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Curso de Pós-Graduação em Engenharia

Estrutural

Prof. Esp. Igor Leite


Peças Comprimidas
Peças comprimidas são encontradas em componentes de
treliças, sistemas de contraventamentos, além de colunas ou
pilares isolados ou pertencentes à pórticos. Estas peças podem
ser sujeitas a compressão simples ou a flexocompressão por
ação de carga aplicada com excentricidade ou de um momento
fletor oriundo de cargas transversais, em combinação com a
carga axial de compressão.

Curvaturas iniciais em peças esbeltas sob compressão axial ou


deslocamentos laterais produzidos por ação de um momento
fletor aplicado tendem a ser ampliados pelo esforço de
compressão em um processo denominado flambagem por
flexão, o qual reduz a resistência da peça em relação ao casa
de peça curta.
Peças Comprimidas
Seções transversais típicas em colunas de madeira
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão

Ao ser comprimida axialmente, uma coluna esbelta apresenta


uma tendência ao deslocamento lateral. Este tipo de
instabilidade, denominado flambagem por flexão, se caracteriza
pela interação entre o esforço axial e a deformação lateral, de
tal forma que a resistência final da coluna depende de não
apenas da resistência do material, mas também de sua rigidez à
flexão EI.

Abordando o caso ideal de uma coluna birrotulada (de


comprimento L) e perfeitamente retilínea, com carga centrada e
de material elásticos, Leonhardt Euler demonstrou que para
uma carga maior ou igual a:

𝜋 2 𝐸𝐼
𝑁𝑐𝑟 = 2
𝐿
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão

não é mais possível o equilíbrio na condição retilínea. Aparecem


deslocamentos laterais e a coluna fica submetida à
flexocompressão. A carga Ncr é denominada carga crítica de
Euler.
As linhas identificadas como
coluna idealmente perfeita
representam a resposta em
deslocamento δt no meio do
vão da coluna para carga N
crescente.
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão
As colunas reais não
correspondem às
hipóteses associadas ao
cálculo de Euler e
portanto não se
comportam como sua
previsão.

Nos casos apresentados


na figura, o processo de
flambagem se dá com a
flexão da coluna desde o
início do carregamento.

Observa-se, pelos diagramas de tensões na seção mais


solicitada associados a pontos ao longo da curva de resposta,
que o efeito de flexão se amplia com o acréscimo de carga.
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão

A força normal N em um coluna com imperfeição geométrica,


esta representada por δ0, produz uma excentricidade adicional
δ, chegando a uma flecha total δt que para tensões em regime
elástico é representada por:

Para uma coluna com excentricidade de carga ei a resposta em


termos de deslocamento para cada valor de carga N pode ser
aproximada para a equação abaixo, sendo δ0 tomado igual à
deflexão máxima produzida pelo momento inicial Mi = N.ei
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão

Outro aspecto que influencia a resistência da coluna diz respeito


ao tipo de diagrama σ x ε do material. No caso da madeira, o
comportamento em tração é praticamente linear (regime
elástico) até a ruptura, mas em compressão o diagrama σ x ε é
não linear.
Então, a validade das equações
mostradas anteriormente se limita ao
valor da carga N, que produz tensão
máxima na seção mais solicitada igual à
tensão de proporcionalidade. A partir daí
inicia-se a perda de rigidez da seção com
sua plastificação progressiva. A resposta
da coluna segue como coluna imperfeita
material inelástico até atingir a
resistência Nc com ruptura da seção mais
solicitada.
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão

No caso da madeira há de se considerar ainda o efeito de


fluência que se caracteriza pelo acréscimo de deformações ao
longo do tempo para uma carga mantida constante. Para uma
carga N < Nc a coluna imperfeita de material inelástico não
atinge a ruptura instantaneamente. Entretanto, se a carga for
mantida ao longo do tempo o efeito de fluência poderá levá-la
ao colapso por acréscimo dos deslocamentos laterais δ.

Dividindo-se a carga crítica pela A da seção transversal da


coluna, obtém-se a tensão crítica:
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão

A resistência de uma coluna pode ser representada como uma


função do seu índice de esbeltez. Para colunas muito curtas não
ocorre o processo de flambagem e a tensão resistente nominal
fc é igual à tensão resistente de compressão do material. Para
colunas esbeltas, a resistência é dada pela equação abaixo,
onde em Nc estão incluídos todos os efeitos redutores de carga
última em relação à carga crítica Ncr. A figura a seguir mostra um
gráfico fc x λ , cuja linha em traço cheio, denominada curva de
flambagem representa a resistência de colunas reais.
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão
A linha tracejada representa
o caso de colunas perfeitas
(fcr) e a linha pontilhada
refere-se a resistência à
compressão fc do material
em compressão.

Na curva de flambagem, vê-se três tipos de colunas:


• Colunas esbeltas (valor elevados de esbeltez) para as quais a
flambagem ocorre em regime elástico e a resistência fc aproxima-
se de fcr
• Colunas de esbeltez intermediária, nas quais a influência das
imperfeições geométricas e da não-linearidade física reduz a
resistência.
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão

No caso de colunas com outras condições de contorno que não


o caso fundamental de duas rótulas extremas, o gráfico visto
anteriormente permanece válido com a introdução do
comprimento de flambagem em substituição ao comprimento L
da coluna. Observando o modo de flambagem de uma coluna
com quaisquer condições de contorno, o comprimento de
flambagem é definido como a distância entre dois pontos de
inflexão. Nestes pontos, o momento fletor é nulo e o
comprimento de flambagem fornece a equivalência ao caso
fundamental. O comprimento de flambagem é dado em função
do comprimento L:
Peças Comprimidas
Flambagem por flexão
Peças Comprimidas
Peças comprimidas de seção simples – compressão
simples e flexocompressão

Em estruturas de madeira, devido à natureza deformável das


ligações, geralmente se despreza o efeito favorável de
engastamento nas extremidades, tomando-se para comprimento
de flambagem o próprio comprimento da coluna, exceção é feita
aos casos de peça engastada e livre.

No caso de colunas de madeira com ligações intermediárias de


contraventamento, o comprimento de flambagem é tomado igual
a distância L1 entre os pontos de ligação intermediária,
desprezando-se o efeito favorável da continuidade da coluna.
Peças Comprimidas
Limites de esbeltez

Há interesse na fixação de limites superiores do índice de


esbeltez, para se evitar estruturas muitos flexíveis. A norma fixa
um valor menor que 140. Do ponto de vista da resistência, o
índice de esbeltez determina três tipos de coluna para os quais
a NBR 7190 atribui os seguintes limites:
Peças Comprimidas
Peças Curtas

Para colunas curtas λ ≤ 40, não é preciso considerar a redução


da resistência à compressão devida ao processo de flambagem.
A resistência da coluna curta é igual à resistência da seção mais
solicitada, no caso de compressão simples:

A resistência das seções mais solicitadas de peças curtas


sujeitas à flexão composta reta é verificada no estado limite
último com a seguinte expressão:
Peças Comprimidas
Peças Medianamente Esbeltas

Nas peças comprimidas medianamente esbeltas 40 < λ ≤ 80, a


resistência é afetada pela ocorrência de flambagem, incluindo
os efeitos de imperfeições geométricas e da não-linearidade do
material. Segundo a NBR 7190, o dimensionamento é feito para
flexocompressão mesmo no caso de peça sujeita à compressão
simples, como é usual em estruturas de concreto armado e
protendido.
Peças Comprimidas
Peças Medianamente Esbeltas
Peças Comprimidas
Peças Esbeltas

Nas peças esbeltas 80 < λ ≤ 140, o dimensionamento é feito tal


como para peças medianamente esbeltas, porém com a
inclusão do efeito de fluência na madeira nos deslocamentos
laterais da coluna, o qual se traduz em acréscimo do momento
de projeto Md. Acrescenta-se a excentricidade ec que representa
o efeito de fluência na madeira.
Peças Comprimidas
Peças Esbeltas
Peças Comprimidas
Peças Esbeltas
Peças Comprimidas
Peças Esbeltas
Peças Comprimidas
Peças Esbeltas

Nas peças esbeltas 80 < λ ≤ 140, o dimensionamento é feito tal


como para peças medianamente esbeltas, porém com a
inclusão do efeito de fluência na madeira nos deslocamentos
laterais da coluna, o qual se traduz em acréscimo do momento
de projeto Md. Acrescenta-se a excentricidade ec que representa
o efeito de fluência na madeira.
Peças Comprimidas
Aplicação n° 1
Verificar se uma coluna de Ipê (15 x 15) com 2,0 metros de
comprimento, é capaz de suportar uma carga de 184 kN de
compressão. Dados: madeira serrada, classe 2 de umidade,
classe de carregamento permanente, 2ª categoria;
Peças Comprimidas
Aplicação n° 2
No cimbramento do oleoduto abaixo, dimensionar os pilares 1-
4. Desprezar o peso próprio das vigas e considerar o peso do
líquido como ação variável.
 Será utilizada madeira Classe C60 (dicotiledônea) de
segunda categoria, classe 1 de umidade, com carregamento
de longa duração e ação permanente de grande
variabilidade.
 Peso do tubo = 1 kN/m
 Peso específico do líquido: 20 kN/m³
 Considerar o pilar como sendo seção quadrada;
Peças Comprimidas
Aplicação n° 2
Peças Comprimidas
Aplicação n° 2
No cimbramento do oleoduto abaixo, dimensionar os pilares 1-
4. Desprezar o peso próprio das vigas e considerar o peso do
líquido como ação variável.
 Será utilizada madeira Classe C60 (dicotiledônea) de
segunda categoria, classe 1 de umidade, com carregamento
de longa duração e ação permanente de grande
variabilidade.
 Peso do tubo = 1 kN/m
 Peso específico do líquido: 20 kN/m³
 Considerar o pilar como sendo seção quadrada;
Peças Comprimidas
Aplicação n° 3
Um escoramento de madeira é formado por paus roliços
eucalipto citriodora, colocados em pé, sendo contraventado nas
duas direções. O comprimento de flambagem é tomado igual a
3,00 m, desprezando-se o efeito favorável da continuidade da
coluna. A obra situa-se em local com grau de umidade relativa
ambiente igual a 70%.

A carga por escora é 75 kN. Verificar se o diâmetro escolhido


de 18 cm é suficiente para atender a esta solicitação.
Peças Comprimidas
Aplicação n° 3
Peças Comprimidas
Aplicação n° 4
Uma coluna de edifício tem o esquema estrutural mostrado na figura a
seguir e recebe as cargas de cada andar com uma excentricidade e =
100 mm em função de detalhe de apoio das vigas. Com estas cargas,
a coluna fica sujeita ao diagrama de momentos fletores mostrados na
figura. No plano perpendicular ao ilustrado, a coluna está ligada a
vigas de cada andar, porém as cargas oriundas destas vigas são
desprezíveis. No nível de cada andar, o movimento horizontal é
impedido pelo sistema de contraventamento da edificação. Verificar a
segurança das colunas nas seguintes condições:
 Cargas permanentes de pequena variabilidade;
 N1g = N2g = 25 kN; N1q = N2q = 32 kN;
 N3g = 8 kN; N3q = 10 kN
 Classe 2 de umidade e pinho-do-paraná.
Peças Comprimidas
Aplicação n° 4
Obrigado!

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