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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – ICS


CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

LEONARDO DOS SANTOS LIMA

RESENHA DESCRITIVA SOBRE A OBRA DE MONTESQUIEU


(SOCIEDADE E PODER)

MACEIÓ/AL
2021
Montesquieu foi um filósofo, escritor e político de viés iluministas, vivenciou o
glorioso século XVIII (tido como período de grande crescimento intelectual europeu,
sobretudo na França). Nascido em família aristocrática francesa, defendeu a razão como
guia de descobertas, fazendo duas críticas a monarquia absolutista vigentes em seus
país.

Sua obra tem conjunção paradoxal entre o arcaico e o tradicional, com traços de
enciclopedismo, várias disciplinas lhe atribuem o caráter de percussor, ora ressaltando
como pai da sociologia, ora como principal nome do determinismo geográfico e sempre
citado como aquele que nas ciências políticas desenvolveu a teoria dos três poderes, que
ainda hoje permanece como uma das condições de Estado de direito. Montesquieu como
já citado anteriormente é um membro da nobreza que, no entanto, não tem como objeto
de reflexão política a restauração do poder de sua classe, mas sim como tirar partido de
certas características do poder no regime monárquico, para dotar de maior estabilidade
os regimes que viriam a resultar das revoluções democráticas.

No contexto analisado podemos verificar que sua preocupação central foi a de


compreender as razões da decadência das monarquias, os conflitos intensos que
venceram sua estabilidade, mas também os mecanismos que garantiram que por tantos
séculos tal forma de governo permanecesse – Montesquieu em Sociedade e Poder –
identifica uma moderação. Conceito esse que trata de ser o alicerce do funcionamento
estável dos governos, e torna-se preciso encontrar tais sistemas para que seja avaliado o
que aconteceu no passado, no presente e assim sintetizar um modelo de regime ideal
para o futuro.

O conceito de lei é introduzido em uma de suas obras O espírito das leis, para
escapar de uma discussão viciada que ficaria limitada a discutir as instituições e as leis
quanto à legitimidade de sua origem, seu ajustamento à ordem natural e a perfeição de
seus afins. Uma discussão predestinada a confundir – nas leis – concepções de natureza
política, moral e religiosa, sendo esse conceito trazido à tona como: Relações
necessárias que derivam da natureza das coisas.
Tal como é possível estabelecer as leis que regem as pessoas a partir de suas
relações entre si, também as leis que regem os costumes e as instituições são relações
que derivam da natureza coisas. Com esse conceito de lei Montesquieu traz a política
para fora do campo da teologia e da crônica, e é inserida num campo totalmente teórico.
Estabelece uma regra inseparável que incorpora a teoria política ao campo das ciências:
as instituições políticas são regidas por leis que estão relacionadas as relações políticas,
são essas relações entre as diversas classes em que se divide a população, as formas de
organização econômica, as formas de distribuição do poder, dentre outras.

Montesquieu está fundamentalmente preocupado com a estabilidade dos


governos (expressão essa que corresponderia ao que chamamos de regime, ou modo de
funcionamento das instituições políticas). Contextualizando tais fatos, ele leva-se a
discutir essencialmente as condições de manutenção de poder. O estado de sociedade
tem capacidade em comportar diversas formas de realização, e elas se acomodam bem
ou mal a uma diversidade de povos, com costumes diferentes, estruturação social,
formas de comércio e o próprio governo.

Assim ele irá considerar duas dimensões do funcionamento político das


instituições: a natureza e o princípio de governo. A natureza do governo diz respeito a
quem detém o poder – como por exemplo podemos citar a monarquia, onde só há um
governante - na república (governa o povo todo, ou em parte); no despotismo, governa
a vontade de um só. As análises minuciosas de Montesquieu deixam claro que trata-se
de relações entre as instâncias de poder e a forma como o poder se distribui na
sociedade, entre os diferentes grupos e classes da população.

No que concerne a república, Montesquieu lembra que, por tratar-se de um


governo em que o poder é do povo, é fundamental distinguir a fonte de exercício do
poder, e estabelecer criteriosamente a divisão da sociedade em classes com relação a
origem e a ao exercício do poder. O povo, sabe escolher muito bem mas é incapaz de
governar pois é movido pela paixão e não pode decidir.

São três os princípios, cada um correspondendo em tese a um tipo de governo.


Em tese, segundo Montesquieu ele não afirma que “toda república é virtuosa, mas sim
que deveria sê-lo” para poder ser estável. O principio da monarquia é a honra; o da
república é a virtude e do despotismo é o medo. O despotismo seria menos que um
regime político, quase uma extensão do estado de natureza, onde os homens atuam
movidos pelo instinto e orientados para a sobrevivência.

A honra é uma paixão social, ela corresponde a um sentimento de classe, a


paixão da desigualdade, o amor aos privilégios e prerrogativas que caracterizam a
nobreza. Só a virtude é uma paixão propriamente política: ela nada mais é do que o
espírito cívico, a supremacia do bem público sobre os interesses particulares. Para
Montesquieu republica e despotismo são iguais num ponto essencial, pois em ambos os
governos todos são iguais a diferença é apenas que nos regimes populares o povo é tudo
já no despotismo o povo nada é.

A combinação do princípio com a natureza do regime nos permite entender


melhor a teoria dos três governos. O despotismo é menor que o regime, não possui
instituições. Trata-se de uma forma de governo cujo a síntese fundamental é a falta de
princípios. Já o governo republicano é um regime muito frágil, pois repousa na virtude
dos homens, depende dos homens – sem republicanos são se faz uma república – os
grandes não a querem e o povo não sabe mantê-la. A monarquia não precisa da virtude,
e mesmo as paixões desonestas da nobreza a favorecem. Nessa curiosa conjunção entre
o princípio da natureza e da monarquia fica claro que ela depende de instituições para
exercer seu poder. Contudo podemos afirmar que Montesquieu fez a análise de três
governos: o despotismo, é o governo da paixão, a monarquia é o governo das
instituições e a república é o governo dos homens.

O despotismo está condenado a autofagia, ele leva necessariamente a rebeliões.


A república não tem princípio de moderação: ela depende de que os homens com caráter
mais integro contenham seus próprios apetites e contenham também os demais. Na
monarquia existem as instituições que contem impulso da autoridade executiva e o
apetite dos poderes intermediários, o poder está divido sendo assim o poder contraria o
poder.

A teoria dos poderes é conhecida como a separação e independência dos


poderes, sobre os três poderes, Montesquieu vai a Inglaterra estudar as bases
constitucionais da liberdade, sendo através desse estudo que ele dedica uma das partes
mais importantes de sua pesquisa sobre a sociedade e a hierarquia política, trata-se de
uma análise minuciosa da estrutura do parlamento e das funções dos três poderes:
executivo, legislativo e judiciário. É ressaltado pelo mesmo a interpenetração das
funções de cada um dos poderes, basta lembrar a prerrogativa de julgamento pelos pares
nos casos de crimes políticos para perceber que a separação total não é necessária nem
conveniente.

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