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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Professor: Raimundo Almeida


I - INTRODUÇÃO

1.1- Objetivo do estudo da Resistência dos Materiais

A construção de prédios e casas a ser executada deve ser suficientemente forte e


segura e, ainda, projetada com a maior economia possível de material.

A Resistência dos Materiais surge então com a finalidade de apresentar soluções


para atender essas solicitações e para as aplicações práticas ocorridas na construção
civil em geral.

1.2 - Conceitos básicos sobre Lei de Newton e geometria das massas

Conhecemos da física a 1ª Lei de Newton: “A resultante das forças que agem


sobre um corpo em repouso ou em movimento retilíneo uniforme é nula”. A 2ª Lei de
Newton, também chamada Lei do Movimento de Newton, pode ser enunciada: “Quando a
resultante das forças que atuam sobre um corpo for diferente de zero, o corpo desloca-se
com movimento acelerado. A aceleração é proporcional à resultante e tem a mesma
direção e o mesmo sentido da força resultante” ; e a 3ª Lei de Newton: “A toda ação
corresponde uma reação igual e de sentido contrário”.

A 1ª e a 3ª Leis, nos levam as condições gerais de equilíbrio de um corpo e por


conseguinte as Equações Fundamentais da Estática.

Para um corpo permanecer em equilíbrio é necessário que sejam simultâneamente


obedecidas duas condições como consequência da 1ª Lei de Newton, conhecidas como
condições gerais de equilíbrio .

1ª Condição Geral de Equilíbrio: “ O somatório da resultante do sistema de forças que


age sobre o corpo deve ser nulo”;

Para se conhecer a 2ª Condição Geral de Equilíbrio, devemos nos recordar da


física o conceito de momento de uma força.

Momento de uma força em relação a um eixo de referência, é o produto desta


mesma força pela distância em relação ao mesmo, ou seja; M= F.d

Então, podemos enunciar a 2ª Condição Geral de Equilíbrio: “O somatório do


momento resultante do sistema de forças que age sobre o corpo, em relação a um ponto
qualquer deve ser nulo”.

Escrevendo portanto, as duas Condições de Equilíbrio sob a forma de equações


em relação aos eixos coplanares x e y, teremos:

 Fx=0;
 Fy=0;
 Mz=0;
As equações acima são conhecidas como equações fundamentais da estática.

1.3 – Tipos de Estruturas


A estrutura de uma edificação se divide em infraestrutura e superestrutura.

A infraestrutura é relativa às fundações da edificação, tais como: sapatas


(fundação direta), que é utilizada quando o terreno em que se vai construir é considerado
com boa resistência e radiers e estacas quando o terreno é considerado com fraca
resistência, e ainda as cintas que são elementos estruturais destinados a manter a rigidez
da estrutura do prédio e servem para apoiar as alvenarias.

A superestrutura é constituída de lajes, que são elementos destinados a servir de


apoio para a passagem, vigas que servem para dar apoio as lajes, e pilares que servem
de apoio às vigas. Portanto, o esquema de apoio estrutural em uma edificação funciona
da seguinte maneira: as lajes são apoiadas pelas vigas, que por sua vez são apoiadas
pelos pilares, e estes pelas sapatas, radiers ou estacas.

Todos esses elementos são chamados de elementos estruturais.

1.4 – Esforços Solicitantes

Os elementos estruturais, são submetidos portanto a esforços durante o “caminho”


que a carga percorre por ocasião de seu funcionamento estrutural. Esses esforços,
solicitam de alguma forma os elementos, sendo portanto chamados de Esforços
Solicitantes.

Esses esforços, podem ser basicamente:

- esforços de compressão:

- esforços de tração:

- esforço cortante:

- momento fletor:
I I– TRAÇÃO E COMPRESSÃO

2.1- Esforços internos e externos

Admitamos que um corpo é constituído de pequenas partículas ou moléculas,


entre as quais estão atuando forças. Estas forças moleculares opõe-se à mudança de
forma que forças exteriores tendem a produzir. Se estas forças exteriores são aplicadas
no corpo, suas partículas deslocam-se e os deslocamentos mútuos continuam até que o
equilíbrio entre as forças exteriores e interiores seja estabelecido.

2.2 – Corpos de prova

Tomemos como exemplo uma barra prismática carregada na extremidade, como


mostra a figura a seguir.

P

Sob ação dessa carga, manifestar-se-á certo alongamento da barra. O ponto de


aplicação da carga mover-se-á, então, para baixo fazendo com que a barra se deforme.
Se considerarmos uma seção mn da barra, vamos verificar que se ela está em equilíbrio,
o somatório das forças internas no outro sentido deverá ser igual ao valor de P.

A propriedade dos corpos voltarem a forma inicial, após a retirada da carga, é


chamada de elasticidade. Diz-se que o corpo é perfeitamente elástico se recupera
completamente sua forma original depois da retirada da carga; parcialmente elástico, se a
deformação produzida pelas forças exteriores não desaparece completamente depois da
retirada da carga.

2.2.1 – Lei de Hooke

Por meio de experiências diretas relativas a à distensão de barras prismáticas,


estabeleceu-se, para vários materiais estruturais que o alongamento da barra, entre
certos limites, é proporcional à força de tração. Esta relação linear simples entre a força e
o alongamento que ela produz foi formulada, primeiramente, em 1678, pelo cientista
inglês Robert Hooke e recebeu seu nome. Adotando-se as notações:

P = força que produz distensão na barra;


l = comprimento da barra;
A = área da seção transversal da barra;
 = alongamento total da barra;
E = constante elástica do material, chamada módulo de elasticidade;
A lei experimental de Hooke pode ser dada pela seguinte equação:

P .l
δ=
A. E ; (1)

Analisando a equação acima, observamos que o alongamento () da barra é


diretamente proporcional à força de tração (P) e ao comprimento da barra (l), e
inversamente proporcional à área (A) e ao módulo de elasticidade (E).

Devemos observar também, o conceito de tensão normal ().

Quando uma força (P) está agindo sobre uma barra prismática, esta força passa
pelo centro de gravidade da seção transversal da barra e ao longo do eixo da barra.
Portanto, temos uma força agindo perpendicularmente à seção transversal da peça,
levando-nos a uma segunda importante equação da Resistência dos Materiais:
P
σ=
A ; (2)

Esta força por unidade de área é chamada tensão.

O alongamento da barra por unidade de comprimento, é determinado pela


equação:
δ
ε=
l ; (3)
E é chamado de alongamento relativo ou deformação de tração.

Empregando-se as equações (1), (2) e (3), a Lei de Hooke pode ser também
representada da seguinte forma:

σ = Ε . ε ; (4)

O que nos mostra que o módulo de elasticidade é igual a tensão dividida pelo
alongamento relativo, podendo ser facilmente calculada desde que se determinem a
tensão e o alongamento correspondente em um ensaio de tração. O alongamento relativo
() é um número abstrato, representando a relação entre dois comprimentos (ver equação
3); portanto, da equação (4), conclui-se que o módulo de elasticidade (E) deve ser
medido nas mesmas unidades que as tensões (), isto é, em quilogramas força por
centímetros quadrados por exemplo e este valor depende somente do tipo de material
que está se empregando.
Estas mesmas equações, poderão ser utilizados para o caso de compressão de
barras prismáticas. Neste caso,  denotará o encurtamento longitudinal total,  a
deformação de compressão e  a tensão de compressão. O módulo de elasticidade à
compressão é, para a maioria dos materiais estruturais, o mesmo da tração. Nos
cálculos, as tensões e as deformações de tração são consideradas positivas e as tensões
e deformações de compressão, negativas.
2.2.2 – Exercícios

1- Determinar o alongamento total de uma barra de aço (E=21x105 kgf/cm2) com 60 cm


de comprimento, sendo a tensão de tração igual a 1050 kgf/cm2.

Solução:

σ 1050
δ= ε .l= l= 5
60= 0, 03 cm
E 21 x 10

2 – Determine a força de tração numa barra de aço (E=21x105 kgf/cm2)cilíndrica com 3


cm de diâmetro, sendo o alongamento relativo igual a 0,7 x 10-3.

Solução:
−3 5 2
σ = ε E= 0,7 x 10 21 x 10 = 1470 kgf / cm
2
3
A= 3,14 = 7, 07 cm2
4
P= σ A= 1470 7, 07= 10393 kgf

3 – Uma barra prismática de aço (E=21x105 kgf/cm2) de 60 cm de comprimento, é


distendida de 0,06cm sob a ação de uma força de tração. Achar o valor dessa força,
admitindo que o volume da barra seja igual a 400 cm3.

Solução:

δ 0, 06
ε= = = 0, 001
l 60
5 2 V 400
σ = ε E= 0, 001 21 x 10 = 2100 kgf / cm A= = = 6, 67 cm 2
l 60
P= σ A= 2100 6, 67= 14007 kgf

4 – Um arame com 30 m de comprimento , sujeito a uma força de tração P= 500kgf,


alonga-se de 3cm. Determinar o módulo de elasticidade do material, sendo a área da
seção transversal do arame igual a 0,25cm2.

Solução:

P .l P . l 500 3000
δ= ; então: E= = = 20 x 105 kgf / cm 2
A. E δ.A 3 0, 25
5 – Um parafuso de aço (E= 21x105 kgf/cm2), com 50 mm de diâmetro, deve suportar
uma carga de tração de 30000kgf. Sabendo que o comprimento inicial da parte
carregada é 550 mm, calcular o comprimento final do parafuso.

Solução:

P .l 30000 kgf 55 cm
δ= ; então: δ= = 0, 04 cm
A. E 19 , 635 cm2 21 x 10 5 kgf / cm2
mas:
L f = L δ ; então:
L f = 55 cm 0, 04 cm= 55 , 04 cm

6 – O pedestal da figura abaixo, está sujeito às cargas P1= 60000 kgf e P2= 70000kgf.
O comprimento da parte superior a é igual a 50 cm e sua seção transversal é quadrada
com 7,5 cm de lado. A parte inferior tem b= 75 cm e seção transversal também
quadrada com 12,5 cm de lado. Sabendo que o material que compõe o pedestal
apresenta módulo de elasticidade igual a 20 x 105 kgf/cm2 , achar o encurtamento total
do topo do pedestal. P1

Seção
a P2

Seção
b
Solução:

- encurtamento devido a carga P1(seção S1)

P1. a 60000 kgf 50 cm


δ1= ; então : δ1= 2 2 5 2
= 0,027 cm
Aa . E 7,5 cm 20 x 10 kgf / cm

- encurtamento devido ao somatório de P1 e P2 (seção S2)

P1 P2 . b 130000 kgf 75 cm
δ2= ; então:δ2= = 0,031 cm
Ab . E 12 ,5 2 cm2 20 x 105 kgf /cm2

- encurtamento total

t = 1 + 2 =0,027cm + 0,031 cm = 0,058 cm


7- Uma barra de cobre (E=11x105 kgf/cm2), com 3,00m de comprimento, tem seção
transversal circular com diâmetro de 20mm na metade de seu comprimento. Na outra
metade do seu comprimento apresenta diâmetro de 15mm de acordo com a figura
abaixo. Qual será seu encurtamento total sob uma carga P=2500 kgf ?

Solução:

P.a 2500 kgf 150 cm


δ1= ; então : δ1= 2
= 0,1085 cm
Aa . E 3, 14 . 2,0 2 5 2
cm 11 x 10 kgf / cm
4

P.b 2500 kgf 150 cm


δ2= ; então : δ2= = 0,1930 cm
Ab . E 3,14 . 1,52 5 2
11 x 10 kgf / cm
4

t = 1 + 2 = 0,1085 cm + 0,1930 cm = 0,3015 cm


2.2.3 – Diagrama tensão-deformação
A proporcionalidade entre a força de tração e o alongamento, só existe até um
certo valor limite da tensão de tração, chamado de limite
de proporcionalidade, o qual depende das propriedades
do material. Além desse limite, a relação entre o
alongamento e a tensão de tração, torna-se mais
complicada. Para um material, como o aço de
construção, a proporcionalidade entre a carga e o
alongamento, existe em uma zona considerável e o
limite de proporcionalidade pode atingir a 1750 – 2100
kgf/cm2. Para materiais como ferro fundido ou cobre
doce, o limite de proporcionalidade é muito baixo, de
modo que podemos observar um afastamento da Lei de
Hooke para tensão de tração baixas. Estudando-se as
propriedades mecânicas dos materiais além do limite de
proporcionalidade, a relação entre a deformação e a
tensão correspondente é, geralmente, representada em
gráficos pelo diagrama de ensaios de tração. A figura 4
(a) apresenta um diagrama típico para aço de construção. Aí, os alongamentos
estão marcados no eixo horizontal e as tensões correspondentes vão dadas pelas
ordenadas da curva O ABC D. De O a A a tensão e a deformação são proporcionais;
além de A o afastamento da lei de Hooke torna-se acentuado; portanto, a tensão em
A é o limite de proporcionalidade. Carregando-se além deste limite, o alongamento
cresce mais rapidamente e o diagrama torna-se curvo. Em B manifesta-se
alongamento rápido da barra sem acréscimo apreciável da força de tração. Este
fenômeno, chamado escoamento do metal, acha-se representado no diagrama por
uma parte da curva quase horizontal. A tensão correspondente ao ponto B é
chamada de limite de escoamento. Após o escoamento da barra, o material sofre um
revigoramento e, como se pode ver pelo diagrama, a força de tração necessária
cresce com o alongamento até o ponto C, em que essa força atinge seu valor
máximo. A tensão correspondente é chamada de tensão de ruptura do material.
Além do ponto C, o alongamento da barra manifesta-se com diminuição de carga,
ocorrendo, finalmente, a ruptura com uma carga correspondente ao ponto D do
diagrama.
Notemos que o escoamento da barra está ligado a uma contração lateral, mas é
de prática corrente, ao calcular-se o limite de escoamento e a tensão de ruptura,
usar-se à área inicial A da seção transversal.
A figura 4 (b) representa o diagrama de ensaios de tração para ferro fundido. Este
material tem limite de proporcionalidade muito baixo e não possui limite de
escoamento definido.
Diagramas análogos a esses de tração, podem também ser obtidos para a
compressão de vários materiais e os pontos caracteristicos, como o limite de
proporcionalidade, o limite de escoamento no caso do aço, e a tensão de ruptura à
compressão podem ser estabelecidos.

2.2.4 – Tensão Admissível


Um diagrama de ensaio de tração nos dá informações valiosas sobre as
propriedades mecânicas de um material. Conhecendo-se o limite e
proporcionalidade, o limite de escoamento e a tensão de ruptura do material, é
possível estabelecer-se, para cada problema particular de engenharia, a grandeza
da tensão que pode ser considerada como tensão de segurança.
Esta tensão é, comumente, chamada de tensão admissível ou taxa de trabalho.
Ao escolhermos a grandeza da tensão admissível para o aço, devemos levar em
conta que, para tensões abaixo do limite de proporcionalidade, esse material pode
ser considerado como perfeitamente elástico e, além desse limite, parte da
deformação permanece, geralmente, depois de descarregada a barra, isto é, ocorre
uma deformação permanente. A fim de termos a estrutura em condição elástica e
afastarmos a possibilidade de deformação permanente, é de uso corrente adotar-se
tensão admissível muito inferior ao limite de proporcionalidade. Na determinação
experimental deste limite são necessários instrumentos de medida sensíveis
(extensômetros) e a posição do limite depende, em grande parte, da precisão com
que são feitas as medidas. Com o objetivo de eliminarmos esta dificuldade,
tomamos, em geral, como base para a determinação da grandeza da tensão
admissível, o limite de escoamento ou a tensão de ruptura. Representando-se por
adm, e e r respectivamente, a tensão admissível, o limite de escoamento e a tensão
de ruptura do material, a grandeza da tensão admissível será determinada por uma
das duas equações seguintes:
σe σr
σ adm = ou σ adm =
n n1

Nestas expressões, n e n1 são fatores comumente chamados de coeficientes de


segurança, os quais determinam a grandeza da tensão admissível. No caso do aço
de construção, é lógico que se tome o limite de escoamento como base para a
fixação da tensão admissível, porque, aqui, pode ocorrer uma deformação
permanente considerável, a qual não é admissível nas estruturas de engenharia.
Neste caso, um coeficiente de segurança n=2 dará valor seguro para a tensão
admissível, contanto que só atuem na estrutura cargas constantes. No caso de
cargas aplicadas repentinamente ou de cargas variáveis, as quais ocorrem
freqüentemente nos elementos de máquinas, um coeficiente de segurança maior
torna-se necessário. Para materiais quebradiços como o ferro fundido, o concreto,
várias espécies de pedra e para material como a madeira, a tensão de ruptura é, em
geral, tomada como base para a determinação das tensões admissíveis.
A grandeza do coeficiente de segurança depende, grandemente, da precisão
com que são conhecidas as forças exteriores que estão atuando na estrutura, da
precisão com que podem ser calculadas as tensões nos elementos de uma estrutura
e, também, da homogeneidade dos materiais empregados.

2.2.4.1- Exercícios
1- Determinar o diâmetro d das barras de aço N de uma prensa, para uma força de
compressão máxima P=5000 kgf de acordo com a figura a seguir, sabendo-se que a
tensão admissível par o aço, nesse caso, é de adm = 750 kgf/cm2. Determinar
também, o alongamento total das barras sob a carga máxima, sabendo que o
comprimento entre suas extremidades ℓ seja igual a 125 cm.
Solução:
P P 50000/2 kgf
σ adm = ; logo: A= = = 33 , 33 cm2
A σ adm 750 kgf /cm2
então:
π. d2 33 ,33 . 4
A= = 33 , 33 cm2 d= = 6,5cm
4 π
o alongamento total:
σ . ℓ 750 kgf /cm2 . 125cm
δ= ε . ℓ= = 0, 05 cm
E 21 x 105 kgf /cm2
2- Determinar as dimensões da seção transversal de uma viga de madeira BC e da
barra de aço AB da estrutura ABC abaixo, carregada em B pela carga P, sendo a
tensão admissível da madeira igual a 11 kgf/cm2 e para o aço igual a 700 kgf/cm2. A
carga P é de 3000 kgf. Determinar também as componentes vertical e horizontal do
deslocamento do ponto B devido à deformação das barras.

Dados:
4,50m Eaço= 21 x 105 kgf/cm2
Emadeira = 1,1 x 105 kgf/cm2
2,70m

Solução:
3,60m
- decomposição do nó B

FAB
Y Sen  = 2,70/4,50 =0,6
X Cos  = 3,60/4,50 =0,8

FBC

P 3000
∑ Fy= 0 − P F AB . sen α= 0 F AB= =
sen α 0,6
= 5000 kgf

∑ Fx = 0 − F BC− F AB . cos α= 0 F BC = F AB . cos α= 5000. 0,8= 4000 kgf


P

- áreas da seção transversal das barras de aço e viga de madeira


F AB 5000 kgf
Aaço= = = 7, 14 cm2
σ adm aço 700 kgf / cm2
F BC 4000 kgf 2
Amadeira = = = 363 , 64 cm
σ adm madeira 11 kgf / cm 2

- alongamento total da barra de aço e encurtamento total da viga de madeira


F AB . ℓ AB 5000 kgf . 450 cm
δ aço = = = 0,15 cm
E aço . Aaço 21 x 105 kgf / cm 2 .7, 14 cm2
F .ℓ 4000 kgf . 360 cm
δ madeira = BC BC = = 0, 036 cm
E madeira . A madeira 1,1 x 105 kgf / cm 2 .363 , 64 cm2

III – FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR

3.1 – Conceito de Vigas

Vigas são elementos estruturais destinados a servir de apoio para as lajes.


Normalmente apresentam seção retangular (bw x h).

3.1.1 – Tipos de apoios

Para compreender o funcionamento das estruturas, é muito importante conhecer o


tipo de apoio que possuem. A estrutura de apoio nada mais é do que um corpo rígido que
recebe e transfere esforços das estruturas em estudo.

a) Apoio em engaste

Este apoio não permite que a extremidade da viga que ele suporta se afaste da
horizontal e na vertical ou que gire, ou seja, todos os movimentos estão impedidos. Como
exemplo temos a ligação com pregos.

É representado da seguinte forma:

VIGA

ENGASTE
b) Apoio articulado (pino)

Não permite que os apoios se afastem na horizontal nem na vertical, mas permite
um giro do apoio. Como exemplo temos a dobradiça de um armário.

Podemos ter:

- Apoio articulado de primeiro gênero

Impede somente os movimentos verticais, ficando livre os movimentos horizontais.

É representado da seguinte forma:

VIGA
-

APOIO
ARTICULADO
DE 1º GÊNERO

Apoio articulado de segundo gênero

Impede tanto os movimentos verticais quanto os horizontais.

É representado da seguinte forma:

VIGA

APOIO
ARTICULADO
DE 2º
GÊNERO
3.1.2 – Tipos de estruturas

a) estruturas isostáticas

Quando uma estrutura tem um número de vínculos tal que possam ser resolvidos
pela Estática - as famosas três equações fundamentais – ela é uma estrutura
isostática. Exemplo:

b) estruturas hiperestáticas

Quando o número de vínculos cresce e não são suficientes as equações


fundamentais da estática para resolver o problema, ela é uma estrutura hiperestática.
Exemplo:
c) estruturas hipostáticas

Quando o número de vínculos é insuficiente para dar estabilidade e a estrutura


está livre para se movimentar ela é uma estrutura hipostática. Exemplo:

3.2 – Estudo da flexão normal nas vigas isostáticas - diagramas de momentos


fletores e forças cortantes

Vamos resolver várias vigas isostáticas e traçar seus diagramas de momentos


fletores (DMF) e de forças cortantes (DEC), determinando assim os esforços
internos solicitantes ponto a ponto. Em capítulo posterior serão calculados os
esforços internos resistentes. O traçado de diagramas como mostrado aqui pode ser
feito também para estruturas hiperestáticas após determinação das reações nos
apoios. O acompanhamento dos exemplos numéricos ajudará a entender os
conceitos.

Exercício 1: Aplicação de carga concentrada no meio do vão

Determine as reações de apoio e diagramas de esforço cortante e momento fletor da


viga a seguir.

50 kgf

A 2,00
B
2,00
Y

VA VB
50 kgf

X
2,00 2,00

Z
- Reações de apoio:
 FX = 0; não há forças na direção x

 FY = 0; VA + VB - 50 = 0 ; VA + VB = 50; VA = 50 – 25 = 25 Kgf

 MA =0; VB . 4 – 50. 2,00 = 0 ; 4.VB = 100 ; VB = 25 Kgf

Ponto de momento máximo,


- Diagrama de esforço cortante onde o cortante passa por 0.
Cruza o eixo.

25(+) 25 (+)

DEC(kgf)
25(-)

- Diagrama de momentos fletores


DMF(kgf.m)

25. 2,00 =50 Kgf.m

Exercício 2 : Aplicação de carga concentrada que não esteja no meio do vão


Determine as reações de apoio e diagramas de esforço cortante e momento fletor a
viga a seguir.

VA
 FX = 0; não há forças na direção x

 FY = 0; VA + VB - 380 = 0; VA + VB = 380; VA = 380 – 285 = 95 Kgf

 MA =0; VB . 8,40 – 380. 6,30 = 0 ; 8,40.VB = 2394 ; VB = 285 Kgf

380 kgf

6,30 2,10

Portanto:
VB
VA = 95 kgf

VB =285kgf

- Ponto de momento máximo (onde o cortante passa por 0): x = 6,30m

- Valor do momento máximo: VA . 6,30= 95 x 6,30 = 598,50 kgfm

- Diagramas de Esforço cortante (DEC) e de Momento Fletor (DMF)

D
Nota:
O momento em C pode ser calculado vindo pela direita. O valor será o mesmo,
porém de sinal contrário.

Mc = - VB . 2,10 = -285 x 2,10 = -598,50 kgfm

Notas:

1. A maior força cortante na viga é de 285 kgf e não 380 kgf, que é a carga externa.
2. No ponto C há duas forças cortantes, à esquerda (95 kgf e à direita (285 kgf). Se
usarmos a força cortante no dimensionamento de forças em C, o valor será o
maior (285 kgf - valor em módulo).
3. No ponto C a força cortante passa de valores positivos para negativos. Nesse
ponto ocorre o maior momento fletor.

Exercício 3 : Aplicação de carga distribuída


Determine as reações de apoio e diagramas de esforço cortante e momento fletor da
viga a seguir.
8600 kgf/m
8600 kgf/m Y
A B
6,40

A 6,40 B

VA VB Z


FX = 0; não há forças na direção x

 FY = 0; VA + VB - 8600.6,40 = 0; VA + VB = 55040; VA = 55040 – 27520 =


27520 Kgf

 MA =0; VB . 6,40 – 8600. 6,40.3,20 = 0 ; 6,40.VB = 17628 ; VB = 27520Kgf

Portanto: VA = 27520kgf

VB =27520kgf

- Diagramas de Esforço cortante (DEC)

27520

DEC (Kgf)
- Ponto de momento máximo (onde o cortante passa por 0): x = 3,20m

- Valor do momento máximo positivo: VA . 3,20 - 8600. 3,20. 1,60 = 27520 . 3,20 –
44032 = 44032 kgfm. Podemos também utilizar a fórmula: Mmáx = ql2/8 =
8600.6,402/8 = 44032 kgf.m -27520

- Diagrama de Momento Fletor


DMF (Kgf.m)
44032

Parábola do 2º grau

OBSERVAÇÃO:
Para confeccionar a parábola do 2º grau, apresentamos na figura abaixo, uma
construção geométrica que nos dá excelente precisão no traçado do diagrama de
momentos fletores.
Sendo MM1 = ql2 /8, marcamos M1M2 = MM1. Dividimos os segmentos AM2 e BM2
em 4 partes iguais; obtemos os pontos 1, II, III, 1’, II’, e III’, que, ligados
alternadamente, nos dão tangentes externas à parábola que então é facilmente
obtida. Se quisermos aumentar nossa precisão, dividimos AM2 e BM2. em 8, 16,..
partes ao invés de 4, repetindo o mesmo tipo de traçado.

Exercício 4: Aplicação de carga distribuída e carga concentrada.


Determine as reações de apoio da viga a seguir, assim como o DEC e o DMF.

3,20 10000
3,20kgf

c
8600 kgf/m

A 6,40 B

VB
VA

Como a viga é simétrica, então: VA = VB = 10000/2 + 8600.6,40/2 = 32520 kgf.

- Diagrama de Esforço Cortante


32520
5000
DEC (Kgf)
5000 32520

- Ponto de momento máximo – ponto de cortante nulo – x =3,20m


- Valor do momento máximo = 32520.3,20 - 8600.3,22/2 = 60032 Kgf.m ou ql2/8 +
Pab/l = 8600.6,42 /8 + 10000.3,2.3,2/6,4= 60032 Kgf.m

DMF
(Kgf.m)

60032

3.3 - Tensões normais em vigas — a flexão normal

Uma estrutura sofrendo flexão se deformará e nas suas seções transversais e


em cada ponto das seções sofrerá:

• tensões (pressões) normais de compressão;


• tensões (pressões) normais de tração;
• tensões (pressões) tangenciais de cisalhamento (deslizamento).
O conceito corrente de pressão — força dividida por área — refere-se, na
linguagem comum, a situações de compressão. Vamos aqui ampliá-lo também para
situações de tração e cisalhamento.

Vejamos estas duas vigas:

As tensões de tração, de compressão e de cisalhamento variam de seção para


seção e, em uma seção, de ponto a ponto.
3.3.1- Tensões normais de compressão e tração

Partindo de um caso simples de uma viga de seção retangular, vamos


generalizar para outras seções.

3.3.1.1 -Exercício 1

Seja uma prancha de aço de 10 x 30 cm apoiada sobre duas


colunas e sujeita a uma carga concentrada de 9,2 tf situada no
meio do vão. Por ser pequeno, o peso próprio da viga será
desprezado.

Ra = Rb =4,6 tf

P ℓ 9,2 4,8
M máx = = = 11 , 04 tf . m
4 4

Analisando a deformação da viga numa seção, vê-se que as partes


superiores da viga sofrem um processo de encurtamento (compressão) e as partes
inferiores, estiramento (tração).

Seja agora uma seção transversal ao eixo no ponto C. Nos pontos da borda
superior da seção C acontecem as máximas tensões de compressão, que irão
decair conforme nos aproximamos do eixo. Nesse eixo, as tensões de compressão
deixam de existir e nos primeiros pontos abaixo do eixo começam a ocorrer tensões
de tração, que serão máximas na borda inferior da seção.

22

Como tensões de compressão e tração são tensões opostas, elas devem


passar por um ponto onde se anulam. Tal ponto, localizado no eixo horizontal de
simetria, denomina-se linha neutra (LN).
Com base na hipótese de o material atender à lei de Hooke, a variação de
tensão é linear da linha neutra para as bordas. No caso da seção retangular,
teremos:

M h M
σ c= σ t = =
J 2 W

J = Momento de Inércia; W= Módulo Resistente

Vamos calcular as tensões  na seção em C da viga, que é o ponto médio


onde ocorre maior momento fletor:

Mc = 11,04 tf.m = 1.104.000 kgf.cm


3 3
b . h 10 . 30
J= = = 22. 500 cm4
12 12

Tensões Máximas:

M 1 . 104. 000
σ c= σ t = a= a= 49 a
J 22 . 500 a = distância até a linha neutra

As tensões em qualquer ponto nas retas passando por M, K, Z, P e N são


respectivamente:
= 49 x a = 49 x 15 = 735 kgf/cm2 (compressão)
= 49 x a = 49 x 12 = 588 kgf/cm2 (compressão)
= O (nem tração nem compressão)
= 49 x a = 49 x 10 = 490 kgf/cm2 (tração)
= 49 x a = 49 x 15 = 735 kgf/cm (tração)

3.3.1.2 - Exercício 2

Calcular as tensões normais máximas da viga bi-apoiada abaixo. Calcular também


as tensões máximas nos pontos indicados e fazer o diagrama de tensões normais.

5,0 kgf/m
P 10

h= 60 cm 30
K
4,00 20

b = 20 cm

Solução:

MMx = q.l2/8=5,0.4,02/8= 10 kgf.m = 1000 kgf.cm no centro da viga

- Tensões máximas de tração e compressão

 no ponto de momento máximo

a = h/2 = 30 cm (nas bordas)

então:

M máx 3 3
b h 20 60
σ cmáx = a J= = = 360000 cm4
J 12 12

M máx 1000
σ cmáx = a= − 30 = − 0, 08 kgf/cm 2
J 360000

- Tensão M máxima de compressãono ponto


1000 p
 tmáx  máx  a   30  0,08 kgf/cm 2
J 360000 -0,08 kgf/cm2
Mmáx 1000
 cp  a   (20)  0,06 kgf/cm 2 P
J 360000 -0,06 kgf/cm2

0,03 kgf/cm2
K
- Tensão máxima de tração no ponto K 0,08 kgf/cm2
M 1000
 tp  máx  a   10  0,03 kgf/cm 2
J 360000

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