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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Departamento de Estruturas

MODELAGEM DOS SISTEMAS ESTRUTURAIS


Aula 04: Modelagem de Arcos

Profa. Dra. Maria Betânia de Oliveira


betania@fau.ufrj.br
mboufrj.weebly.com
UFRJ.FAU.DE

Aula 2
Modelagem de Arcos

Objetivo
Entendimento do comportamento estrutural dos arcos.

Modelagem de Arcos MSE 2017.1


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Leonardo Da Vinci (1452-1519)

Modelagem de Arcos MSE 2017.1


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O único documento da Idade Média que registra a tecnologia dos arcos é o


caderno de viagens de Villard de Honnecourt (Livre de portraiture) escrito
entre 1220 e 1240.

Três das 250 ilustrações de Villard de Honnecourt .


Biblioteca Nacional de Paris.

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Desenho da Catedral de Reims, Villard de Honnecourt.


Catedral de Notre-Dame de Reims, França.
Provavelmente iniciada em 1211, sua construção durou três séculos.

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Cabos – portanto
submetidos à tração
simples.

Estruturas
submetidas à
compressão simples.

Se a forma funicular do cabo for invertida, usando uma barra rígida e


mantendo o mesmo carregamento - tem-se estrutura submetida apenas à
compressão simples.

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Para se ter apenas esforços de


compressão, a forma do arco
deverá ser o inverso do funicular
das forças a ele aplicadas.
Esses arcos são chamados de
arcos funiculares.

Mantida a forma - qualquer modificação no carregamento


provoca esforços de flexão - além da compressão axial.
Esforço de compressão axial é mais “econômico” que o de flexão, portanto é econômico
evitar a flexão no arco.

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Modelagem de Arcos MSE 2017.1


Modelagem de Arcos MSE 2017.1
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Tração Compressão

Alongamento Encurtamento

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Compressão Simples ou Axial

A força de compressão simples se distribui na seção da barra, provocando tensões


normais de compressão uniformemente distribuídas em toda a seção.

Deformação Axial  Encurtamento

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Tensões Normais de Compressão


F
σ

F
Nas barras curtas submetidas à compressão axial, a força
de compressão simples se distribui na seção da barra,
provocando tensões normais de compressão uniformes ao
F longo de toda a seção.

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A forma ideal para conduzir uma


força concentrada aos apoios é o
triângulo, o funicular da força.
Este arco obriga o carregamento a
descrever um caminho mais longo,
afastado da trajetória ideal.
A diferença entre o caminho ideal e
o fornecido pelo arco faz surgir
esforço de flexão - o qual para ser
Arco parabólico sustentando
uma carga concentrada no meio do vão. absorvido exige uma seção mais
robusta.
O arco torna-se uma estrutura econômica quando ele é o funicular das forças
aplicadas.

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Os primeiros arcos eram executados com blocos que
se apoiavam com um pequeno balanço em relação
ao anterior. É o chamado arco falso, não permitiam
vencer grandes vãos.
Arco falso

O arco verdadeiro é resultado do empilhamento de


diversos blocos, de maneira que o comprimento
resultante seja maior que o vão a ser vencido.
Desta maneira qualquer bloco para se dirigir ao solo
sob a ação da gravidade deve provocar um
“apertamento” nos dois blocos vizinhos.

Arco verdadeiro
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O bloco situado no vértice do arco, o fecho ou chave, é o último elemento a ser


colocado, é o que permite que a estrutura se trave e a forma se mantenha.

Até a colocação deste último elemento é usada uma estrutura provisória em madeira ou
metal, o cimbre, que serve de forma, apresentando o que será a curva interior do arco e
que permite que as aduelas tenham apoio até a consolidação final com a chave.

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Ponte Romana de Alcántara, Espanha.
Foi construída por volta do ano 106.

Reconstrução de um dos arcos da Ponte de Alcántara em 1831.

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Arcos são barras curvas submetidas predominantemente à compressão


simples. Podem estar submetidos à flexão.

Dependo da situação em que são usados ou do processo construtivo escolhido


os arcos podem apresentar vínculos articulados ou engastados.

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ARCOS ENGASTADOS

São usados apenas em casos especiais, pois introduzem esforços de flexão.

São estáveis e, por isso, são utilizados para arcos isolados.

Os arcos biengastados são raros em estruturas de aço e de madeira.

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ARCO BIARTICULADO

Esse tipo de arco apresenta articulações apenas nos apoios.

Não tem a mesma versatilidade de acomodação às mudanças de forma do


triarticulado, portanto está mais sujeito ao aparecimento de esforços de flexão
indesejados.

É hiperestático, portanto admite menores dimensões de seção, resultando em


menor consumo de material.

Os arcos biarticulados são mais usados em concreto armado.

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ARCOS TRIARTICULADOS

Apresentam vantagem construtiva, pois cada trecho entre as articulações pode


vir pronto para montagem no canteiro.

Possuem boa adaptação a mudanças de forma devido às deformações, pois


as articulações permitem melhor acomodação das peças.

São isostáticos, possuem seção mais robusta.

Os arcos triarticulados são os mais usados em estruturas metálicas e de


madeira.

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Praça Marechal Cordeiro de Farias ou Praça dos Arcos, região central de São Paulo.
Escultura denominada Arcos ou Caminho, também chamada de Arco-Iris metálico, de
autoria da artista plástica Lilian Amaral e do arquiteto Jorge Bassani.

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UFRJ.FAU.DE Um arco só é estável se seus apoios forem
indeslocáveis, ou seja, articulados fixos.
A questão dos empuxos Se um dos apoios for móvel, o arco se
transforma em uma viga parabólica, onde
predomina flexão.

Todos os arcos, quaisquer que sejam suas


formas, apresentam nos apoios a tendência de
se deslocarem na horizontal, aplicando a eles
Carga vertical provoca
forças horizontais, denominadas empuxos
empuxo nas bases
horizontais.

A intensidade dos empuxos é inversamente


proporcional à flecha do arco.

Denomina-se flecha do arco à sua altura no


meio do vão.

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A questão dos empuxos


Sempre que possível os empuxos não
devem ser transmitidos aos apoios.

Empuxos em pilares provocam


grandes flexões, que também são
transmitidas às fundações,
encarecendo a solução.

Os empuxos horizontais nos arcos


podem ser absorvidos por tirantes,
descarregando nos apoios apenas
forças verticais, resultando em pilares
e fundações de menores dimensões.

Por outro lado, o tirante pode ser um


elemento indesejável no espaço
interno da edificação, como, por
exemplo, em quadras esportivas.

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A questão dos empuxos

Quando os empuxos forem transmitidos aos pilares pode-se buscar novas formas para
os arcos ou para a estrutura de suporte.

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A questão geométrica

arco gótico
arco romano

arco arábico

arco gótico inglês


Arco Romano possui altura, flecha ou raio iguais a metade do vão ou diâmetro.
Arco Gótico é um arco ogival constituído pela concordância de quatro arcos de
circunferência, portanto possui quatro centros.
Arco Arábico ou Mourisco, chamado de arco ferradura - é o arco
cuja altura é maior do que a metade do vão ou abertura.

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Edifício na Avenida da Liberdade em Lisboa


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Ponte em Arco Partenon, Atenas


Ponte de Arcádico, na Grécia 432 a.C.
1 600-1 050 a.C. Possui diversos pilares - não tinha arcos.

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Arco Egípcio.
Armazéns de Ramesseum, templo mortuário erguido por Ramsés II (1320 – 1232 a. C.)
Localizado na margem ocidental do Nilo, em frente à cidade de Luxor, Egito.

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Reconstrução da Porta de Ishtar no Museu


Pergamon, em Berlim, Alemanha.
Oitavo portal da cidade mesopotâmia da Babilônia,
575 a.C.
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Ruinas do Portão da Antioquia


Apameia, Síria, Asia
Apameia é uma antiga cidade síria, situada a 50 Km da atual Hama.
Foi construída no ano de 300 a.C.

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Arch of Germanicus
Arco romano em Saintes, na França.
Dedicado ao imperador Tibério e seu filhos adotivos Druso César e Germanicus
20 d.C.

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Arch of Germanicus & medieval bridge at Saintes


Estrada romana de Lyon para Saintes
20 d.C.

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Coliseu Romano, Roma


70 d.C.
Foram os Romanos que atingiram a máxima utilização dos arcos.

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Arco de Constantino, um arco do triunfo de Roma.
Vista do Coliseu em 2014.
315.

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Aqueduto de Segóvia, Espanha


Séculos I e II d.C.
Império Romano

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Ponte Romana de Chaves ou Ponte de Trajano.


Sobre o rio Tâmega, na cidade de Chaves, Portugal.
Erguida nos séculos I-II d.C.
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Sé Velha de Coimbra, Portugal.


Constitui-se em um dos edifícios em estilo românico mais importantes do país.

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Sé Velha de Coimbra. A sua construção começou depois da Batalha de Ourique
(1139), quando Afonso Henriques se declarou rei de Portugal e escolheu Coimbra como
capital do reino.
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Colégio das Artes, construído em 1542


Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra
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Colégio das Artes. Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra.


Fotos de 2012
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A igreja do Convento do Carmo já foi a principal igreja gótica de Lisboa.


As edificações foram atingidas pelo terremoto de 1755.

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Aqueduto da Carioca ou Arcos da Lapa

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Igreja de São Miguel Arcanjo, século XVIII, São Miguel das Missões, RS.
Ruínas jesuítas.
Foram declaradas Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1983.

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Arco do Triunfo, Paris.


Construído em comemoração das vitórias militares de Napoleão Bonaparte.
Inaugurado em 1836.

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Maquete funicular da Capela Güell


Antoni Gaudi 1852 – 1926

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Cripta da Colónia Güell, Barcelona


1898 – 1917
Antoni Gaudi

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Cripta da Colónia Güell, Barcelona


1898 – 1917
Antoni Gaudi
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Cripta da Colónia Güell, Barcelona

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Cripta da Colónia Güell, Barcelona

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Cripta da Colónia Güell, Barcelona


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Palácio Güell, Barcelona, Espanha


Construído entre 1885 e 1890
Antoni Gaudí
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Praça da Apoteose, Rio de Janeiro


Foi projetada por Oscar Niemeyer em 1983

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Arco Gateway em St. Louis, Missouri


Eero Saarinen
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L'Umbracle
Porta de entrada para a Cidade das Artes e das Ciências, constituída por uma
área verde de 7.000m², com 300m de comprimento e 60m de largura.
Cidade das Artes e das Ciências, Valência, Espanha.
Santiago Calatrava e Félix Candela
1996-1998.
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Leitura
Texto 4.1

REBELLO, Y.C.P. A Concepção Estrutural e a Arquitetura. São Paulo: Zigurate


Editora, 2001. p.91-97.

Exercícios
Pode-se até ousar dizer que a forma reta horizontal é um atributo da razão sem
grande similitude com as figuras da natureza.

Nos casos que seguem, explicar o comportamento estrutural através da análise


qualitativa dos modelos físicos.

Exercício 4.1
Arco Gateway em St. Louis, de Eero Saarinen.

Exercício 4.2
Arco-Iris metálico, de autoria da artista plástica Lilian Amaral e do arquiteto
Jorge Bassani.
Exercício 4.3
Exercício 4.4

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