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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INATITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA

DISCIPLINA: HISTÓRIA MEDEIVAL 1 (GHT00822)

DOCENTE: RENATA RODRIGUES VEREZA

DISCENTE: KAUÃ BRAGA DE ARAUJO LIMA

O texto “Poder Politico Y Aparatos Del Estado Em La Castilla Bajomedieval.


Consideraciones Sobre Su Problematica, escrito por José M. Monsalvo Antón, possui
como temática central a revalorização do trabalho de estudo das formas de relações
políticas nas sociedades feudais, com o intuito de explicar as carências e as lacunas
presentes na ciência da história contemporânea. Tal busca pela valorização, se torna
difícil de se conceber, pois segundo o autor, esta é uma área que não é muito debatida
e aprofundada, historicamente falando e que os historiadores tidos como
“especialistas” ou seja, dotados de reconhecimento e influência na área não possuem
o preparo necessário para aprofundar os seus estudos nas relações políticas feudais
e consequentemente, não conseguir fugir do reducionismo jurídico institucionalista
que assombram as escolas historiográficas.

A baixa idade média pode ser representada como um período marcado pelo
fortalecimento do poder político dos reis e a criação das estruturas burocráticas
centrais, responsáveis por efetuar a manutenção do sistema, que eventualmente ficou
conhecido como Monarquia – absoluta e/ou autoritária –. Descrições como essa
apresentada, reduzem não apenas um período histórico, mas velam e dificultam o
entendimento das transformações políticas e sociais ocorridas, e principalmente da
forma como estas se estabeleceram e se moldaram durante, antes e depois deste
período. De que maneira surgiu o Estado? De que é constituída a sua Natureza? Qual
é a sua função? Questionamentos como esses e muitos outros deveriam receber um
enfoque maior e um estudo mais profundo a ser discorrido, não para criar uma “teoria
geral do estado” – uma vez que esta poderia assumir tendência utópica não muito
central – e como apresenta o autor, mas sim, para apresentar a importância de
explorar essas questões vigentes.

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É notável para o autor que o período da baixa idade média e sua transição
possuem aspectos importantes a serem discorridos em estudos profundos e
embasados, sobretudo livres dos conceitos e preceitos que seguem e assolam as
universidades pertencentes a Era Moderna.

O autor apresenta a sua concepção da natureza do poder político. Para ele, as


relações sociais existentes eram baseadas não apenas nas classes, mas no que as
manteriam em vigência: a produção. Este por sua vez, abarca a sociedade como um
todo, contudo, não abrangia necessáriamente a todos os níveis de relações sociais
existentes. Uma vez que existiam esferas como os núcleos familiares, prisões e outras
entidades responsáveis pelo aparato cultural destas sociedades, capazes de exercer
uma certa influência no meio social vigente. O poderio político pertence a essas
formas de dominação, contudo, assumindo um escopo diferente das demais. Este,
por sua vez, assume uma influência sob todas as esferas, possuindo ainda um modo
de operação distinto para cada sistema de produção. A condição do poder é expressa
pela representação do estado, responsável por orquestrar à sua maneira não somente
os recursos, mas a distribuição destes e as dinâmicas sociais existentes. Em suma, o
papel do estado em uma sociedade é a materialização das relações de poder político,
ou seja, o estado é uma ferramenta de coerção e de reprodução das relações sociais
pré-determinadas.

O sistema político feudal se apresenta de três hipóteses e características


intrínsecas ao seu sistema. A primeira apresenta que o poder político – o estado –
participa diretamente nas relações de produção, diferente do que acontece com o
sistema capitalista – o poder político é separado da economia -.

A segunda diz que o estado feudal é fragmentado em níveis distintos de poder


onde cada um destes níveis é associado a uma parcela da apropriação de excedentes,
desencadeando assim uma descentralização das ferramentas do estado.

E por fim, a terceira afirma a desigualdade jurídica que é parte pertencente do


sistema feudal e que é dever do estado garantir e perpetuar esta desigualdade.

É através destes três tópicos que pode ser possível para entender o
funcionamento do estado feudal. A fragmentação do estado implica que os variados
níveis de poder existentes vão disputar e utilizar de aparatos para possuir uma maior
influência e poder político-econômico – uma vez que o sistema engloba meio

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econômico – e a desigualdade implica em uma das ferramentas encontradas a fim de
perpetuar e manter o monopólio do poder.

Em determinado momento do texto, o autor apresenta como exemplo a Corona


de Castilla durante a baixa idade média, e a partir desta será utilizada para apresentar
e abordar as transformações políticas institucionais realizadas. Para dar início à
análise faz-se necessário ter a noção de alguns conceitos como: capacidade
normativa de governo, a capacidade extrativa financeira e distributiva, a capacidade
de coerção social ideológica e por fim, a capacidade de utilização do poderio estatal.
A capacidade normativa se faz referência no papel do monarca no ato de exercer a
esfera jurídica, a aplicação e criação de normas e nos meios de assegurar direitos. A
capacidade financeira se faz entender os meios de garantir o sustento do estado,
sejam eles por arrendamentos ou tesoureiros e contadores. A capacidade de exercer
o controle social se baseia na ideologia a qual o monarca se submete e a qual todos
os demais, são submetidos a tal. E por fim, o uso da força diz direito a capacidade de
serem utilizadas e administradas as forças tarefas militares e as estruturações do
exército. Apesar deste período estar construindo a centralização do poder
administrativo, o sistema de judiciário - no que se diz respeito a criação de leis - não
conseguiu de primeira instância alcançar as regiões que conseguiram manter de certa
forma um sistema de autogerenciamento.

A centralização não se resume apenas ao aumento de poder e de aparatos


coercitivos sociais, mas também, aos ajustes realizados na estrutura-social e nos
mecanismos utilizados a fim de manter e perpetuar a exploração das classes. De
acordo com a sociedade a ser analisada, a centralização pode ganhar um sentido e
uma necessidade um pouco distintas conforme a relação senhorial vigente. Por
exemplo, na Espanha, a centralização teve um foco direcionado para impedir o
desenvolvimento do sistema de servidão a fim de permitir as classes não dominantes
o controle próprio dos seus meios de produção, ou seja, a centralização surge com o
intuito de não possuir um sistema coercivo econômico. Ocorre ainda disputas internas
para a defesa de objetivos próprios, levando assim a uma centralização que venha a
favorecer um dos lados, ou seja, a política a ser instaurada não será a favor do
monarca, uma vez que este é a representação dos interesses de um grupo, e se por
ventura ele não representar mais estes, é possível que ocorra uma reorganização do
sistema, para que possa ser atendido os interesses de uma classe. Vale ressaltar

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ainda que o fortalecimento de um estado representa para as classes não senhoriais,
não mais do que o fim de sua autonomia.

Conclusão

A partir da leitura prévia do texto: PODER POLITICO Y APARATIS DE


ESTADO EN LA CASTILLA BAJOMEDIEVAL. CONSIDERACIONES SOBRE SU
PROBLEMATICAl de José M. Monsalvo Antón, é possível compreender a importância
da revalorização dos estudos do sistema feudal, bem como apreender a crítica
realizada pelo autor em função do despreparo dos historiadores e acadêmicos
reconhecidos no que se diz respeito ao mundo feudal. Foi apresentado no texto temas
e hipóteses relevantes e pertinentes sobre o real papel do estado, suas funções e as
possíveis formas que este poderia ter surgido. Sobre ainda, os aparatos utilizados
para o mantimento e vigência do sistema em questão. Através do texto apresentado,
foi possível obter uma análise crítica sobre as dinâmicas políticas, sociais e
econômicas do sistema feudal e ainda a importância dos estudos e debates acerca
do tema.

Bibliografia

ANTÓN, J. PODER POLÍTICO Y APARATOS DE ESTADO EN LA CASTILLA


BAJOMEDIEVAL. CONSIDERACIONES SOBRE SU PROBLEMÁTICA

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