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Artes

Arte Romana
Pragmatismo e glória
4. Artes – Arte romana
Professor Estéfani Martins
Roma foi fundada no século VIII a.C. quando passou progressivamente a
influenciar com seu vastíssimo império parte significativa do mundo conhecido
com suas múltiplas edificações de caráter civilizatório e urbanístico, com suas
eficientes e implacáveis táticas militares, com suas leis que inspiraram grande
parte dos códigos criados no Ocidente desde então e com suas instituições que
determinariam a forma de Estados, de instituições e de variados tipos de
associações entre cidadãos articularem-se.
Na sua maior extensão, estendia-se da Inglaterra ao Egito e da Espanha ao sul
da atual Rússia, além de compreender grande parte do atual Oriente Médio.
Em 395 d.C., por ordem do Imperador Teodésio, o vasto império é dividido em
Império Romano do Oriente e do Ocidente. A queda definitiva ocorreu em 476
d.C., ano que marca simbolicamente o fim da Idade Antiga e o início da Idade
Média.
A cultura romana sofreu intensas influências de duas outras tradições
culturais, a saber:
1. Etrusca, cultura multifacetada e rica vinda em navios para a Península
Itálica oriundas do Mar Egeu e das costas da Ásia Menor, ainda que haja
correntes teóricas que afirmam serem eles um povo autóctone do Norte da
Península Itálica. A abóbada e o arco são vistas como contribuições etruscas
para a arquitetura romana. A arte funerária ou tumular etrusca também muito
influenciou Roma. Frontalidade. Vitalismo;
Arte etrusca – afresco etrusco.
Arte Etrusca – afresco etrusco.
FN
Arte etrusca – sarcófagos etruscos.
A cultura romana sofreu intensas influências de duas outras tradições
culturais, a saber:
2. Grega, cultura que exaltava o mimetismo, a beleza, a ordem e a
perfeição na arte, daí ser fácil percebê-la como principal influência artística e
cultural para Roma, ainda que os romanos tenham somado a esses ideais o culto
ao triunfo que marca de forma indelével a história deste povo. Há correntes que
entendem que a influência grega chega na cultura romana primeiramente por
intermédio dos etruscos, também influenciados por essa cultura. A cultura
romana intensifica sua relação com a grega a partir da conquista da Magna
Grécia.
A cultura romana pode ser caracterizado pelos seguintes aspontamentos:
Muitas influências egípcias, gregas e etruscas.
Cosmopolitismo.
Sociedade fortemente militarizada. A cidade de Roma nasce de um
acampamento de militares latinos.
Cultura utilitarista (pragmática) e avessa a idealizações.
Valorização do caráter, do triunfo e da guerra.
Vasta produção literária.
Mulheres eram coadjuvantes na cultura romana.
A vida após a morte é uma continuidade da vida terrena.
A história romana é dividida em três momentos, a saber:
1. Período Monárquico (753-509 a.C.) – inicia-se com a fundação de Roma,
que tem contornos míticos graças à narração feita na obra “Eneida” de Virgílio
e no registro do historiador Tito Livio. Ambos contam que a cidade de Roma foi
fundada em 753 a.C. pelos gêmeos Rômulo e Remo, que foram abandonados
no Rio Tibre e só sobreviveram por causa de uma loba que os amamentou.
O Período Monárquico é caracterizado por uma sociedade romana dividida em
três grupos chamados Patrícios, ricos proprietários de terra; Clientes, parentes
pobres ou serviçais dos Patrícios; e Plebeus, homens livres, mas sem direitos
políticos. A economia do período era baseada em atividades agropastoris. O
rei, eleito por uma assembleia, tinha seus poderes controlados pelo Senado
que era composto apenas por Patrícios.
FN

Arte Etrusca – escultura em bronze - Loba capitolina (com Rômulo e


Remo). Símbolo da fundação de Roma. As crianças foram
acrescentadas apenas posteriormente.
2. Período Republicano (509-27 a.C.) – anteriormente a esse tempo, Roma foi
conquistada pelos etruscos que favoreceram muito o progresso urbanístico
das cidades dos conquistados. Mais tarde, os conquistadores foram vencidos
pelos Patrícios que impuseram um novo regime chamado República em 509
a.C.
O Período Republicano foi um regime articulado em torno de três instituições:
Assembleia centuriata, composta por cidadãos; Magistratura, uma espécie de
órgão ministerial; e Senado, composto apenas por Patrícios, que também eram
os únicos que poderiam ser escolhidos magistrados. A principal Magistratura
era o Consulado, composto por dois cônsules responsáveis pela política
interna e externa da República. Foi um período de conquistas para os Plebeus,
tais como a criação do cargo de tribuno da plebe, a autorização de
casamentos com Patrícios e a proibição da escravidão por dívida.
Mais tarde, para conter os conflitos ainda persistentes entre Patrícios e
Plebeus, os últimos foram integrados às Legiões em guerras de expansão
na Península Itálica e no Mediterrâneo, o que foi importante para haver
condições de dar início às Guerras Púnicas contra Cartago.
É o tempo também da política do Pão e Circo, que tinha o objetivo de
acalmar a Plebe ociosa e desempregada em tempos de paz. Entretanto, a
doação esporádica de comida e a ostensiva oferta de entretenimento
violento não foram capazes de aplacar a crise social que se manteve e que
deu origem a guerras civis também produzidas pelo conflito de interesses
entre o Exército e o Senado que foram precariamente solucionadas com o
primeiro e o segundo Triunviratos que criaram as condições para que
Otávio, com o rompimento dessa forma improvisada de governo, fosse
entronado como Príncipe do Senado e como Augusto, título honorífico
romano com conferia pretensa ascendência divina.
Coliseu romano – infográfico da revista Mundo Estranho
FP
3. Período Imperial (27 a.C. a 476 d.C.), tempo dividido em dois momentos: Alto
Império, tempo de prosperidade e Baixo Império, tempo de crise. O Alto
Império tem início com os 41 anos de governo de Otávio Augusto, que foi
marcado por grande ampliação dos domínios romanos e pela possibilidade de
que ricos mercadores fossem senadores. Depois disso, sem guerras
expansionistas, começa o período chamado Pax Romana. Sucessores de
Otávio retomam a política de expansão territorial por meio de guerras, o que
ajudou a fazer de Roma centro cultural e político do mundo ocidental e um dos
entrepostos comerciais mais importantes do mundo. A máxima extensão
territorial do Império Romano ocorre no século II d.C., época que ficou
conhecida como Idade de Ouro, mas, com o fim das guerras, que eram
fundamentais para a economia escravista e a estabilidade social romanas,
tem início o lento declínio de Roma.
O Baixo Império inicia-se num contexto de pequena oferta de escravos em
função da diminuição das guerras e de aumento dos preços. Apesar das
muitas reformas nas relações de trabalho e produção a fim de conter a crise,
da conversão do Império a fé cristã em 313 d.C. por Constantino, da
transferência posterior da capital do Império para Constantinopla; pouco foi
possível fazer para evitar o inevitável e mesmo impensável: o fim do grandioso
e opulento Império Romano. Teodésio, em 395, dividiu o império em dois:
Império do Ocidente, com capital em Roma, e Império do Oriente, com capital
em Constantinopla. Disso, derivou uma versão ocidental fragilizada
militarmente e muito atacada por tribos bárbaras, que viria a ser esfacelada
em 476 d.C. A versão Oriental, também chamada Império Bizantino, mais
versátil e pungente economicamente e muito menos agredida por invasores,
segue até o ano de 1453 quando foi dominada pelos turcos-otomanos.
Mapa – divisão do Império Romano.
Fonte: https://www.estudopratico.com.br
A queda de Roma, no Ocidente, produzirá um êxodo para a zona rural, já que
as cidades não eram mais um lugar seguro por causa das invasões bárbaras,
assim tem início um processo de desurbanização, regressão do comércio e
descentralização política que será o embrião do Feudalismo e da ascensão da
Igreja Católica Apostólica Romana como o único poder centralizado por
muitos séculos.
Portanto, depois de um longo período de prosperidade e conquistas que
tornou Roma, apesar dos excessos e das atrocidades cometidas contra outros
povos, a principal força motriz civilizatória da humanidade até então, veio o
declínio e a extinção dela como instituição política e militar, mas não como
referência cultural que ajudou a moldar o Ocidente junto às contribuições
igualmente relevantes da cultura grega.
Arte Romana - Arco de Septmus Severus, Líbia.
A Arte Romana é produto da união entre tradições etruscas e gregas, que
resultaram numa arte que, num mesmo tempo, expressava a realidade vivida
e uma ideia de beleza e perfeição submetida ao caráter e ao gosto pelo
triunfo.
A Arte Romana evoluiu e conformou-se mais intensamente a partir da terceira
Guerra Púnica (146 a.C.) até o séc. IV d.C., quando passa a ser pouco
estimulada em função dos problemas que decretariam o fim de Roma. Com o
Império Romano convertido ao Cristianismo, a Arte Romana perde
gradativamente sua essência original ao mesclar-se com a Arte Cristã-
Primitiva, ainda que esta tenha se desenvolvido lenta e secretamente desde o
século I d.C. A junção dessas duas concepções estéticas e ideológicas define a
arte produzida durante o medievo especialmente no fim do Período Românico
da Arte Medieval.
Herdeiros e entusiastas da cultura grega, os romanos pouco inovaram
esteticamente, em função da ampla e consentida influência cultural helênica
pela qual os romanos tinham orgulho e zelo, tanto que grande parte dos
artistas que trabalhavam nas cidades romanas ou eram gregos ou tinham
ascendência grega. Tal relação seria muito bem sintetizada pelo aforismo de
Horácio: “A Grécia conquistada conquistou seu brutal conquistador.”. Todavia,
é razoável ponderar que a Arte Romana é uma versão mais civilizatória,
funcional e secular e menos idealizada e intelectualizada do que a Grega.
A arte romana tem como principais características:
Realismo, retratismo.
Pragmatismo, utilitarismo.
Sobriedade, serenidade, tranquilidade.
Arte com objetivos políticos. Propaganda.
Arquitetura
A arquitetura romana destaca-se pelo uso de influências etruscas como o arco e
a abóboda, além do interesse pelos espaços interiores das construções, que
passaram a ser vistos com igual atenção ao exterior no que concerne a
preocupações estéticas e estruturais, além das evidentes influências gregas
observadas no extenso uso de ordens arquitetônicas helênicas na tradição
arquitetônica romana e na geometrização precisa das construções.
A Engenharia era um saber importante para a civilização romana, sobretudo,
para viabilizar a construção de estradas que, em tempos de guerras, serviam ao
Exército para acelerar o deslocamento de tropas; em períodos de paz, para
interligar o vasto domínio romano a fim de facilitar o comércio, a comunicação,
a cobrança de impostos, etc. Os romanos construíram dezenas de milhares de
quilômetros de estradas.
Urbanisticamente, a influência de Roma ainda se faz presentes em inúmeras
cidades atuais por meio das grandes praças centrais, as avenidas principais que
se cruzam em formato de cruz, o conceito de quarteirão, etc.
Arte etrusca – casas túmulo.
Arte etrusca – arco etrusco.
Nota: mais conhecido como arco romano, embora tenha origem mesopotâmica
Tipos de arcos.

FP
Desenvolvem-se, no contexto da arte romana, duas ordens arquitetônicas
derivadas das gregas, a saber:
1. Ordem toscana – é uma simplificação da ordem dórica grega, ainda que
de mesmas proporções. A coluna dispõe de base e sete módulos de altura; o
fuste é liso e sem caneluras; o capitel é simples;
2. Ordem composta ou compósita - é uma ordem mista e suntuosa que une o
capitel e as volutas da jônico com as folhas estilizadas de acanto da coríntia. É
uma estrutura arquitetônica maior do que a toscana, pois tem dez módulos de
altura.
Ordens gregas e romanas.
De forma geral, a arquitetura romana tem como características fundamentais
a busca do útil imediato; o senso de realismo; a grandeza material, associada
à ideia de força; o predomínio do caráter sobre a beleza; os relevos com
paisagens, cenas míticas ou cenas de ação; a prevalência das linhas curvas; as
construções circulares; e a preferência por edificações marcadas por uma
motivação civilizatória e urbanística, são exemplos: aquedutos, pontes,
muralhas, prédio públicos, estradas, anfiteatros, banhos públicos, termas, etc.
1. Teatros – construções derivadas das gregas, mas diferentes porque, ao
contrário dos teatros gregos, os romanos não eram inclinados em
depressões, mas construídos sobre edificações prévias. São exemplos o de
Aspendos na Ásia Menor; o Marcelo; os de Pompeia, Arles, Mérida; entre
outros;
Arte Romana - Ruínas de Teatro em Leptis Magna, Líbia.
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2. Anfiteatros – edificações de grande porte associadas ao lazer e ao
entretenimento. Eram construções elípticas ou semicirculares que, muitas vezes,
sob a arena onde ocorriam as lutas, havia um complexo ambiente de galerias,
maquinaria, pessoas, etc., a fim de dar aspectos cênicos e espetaculares para o
que ocorria na parte de cima dessa estrutura, que era uma espécie de palco
coberto de areia, no qual vida e morte, vitória e derrota entrelaçavam-se para
orgulho e glória do Império Romano e para o divertimento e alienação das
camadas populares de Roma. Foram, assim, erguidos com o objetivo de ser
palco de atrações muito populares, a saber: corridas a cavalo ou bigas;
encenações de batalhas; pugilato; lutas que envolviam gladiadores profissionais,
escravos e animais; etc. Essas lutas compunham um espetáculo que deveria ser
apreciado de quaisquer ângulos, daí a palavra anfiteatro significar “teatro de um
e de outro lado”.
O Anfiteatro Flavio ou Coliseu é o principal exemplo desse tipo de construção,
chegava a comportar mais de 40000 pessoas sentadas e cerca de 5000 em
pé. Destacam-se também os de Pompeia, Pola, Nimes, Verona e Mérida;
Arquitetura Romana – Anfiteatro Flávio - Coliseu, Roma – 80 d.C.
FP
Arquitetura Romana – Anfiteatro Flávio - Coliseu, Roma –
80 d.C. Vista superior.
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Arquitetura Romana – esquema do Coliseu.
3. Arcos do triunfo – eram relativamente comuns, já que existiram em várias
cidades romanas, com o objetivo de render tributos e homenagens a um
grande feito histórico de um romano, para tanto tem geralmente relevos e
figuras alegóricas que ajudam a contar a história de êxito e conquista do
homenageado. São exemplos os arcos de Tito, de Septímio Severo e de
Constantino;
Arte Romana – Arco de Tito – 81 d.C. – mármore - Arco triunfal erigido em comemoração à conquista de Jerusalém.
Inscrição: SENATVS POPVLVSQVE ROMANVS IVO TITO DIVI VESPASIANI F(ILIO) VESPASIANO AVGVSTO (Do Senado e do povo romano para o divino Tito,
filho do divino Vespasiano, Vespasiano Augusto)
Arte Romana - 312-315 d.C. - Arco de Constantino, Roma.
FP
4. Colunas – monumentos também dedicados a grandes romanos e suas
vitórias como Marco Aurélio e Trajano. São estruturas circulares de alguns
metros de altura encimadas por estátuas alusivas ao tema ou à pessoa
para a qual são dedicadas. No corpo da coluna, em relevo, pode ser
contada a história (arte sequencial e cinema) do evento como é o caso da
Coluna de Trajano, em que se conta a vitória contra os dácios (atual
Romênia);
Apolodoro de Damasco (65-125) arquiteto do Imperador Trajano - Coluna de
Trajano, feita em honra à vitória contra os dácios.
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Apolodoro de Damasco (65-125) arquiteto do Imperador Trajano - Coluna de
Trajano, feita em honra à vitória contra os dácios.
FP
5. Aquedutos e pontes – obras de engenharia que confirmam as aspirações
urbanizadoras, pacificadoras e civilizatórias de Roma em toda extensão dos
seus domínios. São exemplos os aquedutos de Segovia e dos Milagros. Dentre
as muitas pontes, merecem destaque as de Alconétar e Alcántasse;
Arquitetura romana – Pont du Gard – aqueduto – c. séc. I d.C.
FP
6. Templos – edificações elevadas sobre “podiums” com pretensões religiosas de
origem etrusca-grega e de planta retangular. É possível destacar os templos
da Fortuna Viril, de Saturno, da Concórdia, de César e o mais conhecido deles
- o Panteão - construído em Roma durante o governo do Imperador Adriano,
tinha o intuito de agregar o culto aos deuses existentes na cultura romana. O
Panteão foi feito a partir de ruínas de um templo anterior (frontispício)
combinadas com estruturas arquitetônicas romanas como o arco e a
abóbada na parte de trás;
7. Tumbas – foram construídas com variadas formas como os columbarios,
nichos para se guardar cinzas; além de tumbas de variados formatos e
ornamentações. Eram feitas de pedra ou cerâmica a exemplo das etruscas,
muitas vezes com esculturas sobre os tampos que representam o defunto
deitado ou recostado de forma realista;
Arquitetura romana – Panteão – 118-125 d.C. – Roma, Itália FP
Arte Romana – Panteão (óculo) – 118-125 d.C. – Roma, Itália (interior).
FP
8. Basílica – edificações inicialmente voltadas para atividades comerciais,
jurídicas e cívicas. Tinha planta retangular, galpão central amplo, cobertura
plana ou com abóboda. Destacam-se a de Marco Porcio e a de Julia, no Foro; a
de Pompeia; e a de Majencio. Mais tarde, em função da influência do Cristianismo,
passou a designar uma espécie de igreja central com importância burocrática
em relação às outras. Com a conversão do Império Romano à fé cristã, essas
eram as únicas estruturas capazes de receber tão expressivo número de cristãos;
Arquitetura Romana - Basílica de Majencio e de Constantino.
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Arquitetura Romana - Ruínas de uma Basílica de Leptis Magna
romana, Líbia.
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9. Termas – edificações associadas a objetivos sanitárias e ao lazer. Eram
complexos constituídos de locais de reunião, biblioteca, ginásio, piscina, banhos
(quentes, “caldarium”; frios, “frigidarium”; e mornos, “tepidarium”) e jardins.
As termas eram o centro social das cidades, eram gratuitas, suntuosamente
decoradas e ficavam abertas dia e noite. A higiene era vista pelos romanos como
um traço civilizatório. As mais conhecidas são as de Caracalla, Dioleciano e
Septimio Severo em Roma; as Stabianas em Pompeia; etc.;
Arquitetura Romana – Termas de Caracala – 212-217 d.C.
Nota: esquema de um terma romana.
10. Moradias – dividiam-se entre casas (domus e vilas) e, palácios imperiais e
pórticos. A casa romana padrão era formada por um “atrium”, recinto com pé
direito alto com o intuito de facilitar a entrada da luz, favorecer a saída de fumaça e
possibilitar o recolhimento da água da chuva; “vestibulum”, entrada; “alae”,
quartos em volta do pátio; “tablinum”, sala nobre para recepções; “triclinium”,
sala de jantar; pátio central com colunas; entre outros espaços.
Esquema de um terma romana.

FP
Imagens interiores reais e reconstituídas de moradia romana (domus).
Imagens interiores reconstituídas e reais de uma moradia romana (domus).
11. Fórum - região central das cidades romanas, em especial durante o Império
Romano, onde estavam reunidos os edifícios administrativos e judiciais, além de
um centro comercial. Vulgarmente, também nomeava a praça principal de uma
cidade romana, que, muitas vezes, ocupava papel central na vida política,
religiosa, econômica e social dela, tal como a ágora para os gregos.
Arte Romana - Ruínas do Fórum, Roma.
Imagens interiores reais e reconstituídas de moradia romana (domus).

FP
Nota: mapa do centro de Roma durante o Império Romano. Destaque
para o Fórum na parte inferior, para o Coliseu na parte superior direita
e para Basílica de Constantino.
FP
Pintura
A pintura romana era caracterizada pela intensa idealização em temas
mitológicos, pelo viés narrativo e de deuses e personagens divinizadas. Os
retratos são muito comuns e são, desde a República, marcados por forte
realismo com o intuito de mostrar o caráter romano em que mais importa o
êxito, a honra e o triunfo do que a mera beleza. Inspiração grega.
A maior parte do conhecido sobre a pintura romana deve-se a uma enorme
tragédia provocada pela erupção do monte Vesúvio que consumiu cidades
como Pompeia (cidade de veraneio) e Herculano, o que preservou de maneira
inigualável as realizações artísticas, em especial, a pintura. A cidade de
Pompeia foi redescoberta por meio de escavações arqueológicas apenas no
século XVIII, o que foi, inclusive, um grande estímulo para o Neoclassicismo.
Temas como mitologia, erotismo (pornografia), retratos, paisagens como
pano de fundo, rituais religiosos e natureza. Além de temas decorativos e
arquitetônicos. Predileção pela pintura sobre paredes internas.
Arte Romana - Vila dos Mistérios – 60 a.C.-50 a.C. – Afresco com
Dioniso e Silenos.
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Arte Romana - afresco - Bodas de Zéfiro e Cloris, Casa de Naviglio,
Pompéia.
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Arte Romana - Afresco dê Pompeia com a imagem do gênio no centro,
ladeado pelos Penates e os Lares. No extremo esquerdo
está Mercúrio, e no extremo direito, Baco.
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Arte Romana Vila dos Mistérios – 60 a.C.-50 a.C. – afresco – Pompeia, Itália.
Arte Romana - afresco - Cena da vida de Íxion - Casa dos FP
Vettii, Pompeia
Arte Romana - afresco - Cena da Odisséia – Roma, Itália. FP
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Arte Romana - afresco - Mural da Vila de Arianna.
FP
Arte Romana - afresco - Mural da Vila de Arianna.
Arte Romana - afresco - Vila de Opiontis. FP
Arte Romana - afresco - Vila de Fauno FP
Contexto estético

Arte Romana – afresco - I d.C. – 4º estilo - Pompeia. FP


Arte Romana – afresco - I d.C. - Natureza-morta na Casa de Julia Felix - Pompeia. FP
Outra técnica muito explorada pelos artistas romanos foi o mosaico, em que
se dispunham pedaços de pedras coloridas na decoração de muros e pisos
com temática associada à mitologia, às festividades e ao cotidiano. Muito
importante na arquitetura, também pela sua durabilidade, houve momentos
em que a arte dos mosaicos prevaleceu sobre a pintura. Os mosaicos romanos
irão mais tarde influenciar a Arte Bizantina.
Arte Romana – mosaico de uma quadra. FP
Arte Romana – Mosaico – Pompeia. FP
Arte Romana – Mosaico – Pompeia.
FP
escultura
Na escultura, os romanos demonstram a importância cabal da arte grega
para suas concepções artísticas. Entretanto, algumas escolhas ideológicas
deles os diferenciavam dos mestres gregos, pois, por serem pragmáticos e
mais objetivos, ao contrário de nortearem-se por um ideal de beleza,
retratavam as pessoas - inclusive imperadores - de forma realística
(retratismo). Em função disso, a estatuária romana é destacadamente
lembrada pela qualidade e precisão dos retratos e pela intensa influência
helenística.
Entre os que esculpiram essa tradição artística romana, estão também muitos
escultores gregos, que, muitas vezes romanos nacionalizados, serviam aos
interesses e à ideologia da nobreza romana, mas sob a égide técnica da
cultura artística grega.
Arte Grega/Romana - Busto de Zeus, em Otricoli (Sala Rotonda, Museu Pio-
Clementino, Vaticano). Cópia romana de original grego, século IV d.C.
FP
Arte Romana – escultura - bronze - Hércules Capitolino.
FP
Arte Romana – escultura (busto) - mármore - Trajano.
FP
Arte Romana – escultura (busto) – mármore – Senador Marcius Pórcio Catão,
político romano. Realismo. Retratismo.
FP
Arte Romana – - AD - escultura originalmente policromada - 20 a.C. - mármore -
Augusto de Prima Porta (inspirada no Doríforo de Policleto).
FP
Destacam-se também os relevos decorativos, feitos de mármore, estuque ou
bronze, os quais retratavam o gosto refinado dos romanos, em especial por
temas naturais (flores, folhas, plantas, etc.); mítico-religiosos e históricos, que
decoravam grande sorte de monumentos e são fundamentais para se
entender a Arte Romana.
Arte Romana – escultura - mármore - I a.C. - Cena do sacrifício do Altar de Enobardo.
Arte Romana - relevo arquitetural - Friso do Arco de Tito (quadriga).
Arte Romana - escultura (sarcófago) - bronze - II d.C. - Sarcófago com cena de batalha entre romanos e
germânicos. FP
Outras linguagens
Música
Muito do que se pensa sobre a música romana está no campo da
possibilidade, em função da precariedade de registros a respeito. Nesse
sentido, ainda que com poucas informações acerca da música grega, há muito
mais registros documentais, artísticos e narrativos a respeito desta do que
daquela. No campo da conjectura, acredita-se que, em função da enorme
importância da cultura helenística para os romanos, é muito possível que eles
usavam o sistema grego dos modos e a música era fundamentalmente
monódica (canto de uma só voz). Quanto aos instrumentos, são conhecidos a
lira, a cítara, o alaúde, os tambores, o “hydraulis”, as flautas, a “tíbia”, etc.
A música também assumia em Roma um papel extremamente pragmático e
militar, já que era usada como uma das principais formas de comunicação à
distância com o intuito de organizar e mobilizar legiões no campo de batalha.
Eram usados para este fim tambores, tubas e “bucinas”.
Dança
No Período Monárquico Romano, a dança era praticada como parte de ritos
religiosos de origem agrária, um exemplo é o Saliano, dança guerreira praticada
na primavera em honra ao deus Marte.
No Período Republicano, com muito da influência da cultura grega diluída e
assimilada, a dança perde muito do seu espaço a ponto de ser perseguida por
estadistas como Cipião e Cícero que chegaram a fechar escolas de dança.
Todavia, resistem, nesse período, as danças nupciais.
No Período Imperial, a dança volta ser praticada com frequência, inclusive por
mulheres de classes abastadas. Entretanto, as danças mais bem sucedidas eram
as executadas no circo romano, mesmo porque era nesses espaços que ocorria o
espetáculo mais apreciado pelos romanos, o qual permitia mesmo a notoriedade
para alguns dançarinos como são os casos de Batilo e Pílado.
Dança
Exemplo disso era a pírrica, dança guerreira e competitiva de origem grega que
era empregada na educação física e na militar. A dança reunia características
acrobáticas, contorcionistas para simular movimento de combate.
No período romano, a dança religiosa perde muito do seu significado e do seu
simbolismo ao se transformar em muitos casos em mero entretenimento,
sobretudo, em banquetes.
Teatro
No Império Romano, apesar de muito influenciado pela cultura grega, a comédia
toma o lugar da tragédia como forma mais importante do teatro, ainda
completamente separado da experiência religiosa, porque mais ligado à diversão e
ao prazer. Contudo, encenações de batalhas eram as experiências teatrais mais
capazes de produzir grande comoção no público em especial nas arenas
romanas, quando batalhas eram encenadas de forma tão realista que muitas
pessoas chegavam a morrer ao longo delas, em especial cristãos e
prisioneiros que eram obrigados a “encenar” os papeis dos inimigos de Roma.
Entre os romanos, por causa disso, o teatro é convertido em um grande e,
sobretudo, cruel espetáculo de entretenimento.
Referências bibliográficas

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