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Dimensionamento à compressão.

Parte 1
Dimensionamento à compressão.

Considerações iniciais
Barras de aço submetidas apenas à força axial de compressão decorrente
de ações estáticas. As barras compõem vigas e pilares treliçados, e também alguns
tipos de contraventamento, como o contraventamento em Δ. (Fakury, Silva e
Caldas, 2017)

Fonte: Edificações com pilares axialmente comprimidos. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
Dimensionamento à compressão.

Instabilidade de barras com curvatura inicial – Fundamentos teóricos

No dimensionamento das barras comprimidas, um dos modos de colapso a


ser considerado é a instabilidade da barra, suposta com curvatura inicial. O outro
modo de colapso é a flambagem local dos elementos componentes da seção
transversal da barra.

O deslocamento transversal de barras com curvatura aumenta


continuamente com o acréscimo da força axial de compressão, até as barras não
conseguirem mais resistir às solicitações atuantes: é a instabilidade de barra.

Esse comportamento, estabelecido com base na relação entre a força axial atuante,
Nc, e o deslocamento transversal na seção central, vt, é composto das etapas
Elástica, Elastoplástica e de Colapso.
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Instabilidade de barras com curvatura inicial – Fundamentos teóricos

Fonte: Colapso de barras com curvatura inicial por instabilidade. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
Dimensionamento à compressão.

Instabilidade de barras com curvatura inicial – Fundamentos teóricos

Etapa elástica: Se inicia quando a força axial começa a atuar e o deslocamento é


igual ao inicial, ou seja, v0, e se encerra quando a força axial alcança Nc,r, valor
correspondente ao início do escoamento da seção central (que ocorre na face
interna).

Etapa elastoplástica: Começa com o aumento do valor da força axial para além de
Nc,r. O escoamento se propaga para o interior da seção central do lado da face
interna, se inicia e propaga para o interior da seção transversal também do lado
da face externa e avança para as seções vizinhas.

Etapa de colapso: O escoamento atinge toda a seção central da barra, que entra
em colapso por instabilidade.
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Instabilidade de barras com curvatura inicial – Fundamentos teóricos

Fonte: Influência das tensões residuais no valor da força de compressão resistente. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
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Força axial resistente nominal
A força axial de compressão resistente nominal de uma barra para instabilidade é dada
por:

Nessa expressão, Ag fy é a força de escoamento da seção bruta, que representa a


capacidade resistente nominal da seção bruta, e χ é o fator de redução associado à
resistência à compressão:

Para λ0 ≤ 1,5:

Para λ0 > 1,5:

λ0 é o índice de esbeltez reduzido da barra:


Dimensionamento à compressão.

Força axial resistente nominal – Coeficiente de redução χ NBR 8800/2008: 5.3.3

É possível relacionar o índice de esbeltez reduzido com o índice de esbeltez


clássico, igual à razão entre o comprimento de flambagem da barra, KL, e o raio de giração
da seção transversal, r. A força axial de flambagem elástica, Ne, também chamada de
carga crítica de Euler, é igual a π2EaI/(KL)2, sendo:

Como λ é igual a KL/r e o raio de giração r é , tem-se

Os valores de χ são mostrados na tabela 01, para λ0 variando de zero a 3,0.


Dimensionamento à compressão.

Força axial resistente nominal

Fonte: Valor de χ em função do índice de esbeltez λ0 . (Fonte: Leão e Aragão, 2008).


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Força axial resistente nominal

Fonte: Valor de χ em função do índice de esbeltez λ0 . (Fonte: NBR 8800, 2008).


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Carga crítica de flambagem elástica

A flambagem, que é um problema de estabilidade estrutural, se caracteriza pela


ocorrência de grandes deformações transversais em elementos submetidos a esforços de
compressão. Em estruturas metálicas os problemas de estabilidade são particularmente
importantes já que os seus elementos apresentam elevada esbeltez em função da grande
resistência do aço. O fenômeno da flambagem foi inicialmente estudo por EULER (1707-
1783). Ele considerou uma barra ideal com as seguintes simplificações e/ou aproximações:
(Souza, 2017)

• Material é homogêneo de comportamento elástico linear perfeito;


• Barra é prismática e sem imperfeições;
• Extremidades rotuladas (vínculos ideais);
• Força aplicada sem excentricidade;
• Não ocorre estabilidade local dos elementos da seção.
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Carga crítica de flambagem elástica

Fonte: Equilíbrio da barra para estudo da flambagem e equacionamento. (Fonte: Souza, 2017).
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Carga crítica de flambagem elástica


Dividindo-se a força crítica de EULER pela área da seção transversal do elemento
definir-se a tensão crítica de flambagem elástica:

Onde λ é denominada esbeltez da barra e dada por: sendo r o raio de giração da


seção transversal.
Em elementos sem imperfeições geométricas iniciais e constituídos de aço com
comportamento elástico perfeitamente plástico só ocorrerá flambagem em regime elástico
se a tensão crítica de EULER for inferior a resistência ao escoamento. Caso o elemento não
apresente flambagem sua tensão crítica será igual a tensão limite de escoamento do aço,
ou seja:

Donde se deduz a esbeltez limite de plastificação:


Dimensionamento à compressão.

Carga crítica de flambagem elástica


E com base na esbeltez de plastificação define-se o coeficiente de esbeltez reduzido:

Portanto, em barras curtas com esbeltez λ ≤ λpl não ocorre flambagem e a falha
ocorre por plastificação da seção. Em barras longas com esbeltez λ ≥ λpl ocorre
flambagem em regime elástico dentro da validade das hipóteses de EULER. O
comportamento tensão normal x esbeltez de um elemento comprimido é representado
abaixo onde é possível definir um fator de flambagem global dados por e apresentar
esse comportamento independente das dimensões das grandezas envolvidas.

Fonte: Comportamento tensão x esbeltez de elementos comprimidos. (Fonte: Souza, 2017).


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Valor da força axial de flambagem elástica – Seção duplamente simétrica – NBR


8800/2088: Anexo E.1.1

As barras com seção duplamente simétrica, como as I ou H, podem


flambar por flexão em relação aos eixos centrais de inércia x e y com as forças
axiais de flambagem elástica, respectivamente dados por:

KxLx e KyLy = comprimentos de flambagem por flexão em relação aos eixos x e y.


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Valor da força axial de flambagem elástica

Além da flambagem por flexão, que é um caso particular de instabilidade, em


barras de seção abertas e paredes finas pode ocorrer outros fenômenos de instabilidade
denominados, flambagem por torção e flambagem por flexo-torção. A flambagem por
torção está associada a rotações da seção transversal do elemento. A flambagem por
flexo-torção caracteriza-se pela ocorrência combinada de flambagem por flexão e por
torção nas seções transversais do elemento comprimido. (Souza, 2017).

Fonte: Modos de flambagem. (Fonte: Souza, 2017).


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Valor da força axial de flambagem elástica – Seção duplamente simétrica – NBR


8800/2088: Anexo E.1.1

Fonte: Modos de flambagem de barras com seção duplamente simétrica. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
Dimensionamento à compressão.

Valor da força axial de flambagem elástica – Seção duplamente simétrica – NBR


8800/2088: Anexo E.1.1
Essas barras também podem flambar por torção. A flambagem por torção está associada
a rotações da seção transversal do elemento. Sua força axial de flambagem elástica é:

• Kz Lz é o comprimento de flambagem por torção;


• Cw é a constante de empenamento da seção transversal;
• ro é o raio de giração polar da seção transversal em relação ao centro de cisalhamento
• (rx e ry são os raios de giração em relação aos eixos centrais de inércia x e y, respectivamente, e
xo e yo, as distâncias do centro geométrico da seção G ao centro de cisalhamento S na direção
dos eixos x e y;
• J é a constante de torção dada por em que b é a largura e t é a espessura dos
elementos retangulares que formam a seção transversal.
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Valor da força axial de flambagem elástica – Seção duplamente simétrica – NBR


8800/2088: Anexo E.1.1

Fonte: Valor da constante de empenamento Cw e posição do centro de cisalhamento S em seções duplamente simétricas. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).

Fonte: Movimentos de torção uniforme e empenamento na flambagem por torção. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
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Valor da força axial de flambagem elástica – Seção monossimétrica NBR 8800/2008:


Anexo E.1.2
Somente podem flambar por flexão em relação ao eixo central de inércia que
não é o eixo de simetria (suposto aqui como eixo x) e por flexão em relação ao eixo
central de inércia de simetria (suposto aqui como eixo y) combinada com torção
(flambagem por flexo-torção).

Fonte: Modos de flambagem de seções monossimétricas (representadas por uma seção T). (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
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Valor da força axial de flambagem elástica – Seção monossimétrica NBR 8800/2008:


Anexo E.1.2

Fonte: Valor da constante de empenamento Cw e posição do centro de cisalhamento S em seções monossimétricas. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
Dimensionamento à compressão.

Valores dos coeficientes de flambagem por flexão e torção – NBR 8800/2008: Anexo
E.2
O comprimento efetivo de flambagem seria o comprimento que uma barra
com condição de vínculo qualquer deveria ter para flambar como uma barra
biarticulada. Em uma linguagem mais técnica seria a distância entre pontos de
inflexão na linha elástica da barra. (Souza, 2017)

Na tabela 02 são fornecidos os valores teóricos do coeficiente de


flambagem por flexão, K, ou Ky, para seis casos ideais de condições de contorno de
elementos isolados, nos quais a rotação e a translação das extremidades são
totalmente livres ou totalmente impedidas. Caso não se possa assegurar a
perfeição do engaste, devem ser usados os valores recomendados apresentados.
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Valores dos coeficientes de flambagem por flexão e torção – NBR 8800/2008: Anexo
E.2

Fonte: Coeficiente de flambagem por flexão de elementos isolados. (Fonte: NBR 8800, 2008).
Dimensionamento à compressão.

Valores dos coeficientes de flambagem por flexão e torção – NBR 8800/2008: Anexo
E.2

Fonte: Base de pilar onde o empenamento é impedido. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).

Fonte: Coeficientes de flambagem por torção. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
Dimensionamento à compressão.

Valores dos coeficientes de flambagem por flexão e torção – NBR 8800/2008: Anexo
E.2

O coeficiente de flambagem por flexão das barras axialmente comprimidas que


integram as subestruturas de contraventamento, bem como os elementos contraventados
, no plano da estrutura, pode ser considerado igual a 1,0. O comprimento de flambagem
fica igual ao comprimento dessas barras.

Fonte: Exemplos de comprimento de flambagem por flexão. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
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Valores dos coeficientes de flambagem por flexão e torção – Situação particular de


cantoneira simples – NBR 8800/2008: E.1.4.2
O movimento de flexão da cantoneira em relação ao eixo centroidal y1
(perpendicular à aba conectada) fica restringido e a flambagem ocorre com flexão em
relação ao eixo centroidal x1 (paralelo à aba conectada). Sua força axial de flambagem
elástica é:

• Ix1 = momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo x1.


• Kx1Lx1 = comprimento de flambagem equivalente, que procura prever os efeitos
desfavoráveis da excentricidade da força de compressão e de uma torção durante a
flambagem com flexão em relação ao eixo x1 (a rigor, a flambagem é por flexo-torção),
mas que também leva em conta o efeito favorável de um engastamento parcial das
extremidades da barra.
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Valores dos coeficientes de flambagem por flexão e torção – Situação particular de


cantoneira simples – NBR 8800/2008: E.1.4.2
O valor de Kx1Lx1 nas estruturas planas, com as barras adjacentes (caso existam)
conectadas do mesmo lado das chapas de nó ou dos banzos é:

Para:

Para:

• Lx1 é o comprimento da cantoneira, tomado entre os pontos de trabalho (PT).


• e rx1 é o raio de giração da seção transversal em relação ao eixo que passa pelo centro
geométrico e é paralelo à aba conectada.
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Continua na próxima aula...


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Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de Estruturas de Aço e de


Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios. 1 ed. Rio de Janeiro, 2008. 237 p.

BADKE NETO, Augusto; FERREIRA, Walnório Graça. Dimensionamento de Elementos de Perfis de


Aço Laminados e Soldados: com exemplos numéricos. 3. ed. Vitória: GSS, 2015. 161 p.

FAKURY, Ricardo Hallal; SILVA, Ana Lýdia Reis de Castro e; CALDAS, Rodrigo Barreto.
Dimensionamento de Elementos Estruturais de Aço e Mistos de Aço e Concreto. São Paulo:
Pearson, 2017. 496 p.

LEÃO, Marcelo; ARAGÃO, Moniz de. Peças Comprimidas: dimensionamento segundo a NBR
8800:2008. Rio de Janeiro: Ime, [ca 2008]. 21 slides, color.

SOUZA, Alex Sander Clemente de. Dimensionamento de Elementos e Ligações em Estruturas de


Aço. São Paulo: Edufscar, 2017. 261 p.
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