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(Nível Técnico)
Flecha é a deformação sofrida pela mola sob a ação de uma determinada força, medida na
direção da própria força. Tal conceito pode estender-se também a um elemento elástico
sujeito a um binário, neste caso a força é substituída por um momento aplicado e a
deformação retilínea pelo deslocamento angular.
As molas do segundo e terceiro tipos são molas flexionais de resistência uniforme para as
quais se verifica a condição que, em uma seção genérica a qualquer distância da carga
aplicada P, a solicitação máxima de tensão mantém-se constante. Por outro lado, as molas
do segundo tipo apresentam uma curva elástica de raio e curvatura constantes (arco de
círculo); esta característica é particularmente interessante para a formação de molas
compostas, a serem obtidas por superposição de mais molas simples.
As molas de flexão simples denominadas molas de folha são molas de lâminas apoiadas
nas duas extremidades e carregadas no meio do vão livre por uma carga concentrada. Têm
espessura constante e largura constante ou variável linearmente com um valor máximo em
correspondência à carga de um valor mínimo nas extremidades.
A mola de flexão simples com haste curvilínea é particularmente utilizada nas juntas de
frição onde há necessidade de ter-se molas com flecha elástica relativamente grande, de
acordo com o espaço disponível e as forças atuantes. Podem ser curvadas em arco de
círculo, de largura e espessura constantes, carregadas na extremidade por duas forças
iguais e contrárias com a linha de ação coincidente com a corda do arco; ou também o anel
circular fechado, com lâmina de espessura e largura constantes carregadas por cargas
radiais e concentradas; ou enfim em forma de S (chamado acoplamento a frição Dolmen Le
Blanc, um clássico) a seção retangular constante carregada na extremidade por duas
cargas iguais opostas, tendo ambas a mesma reta de aplicação.
Feixe de molas em lâminas são aqueles geralmente usados nos auto-veículos e no material
móvel ferroviário.
Resultam assim constituídas: consideremos uma mola de lâmina simples de comprimento l
e de largura b nas duas extremidades e B = nb no ponto médio; dividindo-a
longitudinalmente em 2n fitas de largura b/2 e reunindo duas a duas as fitas simétricas em
relação à haste longitudinal. Resultam n molas, chamadas folhas, das quais uma retangular
de comprimento l e n-1 de comprimentos decrescentes em progressão aritmética de l/(n-1),
tendo a extremidade triangular, sobrepondo agora as n molas assim conseguidas (mantidas
juntas por braçadeira central) obtém-se feixe de molas, de comprimento L, largura b e
espessura ns (s espessura da chapa) a qual é, por aproximação, equivalente à mola de
flexão simples de folha. Diz-se folha mestra a maior lâmina retangular, que traz nas
extremidades dois olhais de articulação. Ao centro, o pacote de lâminas é circundado por
uma braçadeira que traz os órgãos de ligação para carga. O feixe de molas tem
características muito semelhantes às do sólido de resistência uniforme; além de realizarem,
em relação aos outros tipos de molas, o máximo auto-amortecimento (leia sobre
"amortecimento" no trabalho seguinte), devido ao atrito notável que se manifesta entre uma
folha e outra quando estas são obrigadas a deslizar uma sobre a outra por causa das
variações de curvatura da mola. Esta última característica é muito importante para
suspensões dos auto-veículos.
Molas de flexão em espiral são formadas por uma fita de material elástico. A seção
retangular constante é posta em espiral plana com uma extremidade fixa e outra presa a um
órgão giratório em torno do próprio eixo. Aplicando-se ao órgão giratório, um momento
torçor, a mola se enrola em volta deste tensionando-se. Este tipo de mola é aplicado nos
equipamentos móveis de quase todos os aparelhos elétricos e mecânicos de medida, para
obter um momento de reação proporcional àquele a ser medido. Nos relógios, onde o uso
destas molas em espiral plana é muito difundido, sendo estas aplicadas em um eixo do
pêndulo (volante), temos aí a necessidade de variar o valor do coeficiente K, com a
finalidade de alcançar um respectivo valor da pulsação do regime oscilatório do pêndulo,
que depende do valor de K e do momento de inércia J do volante em relação ao próprio
eixo de rotação. Em tais condições regula-se por tentativas de valor de K, agindo
simplesmente sobre o comprimento L da fita da espiral: movendo-se um oportuno cursor,
varia-se tal comprimento, e assim modifica-se o valor de K.
Mola de flexão helicoidal é formada por uma barra de seção circular, enrolada numa hélice
cilíndrica, com uma extremidade fixa e outra coligada a um órgão móvel, que gira em torno
do eixo da mola. A mola resulta, portanto, solicitada por um binário contido em um plano
normal ao eixo da própria mola. O ângulo de rotação depende do diâmetro do fio e do seu
comprimento e não do passo ou diâmetro do cilindro, sobre o qual é desenvolvida a hélice.
Outra mola de flexão é a mola em taça, constituída por um conjunto de pares de conchas,
chamada mola Belleville, posta alternadamente com a concavidade em um sentido e no seu
oposto. A carga axial faz achatar as conchas e a flecha total, igual à soma das flechas
singulares, é tanto maior quanto mais elevado é o número de pares de conchas. Este fato
oferece a possibilidade de criar molas com características muito diferentes empregando
números maiores de elementos elásticos.
Molas de torção são aquelas cuja solicitação predominante é a da torção. A mola de torção
mais simples é chamada barra de torção. É constituída por uma barra de seção circular de
eixo retilíneo, presa por uma extremidade e sujeita na extremidade livre a um momento que
age num plano normal ao eixo da barra. Age como mola quando coliga elasticamente dois
órgãos mecânicos que devem submeter-se a afastamentos angulares elásticos relativos. O
coeficiente de rigidez torcional é dado por Kt = Mt/ e representa o momento torçor
necessário para que a seção da extremidade livre da barra gire de um ângulo = 1 radiano;
este é tanto maior quanto maior é o módulo de elasticidade transversal G do material e do
momento de inércia polar Jp, da barra, e quanto menor é o comprimento l da barra.
Demonstra-se, também, que a energia potencial elástica absorvida pela barra é igual a (1/2)
Kt. .
Uma outra mola de torção é a mola de torção helicoidal, carregada axialmente; de fato, sob
a ação da carga axial a solicitação principal do material é de torção. O fio ou a barrinha de
aço, do qual a mola é constituída pode ser em seção circular, quadrada, retangular; a hélice
de desenvolvimento pode ser com passo constante ou variável. A flecha elástica y e a
energia potencial disponível em correspondência desta flecha, ou seja (1/2).K.y2, são
proporcionais ao número de espirais da mola. A mola helicoidal de compressão não é
vinculada na extremidade, mas simplesmente apoiada sobre uma sede plana.
Mola de torção a hélice cônica é semelhante à precedente, com a única diferença de que o
fio ou barrinha de aço são enrolados segundo uma hélice cônica. A mola de hélice cônica
de seção retangular, chamada mola de bovolo, é largamente aplicada nos pára-choques do
material móvel ferroviário.
Muitas vezes os órgãos elásticos simples vêm acoplados entre si, de varias maneiras para
obter sistema com características elásticas mais apropriadas a determinados empregos,
como ilustramos acima. Como exemplo duas molas de torção helicoidais coaxiais ou
dispostas como indicamos a seguir (inserir figura) chamam-se acopladas em paralelo,
suportando conjuntamente a carga P vertical, que admitimos perfeitamente centralizada
sobre o eixo do sistema das duas molas. A disposição na ilustração acima é também em
paralelo, mas neste caso as molas estão sujeitas a tração. No agrupamento dos órgãos
elásticos em paralelo (homogêneas e do mesmo tipo) procura-se naturalmente, salvo casos
especiais, que as solicitações unitárias, às quais serão submetidos os órgãos, sejam do
mesmo valor, de tal modo que o aproveitamento do material é o mesmo para os diversos
órgãos. Mesmo porque os segmentos das molas em paralelo têm flechas idênticas à flecha
y do sistema.
Demonstra-se facilmente que a rigidez K do sistema é igual a soma das rigidez (? plural) K 1
e K2 das duas molas. Geralmente temos para n molas de rigidez K 1, K2, ...Ki,... Kn,
agrupadas em paralelo K = K1 + K2 + ... + Ki + ... + Kn = .Ki. Um caso típico de aplicação
desta última relação com molas que têm a mesma rigidez, para o qual K = nK 1 é o da junta
elástica representada na ilustração acima, apta a transmitir um certo esforço periférico P.
Duas molas resultam, ao invés, acopladas em série, quando são coligadas entre si por uma
extremidade e postas uma em seguida à outra. Neste caso, a carga P à qual é submetido o
sistema, é também a carga aplicada a cada mola, ou seja P = P 1 = P2 enquanto a flecha
resultante y é igual à soma das flechas y1 + y2 devidas a cada mola.
Demonstra-se facilmente também, nesse caso, que a rigidez do sistema K é dada pela
expressão: 1/K = 1/K1 + 1/K2 e generalizando, para n molas em série (indicando com K i o
valor da rigidez de uma mola genérica):
K = 1/[(1/k1)+(1/k2)+...+(1/ki)+...+(1/kn)] = 1/[
Podem-se ter também sistemas elásticos com agrupamentos mistos, isto é, constituídos de
molas em série e em paralelo.
Mola a rigidez variável, ou melhor, com rigidez crescente com a carga, é empregada por
exemplo nos pesados auto veículos. Uma mola de torção helicoidal pode ser feita com
rigidez variável, enrolando-a com passo variável e, tal que sob uma determinada carga, um
número preestabelecido de espirais, vindo ao contato entre si, diminua o comprimento livre
da mola.
Os materiais empregados na construção das molas são os aços a carbono, com teor de
carbono superior a 0,7% e até a 1 ou 1,2%, os aços a manganês, pela sua elevada
resistência à fadiga, os aços a silício, pelos seus elevados limites de elasticidade e de
ruptura, depois da têmpera. Para estes dois últimos aços porém, as maiores propriedades
são atingidas com a presença simultânea do manganês e eventualmente do cromo.