Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
--
[I. Introdução]
- “Aliás, não se trata mais apenas de Roma: o que está em questão é o surgimento da
cidade-estado em todo o centro da península italiana durante a proto-história” (p.10)
- “Hoje, as origens de Roma são escrutinadas com uma intensidade sem precedentes
desde a Antiguidade: o grande trabalho científico levado a termo no último quarto de
século permite evidenciar conhecimentos indiscutíveis e perspectivas de reflexão e de
investigação” (p.12-13)
- “Por tradição literária entende-se aquilo que é transmitido pelos textos antigos; por
lenda, um relato em que o fantástico ocupa um lugar importante” (p.15)
- “[...] o relato clássico sobre as origens de Roma é uma lenda, apresentada em textos
dos quais os mais conhecidos e elaborados são a Eneida do poeta Virgílio, que narra a
chegada do herói troiano Eneias ao Lácio; as Vidas consagradas a Rômulo e a Numa
pelo biógrafo Plutarco; e principalmente a História de Roma de Tito Lívio e as
Antiguidades romanas de Dionísio de Halicarnasso [...]” (p.15)
- “Era uma vez, portanto, um príncipe troiano, Eneias, filho da deusa Vênus e do mortal
Anquises, que, após escapar ao saque de Troia pelos gregos, partiu mundo afora em
busca de um novo reino [...]” (p.16)
- “A terceira parte da tradição das origens romanas ou, se preferimos, o terceiro ato, é
tomada pela narrativa das altas façanhas dos sete reis que segundo ela governaram
Roma até a instituição da República consular, quase dois séculos e meio depois” (p.19)
- “A terceira parte da tradição das origens romanas ou, se preferirmos, o terceiro ato, é
tomada pela narrativa das altas façanhas dos sete reis que segundo ela governaram
Roma até a instituição da República consular, quase dois século e meio depois” (p.19)
- “Comecemos por Rômulo, que reina durante 37 anos. Sua principal iniciativa é sem
dúvida a fundação de Roma no Palatino. Teria criado igualmente, no Capitólio, um
lugar acessível a todos os fugitivos desejosos de aliar-se a ele. Rômulo é também o
instigador do rapto das sabinas, destinado a possibilitar descendência aos habitantes da
nova povoação” (p.20)
- “[...] Numa será um sei pacífico, tanto quanto Rômulo o fora belicoso. Reinará por 39
anos, de acordo com Cícero (que concorda com Políbio), ou 43, segundo outras fontes.
[...] Rei devoto, Numa é apresentado por unanimidade como o grande organizador da
religião romana [...]” (p.22-23)
- “Os autores antigos, à exceção de Tito Lívio, atribuem-lhe também uma atividade
legislativa e um papel social importante: na organização do território da cidade, que
divide em distritos chamados pagi; na delimitação das propriedades e do território de
Roma, que coloca sob a proteção do deus Terminus; na promoção da agricultura e,
acrescenta Plutarco, na criação de diferentes corporações de ofícios” (p.23-24)
- “Em conformidade com sua imagem de rei pacífico, nenhuma conquista exterior lhe é
atribuída. [...] De origem latina, segundo Dionísio, Tulo Hostílio, que reinará por 32
anos, será novamente um rei guerreiro, que se ocupará sucessivamente de todos os
vizinhos de Roma: etruscos, sabinos e latinos” (p.24)
- “Os cidadãos mais ricos, cujos bens valem 100 mil ases ou mais, pertencem à primeira
classe, que compreende 80 centúrias, as menos populosas; o limite do patrimônio para a
segunda classe é de 75 mil ases; para a terceira classe é de 50 mil ases; de 25 para a
quarta, de 11 mil [...] ou 12 mil [...] para a quinta. O número de centúrias é de vinte da
segunda a quarta classe, e de trinta para a quinta” (p.34)
- “Finalmente, uma classe que se reduz a uma centúria reúne todos aqueles que têm
como únicos bens os filhos (proles), os proletários. No total, as centúrias são em
número de 193: ora, durante as reuniões de caráter eleitoral de todas as centúrias, a que
se chamavam comícios centuriais, cada uma, independentemente de sua composição,
tem direito a um único voto” (p.34-35)
- “Mais uma vez, um Tarquínio sobe ao trono; ali ficará por 25 anos e será o último rei
de Roma. Se o fracasso final de seu reinado pode ser prefigurado pelo crime que lhe
permitiu chegar ao poder, sua ação é enérgica” (p.37)
- “No plano interno, o rei revê as medidas de seu antecessor, abolindo suas leis e o
sistema centurial. Ele merecerá a alcunha de Soberbo por tratar duramente o Senado e
por fazer a plebe trabalhar, com uma política de grandes obras que dão continuidade à
obra do primeiro Tarquínio: assim, o Grande Circo é provido de arquibancadas;
numerosos esgotos são cavados; a construção do tempo de Júpiter no Capitolio é levada
a tempo graças ao butim de Suessa Pomécia e à ajuda de artesãos vindo de Etrúria, um
dos quais, chamado Vulca, orna o frontão do edifício com um quadriga em terracota”
(p.38-39)
- “Com esse personagem anuncia-se o fim da monarquia: o rei tornou-se tirano, e seu
filho, Sexto, vai desencadear a revolução ao se tornar responsável pela violação do
suicídio de Lucrécia (filha de Tarquínio Colatino)” (p.40)
- “As grandes obras literárias que acabamos de resumir foram escritas vários séculos
após a época que pretendiam descrever” (p.43)
- “Para saber se o que é narrado pode ou não corresponder a uma realidade histórica é
prioritário questionar-se sobre a formação da tradição que resultou em tais obras: quais
eram suas fontes e até onde se pode voltar no tempo?” (p.43)
- “[...] o primeiro autor sobre o qual se tem certeza de haver consagrado às origens de
Roma um relato detalhado é o aristocrata romano Quintos Fábio Pictor. No momento
em que Roma reúne suas forças contra Aníbal, ele publica, sem dúvida em data que se
pode situar entre 216 e 209 a.C., os Anais, que marcam o nascimento do gênero
histórico em Roma” (p.46)
- “A obra vai fixar o que se pode chamar de vulgata das origens de Roma, isto é, a
versão que se encontrará posteriormente, ainda que com variantes, em qualquer relato
sobre o nascimento e os inícios da cidade às margens do Tibre: a partir de Fabio
Pictor, o fundador de Roma é e permanecerá Rômulo” (p.46)
- “Com essas três grandes obras encontra-se fixada a versão que de agora em diante se
pode chamar canônica da lenda das origens de Roma” (p.50)