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Arte Romana
Pragmatismo e glória
4. Artes – Arte romana
Professor Estéfani Martins
Roma foi fundada no século VIII a.C. quando passou progressivamente a
influenciar com seu vastíssimo império parte significativa do mundo conhecido
com suas múltiplas edificações de caráter civilizatório e urbanístico, com suas
eficientes e implacáveis táticas militares, com suas leis que inspiraram grande
parte dos códigos criados no Ocidente desde então e com suas instituições que
determinariam a forma de Estados, de instituições e de variados tipos de
associações entre cidadãos articularem-se.
Na sua maior extensão, estendia-se da Inglaterra ao Egito e da Espanha ao sul
da atual Rússia, além de compreender grande parte do atual Oriente Médio.
Em 395 d.C., por ordem do Imperador Teodésio, o vasto império é dividido em
Império Romano do Oriente e do Ocidente. A queda definitiva ocorreu em 476
d.C., ano que marca simbolicamente o fim da Idade Antiga e o início da Idade
Média.
A cultura romana sofreu intensas influências de duas outras tradições
culturais, a saber:
1. Etrusca, cultura multifacetada e rica vinda em navios para a Península
Itálica oriundas do Mar Egeu e das costas da Ásia Menor, ainda que haja
correntes teóricas que afirmam serem eles um povo autóctone do Norte da
Península Itálica. A abóbada e o arco são vistas como contribuições etruscas
para a arquitetura romana. A arte funerária ou tumular etrusca também muito
influenciou Roma. Frontalidade. Vitalismo;
Arte etrusca – afresco etrusco.
Arte Etrusca – afresco etrusco.
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Arte etrusca – sarcófagos etruscos.
A cultura romana sofreu intensas influências de duas outras tradições
culturais, a saber:
2. Grega, cultura que exaltava o mimetismo, a beleza, a ordem e a
perfeição na arte, daí ser fácil percebê-la como principal influência artística e
cultural para Roma, ainda que os romanos tenham somado a esses ideais o culto
ao triunfo que marca de forma indelével a história deste povo. Há correntes que
entendem que a influência grega chega na cultura romana primeiramente por
intermédio dos etruscos, também influenciados por essa cultura. A cultura
romana intensifica sua relação com a grega a partir da conquista da Magna
Grécia.
A cultura romana pode ser caracterizado pelos seguintes aspontamentos:
Muitas influências egípcias, gregas e etruscas.
Cosmopolitismo.
Sociedade fortemente militarizada. A cidade de Roma nasce de um
acampamento de militares latinos.
Cultura utilitarista (pragmática) e avessa a idealizações.
Valorização do caráter, do triunfo e da guerra.
Vasta produção literária.
Mulheres eram coadjuvantes na cultura romana.
A vida após a morte é uma continuidade da vida terrena.
A história romana é dividida em três momentos, a saber:
1. Período Monárquico (753-509 a.C.) – inicia-se com a fundação de Roma,
que tem contornos míticos graças à narração feita na obra “Eneida” de Virgílio
e no registro do historiador Tito Livio. Ambos contam que a cidade de Roma foi
fundada em 753 a.C. pelos gêmeos Rômulo e Remo, que foram abandonados
no Rio Tibre e só sobreviveram por causa de uma loba que os amamentou.
O Período Monárquico é caracterizado por uma sociedade romana dividida em
três grupos chamados Patrícios, ricos proprietários de terra; Clientes, parentes
pobres ou serviçais dos Patrícios; e Plebeus, homens livres, mas sem direitos
políticos. A economia do período era baseada em atividades agropastoris. O
rei, eleito por uma assembleia, tinha seus poderes controlados pelo Senado
que era composto apenas por Patrícios.
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Desenvolvem-se, no contexto da arte romana, duas ordens arquitetônicas
derivadas das gregas, a saber:
1. Ordem toscana – é uma simplificação da ordem dórica grega, ainda que
de mesmas proporções. A coluna dispõe de base e sete módulos de altura; o
fuste é liso e sem caneluras; o capitel é simples;
2. Ordem composta ou compósita - é uma ordem mista e suntuosa que une o
capitel e as volutas da jônico com as folhas estilizadas de acanto da coríntia. É
uma estrutura arquitetônica maior do que a toscana, pois tem dez módulos de
altura.
Ordens gregas e romanas.
De forma geral, a arquitetura romana tem como características fundamentais
a busca do útil imediato; o senso de realismo; a grandeza material, associada
à ideia de força; o predomínio do caráter sobre a beleza; os relevos com
paisagens, cenas míticas ou cenas de ação; a prevalência das linhas curvas; as
construções circulares; e a preferência por edificações marcadas por uma
motivação civilizatória e urbanística, são exemplos: aquedutos, pontes,
muralhas, prédio públicos, estradas, anfiteatros, banhos públicos, termas, etc.
1. Teatros – construções derivadas das gregas, mas diferentes porque, ao
contrário dos teatros gregos, os romanos não eram inclinados em
depressões, mas construídos sobre edificações prévias. São exemplos o de
Aspendos na Ásia Menor; o Marcelo; os de Pompeia, Arles, Mérida; entre
outros;
Arte Romana - Ruínas de Teatro em Leptis Magna, Líbia.
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2. Anfiteatros – edificações de grande porte associadas ao lazer e ao
entretenimento. Eram construções elípticas ou semicirculares que, muitas vezes,
sob a arena onde ocorriam as lutas, havia um complexo ambiente de galerias,
maquinaria, pessoas, etc., a fim de dar aspectos cênicos e espetaculares para o
que ocorria na parte de cima dessa estrutura, que era uma espécie de palco
coberto de areia, no qual vida e morte, vitória e derrota entrelaçavam-se para
orgulho e glória do Império Romano e para o divertimento e alienação das
camadas populares de Roma. Foram, assim, erguidos com o objetivo de ser
palco de atrações muito populares, a saber: corridas a cavalo ou bigas;
encenações de batalhas; pugilato; lutas que envolviam gladiadores profissionais,
escravos e animais; etc. Essas lutas compunham um espetáculo que deveria ser
apreciado de quaisquer ângulos, daí a palavra anfiteatro significar “teatro de um
e de outro lado”.
O Anfiteatro Flavio ou Coliseu é o principal exemplo desse tipo de construção,
chegava a comportar mais de 40000 pessoas sentadas e cerca de 5000 em
pé. Destacam-se também os de Pompeia, Pola, Nimes, Verona e Mérida;
Arquitetura Romana – Anfiteatro Flávio - Coliseu, Roma – 80 d.C.
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Arquitetura Romana – Anfiteatro Flávio - Coliseu, Roma –
80 d.C. Vista superior.
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Arquitetura Romana – esquema do Coliseu.
3. Arcos do triunfo – eram relativamente comuns, já que existiram em várias
cidades romanas, com o objetivo de render tributos e homenagens a um
grande feito histórico de um romano, para tanto tem geralmente relevos e
figuras alegóricas que ajudam a contar a história de êxito e conquista do
homenageado. São exemplos os arcos de Tito, de Septímio Severo e de
Constantino;
Arte Romana – Arco de Tito – 81 d.C. – mármore - Arco triunfal erigido em comemoração à conquista de Jerusalém.
Inscrição: SENATVS POPVLVSQVE ROMANVS IVO TITO DIVI VESPASIANI F(ILIO) VESPASIANO AVGVSTO (Do Senado e do povo romano para o divino Tito,
filho do divino Vespasiano, Vespasiano Augusto)
Arte Romana - 312-315 d.C. - Arco de Constantino, Roma.
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4. Colunas – monumentos também dedicados a grandes romanos e suas
vitórias como Marco Aurélio e Trajano. São estruturas circulares de alguns
metros de altura encimadas por estátuas alusivas ao tema ou à pessoa
para a qual são dedicadas. No corpo da coluna, em relevo, pode ser
contada a história (arte sequencial e cinema) do evento como é o caso da
Coluna de Trajano, em que se conta a vitória contra os dácios (atual
Romênia);
Apolodoro de Damasco (65-125) arquiteto do Imperador Trajano - Coluna de
Trajano, feita em honra à vitória contra os dácios.
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Apolodoro de Damasco (65-125) arquiteto do Imperador Trajano - Coluna de
Trajano, feita em honra à vitória contra os dácios.
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5. Aquedutos e pontes – obras de engenharia que confirmam as aspirações
urbanizadoras, pacificadoras e civilizatórias de Roma em toda extensão dos
seus domínios. São exemplos os aquedutos de Segovia e dos Milagros. Dentre
as muitas pontes, merecem destaque as de Alconétar e Alcántasse;
Arquitetura romana – Pont du Gard – aqueduto – c. séc. I d.C.
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6. Templos – edificações elevadas sobre “podiums” com pretensões religiosas de
origem etrusca-grega e de planta retangular. É possível destacar os templos
da Fortuna Viril, de Saturno, da Concórdia, de César e o mais conhecido deles
- o Panteão - construído em Roma durante o governo do Imperador Adriano,
tinha o intuito de agregar o culto aos deuses existentes na cultura romana. O
Panteão foi feito a partir de ruínas de um templo anterior (frontispício)
combinadas com estruturas arquitetônicas romanas como o arco e a
abóbada na parte de trás;
7. Tumbas – foram construídas com variadas formas como os columbarios,
nichos para se guardar cinzas; além de tumbas de variados formatos e
ornamentações. Eram feitas de pedra ou cerâmica a exemplo das etruscas,
muitas vezes com esculturas sobre os tampos que representam o defunto
deitado ou recostado de forma realista;
Arquitetura romana – Panteão – 118-125 d.C. – Roma, Itália FP
Arte Romana – Panteão (óculo) – 118-125 d.C. – Roma, Itália (interior).
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8. Basílica – edificações inicialmente voltadas para atividades comerciais,
jurídicas e cívicas. Tinha planta retangular, galpão central amplo, cobertura
plana ou com abóboda. Destacam-se a de Marco Porcio e a de Julia, no Foro; a
de Pompeia; e a de Majencio. Mais tarde, em função da influência do Cristianismo,
passou a designar uma espécie de igreja central com importância burocrática
em relação às outras. Com a conversão do Império Romano à fé cristã, essas
eram as únicas estruturas capazes de receber tão expressivo número de cristãos;
Arquitetura Romana - Basílica de Majencio e de Constantino.
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Arquitetura Romana - Ruínas de uma Basílica de Leptis Magna
romana, Líbia.
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9. Termas – edificações associadas a objetivos sanitárias e ao lazer. Eram
complexos constituídos de locais de reunião, biblioteca, ginásio, piscina, banhos
(quentes, “caldarium”; frios, “frigidarium”; e mornos, “tepidarium”) e jardins.
As termas eram o centro social das cidades, eram gratuitas, suntuosamente
decoradas e ficavam abertas dia e noite. A higiene era vista pelos romanos como
um traço civilizatório. As mais conhecidas são as de Caracalla, Dioleciano e
Septimio Severo em Roma; as Stabianas em Pompeia; etc.;
Arquitetura Romana – Termas de Caracala – 212-217 d.C.
Nota: esquema de um terma romana.
10. Moradias – dividiam-se entre casas (domus e vilas) e, palácios imperiais e
pórticos. A casa romana padrão era formada por um “atrium”, recinto com pé
direito alto com o intuito de facilitar a entrada da luz, favorecer a saída de fumaça e
possibilitar o recolhimento da água da chuva; “vestibulum”, entrada; “alae”,
quartos em volta do pátio; “tablinum”, sala nobre para recepções; “triclinium”,
sala de jantar; pátio central com colunas; entre outros espaços.
Esquema de um terma romana.
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Imagens interiores reais e reconstituídas de moradia romana (domus).
Imagens interiores reconstituídas e reais de uma moradia romana (domus).
11. Fórum - região central das cidades romanas, em especial durante o Império
Romano, onde estavam reunidos os edifícios administrativos e judiciais, além de
um centro comercial. Vulgarmente, também nomeava a praça principal de uma
cidade romana, que, muitas vezes, ocupava papel central na vida política,
religiosa, econômica e social dela, tal como a ágora para os gregos.
Arte Romana - Ruínas do Fórum, Roma.
Imagens interiores reais e reconstituídas de moradia romana (domus).
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Nota: mapa do centro de Roma durante o Império Romano. Destaque
para o Fórum na parte inferior, para o Coliseu na parte superior direita
e para Basílica de Constantino.
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Pintura
A pintura romana era caracterizada pela intensa idealização em temas
mitológicos, pelo viés narrativo e de deuses e personagens divinizadas. Os
retratos são muito comuns e são, desde a República, marcados por forte
realismo com o intuito de mostrar o caráter romano em que mais importa o
êxito, a honra e o triunfo do que a mera beleza. Inspiração grega.
A maior parte do conhecido sobre a pintura romana deve-se a uma enorme
tragédia provocada pela erupção do monte Vesúvio que consumiu cidades
como Pompeia (cidade de veraneio) e Herculano, o que preservou de maneira
inigualável as realizações artísticas, em especial, a pintura. A cidade de
Pompeia foi redescoberta por meio de escavações arqueológicas apenas no
século XVIII, o que foi, inclusive, um grande estímulo para o Neoclassicismo.
Temas como mitologia, erotismo (pornografia), retratos, paisagens como
pano de fundo, rituais religiosos e natureza. Além de temas decorativos e
arquitetônicos. Predileção pela pintura sobre paredes internas.
Arte Romana - Vila dos Mistérios – 60 a.C.-50 a.C. – Afresco com
Dioniso e Silenos.
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Arte Romana - afresco - Bodas de Zéfiro e Cloris, Casa de Naviglio,
Pompéia.
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Arte Romana - Afresco dê Pompeia com a imagem do gênio no centro,
ladeado pelos Penates e os Lares. No extremo esquerdo
está Mercúrio, e no extremo direito, Baco.
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Arte Romana Vila dos Mistérios – 60 a.C.-50 a.C. – afresco – Pompeia, Itália.
Arte Romana - afresco - Cena da vida de Íxion - Casa dos FP
Vettii, Pompeia
Arte Romana - afresco - Cena da Odisséia – Roma, Itália. FP
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Arte Romana - afresco - Mural da Vila de Arianna.
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Arte Romana - afresco - Mural da Vila de Arianna.
Arte Romana - afresco - Vila de Opiontis. FP
Arte Romana - afresco - Vila de Fauno FP
Contexto estético
ARGAN, Giulio Carlo. Arte e crítica de arte. Lisboa: Editorial Estampa, 1998.
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1998.
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ECO, Umberto. História da Beleza. Rio de Janeiro: Record, 2004.
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