supremo Tribunal Federal, que é órgão máximo, que se divide basicamente,
como sendo da justiça comum, justiça do trabalho, justiça eleitoral e justiça
militar, conforme organograma abaixo:

A estrutura e organização do sistema judiciário no Brasil têm como objetivo


garantir a imparcialidade, a independência e a efetividade da justiça. No entanto, o
sistema enfrenta desafios, como a morosidade processual e a falta de recursos, que
afetam a sua capacidade de atender às demandas da sociedade de forma rápida e
eficiente.

4. CONCLUSÃO

Em conclusão, o filósofo político Montesquieu teve um papel significativo


durante o período do Iluminismo ao defender a separação dos poderes como forma
de garantir a liberdade individual e evitar abusos de poder, deixando um legado
duradouro na filosofia política e na teoria democrática, que influenciou a organização
dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em diferentes países, incluindo a
França, os Estados Unidos e o Brasil.

5. REFERÊNCIAS

Toda Matéria:
- https://www.todamateria.com.br/poder-judiciario/
Brasil Escola:
- https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/montesquieu.htm
- Montesquieu: biografia, teoria, obras, frases - Brasil Escola (uol.com.br)
Jus Brasil:
- Montesquieu aplicado ao cenário político brasileiro. | Jusbrasil
- https://www.jusbrasil.com.br/artigos/desaposentacao-porque-nao-cabe-
sobrestamento-em-acoes-transitadas-em-julgado-quando-se-trata-do-tema-
no-trf-2-rio-de-janeiro/182558718
- https://jus.com.br/artigos/5484/montesquieu-e-a-teoria-da-triparticao-dos-
poderes
Curso ENEM Gratuito:
- https://cursoenemgratuito.com.br/montesquieu/
Wikipédia:
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_Judici%C3%A1rio_do_Brasil
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Montesquieu
UOL Educação:
- https://educacao.uol.com.br/biografias/montesquieu.htm
YouTube:
- https://youtu.be/XOOmWPhwerQ

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