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O texto de Regina Maria da Cunha Bustamante, possui como temática chave e intrínseca à

narrativa, a ideia de que o sagrado foi responsável para a consolidação de uma origem e identidade
espaço-cultural. Para que seja possível compreender mais facilmente, a autora discorre ao longo de
seu texto a história mais cristalizada no que se diz respeito a criação de Roma. Esta frisa com
importância, que Roma foi uma cidade que possuiu diversos mitos a fim de explicar a sua origem,
autores como Plutarco, Dionísio de Halicarnasso e Tito Lívio foram alguns responsáveis por
discorrerem sobre o surgimento desta cidade, sendo ainda responsáveis por produzirem versões
distintas umas das outras – apresentando ainda, semelhanças entre as narrativas, bem como a
diferenciação -.

Dionísio de Halicarnasso apresenta em sua publicação “História Antiga de Roma, uma


história tida como “oficial”. Nela, é tratado assuntos fundamentais para a formação de Roma
enquanto cidade: A fuga do príncipe troiano Enéias para uma instalação no Lácio em função da
tomada de Tróia pelos Aqueus e a fundação de Roma pelos seus descendentes - Rômulo e Remulo -.
Para este, os romanos eram descendentes dos antigos colonos gregos estabelecidos na Itália antes
da Guerra de Tróia e que estes colonos participaram de um fluxo migratório aos quais os
descendentes de Enéias foram responsáveis por desenvolver a cidade de Roma. Plutarco, através da
sua intepretação da história, busca enaltecer a glória romana por meio da obra “Vidas Paralelas”
onde é buscado representar as grandes virtudes, a ética e a aplicação prática destes conceitos
presentes em seu fundador. Em ambas as narrativas, a origem da cidade de Roma é baseada em
uma versão mais cristalizada. Essa versão, apresenta os gêmeos Rômulo e Remulo como frutos do
estupro cometido pelo deus da guerra Marte à sacerdotisa Rheia Sílvia, filha de Numitor – rei de
Alba Longa, na Península Itálica -. Amúlio destronou seu irmão e ao sentar-se no trono, recebeu uma
profecia de que seria destronado pelos netos de seu irmão e mando do imperador Amúlio, os
gêmeos foram abandonados as beiras do rio Tibre por soldados, a fim de evitar ser destronado por
seus descendentes, contudo, os irmãos foram encontrados por uma loba – denominada de Lupa ou
Kaptolina - a qual proferiu cuidados e amamentou-os, permitindo a sobrevivência das crianças até
que estas fossem encontradas e criadas por um pastor – Faustulus - . Eventualmente os jovens se
desenvolveram e se tornaram líderes no que é chamado de região das Sete Colinas, destronam
Amúlio e conduzirem o reino de volta para Numitor, e após isso, desenvolver a fundação de uma
nova cidade. A cidade seria um santuário ao deus do acolhimento – referente a loba que os acolheu -
e portanto, a cidade passou a receber a todo tipo de pessoas. Para Rômulo, a cidade deveria ser
construída no Monte Palatino e seu irmão, no Monte Aventino. Para decidir então, foi posto uma
consulta para escolher o local de construção da cidade, os gêmeos foram consultar os augúrios - o
que pode ser entendido como oráculo - a fim de obterem presságios favoráveis para a construção e
demarcação da cidade. Um desentendimento entre os irmãos se instaurou e por fim, Rômulo
assassinou seu irmão, devido o desrespeito cometido pelo seu irmão. Eventualmente, a data usada
para se referir a fundação de Roma a partir do mito como o começo de tudo (Ab Vrbe Condita -
“Desde a Fundação da Cidade”).

Algumas das demais vertentes desta história, apresentam uma valorização maior a Rômulo
em função de seu irmão, e não apenas destacando sua valentia e atos heroicos, mas também,
aproximando- o ainda ao seu pai, deus da guerra, Marte. Tal aproximação, contribui não apenas e
somente para a formação da cidade e seus costumes, mas principalmente sobre como os eventuais
líderes romanos deveriam ser, colocando Rômulo, numa posição de exemplo a ser seguido.

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