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O romance entre César e Cleópatra tornou-se notório. Durante dois meses César
passeou de barco pelo Nilo na companhia da amante. No entanto, segundo
historiadores, o principal motivo da permanência de César no Egito foi outro: abril era o
mês da colheita do trigo no Egito e César aproveitou a ocasião para encher os seus
navios com o cereal. A maior parte do trigo consumido em Roma vinha do Egito.
Em 44 a.C. Júlio César foi assassinado em Roma por um grupo de senadores, que o
acusaram de querer ser rei, o que significaria o fim da República e a volta da
monarquia. Eles não imaginavam que o assassinato de César criaria condições
favoráveis para o fim da República e o início de uma guerra civil. Para surpresa de
Cleópatra, o testamento de César designava Otávio, seu sobrinho, e não Cesário,
como seu principal herdeiro.
Cleópatra percebeu que, para governar sozinha, teria de contar com o beneplácito de
um dos homens fortes de Roma e tomou o partido de Pompeu, protector do seu pai, a
quem enviou víveres e tropas para a guerra que este mantinha com com César.
A reacção de César não foi a esperada por Ptolemeu XIII. Ao chegar a Alexandria,
ordenou aos dois irmãos que se apresentassem perante ele com a intenção de mediar
o conflito. Cleópatra teve dificuldades em obedecer à ordem, dado que os partidários
do irmão controlavam os acessos ao palácio. Para o conseguir, idealizou o famoso
ardil de se colocar no interior de um saco (ou tapete, segundo outras versões) que um
servo introduziu no palácio. César e Cleópatra terão passado juntos essa noite, o que
não impediu que o general romano se mostrasse aparentemente imparcial na querela
entre irmãos e esposos, restabelecendo o governo conjunto de ambos.
Depois disto, as fontes relatam que César permaneceu no Egipto percorrendo o Nilo
durante três meses, até Abril, com a sua amante Cleópatra e um cortejo de
quatrocentos navios. As razões para que César não partisse para Roma de imediato,
apesar do perigo que os poderosos partidários de Pompeu representavam, ainda não
foram totalmente esclarecidas e o facto pode estar relacionado com o fascínio que este
sentia pela rainha. Em alternativa, vários historiadores asseguram que o motivo foi
mais prosaico. Abril é o mês da colheita de cereal no Egipto e César foi carregando os
seus quatrocentos navios com cereais. Necessitava dessa carga para alimentar Roma
e o seu exército, dado que os partidários de Pompeu controlavam a província de África
(actual Tunes), celeiro de Roma. Talvez a ânsia de César por reconciliar Cleópatra
com o seu irmão tenha tido o propósito também de evitar a guerra civil egípcia, que
teria colocado em perigo os objectivos de César relativamente à colheita do Egipto.
Assim, em Abril de 47 a.C., César saiu do Egipto deixando três legiões para proteger o
cereal e a rainha, grávida de um filho seu, Cesarião. Este fruto da sua relação
beneficiava os dois amantes, dado que César conseguia com isto assenhorear-se do
Egipto sem prestar contas a Roma, enquanto Cleópatra conseguia que o Egipto
passasse a ser uma província romana. Em contrapartida, se os planos de César
chegassem a bom porto, Cleópatra acreditava que poderia colocar Cesarião à frente
de um império com dimensão semelhante ao de Alexandre.
Morto César e aberto o seu testamento, Cleópatra comprovou que o ditador nomeara
como herdeiro o seu sobrinho Octávio. Se Cesarião alguma vez esteve nos projectos
de César, seria num futuro longínquo, quando a sua liderança estivesse consolidada.
Mas isso são apenas conjecturas, dado que os projectos de César morreram com ele.