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ESTO017-17- Métodos Experimentais em Engenharia

Roteiro: Experimento #2

Medidas de Constante Elástica e Força

Edição: 2º Quadrimestre 2021

IT IS THE WEIGHT, NOT NUMBERS OF EXPERIMENTS THAT IS TO BE REGARDED. (ISAAC NEWTON)

Objetivos:

● Utilizar métodos diferentes para medir o mesmo parâmetro: a constante elástica de


uma mola.
● Avaliar a contribuição das grandezas de influência nos diversos métodos,
determinar os coeficientes de sensibilidade e calcular a incerteza combinada em
cada caso.
● Comparar os resultados obtidos em cada método.
● Utilizar aplicativo para ajuste de dados experimentais a funções matemáticas.
● Adquirir familiaridade com equipamento para medida de força: o dinamômetro.

1- Fundamentação Teórica

1.1- Constante elástica da mola

Força é uma grandeza vetorial cuja definição clássica vem da Segunda Lei de Newton,
ou seja [1,2]:

F = m.a (1)
No sistema internacional, SI, a unidade da força é o newton (N). Outras unidades são
utilizadas para a força, como o dina ou o kgf. Neste experimento será sempre utilizado o N.
Note que a força expressa nesta relação e que está relacionada diretamente com a
aceleração do corpo é a força resultante (vetorialmente) e não uma única força que age sobre
o corpo. Por este motivo, nem sempre observamos a ação de uma única força sobre um
corpo. Por exemplo, quando estamos parados, a força da gravidade atua sobre nós sem que,
necessariamente, estejamos em movimento no sentido desta força, porque a força de reação da
superfície da Terra (a força normal neste caso) é igual em módulo, mas em sentido contrário à
força de gravidade sobre nosso corpo e o resultado é uma força resultante nula e por isto a
aceleração do corpo é zero. Quando você empurra um grande bloco de pedra, está aplicando
uma força sobre o mesmo sem conseguir movê-lo porque a força de atrito entre o bloco de
pedra e o chão é igual em módulo, mas em sentido contrário à força que você produz; mais
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uma vez a força resultante sobre a pedra é zero e por isto não há aceleração da pedra. Não se
esqueça, para aplicar a segunda lei de Newton corretamente, é necessário conhecer todas as
forças que atuam sobre o corpo.
Além da aceleração, outra consequência possível da aplicação de uma força é a
deformação de um corpo. Um dos exemplos mais fáceis de visualizar é a deformação elástica
de uma mola (Figura 1). Em molas, pode-se relacionar a deformação ou deslocamento da
mola com a força de restauração, pela seguinte relação (lei de Hooke) [3]:

F = − k .x (2)

onde: k = constante elástica da mola, que depende do material e da geometria com que é
construída a mola; x = deslocamento.
Na Figura 1, a condição de equilíbrio ocorre quando o peso da massa é igual à força de
restauração, em x = X0.
Figura 1- Sistema massa-mola

k
m X0 - Xmax
Fpeso
X0 Fpeso = m g = - k X0
(em equilíbrio)
X0 +Xmax

Note-se que quanto maior a constante elástica da mola, k, maior é a resistência com
que a mola se opõe ao deslocamento da massa.
Deve-se notar também, conforme ilustrado na animação em [3], que a Lei de Hooke é
válida em uma região limitada em que a mola não se encontra nem muito comprimida e nem
muito distendida. Ou seja, a proporcionalidade entre a força de restauração da mola e o seu
deslocamento vale para condições limitadas da posição da mola.

1.2- Movimento harmônico simples


Caso o sistema massa-mola opere sem atrito e na vertical, a força peso age no
movimento. Assim, pode-se equacionar, para o sistema estático em equilíbrio (sem
movimento), considerando-se apenas a direção vertical:
Fpeso = m.g = -k. X0 (3)
X0 = m.g/k
Caso o sistema opere a partir de um valor diferente de X0, é possível demonstrar que
ele deve oscilar. Estamos interessados aqui em um movimento que se repete de uma forma
particular: o Movimento Harmônico Simples (MHS) cuja equação é dada por:
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x (t) = Xmax . cos (t + ) (4)


onde Xmax é o deslocamento máximo do corpo em relação à posição de equilíbrio (X0)
(Figura 1); ω, a frequência angular do movimento; e Φ, a fase inicial.
Como a força da mola depende de x(t), a aceleração varia com o tempo. Podemos usar
a segunda lei de Newton para descobrir qual força deve agir na massa ao longo do tempo.
Supondo que a equação oscilatória (posição "x" em função do tempo) seja do tipo da
equação 4, temos que a aceleração, a, vale
a = d2x(t)/dt2 = - Xmax. 2 cos (t +) (5)
Se combinarmos a segunda lei de Newton com a equação da aceleração do
movimento, encontramos, para o MHS,
F = m.a = - m. Xmax. 2 cos (t +) (6)
com

, onde T é o período do movimento. (7)


O sistema massa-mola na vertical estará sujeito a uma força resultante igual ao peso da
massa menos a força restauradora da mola, expressa pela Lei de Hooke, ou seja:
F = Fpeso - k(x(t) - X0) (8)
Mas pela equação 3, Fpeso = -k. X0
Portanto: F = -k.x(t) = m.a = m. d2x(t)/dt2, resultando:
m. d2x(t)/dt2 + k. x(t) =0 (9)
que é a equação diferencial que rege o MHS do sistema massa-mola.
Substituindo nesta expressão as equações 4 e 5, resulta:
-m. Xmax. 2 cos (t +) + k. Xmax . cos (t +) = 0 (10)
Donde conclui-se que

(11)
Sabendo disso, podemos encontrar a frequência angular do movimento,

(12)
Por fim, através das equações 12 e 7 encontramos o período de oscilação do sistema:

(13)
Isolando a constante elástica k encontramos:

3
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(14)
Se for medido um intervalo de tempo tn contendo N oscilações do movimento do
sistema, teremos, tn = N.T, e portanto:

k = 4.2. m.N2/tn2 (15)


Ou seja, o coeficiente de elasticidade da mola pode ser determinado apenas a partir das
medidas da massa m, do número de oscilações N e do tempo tn de duração destas oscilações.
Quanto maior a constante elástica da mola, maior será a frequência de oscilação
do MHS e menor será o período desta oscilação.
O movimento harmônico simples realizado pelo sistema massa-mola também pode ser
visualizado na animação em [3]. Se a massa for deslocada com uma amplitude muito grande,
pode-se notar que o comportamento da mola afasta-se do modelo linear previsto pela Lei de
Hooke.
Em termos de energia, tem-se que num sistema massa-mola ideal (isto é, sem atrito e
sem amortecimento na mola) em MHS, haverá uma contínua transformação da energia
potencial (armazenada na mola) em energia cinética da massa. Se houver atrito ou perdas, a
energia mecânica pode se transformar em outra forma de energia (por exemplo, calor) durante
o movimento [4]. No caso sem perdas, em qualquer instante a energia total será dada por:
E = mv2/2 + kx2/2 = kXmax2/2 (16)
onde (mv2/2) é a energia cinética da massa (depende da velocidade v) e (kx2/2) é a energia
potencial elástica da mola, cujo valor máximo é atingido quando o deslocamento é máximo
(Xmax), ponto em que a velocidade é nula.

1.3- Associação de molas

Quando duas molas são combinadas em série ou em paralelo, suas constantes elásticas
são associadas conforme indicado na Figura 2 [5]. As expressões de keq podem ser obtidas
partindo-se do princípio de que as molas em série estão sujeitas à mesma força e as molas em
paralelo sofrem o mesmo deslocamento.

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Figura 2- Associação de molas em série e em paralelo [5]

1.4- Dinamômetros
Neste experimento será utilizado um dinamômetro, equipamento projetado para
realizar medidas de força. Os primeiros dinamômetros operavam utilizando o princípio de
deformação de uma mola, obedecendo a equação (2). Um exemplo de dinamômetro analógico
é mostrado na Figura 3a.
Atualmente, devido à facilidade de uso e precisão, os dinamômetros digitais são os
mais utilizados (Figura 3b). O princípio de funcionamento destes aparelhos normalmente
baseia-se em um sensor piezelétrico, que é um material capaz de gerar uma diferença de
potencial elétrico quando deformado [6]. Há também os que funcionam utilizando um "strain
gage" (extensômetro elétrico– sensor cuja resistência elétrica varia de acordo com sua
deformação), sendo montado como elemento de uma ponte de Wheatstone. Este conjunto é
denominado “célula de força ou célula de carga” [7].
Figura 3 - Dinamômetros analógico e digital

(a) (b)
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2- Procedimento Experimental

O objetivo do experimento é realizar medidas de força e efetuar o cálculo da constante


elástica de uma mola. Para tanto, serão utilizados diferentes métodos, empregando os
conceitos da segunda lei de Newton, da lei de Hooke, com auxilio de um dinamômetro digital
e as equações do movimento harmônico massa-mola.
O experimento está dividido em 2 partes:
1- determinação de constante de mola de tração1, utilizando-se um dinamômetro e
uma régua;
2- determinação de constante de mola de tração, utilizando-se as equações do
movimento harmônico simples (MHS).
2.1- Parte 1: Determinação da constante elástica da mola de tração
Objetivo: Nesta parte, será determinada a constante elástica de uma mola a partir de ensaio
de tração. Será utilizado um dinamômetro digital para a medição da força. A Figura 5 mostra
a montagem da célula de força, da mola e da massa para os ensaios seguintes.
Materiais e Equipamentos:
● 1 mola de tração
● 2 peças de cobre
● 2 peças de alumínio
● dinamômetro digital com célula de força (sensor)
● régua de 300mm
● sargento de fixação
● suporte de madeira com barbante
Procedimento:
1) Anote a marca e o modelo do dinamômetro digital disponível no laboratório, e estime sua
incerteza.
Tabela 1 – Especificações do dinamômetro.
Marca Modelo Fundo de Resolução Incerteza
escala
Dinamômetro Homis Mod. 2100 980 N 0,2 N

Nota: A incerteza do dinamômetro especificada pelo fabricante é de (0,5% + 2 unidades) para


cargas entre 10 kg e 100 kg. A resolução do equipamento é de 0,2 N.
A partir dos valores das massas utilizadas neste experimento, e do fato de que o dinamômetro
tem um visor digital, avalie qual deverá ser a incerteza a ser considerada na medida de força
com este equipamento.

1
As molas do laboratório estão pré-tensionadas. Assim, não é possível comprimi-las. Cuidado ao usar a lei de
Hooke! F=k.x
6
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Tabela 2 – Forma, material e massa das peças utilizadas neste experimento.


Sólidos Forma Material Peso (Kg) Incerteza (kg)
1 Paralelepípedo Cobre 1,08280
2 Paralelepípedo Cobre 1,06617
3 Cilindro Cobre 0,83719
4 Cilindro Alumínio 0,25869
Nota: A incerteza da balança especificada pelo fabricante é de 0,01 g.
2) Monte o sistema da figura 5, utilizando o dinamômetro digital, uma mola de tração e uma
peça de cobre (peça 1). Esta será considerada a posição inicial (X0) do sistema. Esta massa
não nula na posição inicial é necessária para descomprimir a mola de tração e colocá-la na
região de operação onde vale a Lei de Hooke.
3) Utilizando a régua, meça o comprimento inicial X0 da mola. Lembre-se de fazer marcas
nas extremidades da mola (referências) para permitir a medição correta na mesma posição
(espira) da mola.
4) Meça agora a força, utilizando o dinamômetro. Como esta será considerada a posição de
referência (isto é, (0,0)), anule o visor do aparelho, utilizando a tecla “zero”.
5) Adicione uma peça de alumínio (1 peça de cobre + 1 peça de alumínio) e meça o novo
comprimento (X1) da mola.
6) Meça a força nesta nova condição, utilizando o dinamômetro.
7) Utilizando outras peças de metal (1 peça de cobre + 2 peças de alumínio; 2 peças de cobre
+ 1 peça de alumínio; 2 peças de cobre + 2 peças de alumínio), obtenha outros pontos
experimentais (Fi, Xi)2.
Tabela 3 – Medidas coletadas realizando os procedimentos descritos nos itens de 2) a 7).
Combinação Força Fi Fi (N) uFi Comprimento Deslocamento uXi
(N) Xi (mm)
Xi (mm)
1 10,1 0 159 0
1+4 12,3 165
1+3 18,1 188
1+3+4 20,7 199
1+2+3 28,5 229
1+2+3+4 31,1 240
Nota: A resolução da régua é de 1 mm

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F, pois é a diferença entre a nova massa aplicada e a que foi usada para colocar a mola na
região da lei de Hooke.
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8) Construa gráficos (FxX) (força versus comprimento da mola) e (FxX) (força versus
deslocamento da mola).
9) Através da equação (2), adaptada ao experimento: F=-k.x, calcule o “k” da mola a
partir dos deslocamentos (variação do comprimento) da mola e das forças correspondentes
medidas.
Figura 5 - Sistema para determinação da constante elástica em tração, com célula de força
(sensor do dinamômetro)

Resultados:
1- Quais são as grandezas de influência que mais influenciam na incerteza na estimativa
da constante elástica nesse procedimento? Faça o cálculo da incerteza associada ao
valor obtido experimentalmente (Ver ANEXO).

2.2- Parte 2: Determinação da constante elástica da mola utilizando o MHS


Objetivo: Nesta parte do experimento, uma montagem semelhante à da figura 5 será
realizada, mas o sistema será colocado para oscilar. A partir do equacionamento do MHS, o
valor de k será obtido.
Materiais e equipamentos:
● 1 mola de tração (a mesma utilizada na Parte 1)
● 2 peças de cobre
● balança
● sargento de fixação
● célula de força (utilizada agora apenas como suporte)
● cronômetro
● suporte de madeira com barbante

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Procedimento:
1) Monte o sistema semelhante ao da figura 5, utilizando uma das molas de tração e dois
paralelepípedos de cobre (massa), prendendo a mola junto da bancada com o auxílio do
sargento e da célula de força.
2) Inicie um movimento vertical do sistema, de forma que a massa não encoste no solo, e o
movimento oscilatório mantenha uma direção o mais vertical possível.
3) Deixe o sistema oscilando (movimento harmônico simples - MHS). Conte N (entre 30 e
50) oscilações e cronometre o tempo decorrido (tn).
Tabela 4 – Medidas coletadas realizando os procedimentos descritos nos itens de 2) a 4).
Medida Massa (Kg) Incerteza Oscilações Incerteza Tempo Incerteza
da massa N de N decorrido de tn
(s)
#1 2,15027 40 24,38
#2 2,15027 40 25,06
#3 2,15027 40 25,06
#4 2,15027 40 25,00
Nota: A resolução do cronômetro é de 0,01 s.

Resultados:
2- Quais são as grandezas de influência que mais influenciam na incerteza da estimativa
da constante elástica nesse procedimento? Avalie a incerteza na determinação de k
(ver ANEXO).
3- As incertezas nas medições justificam as diferenças entre os valores de k obtidos nas
Partes 1 e 2 desta experiência para uma única mola? Explique.
Sugestão: Use o conceito de z’score e compatibilidade entre medidas.
4- Considerando as dificuldades dos dois métodos (instrumentação, tempo de realização,
incertezas) qual você usaria para um ensaio de controle de qualidade de uma linha de
produção de molas?

3- Bibliografia
[1] SERWAY, R. A.; JEWETT Jr., J. W. Princípios de Física, Volume 1; Thomson, 3ª Ed.;
2002.
[2] HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J.; Fundamentos de Física; LTC, 7a Ed.;
2006.

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[3] Animação sobre a Lei de Hooke:


http://webphysics.davidson.edu/applets/animator4/demo_hook.html , acessado em
24/08/2015.
[4] Energia no sistema massa-mola:
http://rived.mec.gov.br/atividades/fisica/EXTERNOS/ufpb_ondas/anima/massa/fis1_ativ3.ht
ml , acessado em 24/08/2015.
[5] http://pt.wikipedia.org/wiki/Associa%C3%A7%C3%A3o_de_molas , acessado em
24/08/2015.
[6] CALLISTER Jr., W. D.; Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais; LTC, 2ª
Ed.; 2006.
[7] Células de carga, em https://sites.google.com/site/ufabcmeebc1707/material-de-referencia

[8] VUOLO, J.H. Fundamentos da Teoria dos Erros, 2a ed. São Paulo: Edgard Blücher,
1996.
[9] Expressão de valores experimentais, disponível em:
https://sites.google.com/site/esto01717/material-didatico

[10] Avaliação de dados de medição — Guia para a expressão de incerteza de medição.


Tradução da versão original de 2008. INMETRO. Disponível em:
http://www.inmetro.gov.br/noticias/conteudo/iso_gum_versao_site.pdf, acessado em:
24/08/2015.

[11] Apostila “Ajuste de Curvas pelo Método dos Mínimos Quadrados (MMQ)”, disponível
em https://sites.google.com/site/esto01717/material-didatico

[12] Tutorial LAB Fit sobre Ajuste de Curva, disponível em:


https://sites.google.com/site/esto01717/material-didatico

4- Autores

Apostila elaborada pelos professores C.H. Scuracchio e H. Tanaka e revisada pelos Profs. J.C.
Teixeira e D. Consonni.

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ANEXO – CÁLCULO DAS INCERTEZAS E AJUSTE DE RETA

Para o cálculo das incertezas nos vários procedimentos desse Experimento, é


necessário conhecer (ou estimar) as incertezas das diversas grandezas de influência do
mensurando. A partir destas incertezas, pode-se utilizar a teoria de propagação de incertezas
discutida a seguir [8,9,10].
Observa-se, nas equações deduzidas a seguir, que as incertezas relativas (ou as
incertezas percentuais) poderão ser utilizadas de forma a simplificar o cálculo da
propagação de incertezas.
(uk/k).100 = uk% (uN/N).100= uN%
(um/m).100 = um% (ug/g).100 = ug%
(uF/F).100 = uF % (utn/tn).100 = utn %

● Ajuste de reta
Uma reta que passa pela origem (0,0) é descrita com uma expressão do tipo: y=ax
O processo de se ajustar uma função como esta a um conjunto de n dados experimentais é
denominado de regressão linear [11].
O coeficiente angular da reta, ou seja, o parâmetro a, e sua respectiva incerteza, ua , podem
ser obtidos a partir dos coeficientes angulares de cada ponto : ai = yi/xi e das incertezas
associadas, isto é, uai , através das seguintes expressões [8]:

e
Verificar no Tutorial sobre ajuste de curva [12] o uso de aplicativo para este procedimento,
com respectivo cálculo das incertezas associadas.

Parte 1
● Equação básica
k = F/x
da mesma forma que na parte 1, pode-se calcular:
uk2 =uk(F)2 + uk(x)2

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com
uk(F) =CF.uF
uk(x) =Cx.ux,
e
CF = k/F = 1/x=k/F
Cx = k/x = -F/x2= -k/x
Assim:
uk2 = (k.uF/F)2 + (-k.ux/x)2
de onde se chega a:

ou, em valores relativos (ou percentuais)


(uk%)2 =(uF%)2 + (ux%)2

Parte 2
● Equação básica
k = 4.2.m.N2/tn2
Naturalmente, existem incertezas na medição das grandezas de influência m, N e tn,
respectivamente um, uN e utn. Outras podem estar presentes, mas não serão tratadas aqui.
Assim:
uk2 =uk(m)2 + uk(N)2 + uk(tn)2
Cada uma destas incertezas padrão contribui para a incerteza, uk, na determinação de
k. Supondo que a contribuição das incertezas de m, N e tn em k possam ser estimadas por:
uk(m) =Cm.um (lê-se: a contribuição da incerteza de m em k, ±uk(m), é dada pelo produto do
coeficiente de sensibilidade de m (Cm) pela incerteza de m (um).
uk(N) =CN.uN
uk(tn) =Ctn.utn
Lembrando que os coeficientes de sensibilidade podem ser aproximados pelas
derivadas parciais de k em relação a cada grandeza de influência:
Cm = k/m = 4.2.N2/tn2=k/m
CN = k/N = 8.2.m.N/tn2 = 2.k/N

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Ctn = k/tn = -8.2.m.N2/tn3 = -2.k/tn


Assim:
uk2 = (k.um/m)2 +(2.k.uN/N)2+(-2.k.utn/tn)2
ou seja:

ou, em valores relativos (ou percentuais):


(uk%)2 =(um%)2 + (2.uN%)2 + (2.utn%)2

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