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Perry Anderson
“A nobreza patrícia cedo lutara por concentrar a propriedade da terra nas suas
mãos, reduzindo os camponeses livres mais pobres à servidão por dívidas (tal como na
Grécia) e apropriando-se do ager publicus, ou terra comuns, que estes usavam para a
pastorícia e cultivo. [...] Não houve uma transformação económica ou política
comparável à que ocorrera em Atenas ou, de um modo diferente, em Esparta que
estabilizasse a propriedade rural do comum dos cidadãos de Roma. Quando os
Gracos tentaram seguir os passos de Sólon e Psístrato era demasiado tarde.” (pp. 58-59)
“A República era dominada pelo Senado, controlado, nos seus dois primeiros
séculos de existência, por um pequeno grupo de clãs patrícios; a qualidade de membro
do senado, cooptativa, era vitalícia. Os magistrados anuais, dos quais os cônsules eram
os dois postos mais elevados, era eleitos por <<assembleias do povo>> que
compreendiam todo os cidadãos de Roma, mas organizados em unidades
<<centuriadas>> desiguais, ponderadas para assegurar a maioria às classes
proprietárias.” (p.57)
“A luta das classes mais pobres fora conduzida em geral por plebeus ricos que se
tornaram defensores da causa popular para favorecer os seus próprios interesses
adventícios.” (p.58)
“A nobreza patrícia cedo lutara por concentrar a propriedade da terra nas suas
mãos, reduzindo os camponeses livres mais pobres à servidão por dívidas (tal como na
Grécia) e apropriando-se do ager publicus, ou terra comuns, que estes usavam para a
pastorícia e cultivo.” (pp.58-59)
“A ralé urbana fora habilmente mobilizada por manobras dos nobres contra os
reformadores agrários no século II [...] mas foi este o último desses episódios. [...] Dada
a provável ausência de qualquer força de polícia sólida ou séria numa cidade fervilhante
de três quartos de milhão de habitantes, era considerável a pressão imediata de massas
que os motins urbanos podiam exercer, num momento de crise da república.” (p.74)
“[...] O expansionismo militar de Roma tendia também a estreitar as fileiras dos assidui
que forneciam recrutas e reservistas aos exércitos com que era conduzido.” (p.60)
“A inovação decisiva da expansão romana foi em última análise econômica:
introdução do latifundium cultivado por escravos, em larga escala, pela primeira vez na
Antiguidade.” (p.63)
“Entre 200 e 167 a.C., dez por cento ou mais de todos os romanos livres,
adultos, do sexo masculino, estiveram permanentemente incorporados: este esforço
militar gigantesco só foi possível porque a economia civil que lhe subjazia se baseava
enormemente no trabalho escravo [...]. As guerras vitoriosas, por seu turno,
proporcionavam mais escravos-cativos para lançar nas cidades e explorações agrícolas
da Itália. [...] O militarismo predatório da República romana foi a sua principal alavanca
da acumulação econômica. A guerra trouxe terras, tributos e escravos; os escravos, os
tributos e as terras forneceram o matériel para a guerra.” (pp.65-67)